Após passar 13 anos no Brasil, D. João VI, rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, retornou à sua terra natal em 1821. Sua partida do Brasil foi marcada por sentimentos contraditórios, visto que sua presença influenciou significativamente o desenvolvimento e o intercâmbio cultural da região. No entanto, a instabilidade política e econômica em Portugal obrigou D. João VI a tomar a difícil decisão de retornar aos seus deveres reais.
Ao retornar, D. João VI enfrentou inúmeros desafios para retomar o controle do reino português. A proeminência dos sentimentos liberais e nacionalistas no país tornou a transição de volta à monarquia absoluta uma tarefa delicada.
Ao longo dos 13 anos em que Dom João VI ficou no Rio de Janeiro, o povo português, lá em Portugal, enfrentou fome e sofrimento. Os lusos perderam meio milhão de habitantes, vítimas da miséria e das batalhas, além daqueles que deixaram Portugal em busca de melhores condições em outros países.
Revoltas frequentes exigiram a volta do rei à Lisboa. A Revolução Liberal do Porto, em 1820, foi decisiva.
Assim, ameaçado de perder o trono português, Dom João VI retornou à Lisboa em 26 abril de 1821, o Rei voltou com cerca de 4 mil pessoas. Dois dias antes de embarcar, o rei disse ao príncipe regente: “Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar, que para algum desses aventureiros”.
Nem os ossos ficaram para trás. Até mesmo os membros da dinastia de Bragança que haviam morrido enquanto a família real estava no Rio de Janeiro, como a mãe de Dom João VI, a rainha Dona Maria I, o sobrinho do rei, Dom Pedro Carlos, e uma tia, Dona Maria Ana Francisca, tiveram seus corpos levados para Portugal nos navios que transportaram a corte de volta.
Não fosse a pressão vinda de Portugal, Dom João VI podia muito bem ir ficando no Brasil. Mas o descontentamento por lá com a ausência da família real era tamanho que havia risco inclusive para a continuidade da dinastia.
Em 1820, estourou em Portugal a Revolução do Porto, que acabou com o absolutismo do rei de Portugal, instituiu as cortes constitucionais portuguesas, que deveriam dar uma constituição, a primeira do reino, e exigiu o retorno da corte para Portugal. Segundo o manifesto produzido pelos revoltosos, eles estavam cansados de Portugal ter passado a ser tratada como uma colônia, com todos os assuntos tendo que ser resolvidos no Brasil junto à corte, que estava instalada ali desde 1808.
Também chamada de Revolução Liberal de 1820, esse movimento iniciado em agosto na cidade do Porto se espalhou por Lisboa no mês seguinte. O movimento é chamado de liberal no sentido do juramento a uma constituição e na reorganização administrativa do Estado português, já que o monarca havia fugido por conta da invasão francesa.
Apenas um ano depois de D. João VI voltar a Portugal, temos a Independência do Brasil.
João VI de Portugal, também conhecido como Rei João VI ou João Clemente, deixou um legado duradouro no Brasil. Seu reinado e a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro tiveram um impacto significativo na jornada do Brasil rumo à independência.
Sob o governo de D. João VI, o Brasil vivenciou um período de notável crescimento e desenvolvimento. A corte do Rio de Janeiro tornou-se o centro da atividade política, econômica e cultural, levando à modernização do país. A presença da corte portuguesa também fomentou um sentimento de identidade nacional e unidade entre o povo brasileiro.
Além disso, a influência de D. João VI na independência do Brasil é inegável. Apesar dos esforços para manter o controle sobre o território brasileiro, as políticas e ações de D. João VI alimentaram inadvertidamente o desejo de autonomia. Sua presença no Brasil e os eventos subsequentes pavimentaram o caminho para a declaração de independência do Brasil em 1822.
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