Duas versões diferentes da história da descida de Inana-Istar ao submundo sobreviveram: uma versão suméria que data da Terceira Dinastia de Ur e uma acadiana claramente derivada da versão do início do II milênio a.C. A versão suméria da história tem quase três vezes o tamanho da versão acadiana posterior e contém muito mais detalhes.
Na religião suméria, os Kur era uma caverna profunda e sombria, localizada no subsolo. A vida lá era vista como "uma versão sombria da vida na Terra". Foi governado pela irmã de Inana, a deusa Eresquigal. Antes de partir, Inana instrui seu ministro e servo Ninsubur a implorar às divindades Enlil, Nana, Anu e Enqui para resgatá-la se, depois de três dias, ela não voltar. As leis do submundo determinam que, com exceção daqueles designados como mensageiros, quem entra nele nunca pode sair. Inana se veste elaboradamente para a visita; ela usa turbante, peruca, colar de lápis-lazúli, miçangas sobre os seios, o "vestido de pala" (a roupa de senhora), rímel, um peitoral e um anel dourado e segura uma haste de medição de lápis-lazúli. Cada peça de roupa é uma representação de um me poderoso que ela possui.
Inana bate nos portões do submundo, exigindo a entrada. O porteiro Neti pergunta por que ela veio e Inana responde que deseja participar dos ritos fúnebres de Gugalana, o "marido de minha irmã mais velha Eresquigal". Neti relata isso a Eresquigal, que diz a ele: "Tranque os sete portões do submundo. Então, um por vez, abra frestas nos portões. Deixe Inana entrar. Ao entrar, remova suas roupas reais." Talvez as roupas de Inana, inadequadas para um funeral, aliado ao seu comportamento arrogante, deixaram Eresquigal desconfiado. Seguindo as instruções de Eresquigal, Neti diz a Inana que ela pode entrar no primeiro portão do submundo, mas ela deve entregar sua haste de medição de lápis-lazúli. Ela pergunta por que, mas em réplica, ele diz : "São apenas as regras do submundo". Ela aceita as condições e passa. Inana passa por um total de sete portões, em cada um deles removendo uma peça de roupa ou joias que ela usava no início de sua jornada, perdendo seu poder. Quando ela chega na frente de sua irmã, ela está nua:
"Depois que ela se agachou e se despiu, suas roupas foram levadas. Então ela fez sua irmã Erec-ki-gala se levantar do trono e sentou-se no seu lugar. Anna, os sete juízes, chegaram a uma decisão. Eles olharam para ela — o olhar da morte. Eles falaram com ela — a fala da raiva. Eles gritaram com ela — o grito de forte culpa. A mulher afligida se transformou em um cadáver. O cadáver foi pendurado em um gancho."
Três dias e três noites se passam, e Ninsubur, seguindo as instruções, vai aos templos de Enlil, Nana, An e Enqui, e pede a cada um deles que salve Inana. As três primeiras divindades recusam, dizendo que o destino de Inana é sua própria culpa, mas Enqui fica profundamente aflito e concorda em ajudar. Ele cria duas figuras sem sexo chamadas gala-tura e o kur-jara a partir da sujeira sob as unhas de dois dedos. Ele os instrui a apaziguar Eresquigal e, quando ela pergunta o que eles querem, pede o cadáver de Inana, que eles devem borrifar com a comida e a água da vida. Quando eles vêm antes de Eresquigal, ela está em agonia como uma mulher dando à luz. Ela oferece a eles o que quiserem, incluindo rios de água e campos de cereais, se puderem aliviá-la, mas eles recusam todas as suas ofertas e pedem apenas o cadáver de Inana. O gala-tura e o kur-jara polvilham o corpo de Inana com o alimento e a água da vida e a revivem. Os demônios galla enviados por Eresquigal seguem Inana para fora do submundo, insistindo que alguém deve ser levado ao submundo como substituto de Inana. Eles primeiro encontram Ninsubur e tentam levá-lo, mas Inana os impede, insistindo que Ninsubur é seu servo leal e que ela lamentou por ela enquanto estava no submundo. Em seguida, encontram Xara, o esteticista de Inana, que ainda está de luto. Os demônios tentam pegá-lo, mas Inana insiste que não, porque ele também lamentou por ela. A terceira pessoa que encontram é Lulal, que também está de luto. Os demônios tentam pegá-lo, mas Inana os detém mais uma vez.
Finalmente, eles encontram Dumuzi, o marido de Inana. Damuzi, diferente dos outros que lamentavam adequadamente, estava ricamente vestido e descansando embaixo de uma árvore ou em seu trono, entretido por escravas, apesar do destino de Inana. Inana, descontente, decreta que os galla o levarão. Os galla então arrastam Dumuzi até o submundo. Outro texto conhecido como Sonho de Dumuzi descreve as repetidas tentativas de Dumuzi de escapar da captura pelos demônios galla, um esforço no qual ele é auxiliado pelo deus-sol Utu.
O poema sumério O Returno de Dumuzi, que começa onde O Sonho de Dumuzi termina: Gestinana, a irmã de Dumuzi, lamenta por dias e noites a morte de Dumuzi, junto com Inana, que não mais sentia o ódio por Dumuzi, e Sirtur, mãe de Dumuzi. As três deusas choram continuamente até que uma mosca revela a Inana a localização de seu marido. Juntos, Inana e Gestinana vão ao local onde a mosca disse que eles encontrarão Dumuzi. Elas o encontram lá e Inana decreta que, a partir de então, Dumuzi passará metade do ano com sua irmã Eresquigal no submundo e a outra metade do ano no céu com ela, enquanto sua irmã Gestinana toma seu lugar no submundo.
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