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sábado, 22 de março de 2025

VICENTE YÁÑEZ PINZÓN

 


Vicente Yáñez Pinzón 1462 - 1514. É considerado o descobridor do Brasil por diversos estudiosos e pelas enciclopédias Britânica e Barsa, por ter atingido o Cabo de Santo Agostinho no litoral de Pernambuco em 26 de janeiro de 1500, cerca de três meses antes da chegada de Pedro Álvares Cabral a Porto Seguro. Trata-se da mais antiga viagem comprovada ao território brasileiro. Por ter descoberto o Brasil, Pinzón foi condecorado pelo rei Fernando II de Aragão em 5 de setembro de 1501. Entretanto, a navegação de navios castelhanos ao longo da costa brasileira não produziu consequências. A chegada de Pinzón pode ser vista como um simples incidente da expansão marítima espanhola. Por isso, considera-se que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil.

O navegador foi também codescobridor da América em 1492 como capitão da caravela La Niña, uma das três embarcações da primeira expedição de Cristóvão Colombo — sendo que os dois outros navios foram comandados pelo seu irmão mais velho Martín Alonso Pinzón (caravela La Pinta) e por Juan de la Cosa (nau Santa Maria, capitânia do almirante Colombo).

No dia 26 de janeiro de 1500, Pinzón desembarcou em um local que batizou de “Santa Maria da Consolação”, lugar que descreveu como dono de uma beleza indizível, que seria o litoral do Nordeste do Brasil. A localização exata é motivo de debate entre estudiosos, já que alguns acreditam que se trata do Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, e outros pensam ser a praia de Ponta Grossa, no Ceará.


Por que não ficou com as terras brasileiras?

Pinzón não tomou posse das terras brasileiras por 2 motivos: Conflitos com nativos e o Tratado de Tordesilhas.

Ao chegar no Brasil, o navegador encontrou muita hostilidade por parte do povo potiguara que vivia na região. Aconteceu um confronto entre 20 tripulantes e 40 indígenas, que descobriram em várias mortes. Pinzón capturou alguns indígenas e os levou para a Espanha como escravos.

Portugal e Espanha dominaram os oceanos no século 15 e foram países chaves da expansão marítima europeia. Para demarcar a posse das terras, persistimos no Tratado de Tordesilhas e dividimos o recém-descoberto “Novo Mundo”. O Tratado dividiu as terras descobertas em 2 partes. Uma linha imaginária garantiu os direitos de exploração das terras no Oeste de Cabo Verde para a coroa espanhola e no leste para Portugal.

Quando Pinzón chegou ao Brasil, 6 anos após a assinatura do Tratado, uma frota partiu em direção ao Oeste, portanto, ele sabia que estava em terras portuguesas.


Pororoca

Depois de continuar sua viagem costeira, por cerca de uma semana, partindo do noroeste da ponta de Jericoacoara, a tripulação da fontilha de Pinzón escutou um estrondo contínuo. Apavorados, perceberam que os navios foram agitados por fortíssimas correntes marítimas.

Notaram que as águas que retiravam do convés com baldes não eram salgadas e sim doces. Os estrondos que causaram pavor na tripulação e quase se afundou nas embarcações era o encontro das águas do Oceano Atlântico com o rio Amazonas, a Pororoca.

Os europeus registraram as características pela 1ª vez. Ao seguir em frente, atingiram a foz do rio. A partir daí, os espanhóis deduziram que um curso de água daquele tamanho só poderia nascer de grandes montanhas. Foi assim que concluíram que a terra que o rio banhava deveria ser um continente e pensaram ter encontrado na Ásia.

Pinzón esteve na baía de Marajó e batizou de Santa Maria de La Mar Dulce o que era, na verdade, o rio Amazonas. Atribui-se a ele o título de descobridor do Amazonas por causa da descrição minuciosa que fez na região.

Apesar da viagem ter sido um desastre econômico, tornou-se uma das mais importantes realizadas pelos espanhóis devido aos resultados geográficos. As descobertas foram úteis para o navegador e cartógrafo espanhol Juan de La Cosa (1460-1510), autor do primeiro planisfério no qual aparece representando o Novo Mundo, e o navegador italiano Américo Vespúcio (1451-1512).


INFANTE DOM HENRIQUE DE AVIS

 


Infante Dom Henrique de Avis 1394-1460 foi mais importante figura do início da era das descobertas. Infante é um título de nobreza, que está abaixo de príncipe. Este título é atribuído a todos os filhos legítimos do rei ou rainha de monarquias como as de Portugal ou da Espanha, que não são herdeiros direto da coroa, mas indiretos herdeiros, caso o Príncipe Regente renuncia ou abdica de sua coroa ou ocorra alguma fatalidade contra o Príncipe Regente. Infantes, quando soberanos, são tutelares de conceder títulos de nobreza aos herdeiros direto, ou seja, sendo irmão ou tio paterno do/da regente da coroa na menor idade, diante da ausência do Rei Soberano ou Imperador; se a monarquia for hereditária, seu herdeiro indireto será nobre com tutela real ou imperial, passando de Infante ou Infanta, à Príncipe ou Princesa real, sendo estes tratados como Alteza Real (SAR) ou Grão Realeza Imperial (GRI).

Ele era visionário, aventureiro, empreendedor. Tudo isto foi o quinto filho de João I e de Filipa de Lencastre. Com ele começou a grandiosa era dos Descobrimentos. Mas ao contrário do que se diz, as caravelas do infante não partiram de Sagres à conquista do mundo.

O desejo de expansão do comércio e do cristianismo conduziu o Infante D. Henrique ao sonho aparentemente impossível de chegar a terras desconhecidas e misteriosas, de existência vaga em informações imprecisas. Depois da feliz expedição a Ceuta em 1415, projeto em que se envolvera com afinco, mais confiante e determinado ficara na vontade em iniciar as empresas marítimas.

Em 1414, convenceu seu pai a montar a campanha para a conquista de Ceuta no norte de África junto ao estreito de Gibraltar.

A cidade foi conquistada em agosto de 1415, assegurando ao reino de Portugal o controle das rotas marítimas de comércio entre o Atlântico e o Levante. Na ocasião foi armado cavaleiro e recebeu os títulos de Senhor da Covilhã e duque de Viseu. Foi também administrador da Ordem de Cristo.

Após a conquista de Ceuta, retirou-se para Lagos, onde dirigiu expedições ao Atlântico. Rodeou-se de sábios e navegadores portugueses, maiorquinos, genoveses e venezianos.

Durante a sua vida foram redescobertas as ilhas do Atlântico, já conhecidas em mapas do século XIV: os arquipélagos da Madeira e dos Açores. O povoamento e exploração das ilhas ficou a seu cargo,  a conquista de Ceuta foi motivada pelo interesse econômico, como o acesso a fontes de fornecimento de escravos negros no norte da África. Quando os portugueses chegaram a Ceuta, no início do século XV, iniciaram a captura e escravização dos africanos das redondezas, com a justificativa de que eram prisioneiros de guerra e muçulmanos, considerados inimigos da fé católica europeia,  embora fosse desde sempre um negócio lucrativo, a captura de escravos não era, ao menos no começo, a essência da empreitada. 

Por sua iniciativa, na primeira metade do século XV navegadores portugueses começaram a explorar a costa ocidental de África e a aventurarem-se nas águas “ferventes” do Atlântico, povoadas de monstros inimagináveis. As viagens eram arriscadas, os homens tinham medo, mas o infante cognominado “o Navegador” nunca pensou em desistir. Por doze anos manda ao mar navios para descobrir o que estava além do Bojador e, em 1434, Gil Eanes consegue a façanha de dobrar o cabo. A partir daqui, a geografia do mundo mudou.

Para vencer correntes e marés, investe em formação, conhecimento e experiência. Decide criar em terras do Algarve uma escola. Porém, ao contrário do que se pensa e diz, não foi em Sagres que juntou os mais avançados especialistas em matéria de navegação. Na época, a fortaleza onde acabaria por morrer aos 66 anos, nem sequer existia: apenas as falésias escarpadas onde nenhum barco conseguiria atracar e o promontório de S. Vicente, conhecido na Antiguidade como Promontorium Sacrum. Tudo o resto era deserto. Ali, estava-se no extremo sudoeste da Europa, no fim do mundo.

Era muito perto, a cerca de vinte quilómetros, que ficava o local que considerou apropriado para tal empresa. A vila de Lagos, a povoação que foi capital do reino dos Algarves, tinha uma baía larga, ideal para navegar e, para além da sua proximidade com a costa de Marrocos, tinha gente habituada a pescarias difíceis em mar alto. Ali fundou uma escola náutica, onde cartógrafos, astrónomos e navegadores recrutados em diversos países, desenvolviam novas técnicas, desenhavam cartas náuticas e projetavam barcos mais velozes.

Escola e campanhas são pagas do seu bolso, grande parte era coberta com dinheiros e rendas que recebia da Ordem de Cristo, de que era governador. Porém, a partir de determinada altura, começa a arrecadar o «quinto», ou seja, vinte por cento das mercadorias que chegavam a Lagos, onde também teve lugar o primeiro mercado de escravos negros capturados em África.  A expansão começava então a ser um bom e lucrativo negócio.Da vila de Lagos partiram as caravelas que nasceram do sonho de um homem místico, de ar austero, com as suas vestes negras e chapéu de abas largas, a acreditar que é ele que está representado nos painéis de Nuno Gonçalves. A era dos Descobrimentos, que tantos protagonistas teve, começou com D. Henrique, o infante que ficamos a conhecer melhor nesta visita guiada com o historiador João Paulo Oliveira e Costa.

Durante a sua vida foram redescobertos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Foi feita a sua colonização e exploração económica.

A passagem do cabo Bojador, em 1434 por Gil Eanes, foi outro acontecimento importante.

Foi um dos principais organizadores da conquista de Tânger em 1437, que se revelou fracasso enorme, já que o seu irmão mais novo, D. Fernando (o Infante Santo) ficou refém em Marrocos, até à sua morte em 1443, como garantia da devolução de Ceuta que nunca veio a acontecer. A sua reputação militar sofreu um revés e os seus últimos anos de vida foram dedicados à política e à exploração.

Ainda durante a sua vida chegou-se ao arquipélago de Cabo Verde, em 1455 por Cadamosto.

O Infante morreu solteiro, sem alguma vez ter tido mulher ou filhos. Deixou como seu principal herdeiro o seu sobrinho (e filho adoptivo), em bens, cargos e títulos, o segundo filho de seu irmão o rei D. Duarte já falecido, o Infante D. Fernando, duque de Beja, e que a partir dessa altura passa a ser Duque de Viseu tal como ele e a dirigir os Descobrimentos portugueses para o Reino de Portugal tal como o seu tio.


JUAN SEBASTIAN ELCANO

 


Juan Sebastián Elcano 1476 - 1526 foi um navegador e explorador espanhol. Completou a primeira circum-navegação do mundo organizada e iniciada por Fernão de Magalhães.  Elcano assumiu o comando da expedição após a morte de Magalhães em 1521 nas Filipinas e comandou a nau Victoria, o único navio a retornar a Espanha após dar a volta ao mundo. Em 1525 partiu para a segunda volta ao mundo liderada por Loaísa, enviado para reclamar as Molucas para o rei Carlos I da Espanha, vindo a morrer de escorbuto no Oceano Pacífico.

Juan Sebastián Elcano era um dos três filhos de Domingo Sebastián Elcano I e Catalina del Puerto. Cresceu na província basca de Guipúzcoa, Espanha, o centro da indústria pesqueira basca. Aos vinte anos, encontrou trabalho a transportar soldados espanhóis em barcos, embora sem dúvida tivesse ido para o mar muito antes. Dois anos depois, arranjou trabalho no estrangeiro num navio que transportava forças espanholas e material para o Norte de África.

Combateu na sob as ordens de Gonzalo Fernández de Córdoba, na península Itálica, e em 1509 juntou-se à expedição espanhola organizada pelo cardeal Francisco Jiménez de Cisneros contra Argel. Quando completou 23 anos, Elcano tornou-se dono e capitão do seu próprio navio mas devido problemas financeiros fugiu para Sevilha, onde frequentou a escola da Casa da Contratación, aprendeu a sua arte de navegação e tornou-se piloto. Estabeleceu-se em Sevilha e tornou-se capitão de navio mercante.

Após violar a lei espanhola ao entregar um navio a banqueiros genoveses como pagamento de uma dívida, Elcano procurou o perdão do rei Carlos I de Espanha inscrevendo-se como oficial na expedição de liderada por Fernão de Magalhães às Molucas em 1519. Depois de participar num motim falhado nas costas da Patagônia foi poupado por Fernão de Magalhães. Após cinco meses de duro trabalho foi feito capitão do navio. Quando Fernão de Magalhães morreu, Elcano assumiu o comando, tornando-se o primeiro homem a completar a viagem por mar à volta da Terra.

A circum-navegação começou na Espanha em 1519 e voltou início de setembro de 1522 depois de viajar 42 000 milhas, das quais 22 000 milhas desconhecidas da tripulação. A nau Victoria, comandada por Elcano, juntamente com outros 17 sobreviventes da expedição de 240 homens e 4 asiáticos continuou a viagem cruzando os oceanos Índico e Atlântico. Aportaram em Sanlúcar de Barrameda em 8 de setembro de 1522. Elcano foi premiado com um brasão de armas por Carlos I da Espanha, com um globo com o lema: Primus circumdedisti me (em latim, "O primeiro a circundar-me"), e uma pensão anual.

Em 1525 Elcano regressou ao mar, participando expedição Loaísa enviados para reclamar as Molucas para o rei Carlos I da Espanha, na segunda volta ao mundo. Nomeado para capitanear um dos sete navios junto com García Jofre de Loaísa, ambos — Elcano e Loaísa entre muitos dos marinheiros, morreram de escorbuto no Oceano Pacífico. Os sobreviventes chegaram ao seu destino e alguns conseguiram voltar a Espanha, completando a segunda circum-navegação da história.


FERNÃO DE MAGALHÃES

 


A viagem de Fernão de Magalhães, da qual só 18 dos 250 tripulantes sobreviveram. No dia 20 de setembro de 1519, cinco navios com 250 homens deixaram o porto de Sanlúcar de Barrameda, no sul da Espanha, em direção ao Atlântico. No comando da nau Trinidad estava o capitão português Fernão de Magalhães.

Fernão de Magalhãe 1480 - 1521 foi um navegador português que se notabilizou por ter liderado a primeira viagem de circum-navegação ao globo, de 1519 até 1522, ao serviço da Coroa de Castela, a Expedição de Magalhães.

Nascido numa família nobre, viajou para as Índias Ocidentais em 1505, participando de várias expedições militares. Embarcou, em 1512, na armada de António de Abreu em busca da descoberta das Molucas, também conhecidas como as Ilhas das Especiaria. Mas só um navio, comandado por Francisco Serrão, tresmalhado, chegaria às Molucas do norte (Ternate, Tidore, etc.), produtoras do desejado cravo. Os demais navios regressariam a Malaca após irem apenas às Molucas do sul ou arquipélago de Banda (Buru, Ambom, Seram) produtoras de noz-moscada e maçã.

A tão conhecida viagem de circum-navegação, não tinha o objetivo de dar a volta ao mundo, mas alcançar as Ilhas Molucas (ou Ilhas das Especiarias), na Indonésia, e sua riqueza ao longo da rota oeste, que era o que Cristóvão Colombo pretendia quando encontrou o continente americano.

Portugal controlava a rota conhecida para o leste através do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África.

Depois de examinar mapas e globos, Magalhães chegou a uma conclusão surpreendente.

Ele acreditava que poderia chegar à região mais rapidamente se viajasse na direção oposta, contornando a ponta da América do Sul, através do recém-descoberto Oceano Pacífico, até as ilhas produtoras de especiarias, no arquipélago indonésio.

Mas Manuel I, o rei de Portugal, rejeitou a ideia de Magalhães.

Isso não impediu o explorador português, que passou a oferecer seus serviços ao arquirrival de Manuel I: Carlos I, da Espanha, e V do Sacro Império Romano.

"Portugal dominou completamente o caminho para o leste, mas não estava interessado em montar uma expedição para o oeste, porque já detinha controle sobre o outro lado. Assim, o projeto de Magalhães fazia pouco sentido. Mas a Espanha o recebeu muito bem", explica à BBC Mundo Braulio Vázquez, arquivista do Arquivo Geral das Índias, em Sevilha.

Embora muitos nobres espanhóis suspeitassem de uma expedição sob o comando de um português, Carlos I aceitou a proposta de Magalhães.

Isso consistia em velejar pelo Cabo Hornos, atravessar até as Molucas, embarcar um carregamento de especiarias e retornar pela mesma rota, reivindicando as ilhas para a Espanha.

Logo após a descoberta de Colombo, em 1494, Espanha e Portugal, as potências da época, chegaram a um acordo para dividir as áreas de navegação do Oceano Atlântico e os territórios do "Novo Mundo", no chamado Tratado de Tordesilhas.

Magalhães estava convencido de que as Molucas ficavam dentro da esfera de influência castelhana e, portanto, poderia trazer as especiarias de lá sem problemas.

Por trás dessa crença, porém, havia um erro de cálculo que traria consequências terríveis para sua expedição.

A frota partiu de Sanlúcar para as Ilhas Canárias, depois seguiu para as Ilhas de Cabo Verde, antes de cruzar o Atlântico até a costa sul-americana, chegando à atual costa do Rio de Janeiro, em dezembro de 1519.

É a partir desse momento, relata o historiador Brotton, que as condições começam a se deteriorar.

Depois de meses pesquisando a costa leste da América do Sul, Magalhães não conseguiu encontrar uma passagem para o oeste.

A tripulação enfrentou um inverno brutal – e os marinheiros tiveram que dormir no convés em condições quase congelantes –, enquanto as rações diminuíam e a fome aumentava, resultando em tumultos nos navios.

"O clima piorou ainda mais quando um dos navios naufragou devido ao agravamento do tempo, e a busca do prometido estreito no Pacífico se estendeu por semanas, depois meses", escreveu o historiador.

Na difícil travessia nessas águas desconhecidas, outro navio desertou e tomou rumo de volta para a Espanha.

Foi uma perda enorme, explica Vázquez, porque era o San Antonio, a maior embarcação e a que trazia mais comida.

"Foi uma expedição que, entre motins, rebeliões, fome, sede... perdeu muitos de seus membros no primeiro semestre", diz o arquivista.

Mas, depois de sobreviver ao inverno e aos muitos meses de buscas infrutíferas, Magalhães e seus homens finalmente chegaram ao outro lado da América do Sul.

No dia 28 de novembro de 1520, eles entraram no que Magalhães batizou como Mare Pacificum (mar do Pacífico).

O navegador português, no entanto, não conhecia a magnitude da ameaça que ainda o esperava.

Magalhães achava que a parte mais difícil da viagem já havia passado e restava apenas um pequeno cruzeiro pelas ricas Ilhas das Especiarias.

"Mas a combinação de mapas ruins, cálculos ruins e o fato de ele ser o primeiro europeu a estar nessas águas transformaram esse 'breve cruzeiro' em um pesadelo de 100 dias de fome, escorbuto (doença grave causada pela falta de vitamina C) e mortes".

Assim relatou à BBC Paul Rose, especialista em navegação e comandante da estação de pesquisa britânica Rothera, na Antártida, por 10 anos.

Magalhães usou mapas e globos que subestimavam a circunferência da Terra.

Não conseguia nem imaginar a escala do Pacífico, um oceano que tem o dobro do tamanho do Atlântico e que cobre um terço da superfície da Terra.

"Dessa forma, eles passaram os três meses seguintes atravessando o Pacífico em busca de terra. As condições eram horríveis e o escorbuto começou a devastar a tripulação", escreveu Brotton na BBC History Magazine.

Assim também contou Antonio Pigaffeta, um dos tripulantes cujas crônicas a bordo se tornaram um dos relatos mais conhecidos da viagem:

Durante três meses e vinte dias não conseguimos comida fresca.

Comemos bolo, embora não fosse bolo, mas poeira misturada com minhocas e o que restava cheirava a urina de rato.

Bebíamos água amarela, que estava podre, por muitos dias. Também comemos algumas peles de boi que cobriam a parte superior do pátio principal.

Quando Magalhães percebe o tamanho do Pacífico, "fica claro que as Ilhas das Especiarias não estão na esfera da influência castelhana", explica Vázquez.

Então ele traça um outro objetivo: as Ilhas Filipinas.

"Quando ele toca o solo nas Filipinas e faz contato com os caciques e reis locais, ele vê que há recursos, ouro... e decide entrar na política local dessas ilhas para tentar tirar vantagem", diz o arquivista.

Em uma "péssima decisão", Magalhães inicia uma política de fazer alianças com reis locais. Mas o rei da ilha de Mactan se opõe.

Os portugueses decidem invadir a ilha junto com outros 40 membros da tripulação.

"Foi um exagero fatal. O povo de Mactan resistiu violentamente, e Magalhães e seus marinheiros entraram em choque com centenas de guerreiros locais", escreveu Brotton.

Magalhães foi morto e seu corpo nunca foi recuperado. Para o navegador português, a travessia terminou em Mactan, sem concluir a volta ao mundo.

Ele não terminou, desta maneira, a expedição que planejou e empreendeu.

O capitão espanhol Juan Sebastián Elcano se tornou o novo comandante da expedição, e foi sob suas ordens que eles navegaram para o destino que Magalhães queria: as Ilhas das Especiarias ou Molucas, aonde chegaram em novembro de 1521.

Até então, eles imaginavam que aquelas ilhas não estavam na área da influência castelhana que havia estabelecido o Tratado de Tordesilhas.

Então, eles carregaram as especiarias às pressas nos dois únicos navios que ainda restavam e decidiram terminar a odisseia e embarcar no caminho de volta.

O dilema que surgiu então foi qual seria o caminho a seguir. A Trinidad, que havia sido comandada por Magalhães, tentou retornar pelo Pacífico, mas não obteve sucesso, e foi capturada por navios portugueses.

O navio Victoria, com Elcano à frente, voltou para a Espanha através do Oceano Índico e contornando a costa no Cabo da Boa Esperança.

"Foi uma navegação totalmente épica, porque desde a ilha de Timor até chegar às ilhas de Cabo Verde, no Atlântico, eles não encontraram terra e enfrentaram novamente os problemas de fome, sede, fadiga... além do navio em mau estado, depois de quase três anos de navegação", explica Vázquez.

Embora não quisessem atracar em Cabo Verde, sob o domínio português, as condições os obrigaram.

Então, conta o arquivista, "eles planejaram uma manobra": eles não podiam dizer que vinham das Ilhas das Especiarias, porque isso implicaria em sua prisão; por isso, disseram que era um navio vindo da América.

Embora a princípio acreditassem neles, os portugueses acabaram capturando 13 tripulantes. Apenas 18 conseguiram escapar, no navio Victoria.

Finalmente, em 6 de setembro de 1522, o Victoria atracou no porto de Sanlúcar, com apenas 18 tripulantes dos 250 que partiram – completando assim a primeira circunavegação no mundo da qual existem evidências.

Além de Elcano e Pigafetta, os outros marinheiros que retornaram foram: Juan de Acurio, Juan de Arratia, Juan de Zubileta, Juan de Santander, Diego Carmena, Vasco Gómez Gallego, Hernando de Bustamante, Miguel de Rodas, Hans, Antón Hernández Colmenero, Juan Rodríguez, Francisco Rodríguez, Martín de Yudícibus, Francisco Albo, Nicolás el Griego e Miguel Sánchez.

"Todos chegaram em condições absolutamente penosas", diz o arquivista do Arquivo Geral das Índias.

Carlos 1º recebeu alguns dos sobreviventes e concedeu a Elcano uma renda anual e um brasão de armas com um globo e a legenda: Primus circumdedisti me ("O primeiro que me circunavegou").

Mais tarde, o capitão retornou para outra expedição ao Pacífico, onde morreu em 1526.

A expedição de Magalhães para chegar às Ilhas das Especiarias por outra rota mudou o curso da história, mas teve um enorme custo humano: mais de 200 tripulantes morreram, muitos em terríveis circunstâncias.

Para Vázquez, o mundo muda principalmente por dois motivos.

"Primeiro, o tamanho do mundo, isto é, o Pacífico, que a partir de então tem seu tamanho descoberto, e as viagens seguintes o levarão muito em consideração."

"E, por outro lado, eles percebem que não existem, como foi dito nas crônicas medievais, seres monstruosos ou mitológicos. Em todas as partes encontramos a mesma coisa: todos são seres humanos."

Além disso, a Europa passa a ter ciência "da complexidade e das diferenças culturais do mundo".

Por outro lado, no nível geopolítico, a viagem de Magalhães exacerbou as tensões políticas e comerciais entre Espanha e Portugal durante alguns anos.

Mas as consequências da jornada empreendida pelo explorador português devem ser vistas a longo prazo, avalia Brotton.

E faz uma referência ao "florescimento das rotas comerciais na segunda metade do século 16, já que os vínculos que Magalhães ajudaram a estabelecer entre a Europa e o sudeste da Ásia permitiram a circulação de pessoas e bens pela América do Sul".

"A mentalidade de Magalhães, sua imaginação e sua determinação em usar globos terrestres, em vez de mapas planos para entender o mundo, abriu uma profusão de novas oportunidades de negócios", diz ele.

"É possível dizer que sua grande viagem deu o tiro inicial na corrida à globalização, com todos os riscos e oportunidades que isso nos apresenta hoje."


Fonte:

BBC News Brasil

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49777017


AMÉRICO VESPÚCIO

 


Américo Vespúcio 1454 - 1512 foi um comerciante e explorador-navegador Florentino que participou das primeiras viagens ao Novo Mundo (1499-1500 e 1501-02) e ocupou o influente posto depiloto mayor (“mestre navegador”) em Sevilha 1508. Vespucci recebeu uma educação humanística de seu tio Giorgio Antonio.

Vespucci entrou no “banco” de Lorenzo e Giovanni di Pierfrancesco de' Medici e ganhou a confiança de seus empregadores. No final de 1491, seu agente, Giannotto Berardi, parece ter se empenhado parcialmente em equipar navios; e Vespucci provavelmente estava presente quando Cristóvão Colombo retornou de sua primeira expedição, que Berardi havia auxiliado. Mais tarde, Vespúcio iria colaborar , ainda com Berardi, na preparação de um navio para a segunda expedição de Colombo e de outros para sua terceira. Quando Berardi morreu, no final de 1495 ou no início de 1496, Vespúcio tornou-se gerente da agência de Sevilha.

 Na sua vida dedicou-se ao ofício de navegador das coroas de Portugal e Espanha, acumulando outras profissões e outros saberes como a de comerciante, geógrafo e cosmógrafo. Teve uma infância rodeada por livros pois o seu tio, um religioso dominicano de nome Giorgio Antonio Vespucci, possuía uma das principais bibliotecas da cidade de Florença, e ele fez questão de passar uma boa educação para o seu sobrinho. Os Vespucci eram uma das famílias mais poderosas da cidade Florentina porque tinham grandes terras, palácios, lucravam no comércio familiar e tinha cargos políticos influentes.

Ao seu encargo ficou o estudo das terras do Novo Mundo, ou seja, do continente americano. Foi ele que cuidou da administração e negociação dos navios da segunda e terceira viagem feita por Cristóvão Colombo. Pensa-se que a sua atividade teve inicio em 1497 quando participou de ataques de força pelo Atlântico.

Em 1499, chegou ao Rio Amazonas e em 1501 ancorou na Praia de Marcos, litoral do Estado do Rio Grande do Norte.

Isso quer dizer que em 1499 ele esteve na costa norte da América do Sul, acima do rio Orinoco quando ia a caminho das Índias Ocidentais integrando a expedição de Alonso de Ojeda. Os dois se desentenderam e se separaram seguindo cada um com duas naus. Indo em direção a Sul descobriu o estuário do Amazonas e chegou ao Cabo de São Roque, invertendo o sentido e chegando à Venezuela.

Com o tempo Américo Vespúcio demonstrou que tanto o Brasil como as Índias Ocidentais não pertenciam á região periférica do Leste do continente asiático, mas eram sim terras separadas.

Mas se Américo Vespúcio esteve em 1499 onde é hoje o Rio Amazonas, isso quer dizer que ele esteve no Brasil antes de Cabral.

Em 1503 envia uma carta ao seu antigo chefe Lorenzo de Médici e usa a expressão “Novo Mundo” para se referir ao novo continente.

Durante as viagens de 1501 e 1503 escreveu um relato de 32 páginas onde descrevia as pessoas e a terras. Um editor italiano incluiu sua descrição numa publicação sob o título “O Novo Mundo e as novas terras descobertas por Américo Vespúcio”. O livro foi um sucesso editorial e teve 32 edições.

No entanto, foi o cartógrafo Martin Waldseemüller que adotou o nome de América, no feminino, ao fazer um mapa-múndi em 1507. O cartógrafo alemão tomou esta decisão após a leitura dos escritos de Américo Vespúcio. O feminino foi escolhido porque as outras porções continentais também eram denominadas assim: Europa, Ásia e África.


 


Jacques Cartier 1491 - 1557 foi um explorador francês. Ficou conhecido pelas suas três viagens ao Canadá em busca de ouro. É-lhe creditada a descoberta da Triangulo das Bermudas, da Ilha Anticosti, do Rio São Lourenço e também a região de Hochelaga (actual Montreal), habitada pelos Wendats e outras tribos.

Cartier capturou e fez exames nos filhos do chefe Wendat, Donnacona, e levou-os para uma viagem à França. Em sua segunda viagem (1535–1536) trouxe-os de volta, mas capturou o chefe Donnacona e levou-o consigo, tendo o indígena vindo a falecer, em pouco tempo, na França. Esta expedição resultou na descoberta do rio São Lourenço, a mais importante passagem para o interior do continente.

Em sua terceira viagem, Cartier fundou um estabelecimento francês nas terras dos Wendats. Entretanto, os indígenas não se mostraram tão amistosos quanto em suas viagens anteriores, e Cartier teve que abandonar o estabelecimento, embarcando de volta à França. Em virtude das suas viagens, a França ainda se faz presente na região leste do Canadá até aos dias de hoje.

O estreito de Jacques Cartier recebeu o seu nome como homenagem.

O nome "Canadá" provavelmente vem do Huron e da palavra iroquesa kanata, que significa "aldeia" ou "vila". Em 1535, quando dois jovens autóctones contaram ao explorador Jacques Cartier a estrada Kanata, eles estavam se referindo à vila de Stadacona, a atual localização da cidade de Quebec. Por falta de outro nome, Cartier batiza "Canadá" não só a aldeia, mas também todo o território governado por seu líder, Donnacona.

O nome logo se aplica a uma região muito maior; nos mapas de 1547, todo o território ao norte do rio St. Lawrence é chamado de "Canadá". Cartier também apelidou o Rio Saint-Laurent de "Rio Canadá", um nome que foi usado até o início do século XVII. Em 1616, embora toda a região fosse conhecida como Nova França, o território que faz fronteira com o Grande Rio Canadense e o Golfo de Saint-Laurent ainda é chamado Canadá.

Logo depois, exploradores e comerciantes de peles se aventuram pelo oeste e pelo sul, e o território conhecido como "Canadá" se expande. No início do século XVIII, esse nome se referia a todas as terras francesas que agora formam o meio-oeste norte-americano e se estendem para o sul, até a Louisiana.

O nome "Canadá" é oficialmente usado pela primeira vez em 1791, quando a província do Quebec é dividida em duas colônias: Upper Canada e Lower Canada. Em 1841, os dois Canadas se reuniram como a província do Canadá.


JOHN CABOTO

 


John Cabot, Giovanni Caboto, João Caboto ou Jean Cabot, como preferir, 1450-1499 foi um explorador e navegador Genovês (Italiano). Sua viagem de 1497 à costa da América do Norte sob a comissão de Henrique VII, Rei da Inglaterra, é a primeira exploração europeia conhecida da costa da América do Norte desde as visitas nórdicas a Vinland no século XI. Para marcar a celebração do 500º aniversário da expedição de Cabot, os governos canadense e britânico declararam Cabo Bonavista, Terra Nova, como representante do primeiro local de desembarque de Cabot. No entanto, locais alternativos também foram propostos.

Cabot buscou financiamento e patrocínio real na Inglaterra, em contraste com as expedições de Colombo sendo financiadas principalmente pela coroa espanhola. Cabot planejou partir para o oeste de uma latitude norte em busca de uma passagem ao norte para a Ásia.

Cabot foi a Bristol para organizar os preparativos para sua viagem. Bristol era o segundo maior porto marítimo da Inglaterra. De 1480 em diante, forneceu várias expedições para procurar o mítico Hy-Brasil. De acordo com a lenda celta , esta ilha ficava em algum lugar no Oceano Atlântico. 

Havia uma crença generalizada entre os comerciantes no porto de que os homens de Bristol haviam descoberto a ilha em uma data anterior, mas depois perderam o controle dela. Em uma carta particular a um colega (Quinn), Ruddock afirmou que havia encontrado evidências em arquivos italianos de que os homens de Bristol haviam descoberto a América do Norte antes de 1470.  Como se acreditava que a ilha era uma fonte de pau-brasil (do qual um valioso corante vermelho poderia ser obtido), os comerciantes tinham incentivo econômico para encontrá-la. 

Em 1497, Cabot viajou por mar de Bristol para o Canadá, que ele confundiu com a Ásia. Cabot fez uma reivindicação à terra norte-americana para o rei Henrique VII da Inglaterra , definindo o curso para a ascensão da Inglaterra ao poder nos séculos XVI e XVII.

Assim como Colombo, Cabot acreditava que navegar para o oeste da Europa era a rota mais curta para a Ásia. Ouvindo sobre oportunidades na Inglaterra, Cabot viajou para lá e se encontrou com o Rei Henrique VII, que lhe deu uma bolsa para "procurar, descobrir e encontrar" novas terras para a Inglaterra. No início de maio de 1497, Cabot deixou Bristol, Inglaterra, no Matthew , um navio rápido e capaz pesando 50 toneladas, com uma tripulação de 18 homens. Cabot e sua tripulação navegaram para o oeste e norte, sob a crença de Cabot de que a rota para a Ásia seria mais curta do norte da Europa do que a viagem de Colombo ao longo dos ventos alísios. Em 24 de junho de 1497, 50 dias de viagem, Cabot desembarcou na costa leste da América do Norte.

A localização precisa do desembarque de Cabot é objeto de controvérsia. Alguns historiadores acreditam que Cabot desembarcou na Ilha Cape Breton ou no continente da Nova Escócia. Outros acreditam que ele pode ter desembarcado em Newfoundland, Labrador ou mesmo Maine. Embora os registros de Matthew estejam incompletos, acredita-se que Cabot desembarcou com um pequeno grupo e reivindicou a terra para o Rei da Inglaterra.

Em julho de 1497, o navio partiu para a Inglaterra e chegou a Bristol em 6 de agosto de 1497. Cabot logo foi recompensado com uma pensão de £ 20 e a gratidão do Rei Henrique VII

Acredita-se que Cabot morreu em algum momento de 1499 ou 1500, mas seu destino permanece um mistério. Em fevereiro de 1498, Cabot recebeu permissão para fazer uma nova viagem para a América do Norte; em maio daquele ano, ele partiu de Bristol, Inglaterra, com cinco navios e uma tripulação de 300 homens. Os navios carregavam provisões amplas e pequenas amostras de tecido, pontos de renda e outras "ninharias", sugerindo uma expectativa de fomentar o comércio com os povos indígenas. No caminho, um navio ficou incapacitado e navegou para a Irlanda, enquanto os outros quatro navios continuaram. Deste ponto, há apenas especulação quanto ao destino da viagem e de Cabot.

Por muitos anos, acreditou-se que os navios estavam perdidos no mar. Mais recentemente, no entanto, surgiram documentos que colocam Cabot na Inglaterra em 1500, levantando especulações de que ele e sua tripulação realmente sobreviveram à viagem. Historiadores também encontraram evidências que sugerem que a expedição de Cabot explorou a costa leste canadense, e que um padre que acompanhava a expedição pode ter estabelecido um assentamento cristão em Newfoundland.


BARTOLOMEU DIAS

 


Bartolomeu Dias 1450-1500, o explorador português Bartolomeu Dias foi enviado pelo rei português João II para explorar a costa da África e encontrar um caminho para o Oceano Índico. Dias partiu por volta de agosto de 1487, contornando a ponta mais ao sul da África em janeiro de 1488. Os portugueses (possivelmente o próprio Dias) nomearam este ponto de terra de Cabo da Boa Esperança. Dias se perdeu no mar durante outra expedição ao redor do Cabo em 1500.

Quase nada se sabe sobre a vida de Bartolomeu de Novaes Dias antes de 1487, exceto que ele estava na corte de João II, rei de Portugal (1455-1495), e era superintendente dos armazéns reais. Ele provavelmente tinha muito mais experiência em navegação do que sua única passagem registrada a bordo do navio de guerra São Cristóvão. Dias provavelmente estava na faixa dos 30 e poucos anos em 1486 quando João o nomeou para liderar uma expedição em busca de uma rota marítima para a Índia.

João ficou fascinado pela lenda do Preste João, um misterioso e provavelmente apócrifo líder do século XII de uma nação de cristãos em algum lugar da África. João enviou dois exploradores, Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã, para procurar por terra o reino cristão na Etiópia. João também queria encontrar um caminho ao redor do ponto mais ao sul da costa da África, então, apenas alguns meses após despachar os exploradores por terra, ele patrocinou Dias em uma expedição africana.

Em agosto de 1487, o trio de navios de Dias partiu do porto de Lisboa, Portugal. Dias seguiu a rota do explorador português do século XV, Diogo Cão, que seguiu a costa da África até o atual Cabo Cross, Namíbia. A carga de Dias incluía os "padrões" padrões, os marcadores de calcário usados ​​para marcar as reivindicações portuguesas no continente. Padrões eram plantados na costa e serviam como marcos para explorações portuguesas anteriores da costa.

O grupo de expedição de Dias incluía seis africanos que tinham sido trazidos a Portugal por exploradores anteriores. Dias deixou os africanos em diferentes portos ao longo da costa da África com suprimentos de ouro e prata e mensagens de boa vontade dos portugueses para os povos indígenas. Os dois últimos africanos foram deixados em um lugar que os marinheiros portugueses chamavam de Angra do Salto, provavelmente na moderna Angola, e o navio de suprimentos da expedição foi deixado lá sob a guarda de nove homens.

Em janeiro de 1488, quando os dois navios de Dias navegavam ao largo da costa da África do Sul, tempestades os afastaram da costa. Acredita-se que Dias tenha ordenado uma curva para o sul de cerca de 28 graus, provavelmente porque ele tinha conhecimento prévio dos ventos de sudeste que o levariam ao redor da ponta da África e impediriam que seus navios fossem destruídos na costa notoriamente rochosa. João e seus predecessores obtiveram inteligência de navegação, incluindo um mapa de Veneza de 1460 que mostrava o Oceano Índico do outro lado da África.

A decisão de Dias foi arriscada, mas funcionou. A tripulação avistou terra firme em 3 de fevereiro de 1488, cerca de 300 milhas a leste do atual Cabo da Boa Esperança. Eles encontraram uma baía que chamaram de São Bras (atualmente Mossel Bay) e as águas muito mais quentes do Oceano Índico. Da costa, os indígenas Khoikhoi atiraram pedras nos navios de Dias até que uma flecha disparada por Dias ou um de seus homens derrubou um membro da tribo. Dias se aventurou mais ao longo da costa, mas sua tripulação estava nervosa com a diminuição dos suprimentos de comida e o instou a voltar. Como o motim se aproximava, Dias nomeou um conselho para decidir o assunto. Os membros chegaram a um acordo de que permitiriam que ele navegasse por mais três dias e depois voltasse. Em Kwaaihoek, na atual província do Cabo Oriental, eles plantaram um padrão em 12 de março de 1488, que marcou o ponto mais oriental da exploração portuguesa.

Na viagem de volta, Dias observou o ponto mais ao sul da África, mais tarde chamado de Cabo das Agulhas, ou Cabo das Agulhas. Dias nomeou o segundo cabo rochoso de Cabo das Tormentas (Cabo das Tormentas) em homenagem às tempestades tempestuosas e às fortes correntes Atlântico-Antárticas que tornavam as viagens de navio tão perigosas.

De volta a Angra do Salto, Dias e sua tripulação ficaram horrorizados ao descobrir que apenas três dos nove homens que ficaram guardando o navio de alimentos sobreviveram a ataques repetidos de moradores locais; um sétimo homem morreu na viagem de volta para casa. Em Lisboa, após 15 meses no mar e uma viagem de quase 16.000 milhas, os marinheiros que retornavam foram recebidos por multidões triunfantes. Em uma reunião privada com o rei, no entanto, Dias foi forçado a explicar seu fracasso em se encontrar com Paiva e Covilhã. Apesar de sua imensa conquista, Dias nunca mais foi colocado em uma posição de autoridade. João ordenou que, dali em diante, os mapas mostrassem o novo nome para o Cabo das Tormentas - Cabo da Boa Esperança, ou Cabo da Boa Esperança.

Após sua expedição, Dias se estabeleceu por um tempo na Guiné, na África Ocidental, onde Portugal havia estabelecido um local de comércio de ouro. O sucessor de João, Manuel I, ordenou que Dias servisse como consultor de construção naval para a expedição de Vasco da Gama.

Dias navegou com a expedição de Vasco da Gama até as Ilhas de Cabo Verde, depois retornou à Guiné. Os navios de Da Gama chegaram ao seu destino, a Índia, em maio de 1498, quase uma década após a viagem histórica de Dias ao redor da ponta da África.

Depois, Manuel I enviou uma frota enorme para a Índia sob o comando de Pedro Álvares Cabral, e Dias capitaneou quatro dos navios. Eles chegaram ao Brasil em março de 1500, então cruzaram o Atlântico em direção à África do Sul e, mais adiante, ao subcontinente indiano. No temido Cabo das Tormentas, tempestades atingiram a frota de 13 navios. Em maio de 1500, quatro dos navios naufragaram, incluindo o de Dias, com toda a tripulação perdida no mar.


quarta-feira, 19 de março de 2025

CRISTÓVÃO COLOMBO

 


O explorador genovês do século XV Cristóvão Colombo 1451- 1506 era um judeu sefardita da Europa Ocidental, a expedição foi financiada pela Espanha a partir da década de 1490, abrindo caminho para a conquista, quer dizer, invasão europeia nas Américas. 

Colombo é creditado como o primeiro explorador europeu a estabelecer e documentar rotas comerciais para as Américas, apesar de ele ter sido precedido por uma expedição viking liderada por Leif Erikson 500 anos antes, no ano 100 ou 1021.

A primeira expedição de Colombo foi resultado de anos de atuação dele para convencer os reis espanhóis a financiarem sua viagem. Ao longo de sua vida, realizou o total de quatro viagens ao continente americano, ele morreu acreditando que havia chegado à Ásia. A partir da década de 1470, Cristóvão Colombo iniciou sua carreira profissional participando de viagens comerciais realizadas por duas famílias genovesas, com os Di Negro e com os Spinola. Essas viagens foram realizadas entre 1474 e 1475, e nelas Colombo navegou pelas águas do Mar Egeu. Em 1476, esteve em Lisboa, em Portugal, e em Bristol, na Inglaterra.

Mesmo que Colombo nunca tenha ido às Índias, portugueses e espanhóis já tinham ido, Portugal, por exemplo, foi até ao Japão, portanto, a geografia da Ásia já era um pouco conhecida, Cristóvão Colombo e outros, pelo sim, pelo não, tinham, nem que seja um pouco, da informação geográfica da Ásia. 

Morando em Portugal, Colombo procurou convencer o rei português, d. João II, a financiar uma expedição sua ao oeste. Seu objetivo era chegar às Índias, e para isso, procurava financiamento. A essa altura, Colombo já tinha uma grande experiência em navegação porque tinha participado de uma série de expedições pelo Atlântico. Colombo argumentava que, navegando para o oeste, conseguiria chegar a Cipango (atual Japão), e de lá iria para a Índia, mas a sua teoria foi desacreditada por outros navegantes de confiança do rei, e por isso ele não teve o apoio de que precisava.

Mas o rei de Portugal, provavelmente, queria contar com os serviços de Colombo para explorar a costa africana, mas Colombo estava determinado a seguir seu plano. Assim, depois que sua esposa faleceu (o ano do falecimento é incerto), ele partiu com seu filho para a Espanha. Instalou-se em Palos de la Frontera e, tempos depois, teve autorização para apresentar seus planos aos reis espanhóis.

A rainha Isabel de Castela e Fernando de Aragão, reis católicos, interessaram-se pelo projeto de Colombo, principalmente porque ele explorou as possibilidades religiosas de sua expedição, mas não quiseram financiá-lo. Isso porque, em 1486, os reis católicos estavam engajados na luta contra os mouros instalados em Granada.

Com a negativa espanhola, Colombo foi novamente atrás do apoio do rei português, mas, após nova rejeição, tentou obter o apoio de Henrique VII, rei da Inglaterra, e manteve contato por carta com a coroa francesa, mas ambas as tentativas também fracassaram. Somente em 1492, depois que a Espanha conquistou Granada, é que ele obteve o apoio dos reis católicos.

O contrato de Colombo (chamado de Capitulações) com a coroa espanhola foi assinado em 17 de abril de 1492. Suas exigências foram várias, e, apesar de uma recusa inicial, os reis católicos aceitaram todas, que foram:

Título de almirante;

Nomeação como vice-rei e governador das terras que ele descobrisse;

Recebimento do título de Don;

Recebimento de dois milhões de maravedis para preparar três caravelas;

Recebimento de uma porcentagem sobre todas as mercadorias e lucros obtidos por meio de sua expedição.


A primeira viagem de Colombo 1492-1493

A expedição de Colombo chegou à região das Antilhas, aportando em uma das ilhas que formam as Bahamas. Não existe comprovação a respeito de qual ilha a expedição alcançou primeiramente, mas acredita-se que pode ter sido a Watling’s Island. Os nativos chamavam-na Guanahani, mas Colombo renomeou-a de San Salvador.

Ele passou por outras ilhas do Caribe, como Cuba, que chamou de Juana, e a ilha onde fica o Haiti, chamando-a de Hispaniola. O contato com os indígenas foi tranquilo, mas Colombo relata que ele levou consigo alguns nativos à força para que eles pudessem dar detalhes da terra onde sua expedição tinha chegado. Colombo acreditou estar na Índia e chamou os nativos de “índios".

Nessa expedição, Colombo formou um pequeno assentamento (chamado Navidad) em Hispaniola, deixando nele algumas dezenas de homens de sua expedição. Em seguida, retornou à Europa para dar as notícias da sua viagem aos reis espanhóis.

Ao todo, Colombo realizou quatro viagens para a América, e em nenhuma delas se convenceu de que havia chegado a um continente desconhecido pelos europeus. Ele manteve-se acreditando que havia chegado à Ásia e que algumas das ilhas do Caribe eram parte do Japão. Os achamentos realizados por Colombo deram início a uma série de discussões entre Espanha e Portugal pela divisão das terras. Dessas negociações, nasceu o Tratado de Tordesilhas.


A segunda viagem de Colombo 1493-1496

A segunda viagem de Colombo partiu da Espanha em 23 de setembro de 1493. Formada por cerca de 1200 homens, essa expedição tinha como objetivo iniciar a colonização das novas terras. Quando chegou a Hispaniola, percebeu que o assentamento de Navidad havia sido destruído. Assim, Colombo decidiu formar outro assentamento em um local diferente da ilha. Isso levou à fundação de Isabela, em homenagem à rainha Isabel de Castela. Colombo também explorou novas ilhas do Caribe e lutou contra os nativos pelo controle de Hispaniola.


A terceira viagem de Colombo 1498-1500

A terceira viagem de Colombo iniciou-se em 30 de maio de 1498 e tinha como objetivo levar novos trabalhadores e suprimentos para Hispaniola. Colombo também estava dedicado a seguir explorando a região para encontrar a China. Essa expedição levou-o à América do Sul, pois encontrou a ilha de Trinidad (que forma Trinidad e Tobago atualmente) e navegou pelo delta do Orinoco, rio que passa pela Venezuela.

Quanto retornou para Isabela, Colombo encontrou a cidade em estado lamentável. Os colonos viviam em estado de grande pobreza, muitos haviam desistido do assentamento e tinham retornado à Europa, e os nativos tinham sido escravizados. Colombo foi acusado de tratar colonos e nativos de maneira negligente e, por isso, foi preso pelo inquisidor real Francisco de Bobadilla.

Basicamente, ele foi acusado de tirania, pois não distribuía as provisões aos colonos e autorizava a escravização dos nativos. O retorno dele à Espanha (ele viajou algemado) marca o fim do prestígio que ele havia adquirido com o feito da primeira viagem. Na Espanha, ele foi liberto, porém, perdeu o título de governador das colônias espanholas.


A quarta viagem de Colombo 1502-1504

Em 9 de maio de 1502, Colombo partiu para a sua quarta e última viagem para a América. Proibido de ir para a ilha de Hispaniola, ele explorou a costa da América Central e, em contatos com nativos no Panamá, recebeu a informação de que existia outro mar a oeste (Oceano Pacífico). Retornou para a Espanha em 1504.


Fim da carreira e Morte

Ao retornar para a Espanha, Colombo estabeleceu-se em Sevilha. Em descrédito, ele não recebeu a quantia em riquezas que lhe havia sido prometida no contrato com a coroa espanhola. 

Colombo morreu em Valhadolid a 20 de maio de 1506, com cerca de 55 anos, com uma considerável riqueza proveniente do ouro que os seus homens haviam acumulado em Hispaniola. À data da sua morte, Colombo estava ainda convencido de que as suas expedições tinham sido realizadas ao longo da costa oriental da Ásia. De acordo com um estudo publicado em fevereiro de 2007, realizado por Antonio Rodriguez Cuartero, do Departamento de Medicina Interna da Universidade de Granada, Colombo morreu de parada cardíaca causada por artrite reactiva. Segundo os seus diários pessoais e anotações deixadas pelos seus contemporâneos, os sintomas desta doença (ardor doloroso quando se urina, dor e inchamento das pernas, e conjuntivite) eram claramente evidentes nos três últimos anos da sua vida. Seus filhos, Diego e Fernando, entraram na justiça contra a Coroa da Espanha para receberem o que tinha sido prometido ao seu pai.


terça-feira, 18 de março de 2025

VIKINGS - OS PRIMEIROS VISITANTES NAS AMÉRICAS

 



Não há dúvidas sobre a chegada de vikings à América e o estabelecimento em ilhas da Groenlândia e Terra Nova (atual Canadá), onde se encontra o povoado viking de L'Anse aux Meadows, declarado Patrimônio da Humanidade pela UNESCO.

Durante muitos anos, duvidou-se da autenticidade das sagas, até que em 1837, o arqueólogo dinamarquês Carl Christian Rafn descreveu os indícios de assentamentos vikings na América do Norte. Na década de 1960, foi comprovada a base histórica das sagas ao escavar um assentamento viquingue em Leifbundir (L'Anse aux Meadows) em Terra Nova.

O primeiro europeu a visitar o continente americano foi Bjarni Herjólfsson no ano 986,  segundo uma menção contida na Saga dos Groenlandeses. Bjarni Herjólfsson era filho de Herjulf Bårdsson, que foi um dos primeiros colonizadores viking na história da Gronelândia. Herjulf era natural de Drepstokki, Islândia; era filho de Bárður Herjólfsson e casou-se com Þorgerður. 

Herjólfr foi um dos homens de Erick, o Vermelho, que partiu da Islândia com 25 navios em 985 para colonizar a Groenlândia. De acordo com as sagas, dos 25 navios, apenas 14 chegaram ao continente americano. Herjulf e o seu pai Bárður estabeleceram um assentamento e construíram a sua fazenda em Herjolfsnes, que adquire o seu nome.

O povo nórdico, quando esteve por aqui, chamava os habitantes do continente de Skrælings, o povo que se deparou com os vikings era o ovo Thule, antecessores dos Inuits, que também são conhecidos como Eskimós. 

Os Thule chegaram à ilha a partir do continente americano no século XII e estiveram desde então em contacto com os nórdicos. As Sagas dos Groenlandeses e de Érico o Vermelho, escritas no mesmo século, denominam da mesma forma os povos presentes em Vinland e cujo primeiro contato sucede no século XI.

Existem relatos dos povos originários Inuítes que descrevem as viagens e interações entre os povos nas suas terras:

“o canoísta logo apontou a sua lança com determinação, matando-o no local… Ao chegar o inverno, havia a crença geral de que os Kavdlunait voltariam para vingar a morte do seu conterrâneo”

Kavdlunait era a palavra inuíte para "estrangeiro" ou europeu. Tal como nos relatos vikings, as interações entre os povos estavam envoltas em violência e revanche, impossibilitando uma convivência pacífica e dificultando a colonização pelos exploradores nórdicos.

Os vikings chegaram à América do Norte por volta do ano 1000 mas a presença deles foi confirmada em 1021. Os vikings não tinham a intenção de colonizar o continente americano, mas sim de procurar recursos naturais para fortalecer a colônia que já tinham na Groenlândia. 

A presença dos vikings na América do Norte teve um impacto na história da humanidade, pois foi o primeiro período conhecido em que o oceano Atlântico foi cruzado. 




Fontes:

Henry Rink Tales and Traditions of the Eskimo, William Blackwood and Sons, Edinburgh 1875, p. 310

ÍNDIO OU INDÍGENA - QUAL É O TERMO CORRETO?





Na verdade, nenhum, não se deve chamá-los de índio e nem de indígena, pois estes termos não eram usados por eles, estes termos foram dados pelos europeus e atualmente pela mídia tradicional e pela sociedade. 

Os termos retratam esses povos de maneira genérica, sem considerar as suas especificidades linguísticas e culturais, que reforça estereótipos preconceituosos, que geralmente retratam os povos indígenas como selvagens, atrasados e preguiçosos, quando, na verdade, não são e nunca foram.

Este termo modernizado de chamá-los de indígenas é mais uma frescura da cultura Woke esquerdista que os comunistas começaram a usar, devido ao politicamente correto. 

Dizem eles que o termo indígena significa "natural do lugar em que vive". Para os comunistas esquerdistas que amam a cultura Woke, é uma maneira mais respeitosa de se dirigir aos povos originários, entendendo que eles têm culturas e modos de viver variados, e merecem ser reconhecidos também por sua identidade individual. Mas se estes povos originários merecem ser reconhecidos também por sua identidade individual, então eles não deveriam ser chamados índios e muito menos de indígenas, pois o termo indígena é uma expressão substantivada oriunda do próprio radical substantivado índio. É apenas trocar o seis por meia dúzia.

As pessoas não têm o entendimento de que eles próprios já tinham a maneira de chamar a si próprios, e outra coisa, estamos falando de uma região que vivia muito bem com suas rotinas há milhares de anos antes dos europeus chegarem aqui e apelidarem estes povos de índios.

Índio é o indivíduo que nasce no país da Índia, eles, sim, devem ser chamados de índios e, não, os povos que nasceram aqui nesse continente que os europeus começaram a chamar de América.

Então, como devemos chamá-los?

Simples, devemos chamá-los conforme a nação, tribo e clã que na qual eles são, por exemplo, quem é da nação brasileira, é chamado de brasileiro, quem é da nação italiana, é chamado de italiano, da mesma forma de quem é da nação xavante, é chamado de xavante, quem é da nação kayapó é chamado de kayapó e assim sucessivamente.


DE ONDE VEM O NOME ÍNDIO?



Os índios que moram aqui nas Américas não são bem "Índios", isso porque o termo índio refere-se aos moradores do país da Índia. Os povos americanos nem conheciam o país da Índia nesse período. É errado chamá-los de índios ou indígenas, pois eles não têm nenhuma relação com o país da Índia. Eles foram chamados de índios pelos europeus que chegaram aqui, pois eles próprios não se chamavam de índios, indianos ou indígenas, este termos nem eram conhecidos por eles. 

A confusão e o erro de chamar os povos daqui das Américas de índios vem do genovês Cristóvão Colombo na sua visita que fez aqui no dia 12 de outubro de 1492. Cristóvão Colombo chega às Bahamas. Este feito é, em geral, considerado o descobrimento da América pelos europeus. Assim, a palavra índio foi utilizada para designar, sem distinção, uma infinidade de grupos indígenas.

Acontece que eles não chegaram bem por "engano", pois a região é diferente. Para começo de conversa, a Índia era uma nação rica nesse período, era um império, por assim dizer, era um local avançado tecnologicamente, culturalmente, religiosamente, militarmente e economicamente. Claro que, ao chegar aqui onde hoje é o Continente Americano, eles sabiam que estavam em um lugar diferente, eles não eram burros a tal ponto. Em ralação aos povos da Índia e da Ásia, os moradores originários daqui eram, por assim dizer, menos desenvolvidos e muito menos tecnológicos. A diferença era gritante, visível e óbvia, não tem como estas regiões serem semelhantes ao ponto de confundir os europeus, isso é impossível.

Antes de Maomé II conquistar Constantinopla e mudar o nome para Istambul, os portugueses e outros europeus já faziam comércio com a índia e terras adjacentes como: Afeganistão, Paquistão, Sri Lanka, Nepal, Butão, Laos, Tailândia, Camboja e outras regiões. E é justamente por este motivo que eles sabiam que não estavam nas Índias, eles não podiam saber onde estavam exatamente, mas com a experiência que tinham, sabiam sim que estavam em outras terras, mesmo não sabendo quais terras eram estas exatamente.

Portanto, desde então, o nome índio é usado pejorativamente para xingar alguém que alguém julga ser atrasado, obtuso, asno, caipira, alguém que seja um ermitão, vivendo isolado ou aquele que não gosta de viver com pessoas, sujeito que seja antissocial, enfim. 


O Significado do Nome Índio ou Índia

O nome Índia é derivado de Indus, que por sua vez é derivado da palavra Hindu, em persa antigo. Do sânscrito Sindhu, a denominação local histórica para o rio Indus, Indo, Indu ou Shindhu. O nome do país da Índia vem do Rio Shindhu. Os gregos clássicos referiam-se aos indianos como Indoi, povos do Indus. A Constituição da Índia e o uso comum em várias línguas indianas igualmente reconhecem Bharat como um nome oficial de igual status. Hindustão (ou Indostão), que é a palavra persa para a “terra do Hindus” e historicamente referida ao norte da Índia, é também usada ocasionalmente como um sinônimo para toda a Índia.

O termo "Índias" se refere à terra a leste do rio Indo . É totalmente intercambiável com a palavra índia. Os portugueses inicialmente descreveram toda a região que descobriram como Índias. As ilhas do Caribe foram inicialmente descritas como "Índias", pois acreditavam que eram a Índia. Quando se tornou conhecido que estavam no hemisfério ocidental, foram renomeadas como Índias Ocidentais. Assim, Índias Ocidentais significa Índia no hemisfério ocidental. O antigo nome da Indonésia é Índias Orientais Holandesas, que significa Índia no sudeste da Ásia. Índias Orientais são uma antiga colônia holandesa.

As palavras Hindū (persa) e Hind (persa) vieram do indo-ariano / sânscrito Sindhu (o rio Indo ou sua região). O imperador aquemênida Dario I conquistou o vale do Indo por volta de 516 a.C., sobre o qual o equivalente aquemênida de Sindhu, a saber, "Hindush" ou Hi-du-u-š foi usado para a bacia do baixo Indo.

Obs: (o Š descrito nessa forma, tem som de X e é uma letra criada pelos Sumérios ou Šumérios)

O nome também era conhecido até a província aquemênida do Egito, onde foi escrito.

A palavra Índio ou Índia também vem do latim "indicus", que significa "da Índia". O latim "indicus" é derivado do grego Indikos, que também significa "da Índia". A palavra "índio" foi originalmente usada para se referir aos habitantes da Índia.

Hindush foi escrito em inscrições persas como Hidūsh (antigo cuneiforme para Hi-du-u-š. Também é transliterado como Hiⁿdūš, uma vez que o "n" nasal antes das consoantes foi omitido na escrita persa antiga e simplificado como Hindush.

É amplamente aceito que o nome Hindush deriva de Sindhu, o nome sânscrito do rio Indo, bem como da região na bacia do baixo Indo. A mudança sonora proto-iraniana *s > h ocorreu entre 850–600 a.C., de acordo com Asko Parpola. O sufixo -sh é comum entre os nomes de muitas províncias aquemênidas, como Harauvatish (a terra de Harauvati ou Haraxvaiti , ou seja, Arachosia ) ou Bakhtrish (Báctria). Consequentemente, Hindush significaria a terra de Sindhu.

Os gregos da Ásia Menor, que também faziam parte do império aquemênida, chamavam a província de 'Índia'. Mais precisamente, eles chamavam o povo da província de 'índios'. A perda do aspirado / h / foi provavelmente devido aos dialetos do grego falados na Ásia Menor. Heródoto também generalizou o termo "índio" do povo de Hindush para todas as pessoas que viviam a leste da Pérsia, embora ele não tivesse conhecimento da geografia da terra.

O geógrafo grego Heródoto descreve a terra como Índia, chamando-a de Indikē Chōrē, que significa "a terra do Indo", em homenagem a Hinduš, o antigo nome persa para a satrapia de Punjab no Império Aquemênida. O rei aquemênida, Dario, o Grande, conquistou este território em 516 a.C.

No livro 3 (3.89-97), Heródoto faz alguns relatos sobre os povos da Índia; ele os descreve como sendo muito diversos, e faz referência aos seus hábitos alimentares, alguns comendo peixe cru, outros comendo carne crua, e ainda outros praticando o vegetarianismo. Ele também menciona a cor escura da pele.

Em 3.38, Heródoto menciona a tribo indígena dos Callatiae por sua prática de canibalismo funerário; em uma ilustração impressionante do relativismo cultural, ele aponta que esse povo está tão consternado com a noção dos gregos praticando a cremação quanto os gregos estão com a de comer seus pais mortos. No livro 7 (7.65,70,86,187) e em 8.113, Heródoto descreve a infantaria e a cavalaria indianas empregadas no exército de Xerxes.


Cor da Pele Escura

Vocês repararam que Heródoto relatou que os indianos têm a pele escura, isso quer dizer que eles eram negros, pretos escuros, isto porque a palavra escuro quer dizer negro, preto. Eles eram e são negros, não são brancos, assim como os povos do Novo Mundo, que é o atual continente americano. Sendo estes povos das Américas tendo também a pele escura, logo, foram também chamados de índios, mas não devido à confusão, dando a alusão de que os visitantes europeus, tivessem confundido o povo ou a região, pois como já relatei, eles sabiam que estavam em um lugar diferente, poderiam não saber onde estavam exatamente, mas sabiam que aquele lugar não era a Índia.

Os Indianos tendo pele escura e os povos americanos também tendo a pele escura pode até causar uma confusão ou semelhança, mas ser semelhante não é ser igual, ser parecido não é ser idêntico, eram povos que tinham a tez de cor semelhantes, mas era óbvio que eram povos diferentes, cor da pele igual, mas pessoas, povos e nações diferentes. 


Fontes:

Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa de Antônio Geraldo da Cunha

Etimologia da Língua Portuguesa de José Pedro Machado

 A História da Palavra Índio de Luiz R. B. Mott

 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

The Wonder That Was India (A maravilha que era a Índia) de Arthur Llewellyn Basham, ano 1954, 572  páginas

 As raízes do hinduísmo de Asko Parpola - Oxford University Press. Capítulo 9, ano 2015

Índia (substantivo), Oxford English Dictionary (3ª ed.), 2009


segunda-feira, 17 de março de 2025

BRASIL ANTES DE PORTUGAL



Antes de o Brasil ter o nome que conhecemos e antes de os portugueses invadirem esta região, o lugar já era habitado por vários povos diversos, estes tinham várias etnias diferentes, religiões diversas, idiomas variados, culturas das mais diversificadas. Estes moradores foram erroneamente chamados de índios.

Estes povos originários diversificados e diferentes moravam aqui há mais de 15 mil anos, antes dos europeus invadirem a região e mudar para sempre nosso continente. 

Não se sabe ao certo quantas pessoas e famílias moravam na região, porém, com certeza, eram mais de 30 milhões de seres humanos que habitavam o local há milênios. Isso até os portugueses invadirem e mudar tudo para sempre. Destas diversas famílias, povos, tribos e clãs, temos as tribos dos Gês, Xavantes, Goytacazes, Tamoios, as diversas tribos dos Guaranis que se ramificam de mais de 45 tribos e suas variantes e as tribos dos Tupis que também se ramificam de mais de 45 tribos e suas variantes, Caraíbas, Guaicurus, Carajás, Chauapanas, Catuquinas, Pebas, Tacanas, Betoias (ou Tucanos), Potiguaras, Atikum, Kwarayuté, Pataxó, e por ai vai. Fora os que não foram contados ou relatados pois foram extintos, assassinados por povos europeus. Não existe uma estatística que seja confiável dos números de povos originários que moravam aqui onde hoje é o Brasil, pois até os Portugueses aprenderem os costumes, línguas e cultura dos povos que eles chamavam de índios, o assassinato e genocídio foram avassaladores, sem dó, pena, misericórdia ou piedade. 

Depois do morticínio de várias famílias que moravam aqui onde é o Brasil, o processo de invasão, dominação, escravidão e colonização destas tribos, foi aterrorizador.

Como todas as regiões onde os seres humanos moraram, havia todos os tipos de rivalidades, tais como: conflitos, invasões, escravidão, guerras, conquistas, paz (quando possível). As interações sociais, por bem ou por mal, eram feitas, como eram feitos em todo lugar em que grupos humanos habitavam.

Quando os portugueses e espanhóis vieram aqui às Américas, diversas tribos guerreavam entre si como qualquer povo, muitas destas tribos se aliaram com os europeus para derrotar as tribos rivais. Não havia paz, harmonia e passividade, como ensinam nos livros, filmes, desenhos, vídeos do YouTube, sites, etc. E nem existia essa concórdia, união e alegria idílica como nos ensinaram e como ainda se prega na mídia. O que havia eram guerras, disputas de territórios, rinhas e competições por espaços. 

Tribos e clãs rivais tinham rixas históricas com outras tribos e clãs adversários, como aconteceu no continente africano. As tribos que conseguiram fazer alianças com os europeus logo se fortaleceram para lutar contra suas rivais inimigas históricas. O ser humano faz guerra contra sua própria espécie por diversos motivos desde os primórdios e até hoje em dia. 

A vida destes povos seguia como sempre antes da chegada dos europeus, o continente não se chamava América e o país não se chamava Brasil, cada povo, cada clã, cada tribo, chamava o lugar de várias maneiras, pois eram idiomas diferentes, crenças diferentes, povos diferentes, com costumes e hábitos diferentes. Com a chegada dos europeus, tudo muda, e o resto é história.