Seguidores

domingo, 22 de janeiro de 2023

OUTROS CONTOS E A RELEVÂNCIA DA DEUSA INANA PARA A HISTÓRIA

 

No mito da criação hitita, Istar nasce depois que o deus Kumarbi derruba seu pai, Anu. Kumarabi morde os órgãos genitais de Anu e os engole, fazendo com que ele engravide da prole de Anu, incluindo Istar e seu irmão, o deus hitita da tempestade, Teshub. Esse relato mais tarde se tornou a base para a história grega da castração de Urano por seu filho Cronos, resultando no nascimento de Afrodite, descrita na Teogonia de Hesíodo. Mais tarde, no mito hitita, Istar tenta seduzir o monstro Olicumi, mas falha porque o monstro é cego e surdo e não consegue vê-la ou ouvi-la. Os hurritas e hititas parecem ter sincretizado Istar com sua própria deusa Išḫara. Em um texto neoassírio pseudepigráfico escrito no século VII a.C., mas que afirma ser a autobiografia de Sargão da Acádia, Istar teria aparecido a Sargão "cercado por uma nuvem de pombas" enquanto ele trabalhava como jardineiro para Akki, o coletor das águas. Istar então proclamou Sargão como seu amante e permitiu que ele se tornasse o governante da Suméria e Acádia

O dia 2 de janeiro é considerada a data de nascimento de Inana e é uma data tradicionalmente consagrada a esta deusa.

Inana tornou-se uma figura relevante na teoria feminista moderna pelo fato de que ela aparece no panteão sumério dominado por homens, mas é igualmente poderosa, se não mais poderosa do que as divindades masculinas com as quais ela aparece ao lado. Simone de Beauvoir, em seu livro O Segundo Sexo (1949), argumenta que Inana, juntamente com outras divindades femininas poderosas da antiguidade, foram marginalizadas pela cultura moderna em favor das divindades masculinas.

Inana também é uma importante figura da cultura BDSM. O retrato de Inana no mito Inana e Ebi é citado como um exemplo precursor do arquétipo da dominatrix, caracterizando-a como uma mulher poderosa que força deuses e homens a se submeterem a ela. Na mitologia, os submissos de Inana dançavam em rituais enquanto eram chicoteados por ela para satisfazê-la. Quando os submissos pediam "misericórdia", Inana encerrava a flagelação, tornando tal ação como a pioneira do conceito de palavra de segurança do BDSM.

 

Referência:

Black, Jeremy A.; Green, Anthony (1992). Gods, Demons and Symbols of Ancient Mesopotamia: An Illustrated Dictionary (em inglês). [S.l.]: British Museum Press

 Leick, Dr Gwendolyn (11 de setembro de 2002). A Dictionary of Ancient Near Eastern Mythology (em inglês). [S.l.]: Routledge. ISBN 978-1-134-64103-1

 Spalding 1973, p. 117.

 «Sumerian dictionary». oracc.iaas.upenn.edu

 Heffron 2016.

 Wolkstein, Diane. (1984). Inanna : queen of heaven and earth : her stories and hymns from Sumer (em inglês). [S.l.]: Rider. ISBN 0-09-158181-8. OCLC 11481523

 Halman, Talat Sait; Ayhan, Ece; Nemet-Nejat, Murat (1998). «The Blind Cat Black and Orthodoxies». World Literature Today. 72 (1). 199 páginas. ISSN 0196-3570. doi:10.2307/40153711

 Penglase, Charles, 1956- author. Greek myths and Mesopotamia : parallels and influence in the Homeric hymns and Hesiod. [S.l.: s.n.] ISBN 1-138-15015-0. OCLC 957597879

 Black, Jeremy. Cunningham, Graham; Flückiger-Hawker, Esther; Taylor, Jon; Zólyomi, Gábor, eds. «The Electronic Text Corpus of Sumerian Literature: Inana and Ebih: translation». etcsl.orinst.ox.ac.uk (em english). Universidade de Oxford. Consultado em 31 de dezembro de 2020

 «Inanna's Descent: A Sumerian Tale of Injustice». Ancient History Encyclopedia. Consultado em 11 de março de 2020

 Collins, Paul (15 de novembro de 1994). «The Sumerian Goddess Inanna (3400-2200 BC)». Papers from the Institute of Archaeology. 5. 103 páginas. ISSN 2041-9015. doi:10.5334/pia.57

 Harris, Rivkah. (2003). Gender and aging in Mesopotamia : the Gilgamesh epic and other ancient literature. [S.l.]: University of Oklahoma Press. ISBN 0-8061-3539-5. OCLC 53403698

 «Inanna/Ishtar». Berlin/Heidelberg: Springer-Verlag. SpringerReference

 Rubio, Gonzalo (1999). «On the Alleged "Pre-Sumerian Substratum"». Journal of Cuneiform Studies. 51 (1): 1–16. ISSN 0022-0256. doi:10.2307/1359726

 Kramer, Samuel Noah, 1897-1990. (1997). Sumerian mythology : a study of spiritual and literary achievement in the third millennium B.C. Rev. ed ed. Philadelphia: University of Pennsylvania Press. OCLC 44965646

 «Inana's descent to the nether world: translation»

 Brandão 2019, p. 19.

 Dalley, Stephanie (1989). Myths from Mesopotamia : creation, the flood, Gilgamesh, and others (em inglês). Mazal Holocaust Collection. [S.l.]: Oxford University Press. OCLC 21909463

 «Ancient Mesopotamian Beliefs in the Afterlife»

 Draffkorn Kilmer, Anne. (1971). How was queen Ereshkigal tricked? : a new interpretation of the descent of Ishtar. [S.l.]: Butzon & Bercker. OCLC 963548319

 Tinney, Steve (2018). «"Dumuzi's Dream" Revisited». Journal of Near Eastern Studies. 77 (1): 85–89. ISSN 0022-2968. doi:10.1086/696146

 Brandão 2019, p. 11.

 Brandão 2019, p. 13.

 Bertman, Stephen. (2005). Handbook to life in ancient Mesopotamia. [S.l.]: Oxford University Press. OCLC 57316773

 Campbell, Joseph; Joseph Campbell Foundation (2008). The hero with a thousand faces (em inglês). [S.l.: s.n.] OCLC 224442464

 George, A. R. The epic of Gilgamesh : the Babylonian epic poem and other texts in Akkadian and Sumerian. London: [s.n.] OCLC 52574142

 Felipe, Cleber Vinicius do Amaral (30 de julho de 2019). «Ele que o abismo viu: a epopeia de Gilgámesh». Revista Territórios e Fronteiras (1). 373 páginas. ISSN 1984-9036. doi:10.22228/rt-f.v12i1.876. Consultado em 31 de dezembro de 2020

 Fontenrose, Joseph Eddy, 1903-1988. (1959). Python : a study of Delphic myth and its origins. Berkeley: University of California Press. OCLC 6938453

 Puhvel, Jaan. (1987). Comparative mythology (em inglês). Baltimore: Johns Hopkins University Press. p. 25. OCLC 14167890

 Puhvel, Jaan. (1987). Comparative mythology (em inglês). Baltimore: Johns Hopkins University Press. p. 27. OCLC 14167890

 Güterbock, Hans Gustav (1 de janeiro de 2002). Recent Developments in Hittite Archaeology and History: Papers in Memory of Hans G. Güterbock (em inglês). [S.l.]: Eisenbrauns. p. 29

 Westenholz, Joan Goodnick, 1943-2013. (1997). Legends of the kings of Akkade : the texts (em inglês). Winona Lake, Ind.: Eisenbrauns. pp. 33–49. OCLC 747412056

 Spence, Lewis; Paul, Evelyn (15 de março de 2014). Myths & Legends of Babylonia & Assyria. [S.l.: s.n.]

 Dunwich, Gerina (27 de novembro de 2018). «January». The Wicca Book of Days: Legend and Lore for Every Day of the Year (em inglês). [S.l.]: Citadel Press. ASIN B07K5YFGPC

 LeFae, Phoenix; Parma, Gede (8 de outubro de 2019). «12: The Wheel of the Year». What Is Remembered Lives: Developing Relationships with Deities, Ancestors & the Fae (em inglês). [S.l.]: Llewellyn Worldwide. ASIN B07MY93KM5. ISBN 978-0738761114

 Pryke, Louise M. (14 de julho de 2017). Ishtar (em inglês). [S.l.]: Routledge. p. 196-197. ISBN 978-1-138-86073-5

 Nomis, Anne O. (2013). The History and Arts of the Dominatrix (em inglês). [S.l.]: Mary Egan Publishing & Anna Nomis Ltd. p. 53. ISBN 978-0-992701-0-00

 Fonrouge, Gabrielle (22 de março de 2018). «This vital part of BDSM is a lot less sexy than you'd think». New York Post (em inglês)

Spalding, Tassilo Orpheu. Dicionário das mitologias europeias e orientais. São Paulo: Cultrix

Ao Kurnugu, Terra sem Retorno. Traduzido por Jacyntho Lins Brandão. Curitiba: Kotter Editorial. 2019. 208 páginas. ISBN 978-65-80103-41-6


Nenhum comentário:

Postar um comentário