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quinta-feira, 3 de abril de 2025

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS

 


A história do Brasil colonial é marcada por uma herança complexa e multifacetada, cuja influência ressoa até os dias atuais. Um dos elementos fundamentais que moldaram essa história foram as capitanias hereditárias, uma divisão territorial implementada pelos portugueses durante o período de colonização.

As capitanias hereditárias foram a primeira medida real de colonização tomada pelos portugueses em relação ao Brasil. Com as capitanias, foi implantado um sistema de divisão administrativa por ordem do rei português D. João III, em 1534. A América Portuguesa foi dividida em 15 faixas de terra, e a administração dessas terras foi vendida aos donatários. As capitanias existiram no Brasil durante séculos, mas, a partir de 1548, uma nova forma de administrar o Brasil foi criada.

Na época da invasão do território brasileiro, os portugueses estavam expandindo o comércio com as Índias. Também estavam muito confiantes com o Tratado de Tordesilhas, assinado pelo papa Alexandre VI, dividindo a América entre Portugal e Espanha.

O comércio com as Índias estava em declínio, e as “terras portuguesas” na América estavam sob invasão francesa. Nesse contexto, Portugal reconheceu a necessidade de agir para proteger o que considerava ser seu território na América. Foi assim que a Coroa resolveu dividir o Brasil em várias faixas litorâneas e vendê-las a particulares, passando para terceiros a administração desta terra.

Martim Afonso de Souza foi um dos donatários e fundador da primeira cidade brasileira, São Vicente, no estado de São Paulo.

Neste processo, os portugueses deixaram de ser “visitas” e passaram a ser moradores, provocando a perda de territórios pelos indígenas. O sistema de capitanias já era conhecido do Império Português por ser adotado em outras colônias portuguesas, como a Ilha da Madeira e Cabo Verde.

Os objetivos com as capitanias hereditárias eram:

Controlar a invasão francesa;

Converter os índios ao catolicismo

Enriquecer Portugal com os recursos tirados do Brasil;


Os donatários, ou capitães donatários, eram pequenos nobres que se destacaram na campanha de expansão de Portugal na África e na Índia, e as capitanias eram uma espécie de recompensa pelos serviços prestados à Coroa. Os capitães donatários eram responsáveis pelas capitanias e tinham como funções:


Cultivar a terra;

Evitar invasões piratas e indígenas;

Fazer cumprir as ordens reais;

Fiscalizar a cobrança de impostos;

Investir nas terras com fundos próprios;

Pagar os impostos à Coroa provenientes da exploração do pau-brasil e da produção de açúcar nos engenhos;

Verificar a viabilidade econômica do local;


A administração da capitania era de total responsabilidade do donatário, além da fundação de vilas e instalação de colonos. Eles não tinham a posse do território, mas eram a autoridade dentro de suas capitanias e respondiam somente ao rei de Portugal.

As capitanias no Brasil colonial eram classificadas da seguinte maneira:

Hereditárias e Reais: as hereditárias eram governadas por capitães hereditários, líderes com direitos herdados. As reais eram geridas por mandatários nomeados diretamente pela Coroa portuguesa. Ambas pertenciam ao Estado português;

Insulares e Continentais: referem-se à localização. As insulares estavam em ilhas, enquanto as continentais estavam no continente;

Permanentes e Temporárias: relacionado ao tipo de doação das capitanias. Algumas eram doadas permanentemente, enquanto outras tinham um caráter temporário;

Principais e Subalternas: refletia o nível de autonomia das capitanias. Algumas capitanias eram principais e tinham mais independência, enquanto outras eram subalternas e tinham um grau maior de dependência em relação a outras capitanias.

Os capitães donatários tinham que investir em suas terras e atrair moradores, buscando a ocupação do território. O vínculo entre a Coroa e os donatários era estipulado em dois documentos:

Carta de doação: concedia a posse da terra, estabelecia a divisão em sesmarias e permitia o investimento privado sobre elas;

Carta foral: determinava os direitos e competências jurídicas e o pagamento dos tributos ao rei. Esta carta definia que a descoberta de pedras preciosas no território, ficariam 20% com a Coroa e 10% para o donatário e a Coroa era a única detentora do comércio do pau-brasil e de especiarias.

Com a carta de doação, o donatário recebia a posse da terra e podia passá-la a seus filhos. Ele também podia doar lotes de terra a quem ele quisesse, contanto que fossem cristãos, ajudando assim na colonização das capitanias, visto que eram grandes territórios, o que tornava inviável ao donatário, cuidar de tudo sozinho.

O donatário também ficava com uma sesmaria para seu proveito e o tamanho podia variar de dez a dezesseis léguas. Com autorização do rei, o capitão donatário poderia vender sua capitania hereditária. Não havia mulheres entre os donatários, no entanto, havia mulheres como donas de sesmarias.

"A palavra "sesmaria" deriva do termo "sesmar", que significa "dividir". "Sesma" vem do latim Sexĭma, que significa "sexta parte". "


Entre as quinze capitanias, apenas duas tiveram resultados econômicos expressivos de imediato. Pernambuco prosperou por conta da produção de açúcar nos engenhos, e São Vicente prosperou em virtude da comercialização de índios como escravos.

 Apesar do fracasso em desenvolver os territórios, as capitanias hereditárias cumpriram seu principal objetivo que era manter a posse da terra para Portugal.

As capitanias hereditárias foram extintas em 1759 pelo marquês de Pombal. 


Os motivos do fracasso das Capitanias Hereditárias foram;

Dificuldade de adaptação ao clima do Brasil que era muito diferente do clima europeu;

Falta de retorno do investimento feito nas terras;

Falta de mão de obra para trabalhar as sesmarias;

Ataques indígenas aos colonos europeus;

Dificuldade de comunicação com a Coroa Portuguesa;

Falta de um governo central que servisse de apoio às capitanias;

Inexperiência administrativa dos donatários;

Insuficiência de recursos para a administração e defesa dos territórios.


A extinção do sistema de capitanias ocorreu formalmente em 28 de fevereiro de 1821, um pouco mais de um ano antes da declaração de independência. Porém, como Portugal somente reconheceu a independência do Brasil em 1825, após a derrota militar que sofreu, do ponto de vista jurídico de Portugal, a extinção das capitanias ocorreu somente em 1825.

 Depois do fracasso das capitanias hereditárias, foi estabelecido o governo geral.

Com o fracasso desse sistema administrativo, Portugal instituiu o governo-geral, que concentrava todo o poder e autoridade da administração da colônia em uma única figura: O governador-geral. Em 1548, o primeiro governador foi Tomé de Sousa, responsável pela construção da primeira capital brasileira: Salvador.


sábado, 22 de março de 2025

PERÍODO PRÉ-COLONIAL



O Período Pré-Colonial começa em 1500 com o Descobrimento do Brasil e vai até 1532, com a chegada das primeiras expedições colonizadoras comandadas por Martim Afonso de Souza.
Essa fase foi marcada por um relativo desinteresse dos portugueses pelo território recém-descoberto e por inúmeras tentativas de invasão de outros países europeus, como França, Inglaterra e Holanda.
A principal ideia dos colonizadores eram explorar as terras conquistadas com o intuito de enriquecer a metrópole e sobretudo, encontrar metais preciosos.
O rei Dom Manuel de Portugal batiza as terras descobertas de Vera Cruz e depois, Santa Cruz. Só em 1503 surge o nome Brasil, por conta da extração do pau-brasil.
Economicamente, o único proveito que os portugueses tiraram das terras brasileiras, durante o Período Pré-Colonial, foi por meio de três feitorias instaladas em Cabo Frio, Porto Seguro e em Igarassu. Essas feitorias serviram como ponto de armazenamento da primeira atividade econômica praticada no Brasil: a exploração do pau-brasil.
Foi diante desse fato que o processo de colonização do Brasil foi realizado num sistema de colonialismo denominado de “Colônia de Exploração”. Nesse sentido, a exploração das terras descobertas eram o objetivo central dos portugueses.
Durante os primeiros trinta anos (1500-1530), desde que chegaram no território brasileiro, eles descobriram o pau-brasil, uma madeira nativa da Mata Atlântica, que tinha sucesso no mercado consumidor europeu.
Foi então realizado o primeiro ciclo econômico do Brasil: o ciclo do pau-brasil. Essa espécie de madeira era utilizada, já pelos índios para o tingimento de tecidos.
O pau-brasil é uma árvore nativa da Mata Atlântica que era conhecida pelos nativos e chamada por eles de "Ibirapitanga". Os portugueses viram no pau-brasil, uma oportunidade para explorar a madeira para produção de objetos diversos e para extrair uma resina da madeira que permitia a produção de um corante utilizado no tingimento de tecidos. 
O primeiro português a notar a abundância da árvore foi Gaspar Lemos, e o primeiro a receber o direito de exploração do pau-brasil foi Fernão de Noronha, em 1501. O trabalho de extração da madeira da mata era todo realizado pelos indígenas. Eles extraíam a madeira e levavam as toras para os portugueses, que os pagavam com facas, machados, espelhos e outros objetos. 
As toras ficavam guardadas nas feitorias, e a primeira grande exportação do pau-brasil aconteceu em 1511, quando cerca de 5 mil toras foram levadas a Portugal. As feitorias tinham estruturas de madeira, que serviam como fortificação para proteger os portugueses de ataques de indígenas hostis ou de estrangeiros, como os franceses.
Inicialmente, eles tentaram o processo de escambo com os indígenas, ou seja, em troca da madeira lhes ofereciam espelhos, facas, moedas e diversos objetos, com o decorrer dos anos, o contato entre portugueses e indígenas se configurou como extremamente prejudicial para os índios, pois eles tiveram:

Perda de territórios;
Mortes por doença;
Repressões culturais e religiosas;
Mortes por confronto;
Escravização.

Em 1534, com o intuito de explorar melhor o território, D. João III propôs a criação do sistema de Capitanias Hereditárias.
Assim, o território foi dividido em 15 capitanias, as quais foram concedidas a 12 donatários (nobres de confiança), que ficariam responsáveis por explorar, administrar e povoar as colônias.
Paralelo a isso, e visto fracasso das capitanias hereditárias, o governo geral foi implementado em 1549, com o intuito de descentralizar o poder.



TRATADO DE TORDESILHAS

 



Há muitas evidências de que não houve exatamente uma “descoberta do Brasil”, e que os portugueses já sabiam que encontrariam terra nessas paragens. 

A maior evidência de que a chegada de Cabral não foi acidental é que, em 1494, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas. Os dois países eram as grandes potências marítimas da época. Desde a primeira metade do século XV, Portugal ampliou seus territórios na África e em ilhas e arquipélagos no oceano Atlântico. Em 1492, por sua vez, Cristovão Colombo, a serviço da Espanha, chegou às terras americanas, no Caribe.

O Tratado de Tordesilhas repartia entre os dois países as terras descobertas a oeste do continente europeu tendo como referência um meridiano (linha traçada de norte a sul no globo terrestre) localizado a 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde. Isso determinou uma linha que, no Brasil atual, passaria perto das cidades de Belém (PA), ao norte, e Laguna (SC) ao sul. Uma parte de Portugal são as terras a leste dessa linha.

É muito provável que Portugal tenha assinado um tratado se ignorasse a existência real de terras a leste do meridiano de Tordesilhas. Naquela época, a partir da viagem de Colombo, provavelmente houve várias viagens marítimas exploratórias sigilosas cujos resultados eram segredos de Estado.

Mesmo tendo posse oficial, Portugal só iniciou efetivamente a colonização do território em 1530, com a primeira expedição de colonização chefiada por Martim Afonso de Souza. Em 1534, com a criação das Capitanias Hereditárias, a Coroa Portuguesa define uma política para começar a ocupar seu novo território.

Mapas antigos indicavam a existência de terras no Brasil. 



PEDRO ÁLVAREZ CABRAL

 


Pedro Álvares Cabral 1467-1520 foi um navegador e explorador português, capitão-mor da frota portuguesa que avistou a costa do Brasil em 22 de abril de 1500.

Pedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte, Portugal, em 1467. De família nobre, famosa nas lutas contra os mouros e castelhanos, com onze anos foi para Lisboa na época do reinado de Afonso V (1438-1418) onde, estudou literatura, história e cosmografia e aprendeu a usar armas. Com 16 anos, na corte de D. João II 1481-1495, aperfeiçoou-se em cosmografia e estudou técnicas militares. Nessa época, tiveram início as grandes navegações. Experientes no uso de caravelas os portugueses passaram a explorar a costa ocidental da África.

Em 1488, Bartolomeu Dias cruzou o cabo da Boa Esperança, extremo sul da África, e em 1498, Vasco da Gama chegou a Calicute, na Índia, de onde buscavam as sedas e as especiarias.

Na corte do rei D. Manuel I 1495-1521, Cabral foi agraciado com o título de “Fidalgo do Conselho do Rei e Cavaleiro da Ordem de Cristo”. Em 1499, foi nomeado capitão-mor da esquadra que seguiria para a Índia com missão diplomática, comercial e militar, e também pretendia conhecer parte do oceano que lhe cabia por determinação do Tratado de Tordesilhas.

Pedro Álvares Cabral assumiu o posto de capitão-mor da frota, composta por dez naus e três caravelas, a maior frota até então organizada por D. Manuel I, entregando o comando a navegadores experientes como Bartolomeu Dias e Nicolau Coelho.

Havia pessoas importantes em cada navio como fidalgos e religiosos, entre eles o frei Henrique Soares de Coimbra, o escrivão Pero Vaz de Caminha e ainda cientistas e astrônomos.

No dia 9 de março de 1500, no porto de Lisboa, após uma missa, em meio a uma grandiosa cerimônia com a presença do rei e sua corte, Cabral recebe das mãos do rei o estandarte real, símbolo do seu poder, partindo em seguida para a Índia.

No dia 22 de abril, a esquadra de Pedro Álvares Cabral avistou novas terras. No dia 23, desembarcou no local que denominaram “Porto Seguro” (hoje baía Cabrália), entre a ilha da Coroa Vermelha e a baía rasa de Santa Cruz, na Bahia, travando os primeiros contatos com os indígenas. No dia 26 de abril, na ilha da Coroa Vermelha, foi rezada a primeira missa no Brasil. Nos dias que se seguiram, Cabral organizou diversas excursões para conhecer melhor o lugar.

No dia 1 de maio, uma cruz foi levada até às margens. Tinha as armas de Portugal esculpidas, era o marco da soberania portuguesa. Foi colocada na entrada da floresta, diante de um pequeno altar, onde foi celebrada a segunda missa, como cerimônia de posse das terras, sob os olhares dos indígenas.

Pedro Álvares Cabral decidiu enviar as notícias da descoberta ao rei D. Manuel I e o escrivão Pero Vaz de Caminha registrou todos os acontecimentos. Assim iniciou sua carta:


“Senhor. Posto que o capitão desta vossa frota e assim os outros capitães escrevem a Vossa Alteza a nova do achamento desta vossa terra que ora nesta navegação se achou”.


A carta de sete folhas – o primeiro documento da história do Brasil – escrita no dia 1 de maio de 1500 foi então levada para Portugal na nau de Gaspar de Lemos. (O original se encontra no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Portugal).

No dia 2 de maio, os demais navios seguiram para a Índia. No dia 13 de maio, quatro embarcações, entre as quais a de Bartolomeu Dias, foi destruída por violentas tempestades, próximo ao cabo da Boa Esperança, local que anos antes havia navegado.

Três meses depois de deixar o Brasil, Cabral chegou à Calicute, na Índia, onde não conseguiu manter uma relação amistosa com a população. A frota sofreu um ataque dos muçulmanos, quando mais de trinta portugueses foram mortos.

Em seguida, Cabral conseguiu tomar todas as embarcações ancoradas no porto, confiscou as cargas e mandou incendiá-las. Depois de conquistar a cidade, Cabral estabeleceu uma feitoria e celebrou tratados de paz. Seguiu para Cananor, onde abasteceu as naus de especiarias.

No dia 16 de janeiro de 1501, Cabral iniciou o caminho de volta. Chegando a Moçambique, iniciou o restauro das embarcações.

No dia 21 de julho de 1501, Pedro Álvares Cabral chegou a Lisboa com apenas seis navios remanescentes da grande esquadra carregados de especiarias. Cabral foi recebido com festas, era a consolidação do comércio com o Oriente.

Em 1503, Pedro Álvares Cabral casou-se com D. Isabel de Castro, filha de D. Fernando de Noronha e de Constança de Castro. O casal teve seis filhos.

Cabral foi nomeado para o comando de uma nova expedição, mas depois de oito meses de preparativos e desentendimentos com o rei, ele foi substituído por Vasco da Gama.

Em 1509, Cabral retirou-se para sua propriedade, perto de Santarém. Em 1515, teve sua pensão aumentada e foi citado no “Livro dos Moradores da Casa D’El Rei D. Manuel I”, como “Cavaleiro do Conselho Régio”. Mas era tarde para uma reaproximação.

Pedro Álvares Cabral faleceu em Santarém, Portugal, no ano de 1520. Seu corpo foi sepultado na Igreja da Graça.


VICENTE YÁÑEZ PINZÓN

 


Vicente Yáñez Pinzón 1462 - 1514. É considerado o descobridor do Brasil por diversos estudiosos e pelas enciclopédias Britânica e Barsa, por ter atingido o Cabo de Santo Agostinho no litoral de Pernambuco em 26 de janeiro de 1500, cerca de três meses antes da chegada de Pedro Álvares Cabral a Porto Seguro. Trata-se da mais antiga viagem comprovada ao território brasileiro. Por ter descoberto o Brasil, Pinzón foi condecorado pelo rei Fernando II de Aragão em 5 de setembro de 1501. Entretanto, a navegação de navios castelhanos ao longo da costa brasileira não produziu consequências. A chegada de Pinzón pode ser vista como um simples incidente da expansão marítima espanhola. Por isso, considera-se que Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil.

O navegador foi também codescobridor da América em 1492 como capitão da caravela La Niña, uma das três embarcações da primeira expedição de Cristóvão Colombo — sendo que os dois outros navios foram comandados pelo seu irmão mais velho Martín Alonso Pinzón (caravela La Pinta) e por Juan de la Cosa (nau Santa Maria, capitânia do almirante Colombo).

No dia 26 de janeiro de 1500, Pinzón desembarcou em um local que batizou de “Santa Maria da Consolação”, lugar que descreveu como dono de uma beleza indizível, que seria o litoral do Nordeste do Brasil. A localização exata é motivo de debate entre estudiosos, já que alguns acreditam que se trata do Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, e outros pensam ser a praia de Ponta Grossa, no Ceará.


Por que não ficou com as terras brasileiras?

Pinzón não tomou posse das terras brasileiras por 2 motivos: Conflitos com nativos e o Tratado de Tordesilhas.

Ao chegar no Brasil, o navegador encontrou muita hostilidade por parte do povo potiguara que vivia na região. Aconteceu um confronto entre 20 tripulantes e 40 indígenas, que descobriram em várias mortes. Pinzón capturou alguns indígenas e os levou para a Espanha como escravos.

Portugal e Espanha dominaram os oceanos no século 15 e foram países chaves da expansão marítima europeia. Para demarcar a posse das terras, persistimos no Tratado de Tordesilhas e dividimos o recém-descoberto “Novo Mundo”. O Tratado dividiu as terras descobertas em 2 partes. Uma linha imaginária garantiu os direitos de exploração das terras no Oeste de Cabo Verde para a coroa espanhola e no leste para Portugal.

Quando Pinzón chegou ao Brasil, 6 anos após a assinatura do Tratado, uma frota partiu em direção ao Oeste, portanto, ele sabia que estava em terras portuguesas.


Pororoca

Depois de continuar sua viagem costeira, por cerca de uma semana, partindo do noroeste da ponta de Jericoacoara, a tripulação da fontilha de Pinzón escutou um estrondo contínuo. Apavorados, perceberam que os navios foram agitados por fortíssimas correntes marítimas.

Notaram que as águas que retiravam do convés com baldes não eram salgadas e sim doces. Os estrondos que causaram pavor na tripulação e quase se afundou nas embarcações era o encontro das águas do Oceano Atlântico com o rio Amazonas, a Pororoca.

Os europeus registraram as características pela 1ª vez. Ao seguir em frente, atingiram a foz do rio. A partir daí, os espanhóis deduziram que um curso de água daquele tamanho só poderia nascer de grandes montanhas. Foi assim que concluíram que a terra que o rio banhava deveria ser um continente e pensaram ter encontrado na Ásia.

Pinzón esteve na baía de Marajó e batizou de Santa Maria de La Mar Dulce o que era, na verdade, o rio Amazonas. Atribui-se a ele o título de descobridor do Amazonas por causa da descrição minuciosa que fez na região.

Apesar da viagem ter sido um desastre econômico, tornou-se uma das mais importantes realizadas pelos espanhóis devido aos resultados geográficos. As descobertas foram úteis para o navegador e cartógrafo espanhol Juan de La Cosa (1460-1510), autor do primeiro planisfério no qual aparece representando o Novo Mundo, e o navegador italiano Américo Vespúcio (1451-1512).


INFANTE DOM HENRIQUE DE AVIS

 


Infante Dom Henrique de Avis 1394-1460 foi mais importante figura do início da era das descobertas. Infante é um título de nobreza, que está abaixo de príncipe. Este título é atribuído a todos os filhos legítimos do rei ou rainha de monarquias como as de Portugal ou da Espanha, que não são herdeiros direto da coroa, mas indiretos herdeiros, caso o Príncipe Regente renuncia ou abdica de sua coroa ou ocorra alguma fatalidade contra o Príncipe Regente. Infantes, quando soberanos, são tutelares de conceder títulos de nobreza aos herdeiros direto, ou seja, sendo irmão ou tio paterno do/da regente da coroa na menor idade, diante da ausência do Rei Soberano ou Imperador; se a monarquia for hereditária, seu herdeiro indireto será nobre com tutela real ou imperial, passando de Infante ou Infanta, à Príncipe ou Princesa real, sendo estes tratados como Alteza Real (SAR) ou Grão Realeza Imperial (GRI).

Ele era visionário, aventureiro, empreendedor. Tudo isto foi o quinto filho de João I e de Filipa de Lencastre. Com ele começou a grandiosa era dos Descobrimentos. Mas ao contrário do que se diz, as caravelas do infante não partiram de Sagres à conquista do mundo.

O desejo de expansão do comércio e do cristianismo conduziu o Infante D. Henrique ao sonho aparentemente impossível de chegar a terras desconhecidas e misteriosas, de existência vaga em informações imprecisas. Depois da feliz expedição a Ceuta em 1415, projeto em que se envolvera com afinco, mais confiante e determinado ficara na vontade em iniciar as empresas marítimas.

Em 1414, convenceu seu pai a montar a campanha para a conquista de Ceuta no norte de África junto ao estreito de Gibraltar.

A cidade foi conquistada em agosto de 1415, assegurando ao reino de Portugal o controle das rotas marítimas de comércio entre o Atlântico e o Levante. Na ocasião foi armado cavaleiro e recebeu os títulos de Senhor da Covilhã e duque de Viseu. Foi também administrador da Ordem de Cristo.

Após a conquista de Ceuta, retirou-se para Lagos, onde dirigiu expedições ao Atlântico. Rodeou-se de sábios e navegadores portugueses, maiorquinos, genoveses e venezianos.

Durante a sua vida foram redescobertas as ilhas do Atlântico, já conhecidas em mapas do século XIV: os arquipélagos da Madeira e dos Açores. O povoamento e exploração das ilhas ficou a seu cargo,  a conquista de Ceuta foi motivada pelo interesse econômico, como o acesso a fontes de fornecimento de escravos negros no norte da África. Quando os portugueses chegaram a Ceuta, no início do século XV, iniciaram a captura e escravização dos africanos das redondezas, com a justificativa de que eram prisioneiros de guerra e muçulmanos, considerados inimigos da fé católica europeia,  embora fosse desde sempre um negócio lucrativo, a captura de escravos não era, ao menos no começo, a essência da empreitada. 

Por sua iniciativa, na primeira metade do século XV navegadores portugueses começaram a explorar a costa ocidental de África e a aventurarem-se nas águas “ferventes” do Atlântico, povoadas de monstros inimagináveis. As viagens eram arriscadas, os homens tinham medo, mas o infante cognominado “o Navegador” nunca pensou em desistir. Por doze anos manda ao mar navios para descobrir o que estava além do Bojador e, em 1434, Gil Eanes consegue a façanha de dobrar o cabo. A partir daqui, a geografia do mundo mudou.

Para vencer correntes e marés, investe em formação, conhecimento e experiência. Decide criar em terras do Algarve uma escola. Porém, ao contrário do que se pensa e diz, não foi em Sagres que juntou os mais avançados especialistas em matéria de navegação. Na época, a fortaleza onde acabaria por morrer aos 66 anos, nem sequer existia: apenas as falésias escarpadas onde nenhum barco conseguiria atracar e o promontório de S. Vicente, conhecido na Antiguidade como Promontorium Sacrum. Tudo o resto era deserto. Ali, estava-se no extremo sudoeste da Europa, no fim do mundo.

Era muito perto, a cerca de vinte quilómetros, que ficava o local que considerou apropriado para tal empresa. A vila de Lagos, a povoação que foi capital do reino dos Algarves, tinha uma baía larga, ideal para navegar e, para além da sua proximidade com a costa de Marrocos, tinha gente habituada a pescarias difíceis em mar alto. Ali fundou uma escola náutica, onde cartógrafos, astrónomos e navegadores recrutados em diversos países, desenvolviam novas técnicas, desenhavam cartas náuticas e projetavam barcos mais velozes.

Escola e campanhas são pagas do seu bolso, grande parte era coberta com dinheiros e rendas que recebia da Ordem de Cristo, de que era governador. Porém, a partir de determinada altura, começa a arrecadar o «quinto», ou seja, vinte por cento das mercadorias que chegavam a Lagos, onde também teve lugar o primeiro mercado de escravos negros capturados em África.  A expansão começava então a ser um bom e lucrativo negócio.Da vila de Lagos partiram as caravelas que nasceram do sonho de um homem místico, de ar austero, com as suas vestes negras e chapéu de abas largas, a acreditar que é ele que está representado nos painéis de Nuno Gonçalves. A era dos Descobrimentos, que tantos protagonistas teve, começou com D. Henrique, o infante que ficamos a conhecer melhor nesta visita guiada com o historiador João Paulo Oliveira e Costa.

Durante a sua vida foram redescobertos arquipélagos da Madeira e dos Açores. Foi feita a sua colonização e exploração económica.

A passagem do cabo Bojador, em 1434 por Gil Eanes, foi outro acontecimento importante.

Foi um dos principais organizadores da conquista de Tânger em 1437, que se revelou fracasso enorme, já que o seu irmão mais novo, D. Fernando (o Infante Santo) ficou refém em Marrocos, até à sua morte em 1443, como garantia da devolução de Ceuta que nunca veio a acontecer. A sua reputação militar sofreu um revés e os seus últimos anos de vida foram dedicados à política e à exploração.

Ainda durante a sua vida chegou-se ao arquipélago de Cabo Verde, em 1455 por Cadamosto.

O Infante morreu solteiro, sem alguma vez ter tido mulher ou filhos. Deixou como seu principal herdeiro o seu sobrinho (e filho adoptivo), em bens, cargos e títulos, o segundo filho de seu irmão o rei D. Duarte já falecido, o Infante D. Fernando, duque de Beja, e que a partir dessa altura passa a ser Duque de Viseu tal como ele e a dirigir os Descobrimentos portugueses para o Reino de Portugal tal como o seu tio.


JUAN SEBASTIAN ELCANO

 


Juan Sebastián Elcano 1476 - 1526 foi um navegador e explorador espanhol. Completou a primeira circum-navegação do mundo organizada e iniciada por Fernão de Magalhães.  Elcano assumiu o comando da expedição após a morte de Magalhães em 1521 nas Filipinas e comandou a nau Victoria, o único navio a retornar a Espanha após dar a volta ao mundo. Em 1525 partiu para a segunda volta ao mundo liderada por Loaísa, enviado para reclamar as Molucas para o rei Carlos I da Espanha, vindo a morrer de escorbuto no Oceano Pacífico.

Juan Sebastián Elcano era um dos três filhos de Domingo Sebastián Elcano I e Catalina del Puerto. Cresceu na província basca de Guipúzcoa, Espanha, o centro da indústria pesqueira basca. Aos vinte anos, encontrou trabalho a transportar soldados espanhóis em barcos, embora sem dúvida tivesse ido para o mar muito antes. Dois anos depois, arranjou trabalho no estrangeiro num navio que transportava forças espanholas e material para o Norte de África.

Combateu na sob as ordens de Gonzalo Fernández de Córdoba, na península Itálica, e em 1509 juntou-se à expedição espanhola organizada pelo cardeal Francisco Jiménez de Cisneros contra Argel. Quando completou 23 anos, Elcano tornou-se dono e capitão do seu próprio navio mas devido problemas financeiros fugiu para Sevilha, onde frequentou a escola da Casa da Contratación, aprendeu a sua arte de navegação e tornou-se piloto. Estabeleceu-se em Sevilha e tornou-se capitão de navio mercante.

Após violar a lei espanhola ao entregar um navio a banqueiros genoveses como pagamento de uma dívida, Elcano procurou o perdão do rei Carlos I de Espanha inscrevendo-se como oficial na expedição de liderada por Fernão de Magalhães às Molucas em 1519. Depois de participar num motim falhado nas costas da Patagônia foi poupado por Fernão de Magalhães. Após cinco meses de duro trabalho foi feito capitão do navio. Quando Fernão de Magalhães morreu, Elcano assumiu o comando, tornando-se o primeiro homem a completar a viagem por mar à volta da Terra.

A circum-navegação começou na Espanha em 1519 e voltou início de setembro de 1522 depois de viajar 42 000 milhas, das quais 22 000 milhas desconhecidas da tripulação. A nau Victoria, comandada por Elcano, juntamente com outros 17 sobreviventes da expedição de 240 homens e 4 asiáticos continuou a viagem cruzando os oceanos Índico e Atlântico. Aportaram em Sanlúcar de Barrameda em 8 de setembro de 1522. Elcano foi premiado com um brasão de armas por Carlos I da Espanha, com um globo com o lema: Primus circumdedisti me (em latim, "O primeiro a circundar-me"), e uma pensão anual.

Em 1525 Elcano regressou ao mar, participando expedição Loaísa enviados para reclamar as Molucas para o rei Carlos I da Espanha, na segunda volta ao mundo. Nomeado para capitanear um dos sete navios junto com García Jofre de Loaísa, ambos — Elcano e Loaísa entre muitos dos marinheiros, morreram de escorbuto no Oceano Pacífico. Os sobreviventes chegaram ao seu destino e alguns conseguiram voltar a Espanha, completando a segunda circum-navegação da história.


FERNÃO DE MAGALHÃES

 


A viagem de Fernão de Magalhães, da qual só 18 dos 250 tripulantes sobreviveram. No dia 20 de setembro de 1519, cinco navios com 250 homens deixaram o porto de Sanlúcar de Barrameda, no sul da Espanha, em direção ao Atlântico. No comando da nau Trinidad estava o capitão português Fernão de Magalhães.

Fernão de Magalhãe 1480 - 1521 foi um navegador português que se notabilizou por ter liderado a primeira viagem de circum-navegação ao globo, de 1519 até 1522, ao serviço da Coroa de Castela, a Expedição de Magalhães.

Nascido numa família nobre, viajou para as Índias Ocidentais em 1505, participando de várias expedições militares. Embarcou, em 1512, na armada de António de Abreu em busca da descoberta das Molucas, também conhecidas como as Ilhas das Especiaria. Mas só um navio, comandado por Francisco Serrão, tresmalhado, chegaria às Molucas do norte (Ternate, Tidore, etc.), produtoras do desejado cravo. Os demais navios regressariam a Malaca após irem apenas às Molucas do sul ou arquipélago de Banda (Buru, Ambom, Seram) produtoras de noz-moscada e maçã.

A tão conhecida viagem de circum-navegação, não tinha o objetivo de dar a volta ao mundo, mas alcançar as Ilhas Molucas (ou Ilhas das Especiarias), na Indonésia, e sua riqueza ao longo da rota oeste, que era o que Cristóvão Colombo pretendia quando encontrou o continente americano.

Portugal controlava a rota conhecida para o leste através do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul da África.

Depois de examinar mapas e globos, Magalhães chegou a uma conclusão surpreendente.

Ele acreditava que poderia chegar à região mais rapidamente se viajasse na direção oposta, contornando a ponta da América do Sul, através do recém-descoberto Oceano Pacífico, até as ilhas produtoras de especiarias, no arquipélago indonésio.

Mas Manuel I, o rei de Portugal, rejeitou a ideia de Magalhães.

Isso não impediu o explorador português, que passou a oferecer seus serviços ao arquirrival de Manuel I: Carlos I, da Espanha, e V do Sacro Império Romano.

"Portugal dominou completamente o caminho para o leste, mas não estava interessado em montar uma expedição para o oeste, porque já detinha controle sobre o outro lado. Assim, o projeto de Magalhães fazia pouco sentido. Mas a Espanha o recebeu muito bem", explica à BBC Mundo Braulio Vázquez, arquivista do Arquivo Geral das Índias, em Sevilha.

Embora muitos nobres espanhóis suspeitassem de uma expedição sob o comando de um português, Carlos I aceitou a proposta de Magalhães.

Isso consistia em velejar pelo Cabo Hornos, atravessar até as Molucas, embarcar um carregamento de especiarias e retornar pela mesma rota, reivindicando as ilhas para a Espanha.

Logo após a descoberta de Colombo, em 1494, Espanha e Portugal, as potências da época, chegaram a um acordo para dividir as áreas de navegação do Oceano Atlântico e os territórios do "Novo Mundo", no chamado Tratado de Tordesilhas.

Magalhães estava convencido de que as Molucas ficavam dentro da esfera de influência castelhana e, portanto, poderia trazer as especiarias de lá sem problemas.

Por trás dessa crença, porém, havia um erro de cálculo que traria consequências terríveis para sua expedição.

A frota partiu de Sanlúcar para as Ilhas Canárias, depois seguiu para as Ilhas de Cabo Verde, antes de cruzar o Atlântico até a costa sul-americana, chegando à atual costa do Rio de Janeiro, em dezembro de 1519.

É a partir desse momento, relata o historiador Brotton, que as condições começam a se deteriorar.

Depois de meses pesquisando a costa leste da América do Sul, Magalhães não conseguiu encontrar uma passagem para o oeste.

A tripulação enfrentou um inverno brutal – e os marinheiros tiveram que dormir no convés em condições quase congelantes –, enquanto as rações diminuíam e a fome aumentava, resultando em tumultos nos navios.

"O clima piorou ainda mais quando um dos navios naufragou devido ao agravamento do tempo, e a busca do prometido estreito no Pacífico se estendeu por semanas, depois meses", escreveu o historiador.

Na difícil travessia nessas águas desconhecidas, outro navio desertou e tomou rumo de volta para a Espanha.

Foi uma perda enorme, explica Vázquez, porque era o San Antonio, a maior embarcação e a que trazia mais comida.

"Foi uma expedição que, entre motins, rebeliões, fome, sede... perdeu muitos de seus membros no primeiro semestre", diz o arquivista.

Mas, depois de sobreviver ao inverno e aos muitos meses de buscas infrutíferas, Magalhães e seus homens finalmente chegaram ao outro lado da América do Sul.

No dia 28 de novembro de 1520, eles entraram no que Magalhães batizou como Mare Pacificum (mar do Pacífico).

O navegador português, no entanto, não conhecia a magnitude da ameaça que ainda o esperava.

Magalhães achava que a parte mais difícil da viagem já havia passado e restava apenas um pequeno cruzeiro pelas ricas Ilhas das Especiarias.

"Mas a combinação de mapas ruins, cálculos ruins e o fato de ele ser o primeiro europeu a estar nessas águas transformaram esse 'breve cruzeiro' em um pesadelo de 100 dias de fome, escorbuto (doença grave causada pela falta de vitamina C) e mortes".

Assim relatou à BBC Paul Rose, especialista em navegação e comandante da estação de pesquisa britânica Rothera, na Antártida, por 10 anos.

Magalhães usou mapas e globos que subestimavam a circunferência da Terra.

Não conseguia nem imaginar a escala do Pacífico, um oceano que tem o dobro do tamanho do Atlântico e que cobre um terço da superfície da Terra.

"Dessa forma, eles passaram os três meses seguintes atravessando o Pacífico em busca de terra. As condições eram horríveis e o escorbuto começou a devastar a tripulação", escreveu Brotton na BBC History Magazine.

Assim também contou Antonio Pigaffeta, um dos tripulantes cujas crônicas a bordo se tornaram um dos relatos mais conhecidos da viagem:

Durante três meses e vinte dias não conseguimos comida fresca.

Comemos bolo, embora não fosse bolo, mas poeira misturada com minhocas e o que restava cheirava a urina de rato.

Bebíamos água amarela, que estava podre, por muitos dias. Também comemos algumas peles de boi que cobriam a parte superior do pátio principal.

Quando Magalhães percebe o tamanho do Pacífico, "fica claro que as Ilhas das Especiarias não estão na esfera da influência castelhana", explica Vázquez.

Então ele traça um outro objetivo: as Ilhas Filipinas.

"Quando ele toca o solo nas Filipinas e faz contato com os caciques e reis locais, ele vê que há recursos, ouro... e decide entrar na política local dessas ilhas para tentar tirar vantagem", diz o arquivista.

Em uma "péssima decisão", Magalhães inicia uma política de fazer alianças com reis locais. Mas o rei da ilha de Mactan se opõe.

Os portugueses decidem invadir a ilha junto com outros 40 membros da tripulação.

"Foi um exagero fatal. O povo de Mactan resistiu violentamente, e Magalhães e seus marinheiros entraram em choque com centenas de guerreiros locais", escreveu Brotton.

Magalhães foi morto e seu corpo nunca foi recuperado. Para o navegador português, a travessia terminou em Mactan, sem concluir a volta ao mundo.

Ele não terminou, desta maneira, a expedição que planejou e empreendeu.

O capitão espanhol Juan Sebastián Elcano se tornou o novo comandante da expedição, e foi sob suas ordens que eles navegaram para o destino que Magalhães queria: as Ilhas das Especiarias ou Molucas, aonde chegaram em novembro de 1521.

Até então, eles imaginavam que aquelas ilhas não estavam na área da influência castelhana que havia estabelecido o Tratado de Tordesilhas.

Então, eles carregaram as especiarias às pressas nos dois únicos navios que ainda restavam e decidiram terminar a odisseia e embarcar no caminho de volta.

O dilema que surgiu então foi qual seria o caminho a seguir. A Trinidad, que havia sido comandada por Magalhães, tentou retornar pelo Pacífico, mas não obteve sucesso, e foi capturada por navios portugueses.

O navio Victoria, com Elcano à frente, voltou para a Espanha através do Oceano Índico e contornando a costa no Cabo da Boa Esperança.

"Foi uma navegação totalmente épica, porque desde a ilha de Timor até chegar às ilhas de Cabo Verde, no Atlântico, eles não encontraram terra e enfrentaram novamente os problemas de fome, sede, fadiga... além do navio em mau estado, depois de quase três anos de navegação", explica Vázquez.

Embora não quisessem atracar em Cabo Verde, sob o domínio português, as condições os obrigaram.

Então, conta o arquivista, "eles planejaram uma manobra": eles não podiam dizer que vinham das Ilhas das Especiarias, porque isso implicaria em sua prisão; por isso, disseram que era um navio vindo da América.

Embora a princípio acreditassem neles, os portugueses acabaram capturando 13 tripulantes. Apenas 18 conseguiram escapar, no navio Victoria.

Finalmente, em 6 de setembro de 1522, o Victoria atracou no porto de Sanlúcar, com apenas 18 tripulantes dos 250 que partiram – completando assim a primeira circunavegação no mundo da qual existem evidências.

Além de Elcano e Pigafetta, os outros marinheiros que retornaram foram: Juan de Acurio, Juan de Arratia, Juan de Zubileta, Juan de Santander, Diego Carmena, Vasco Gómez Gallego, Hernando de Bustamante, Miguel de Rodas, Hans, Antón Hernández Colmenero, Juan Rodríguez, Francisco Rodríguez, Martín de Yudícibus, Francisco Albo, Nicolás el Griego e Miguel Sánchez.

"Todos chegaram em condições absolutamente penosas", diz o arquivista do Arquivo Geral das Índias.

Carlos 1º recebeu alguns dos sobreviventes e concedeu a Elcano uma renda anual e um brasão de armas com um globo e a legenda: Primus circumdedisti me ("O primeiro que me circunavegou").

Mais tarde, o capitão retornou para outra expedição ao Pacífico, onde morreu em 1526.

A expedição de Magalhães para chegar às Ilhas das Especiarias por outra rota mudou o curso da história, mas teve um enorme custo humano: mais de 200 tripulantes morreram, muitos em terríveis circunstâncias.

Para Vázquez, o mundo muda principalmente por dois motivos.

"Primeiro, o tamanho do mundo, isto é, o Pacífico, que a partir de então tem seu tamanho descoberto, e as viagens seguintes o levarão muito em consideração."

"E, por outro lado, eles percebem que não existem, como foi dito nas crônicas medievais, seres monstruosos ou mitológicos. Em todas as partes encontramos a mesma coisa: todos são seres humanos."

Além disso, a Europa passa a ter ciência "da complexidade e das diferenças culturais do mundo".

Por outro lado, no nível geopolítico, a viagem de Magalhães exacerbou as tensões políticas e comerciais entre Espanha e Portugal durante alguns anos.

Mas as consequências da jornada empreendida pelo explorador português devem ser vistas a longo prazo, avalia Brotton.

E faz uma referência ao "florescimento das rotas comerciais na segunda metade do século 16, já que os vínculos que Magalhães ajudaram a estabelecer entre a Europa e o sudeste da Ásia permitiram a circulação de pessoas e bens pela América do Sul".

"A mentalidade de Magalhães, sua imaginação e sua determinação em usar globos terrestres, em vez de mapas planos para entender o mundo, abriu uma profusão de novas oportunidades de negócios", diz ele.

"É possível dizer que sua grande viagem deu o tiro inicial na corrida à globalização, com todos os riscos e oportunidades que isso nos apresenta hoje."


Fonte:

BBC News Brasil

https://www.bbc.com/portuguese/internacional-49777017


AMÉRICO VESPÚCIO

 


Américo Vespúcio 1454 - 1512 foi um comerciante e explorador-navegador Florentino que participou das primeiras viagens ao Novo Mundo (1499-1500 e 1501-02) e ocupou o influente posto depiloto mayor (“mestre navegador”) em Sevilha 1508. Vespucci recebeu uma educação humanística de seu tio Giorgio Antonio.

Vespucci entrou no “banco” de Lorenzo e Giovanni di Pierfrancesco de' Medici e ganhou a confiança de seus empregadores. No final de 1491, seu agente, Giannotto Berardi, parece ter se empenhado parcialmente em equipar navios; e Vespucci provavelmente estava presente quando Cristóvão Colombo retornou de sua primeira expedição, que Berardi havia auxiliado. Mais tarde, Vespúcio iria colaborar , ainda com Berardi, na preparação de um navio para a segunda expedição de Colombo e de outros para sua terceira. Quando Berardi morreu, no final de 1495 ou no início de 1496, Vespúcio tornou-se gerente da agência de Sevilha.

 Na sua vida dedicou-se ao ofício de navegador das coroas de Portugal e Espanha, acumulando outras profissões e outros saberes como a de comerciante, geógrafo e cosmógrafo. Teve uma infância rodeada por livros pois o seu tio, um religioso dominicano de nome Giorgio Antonio Vespucci, possuía uma das principais bibliotecas da cidade de Florença, e ele fez questão de passar uma boa educação para o seu sobrinho. Os Vespucci eram uma das famílias mais poderosas da cidade Florentina porque tinham grandes terras, palácios, lucravam no comércio familiar e tinha cargos políticos influentes.

Ao seu encargo ficou o estudo das terras do Novo Mundo, ou seja, do continente americano. Foi ele que cuidou da administração e negociação dos navios da segunda e terceira viagem feita por Cristóvão Colombo. Pensa-se que a sua atividade teve inicio em 1497 quando participou de ataques de força pelo Atlântico.

Em 1499, chegou ao Rio Amazonas e em 1501 ancorou na Praia de Marcos, litoral do Estado do Rio Grande do Norte.

Isso quer dizer que em 1499 ele esteve na costa norte da América do Sul, acima do rio Orinoco quando ia a caminho das Índias Ocidentais integrando a expedição de Alonso de Ojeda. Os dois se desentenderam e se separaram seguindo cada um com duas naus. Indo em direção a Sul descobriu o estuário do Amazonas e chegou ao Cabo de São Roque, invertendo o sentido e chegando à Venezuela.

Com o tempo Américo Vespúcio demonstrou que tanto o Brasil como as Índias Ocidentais não pertenciam á região periférica do Leste do continente asiático, mas eram sim terras separadas.

Mas se Américo Vespúcio esteve em 1499 onde é hoje o Rio Amazonas, isso quer dizer que ele esteve no Brasil antes de Cabral.

Em 1503 envia uma carta ao seu antigo chefe Lorenzo de Médici e usa a expressão “Novo Mundo” para se referir ao novo continente.

Durante as viagens de 1501 e 1503 escreveu um relato de 32 páginas onde descrevia as pessoas e a terras. Um editor italiano incluiu sua descrição numa publicação sob o título “O Novo Mundo e as novas terras descobertas por Américo Vespúcio”. O livro foi um sucesso editorial e teve 32 edições.

No entanto, foi o cartógrafo Martin Waldseemüller que adotou o nome de América, no feminino, ao fazer um mapa-múndi em 1507. O cartógrafo alemão tomou esta decisão após a leitura dos escritos de Américo Vespúcio. O feminino foi escolhido porque as outras porções continentais também eram denominadas assim: Europa, Ásia e África.


 


Jacques Cartier 1491 - 1557 foi um explorador francês. Ficou conhecido pelas suas três viagens ao Canadá em busca de ouro. É-lhe creditada a descoberta da Triangulo das Bermudas, da Ilha Anticosti, do Rio São Lourenço e também a região de Hochelaga (actual Montreal), habitada pelos Wendats e outras tribos.

Cartier capturou e fez exames nos filhos do chefe Wendat, Donnacona, e levou-os para uma viagem à França. Em sua segunda viagem (1535–1536) trouxe-os de volta, mas capturou o chefe Donnacona e levou-o consigo, tendo o indígena vindo a falecer, em pouco tempo, na França. Esta expedição resultou na descoberta do rio São Lourenço, a mais importante passagem para o interior do continente.

Em sua terceira viagem, Cartier fundou um estabelecimento francês nas terras dos Wendats. Entretanto, os indígenas não se mostraram tão amistosos quanto em suas viagens anteriores, e Cartier teve que abandonar o estabelecimento, embarcando de volta à França. Em virtude das suas viagens, a França ainda se faz presente na região leste do Canadá até aos dias de hoje.

O estreito de Jacques Cartier recebeu o seu nome como homenagem.

O nome "Canadá" provavelmente vem do Huron e da palavra iroquesa kanata, que significa "aldeia" ou "vila". Em 1535, quando dois jovens autóctones contaram ao explorador Jacques Cartier a estrada Kanata, eles estavam se referindo à vila de Stadacona, a atual localização da cidade de Quebec. Por falta de outro nome, Cartier batiza "Canadá" não só a aldeia, mas também todo o território governado por seu líder, Donnacona.

O nome logo se aplica a uma região muito maior; nos mapas de 1547, todo o território ao norte do rio St. Lawrence é chamado de "Canadá". Cartier também apelidou o Rio Saint-Laurent de "Rio Canadá", um nome que foi usado até o início do século XVII. Em 1616, embora toda a região fosse conhecida como Nova França, o território que faz fronteira com o Grande Rio Canadense e o Golfo de Saint-Laurent ainda é chamado Canadá.

Logo depois, exploradores e comerciantes de peles se aventuram pelo oeste e pelo sul, e o território conhecido como "Canadá" se expande. No início do século XVIII, esse nome se referia a todas as terras francesas que agora formam o meio-oeste norte-americano e se estendem para o sul, até a Louisiana.

O nome "Canadá" é oficialmente usado pela primeira vez em 1791, quando a província do Quebec é dividida em duas colônias: Upper Canada e Lower Canada. Em 1841, os dois Canadas se reuniram como a província do Canadá.


JOHN CABOTO

 


John Cabot, Giovanni Caboto, João Caboto ou Jean Cabot, como preferir, 1450-1499 foi um explorador e navegador Genovês (Italiano). Sua viagem de 1497 à costa da América do Norte sob a comissão de Henrique VII, Rei da Inglaterra, é a primeira exploração europeia conhecida da costa da América do Norte desde as visitas nórdicas a Vinland no século XI. Para marcar a celebração do 500º aniversário da expedição de Cabot, os governos canadense e britânico declararam Cabo Bonavista, Terra Nova, como representante do primeiro local de desembarque de Cabot. No entanto, locais alternativos também foram propostos.

Cabot buscou financiamento e patrocínio real na Inglaterra, em contraste com as expedições de Colombo sendo financiadas principalmente pela coroa espanhola. Cabot planejou partir para o oeste de uma latitude norte em busca de uma passagem ao norte para a Ásia.

Cabot foi a Bristol para organizar os preparativos para sua viagem. Bristol era o segundo maior porto marítimo da Inglaterra. De 1480 em diante, forneceu várias expedições para procurar o mítico Hy-Brasil. De acordo com a lenda celta , esta ilha ficava em algum lugar no Oceano Atlântico. 

Havia uma crença generalizada entre os comerciantes no porto de que os homens de Bristol haviam descoberto a ilha em uma data anterior, mas depois perderam o controle dela. Em uma carta particular a um colega (Quinn), Ruddock afirmou que havia encontrado evidências em arquivos italianos de que os homens de Bristol haviam descoberto a América do Norte antes de 1470.  Como se acreditava que a ilha era uma fonte de pau-brasil (do qual um valioso corante vermelho poderia ser obtido), os comerciantes tinham incentivo econômico para encontrá-la. 

Em 1497, Cabot viajou por mar de Bristol para o Canadá, que ele confundiu com a Ásia. Cabot fez uma reivindicação à terra norte-americana para o rei Henrique VII da Inglaterra , definindo o curso para a ascensão da Inglaterra ao poder nos séculos XVI e XVII.

Assim como Colombo, Cabot acreditava que navegar para o oeste da Europa era a rota mais curta para a Ásia. Ouvindo sobre oportunidades na Inglaterra, Cabot viajou para lá e se encontrou com o Rei Henrique VII, que lhe deu uma bolsa para "procurar, descobrir e encontrar" novas terras para a Inglaterra. No início de maio de 1497, Cabot deixou Bristol, Inglaterra, no Matthew , um navio rápido e capaz pesando 50 toneladas, com uma tripulação de 18 homens. Cabot e sua tripulação navegaram para o oeste e norte, sob a crença de Cabot de que a rota para a Ásia seria mais curta do norte da Europa do que a viagem de Colombo ao longo dos ventos alísios. Em 24 de junho de 1497, 50 dias de viagem, Cabot desembarcou na costa leste da América do Norte.

A localização precisa do desembarque de Cabot é objeto de controvérsia. Alguns historiadores acreditam que Cabot desembarcou na Ilha Cape Breton ou no continente da Nova Escócia. Outros acreditam que ele pode ter desembarcado em Newfoundland, Labrador ou mesmo Maine. Embora os registros de Matthew estejam incompletos, acredita-se que Cabot desembarcou com um pequeno grupo e reivindicou a terra para o Rei da Inglaterra.

Em julho de 1497, o navio partiu para a Inglaterra e chegou a Bristol em 6 de agosto de 1497. Cabot logo foi recompensado com uma pensão de £ 20 e a gratidão do Rei Henrique VII

Acredita-se que Cabot morreu em algum momento de 1499 ou 1500, mas seu destino permanece um mistério. Em fevereiro de 1498, Cabot recebeu permissão para fazer uma nova viagem para a América do Norte; em maio daquele ano, ele partiu de Bristol, Inglaterra, com cinco navios e uma tripulação de 300 homens. Os navios carregavam provisões amplas e pequenas amostras de tecido, pontos de renda e outras "ninharias", sugerindo uma expectativa de fomentar o comércio com os povos indígenas. No caminho, um navio ficou incapacitado e navegou para a Irlanda, enquanto os outros quatro navios continuaram. Deste ponto, há apenas especulação quanto ao destino da viagem e de Cabot.

Por muitos anos, acreditou-se que os navios estavam perdidos no mar. Mais recentemente, no entanto, surgiram documentos que colocam Cabot na Inglaterra em 1500, levantando especulações de que ele e sua tripulação realmente sobreviveram à viagem. Historiadores também encontraram evidências que sugerem que a expedição de Cabot explorou a costa leste canadense, e que um padre que acompanhava a expedição pode ter estabelecido um assentamento cristão em Newfoundland.


BARTOLOMEU DIAS

 


Bartolomeu Dias 1450-1500, o explorador português Bartolomeu Dias foi enviado pelo rei português João II para explorar a costa da África e encontrar um caminho para o Oceano Índico. Dias partiu por volta de agosto de 1487, contornando a ponta mais ao sul da África em janeiro de 1488. Os portugueses (possivelmente o próprio Dias) nomearam este ponto de terra de Cabo da Boa Esperança. Dias se perdeu no mar durante outra expedição ao redor do Cabo em 1500.

Quase nada se sabe sobre a vida de Bartolomeu de Novaes Dias antes de 1487, exceto que ele estava na corte de João II, rei de Portugal (1455-1495), e era superintendente dos armazéns reais. Ele provavelmente tinha muito mais experiência em navegação do que sua única passagem registrada a bordo do navio de guerra São Cristóvão. Dias provavelmente estava na faixa dos 30 e poucos anos em 1486 quando João o nomeou para liderar uma expedição em busca de uma rota marítima para a Índia.

João ficou fascinado pela lenda do Preste João, um misterioso e provavelmente apócrifo líder do século XII de uma nação de cristãos em algum lugar da África. João enviou dois exploradores, Afonso de Paiva e Pêro da Covilhã, para procurar por terra o reino cristão na Etiópia. João também queria encontrar um caminho ao redor do ponto mais ao sul da costa da África, então, apenas alguns meses após despachar os exploradores por terra, ele patrocinou Dias em uma expedição africana.

Em agosto de 1487, o trio de navios de Dias partiu do porto de Lisboa, Portugal. Dias seguiu a rota do explorador português do século XV, Diogo Cão, que seguiu a costa da África até o atual Cabo Cross, Namíbia. A carga de Dias incluía os "padrões" padrões, os marcadores de calcário usados ​​para marcar as reivindicações portuguesas no continente. Padrões eram plantados na costa e serviam como marcos para explorações portuguesas anteriores da costa.

O grupo de expedição de Dias incluía seis africanos que tinham sido trazidos a Portugal por exploradores anteriores. Dias deixou os africanos em diferentes portos ao longo da costa da África com suprimentos de ouro e prata e mensagens de boa vontade dos portugueses para os povos indígenas. Os dois últimos africanos foram deixados em um lugar que os marinheiros portugueses chamavam de Angra do Salto, provavelmente na moderna Angola, e o navio de suprimentos da expedição foi deixado lá sob a guarda de nove homens.

Em janeiro de 1488, quando os dois navios de Dias navegavam ao largo da costa da África do Sul, tempestades os afastaram da costa. Acredita-se que Dias tenha ordenado uma curva para o sul de cerca de 28 graus, provavelmente porque ele tinha conhecimento prévio dos ventos de sudeste que o levariam ao redor da ponta da África e impediriam que seus navios fossem destruídos na costa notoriamente rochosa. João e seus predecessores obtiveram inteligência de navegação, incluindo um mapa de Veneza de 1460 que mostrava o Oceano Índico do outro lado da África.

A decisão de Dias foi arriscada, mas funcionou. A tripulação avistou terra firme em 3 de fevereiro de 1488, cerca de 300 milhas a leste do atual Cabo da Boa Esperança. Eles encontraram uma baía que chamaram de São Bras (atualmente Mossel Bay) e as águas muito mais quentes do Oceano Índico. Da costa, os indígenas Khoikhoi atiraram pedras nos navios de Dias até que uma flecha disparada por Dias ou um de seus homens derrubou um membro da tribo. Dias se aventurou mais ao longo da costa, mas sua tripulação estava nervosa com a diminuição dos suprimentos de comida e o instou a voltar. Como o motim se aproximava, Dias nomeou um conselho para decidir o assunto. Os membros chegaram a um acordo de que permitiriam que ele navegasse por mais três dias e depois voltasse. Em Kwaaihoek, na atual província do Cabo Oriental, eles plantaram um padrão em 12 de março de 1488, que marcou o ponto mais oriental da exploração portuguesa.

Na viagem de volta, Dias observou o ponto mais ao sul da África, mais tarde chamado de Cabo das Agulhas, ou Cabo das Agulhas. Dias nomeou o segundo cabo rochoso de Cabo das Tormentas (Cabo das Tormentas) em homenagem às tempestades tempestuosas e às fortes correntes Atlântico-Antárticas que tornavam as viagens de navio tão perigosas.

De volta a Angra do Salto, Dias e sua tripulação ficaram horrorizados ao descobrir que apenas três dos nove homens que ficaram guardando o navio de alimentos sobreviveram a ataques repetidos de moradores locais; um sétimo homem morreu na viagem de volta para casa. Em Lisboa, após 15 meses no mar e uma viagem de quase 16.000 milhas, os marinheiros que retornavam foram recebidos por multidões triunfantes. Em uma reunião privada com o rei, no entanto, Dias foi forçado a explicar seu fracasso em se encontrar com Paiva e Covilhã. Apesar de sua imensa conquista, Dias nunca mais foi colocado em uma posição de autoridade. João ordenou que, dali em diante, os mapas mostrassem o novo nome para o Cabo das Tormentas - Cabo da Boa Esperança, ou Cabo da Boa Esperança.

Após sua expedição, Dias se estabeleceu por um tempo na Guiné, na África Ocidental, onde Portugal havia estabelecido um local de comércio de ouro. O sucessor de João, Manuel I, ordenou que Dias servisse como consultor de construção naval para a expedição de Vasco da Gama.

Dias navegou com a expedição de Vasco da Gama até as Ilhas de Cabo Verde, depois retornou à Guiné. Os navios de Da Gama chegaram ao seu destino, a Índia, em maio de 1498, quase uma década após a viagem histórica de Dias ao redor da ponta da África.

Depois, Manuel I enviou uma frota enorme para a Índia sob o comando de Pedro Álvares Cabral, e Dias capitaneou quatro dos navios. Eles chegaram ao Brasil em março de 1500, então cruzaram o Atlântico em direção à África do Sul e, mais adiante, ao subcontinente indiano. No temido Cabo das Tormentas, tempestades atingiram a frota de 13 navios. Em maio de 1500, quatro dos navios naufragaram, incluindo o de Dias, com toda a tripulação perdida no mar.


quarta-feira, 19 de março de 2025

CRISTÓVÃO COLOMBO

 


O explorador genovês do século XV Cristóvão Colombo 1451- 1506 era um judeu sefardita da Europa Ocidental, a expedição foi financiada pela Espanha a partir da década de 1490, abrindo caminho para a conquista, quer dizer, invasão europeia nas Américas. 

Colombo é creditado como o primeiro explorador europeu a estabelecer e documentar rotas comerciais para as Américas, apesar de ele ter sido precedido por uma expedição viking liderada por Leif Erikson 500 anos antes, no ano 100 ou 1021.

A primeira expedição de Colombo foi resultado de anos de atuação dele para convencer os reis espanhóis a financiarem sua viagem. Ao longo de sua vida, realizou o total de quatro viagens ao continente americano, ele morreu acreditando que havia chegado à Ásia. A partir da década de 1470, Cristóvão Colombo iniciou sua carreira profissional participando de viagens comerciais realizadas por duas famílias genovesas, com os Di Negro e com os Spinola. Essas viagens foram realizadas entre 1474 e 1475, e nelas Colombo navegou pelas águas do Mar Egeu. Em 1476, esteve em Lisboa, em Portugal, e em Bristol, na Inglaterra.

Mesmo que Colombo nunca tenha ido às Índias, portugueses e espanhóis já tinham ido, Portugal, por exemplo, foi até ao Japão, portanto, a geografia da Ásia já era um pouco conhecida, Cristóvão Colombo e outros, pelo sim, pelo não, tinham, nem que seja um pouco, da informação geográfica da Ásia. 

Morando em Portugal, Colombo procurou convencer o rei português, d. João II, a financiar uma expedição sua ao oeste. Seu objetivo era chegar às Índias, e para isso, procurava financiamento. A essa altura, Colombo já tinha uma grande experiência em navegação porque tinha participado de uma série de expedições pelo Atlântico. Colombo argumentava que, navegando para o oeste, conseguiria chegar a Cipango (atual Japão), e de lá iria para a Índia, mas a sua teoria foi desacreditada por outros navegantes de confiança do rei, e por isso ele não teve o apoio de que precisava.

Mas o rei de Portugal, provavelmente, queria contar com os serviços de Colombo para explorar a costa africana, mas Colombo estava determinado a seguir seu plano. Assim, depois que sua esposa faleceu (o ano do falecimento é incerto), ele partiu com seu filho para a Espanha. Instalou-se em Palos de la Frontera e, tempos depois, teve autorização para apresentar seus planos aos reis espanhóis.

A rainha Isabel de Castela e Fernando de Aragão, reis católicos, interessaram-se pelo projeto de Colombo, principalmente porque ele explorou as possibilidades religiosas de sua expedição, mas não quiseram financiá-lo. Isso porque, em 1486, os reis católicos estavam engajados na luta contra os mouros instalados em Granada.

Com a negativa espanhola, Colombo foi novamente atrás do apoio do rei português, mas, após nova rejeição, tentou obter o apoio de Henrique VII, rei da Inglaterra, e manteve contato por carta com a coroa francesa, mas ambas as tentativas também fracassaram. Somente em 1492, depois que a Espanha conquistou Granada, é que ele obteve o apoio dos reis católicos.

O contrato de Colombo (chamado de Capitulações) com a coroa espanhola foi assinado em 17 de abril de 1492. Suas exigências foram várias, e, apesar de uma recusa inicial, os reis católicos aceitaram todas, que foram:

Título de almirante;

Nomeação como vice-rei e governador das terras que ele descobrisse;

Recebimento do título de Don;

Recebimento de dois milhões de maravedis para preparar três caravelas;

Recebimento de uma porcentagem sobre todas as mercadorias e lucros obtidos por meio de sua expedição.


A primeira viagem de Colombo 1492-1493

A expedição de Colombo chegou à região das Antilhas, aportando em uma das ilhas que formam as Bahamas. Não existe comprovação a respeito de qual ilha a expedição alcançou primeiramente, mas acredita-se que pode ter sido a Watling’s Island. Os nativos chamavam-na Guanahani, mas Colombo renomeou-a de San Salvador.

Ele passou por outras ilhas do Caribe, como Cuba, que chamou de Juana, e a ilha onde fica o Haiti, chamando-a de Hispaniola. O contato com os indígenas foi tranquilo, mas Colombo relata que ele levou consigo alguns nativos à força para que eles pudessem dar detalhes da terra onde sua expedição tinha chegado. Colombo acreditou estar na Índia e chamou os nativos de “índios".

Nessa expedição, Colombo formou um pequeno assentamento (chamado Navidad) em Hispaniola, deixando nele algumas dezenas de homens de sua expedição. Em seguida, retornou à Europa para dar as notícias da sua viagem aos reis espanhóis.

Ao todo, Colombo realizou quatro viagens para a América, e em nenhuma delas se convenceu de que havia chegado a um continente desconhecido pelos europeus. Ele manteve-se acreditando que havia chegado à Ásia e que algumas das ilhas do Caribe eram parte do Japão. Os achamentos realizados por Colombo deram início a uma série de discussões entre Espanha e Portugal pela divisão das terras. Dessas negociações, nasceu o Tratado de Tordesilhas.


A segunda viagem de Colombo 1493-1496

A segunda viagem de Colombo partiu da Espanha em 23 de setembro de 1493. Formada por cerca de 1200 homens, essa expedição tinha como objetivo iniciar a colonização das novas terras. Quando chegou a Hispaniola, percebeu que o assentamento de Navidad havia sido destruído. Assim, Colombo decidiu formar outro assentamento em um local diferente da ilha. Isso levou à fundação de Isabela, em homenagem à rainha Isabel de Castela. Colombo também explorou novas ilhas do Caribe e lutou contra os nativos pelo controle de Hispaniola.


A terceira viagem de Colombo 1498-1500

A terceira viagem de Colombo iniciou-se em 30 de maio de 1498 e tinha como objetivo levar novos trabalhadores e suprimentos para Hispaniola. Colombo também estava dedicado a seguir explorando a região para encontrar a China. Essa expedição levou-o à América do Sul, pois encontrou a ilha de Trinidad (que forma Trinidad e Tobago atualmente) e navegou pelo delta do Orinoco, rio que passa pela Venezuela.

Quanto retornou para Isabela, Colombo encontrou a cidade em estado lamentável. Os colonos viviam em estado de grande pobreza, muitos haviam desistido do assentamento e tinham retornado à Europa, e os nativos tinham sido escravizados. Colombo foi acusado de tratar colonos e nativos de maneira negligente e, por isso, foi preso pelo inquisidor real Francisco de Bobadilla.

Basicamente, ele foi acusado de tirania, pois não distribuía as provisões aos colonos e autorizava a escravização dos nativos. O retorno dele à Espanha (ele viajou algemado) marca o fim do prestígio que ele havia adquirido com o feito da primeira viagem. Na Espanha, ele foi liberto, porém, perdeu o título de governador das colônias espanholas.


A quarta viagem de Colombo 1502-1504

Em 9 de maio de 1502, Colombo partiu para a sua quarta e última viagem para a América. Proibido de ir para a ilha de Hispaniola, ele explorou a costa da América Central e, em contatos com nativos no Panamá, recebeu a informação de que existia outro mar a oeste (Oceano Pacífico). Retornou para a Espanha em 1504.


Fim da carreira e Morte

Ao retornar para a Espanha, Colombo estabeleceu-se em Sevilha. Em descrédito, ele não recebeu a quantia em riquezas que lhe havia sido prometida no contrato com a coroa espanhola. 

Colombo morreu em Valhadolid a 20 de maio de 1506, com cerca de 55 anos, com uma considerável riqueza proveniente do ouro que os seus homens haviam acumulado em Hispaniola. À data da sua morte, Colombo estava ainda convencido de que as suas expedições tinham sido realizadas ao longo da costa oriental da Ásia. De acordo com um estudo publicado em fevereiro de 2007, realizado por Antonio Rodriguez Cuartero, do Departamento de Medicina Interna da Universidade de Granada, Colombo morreu de parada cardíaca causada por artrite reactiva. Segundo os seus diários pessoais e anotações deixadas pelos seus contemporâneos, os sintomas desta doença (ardor doloroso quando se urina, dor e inchamento das pernas, e conjuntivite) eram claramente evidentes nos três últimos anos da sua vida. Seus filhos, Diego e Fernando, entraram na justiça contra a Coroa da Espanha para receberem o que tinha sido prometido ao seu pai.