A
versão acadiana começa com Istar se aproximando dos portões do submundo e exigindo que o porteiro a deixe entrar:
Se você não abrir o portão para que eu entre,
Esmagarei a porta e quebrarei o ferrolho,
Esmagarei o batente e derrubarei as portas,
Ressuscitarei os mortos, que comerão os vivos:
E os mortos serão mais numerosos que os vivos!
O porteiro (cujo nome não é dado na versão acadiana) se apressa em contar a Eresquigal a chegada de Istar. Eresquigal ordena que ele deixe Istar entrar, mas diz a ele para "tratá-la de acordo com os ritos antigos". O porteiro permite a entrada de Istar no submundo, abrindo um portão de cada vez. Em cada portão, Istar é forçada a deixar uma peça de roupa. Quando ela finalmente passa pelo sétimo portão, ela está nua. Com raiva, Istar se joga contra Eresquigal, mas Eresquigal ordena que seu servo Nantar prenda Istar e desencadeie sessenta doenças contra ela.
Depois que Istar desce ao submundo, toda atividade sexual cessa na terra. O deus Papsucal, o homólogo acadiano de Ninsubur, relata a situação a Ea, o deus da sabedoria e da cultura. Ea cria um ser andrógeno chamado Asusunamir e o envia a Eresquigal, dizendo-lhe para invocar "o nome dos grandes deuses" contra ela e pedir a bolsa que contém a água da vida. Eresquigal fica furiosa quando ouve a demanda de Asusunamir, mas é forçada a dar-lhe a água da vida. Asusunamir borrifa Istar com esta água, revivendo-a. Istar atravessa os sete portões mais uma vez, recebendo uma peça de roupa em cada portão e saindo do portão final vestida.
Diane Wolkstein interpreta o mito como uma união entre Inana e seu próprio "lado sombrio": sua irmã gêmea, Eresquigal. Quando Inana ascende do submundo, é através dos poderes de Eresquigal, mas, enquanto Inana está no submundo, é Eresquigal quem aparentemente assume os poderes da fertilidade. O poema termina com uma linha de louvor, não de Inana, mas de Eresquigal. Wolkstein interpreta a narrativa como um poema de louvor dedicado aos aspectos mais negativos do domínio de Inana, simbólico de uma aceitação da necessidade da morte, a fim de facilitar a continuidade da vida. Joseph Campbell interpreta o mito como sendo sobre o poder psicológico de uma descida ao inconsciente, a realização da própria força através de um episódio de aparente impotência e a aceitação das próprias qualidades negativas.
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