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domingo, 24 de novembro de 2024

ESTILOS LITERÁRIOS BRASILEIROS

 


A escrita nasceu com os negros da antiga suméria, os chamados  ÙĜ SAĜ GÍG-GA, numa transcrição fonética do termo UŊ SAŊ GIGA que quer dizer: Povo da Cabeça Preta, Povo da Tesa Preta, etc. O estilo de escrita não existia até este povo inventar uma forma de registrar as coisas. Com isso, forma-se com o tempo, os vários estilos literários, e isso chega até nós.

Para resumir, vamos nos concentrar por enquanto nos estilos literários do nosso idioma. Ao nascer o nosso idioma, as formas de cadenciar as fala e escrita, exigiram organização, modo e método de se falar e de se escrever. 

Temos portanto, o estilo literário da Língua Portuguesa que nos ajuda a compreender a formação literária do nosso idioma, que são:


Trovadorismo 1189 – 1418

O Trovadorismo surgiu em meados do século 11 na região da Occitânia – onde hoje estão França, Itália e Espanha. Os poemas da época eram feitos para ser cantados, e os artistas eram divididos entre Trovadores, que eram compositores de origem nobre, e Jograis, que eram servos, muitos deles, profissionais da música.

As cantigas trovadoras carregam características da Idade Média e muitas foram escritas em galego-portugués. Elas se dividem em Líricas (Cantigas de Amor e Cantigas de Amigo) e Satíricas (Cantigas de Escárnio e Cantigas de Maldizer).

Nas cantigas de amor, o tema mais desenvolvido é o amor não correspondido no qual o trovador destaca as qualidades da mulher amada (suserana) e se coloca em posição “inferior”, de vassalo.

Nas cantigas de amigo o eu-lírico é uma mulher, embora os escritores da época fossem homens. Nessas obras, há a lamentação da dama perante a falta de seu amado, que é chamado de “amigo”.

Nas cantigas de escárnio, por sua vez, há uso de duplo sentido e sátiras indiretas sem citar nomes. Já nas cantigas de maldizer, há sátiras diretas com uso de palavrões e muitas vezes com o nome da pessoa criticada.

Os principais autores do Trovadorismo são Ricardo Coração de Leão, Afonso Sanches, Dom Dinis I de Portugal, João Zorro, Paio Soares de Taveirós, Paio Gomes Charinho, entre outros. As cantigas estão em compilações de diversos autores, chamadas de cancioneiros. Os principais cancioneiros são o da Ajuda, o da Vaticana e o da Biblioteca Nacional.


Humanismo 1418-1527

O Humanismo como movimento literário ocorre no período entre a Idade Média e o início da Idade Moderna. Em Portugal, foram produzidos três tipos literários no Humanismo: prosa, poesia e teatro. O movimento é marcado pela ideia de racionalidade, antropocentrismo (o homem no centro de tudo), o cientificismo, a beleza e a perfeição e a valorização do corpo humano. 

Havia a chamada crônica histórica, representada sobretudo por Fernão Lopes. A obra do autor contém ironia e crítica à sociedade portuguesa. No Humanismo também era comum a poesia palaciana, que reproduzia a visão de mundo dos nobres. Nessa poesia, o amor é sensual e a mulher deixa de ser tão idealizada quanto era no Trovadorismo. 

Outra grande manifestação do período foi o teatro popular, cujo principal representante é Gil Vicente, autor de Auto da Barca do Inferno (1516). A obra dele está ligada a valores cristãos, visão maniqueísta (bem versus mal) e apresenta caráter moralizante. Outros títulos notáveis são Auto da Visitação (1502) e Farsa de Inês Pereira (1523).


Quinhentismo 1500 – 1601

O Quinhentismo foi a primeira manifestação literária do Brasil e tem esse nome pelo fato da literatura nacional ter começado no ano de 1500, época da colonização portuguesa. Por isso, as obras não eram ligadas ao povo brasileiro, mas aos colonizadores europeus.

Faz parte do Quinhentismo a literatura de informação produzida pelos viajantes portugueses no período do Descobrimento do Brasil e das Grandes Navegações. Os textos eram simples e adjetivados – a maioria deles crônicas de viagens, bastante descritivas. Mas também havia  literatura de catequese feita pelos jesuítas, na qual se abordava não só a conquista material, mas também a espiritual.

Destacam-se autores como Pero Vaz de Caminha, que registrou suas primeiras impressões das terras brasileiras. A Carta a el-Rei Dom Manoel sobre a "descoberta" do Brasil, escrita por ele, foi o primeiro documento redigido sobre a história do país.

Outros autores do Quinhentismo são o padre jesuíta José de Anchieta (Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil , de 1595); o cronista português Pero de Magalhães Gândavo ( O Tratado da Terra do Brasil, de 1576) e o Padre Manuel da Nóbrega (Tratado contra a Antropofagia, de 1559).


Classicismo 1527 – 1580

A estética literária do Classicismo surgiu a partir do movimento cultural do Renascimento. Foi inspirada no fim do contexto medieval religioso e na retomada de valores clássicos racionais da antiguidade. O capitalismo começava e a Idade Média acabara, marcando o nascimento da Idade Moderna na Europa.

As Grandes Navegações tinham feito com que o homem do início do século 16 se sentisse orgulhoso e daí surgiram as ideias de racionalismo e antropocentrismo, noção humanista de que o homem estaria à frente de tudo, inclusive de Deus.

As características principais do Classicismo são a valorização da cultura greco-romana clássica e a mitologia pagã, a influência do pensamento humanista, perfeição estética e a procura por um ideal de beleza proveniente da Antiguidade Clássica.

Luiz Vaz de Camões é o grande nome do Classicismo e seu poema mais conhecido é Os Lusíadas, escrito em dez cantos, com 1102 estrofes (compostas em oitava-rima e versos decassílabos) e cinco partes.

O herói do poema épico de Camões é o próprio povo português e ele conta a história da viagem de Vasco da Gama em seu caminho para as Índias. Podemos também destacar os escritores Dante Alighieri, Petrarca e Boccacio.


Barroco 1601 – 1768

O Barroco marca uma crise dos valores renascentistas e mostra um mundo no qual há um combate entre fé e razão. A Igreja havia sido questionada pelas reformas protestantes e o barroco vai em defesa da religião católica, em um movimento ligado à contrarreforma.

O período é marcado por contradições, sobretudo a do homem que quer a salvação, mas ao mesmo tempo usufrui dos prazeres mundanos. Destaca-se na literatura os sermões do  Padre Antônio Vieira, um português que ingressou na Companhia de Jesus, cuja obra principal é o Sermão da Sexagésima.

Outro autor essencial no período do barroco foi Gregório de Mattos, conhecido por seus poemas satíricos, líricos e eróticos. Em suas obras Buscando a Cristo e A Cristo N. S. Crucificado, ele procura mostrar a insignificância do homem perante ao divino e fala do pecado e da busca pelo perdão.

De Mattos também gostava de criticar a sociedade baiana e, por causa do seu tom crítico e ácido, ganhou o apelido de “Boca do Inferno”. Um de seus poemas do período criticava um político baiano e é chamado de A cada canto um grande conselheiro.


Arcadismo 1768 – 1836

O movimento surge na eclosão da Revolução Industrial e faz contraponto ao desenvolvimento das máquinas, da indústria e das grandes cidades ao ressaltar a natureza e a atmosfera bucólica. O arcadismo é bastante idealizado e se opõe à desarmonia do Barroco.

Também conhecido como Neoclassicismo, o Arcadismo resgata princípios da Antiguidade Clássica e busca sempre a conciliação entre o homem e os elementos da natureza. Os ideais iluministas da Revolução Francesa, como o racionalismo, também são louvados.

Os poemas são geralmente em forma de soneto (dois quartetos e dois tercetos, normalmente com dez sílabas poéticas) e há temática bucólica e idealizada sobre o amor (geralmente entre pastores), beleza estética e viver o momento presente (carpe diem).

Em Portugal, destaca-se António Dinis da Cruz e Silva, autor do poema O Hissope e Odes Pindáricas. No Brasil, o movimento chega por volta de 1768, marcado pela publicação de Obras, do poeta Cláudio Manuel da Costa.Também temos como representante do Arcadismo o brasileiro Tomás Antônio Gonzaga, autor de Marília de Dirceu, Tratado de Direito Natural e Cartas Chilena


Romantismo 1836 – 1881

O Romantismo nasceu na Europa no final século 18. Já no Brasil, começou a se desenvolver no século 19. Foi a primeira escola a romper com os valores clássicos, provenientes dos séculos 15 e 16.

A escola romântica, burguesa por excelência, abandona o aspecto formal na poesia (verso branco e sem rima). Entre as características principais do romantismo, em especial na prosa, estão sentimentalismo intenso, pessimismo, amor platônico, idealismo da mulher amada, fuga da realidade, egocentrismo e nacionalismo.

Entre os autores principais do Romantismo estão o alemão Johann Wolfgang von Goethe, que publicou o romance inaugural do movimento (Os sofrimentos do jovem Werther, 1774). Outro autor importante é o português Almeida Garrett (Viagens na Minha Terra, 1845) e o brasileiro José de Alencar, autor de O Guarani (1857) e Iracema (1865).


Realismo 1857 – 1922

O Realismo surge na França, no século 19,  como resposta ao sentimentalismo exacerbado do Romantismo, e mergulha em uma crítica contra a sociedade burguesa. Na época, a Segunda Revolução Industrial estava no auge e o capitalismo estava em acelerada expansão.

O mundo romântico é substituído pelo desencanto e pela crença no material e no racional. No Realismo o mais forte e a prosa, as contradições sociais são retratadas e há valorização de uma narrativa lenta, que acompanha o tempo psicológico, linguagem culta e direta e descrições objetivas.

Tal como aparece na obra de Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas, o protagonista é problemático, a mulher não é idealizada e o amor é subordinado a interesses sociais e à manipulação (um exemplo é a personagem Marcela, que o protagonista diz que amou-lhe “durante quinze meses e onze contos de réis”).

Outro autor relevante no movimento é Eça de Queiróz, que fazia críticas sociais ao clero e aos pobres e escreveu O Primo Basílio, A Cidade e as Serras e O Crime do Padre Amaro, representando o Realismo em Portugal.


Naturalismo 1881 – 1922

O Naturalismo se desenvolveu sujeito à influência das teorias científicas que dominavam o cenário europeu a partir da segunda metade do século 19, como Evolucionismo, de Charles Darwin, o Positivismo, de Auguste Comte.

No Naturalismo se destaca o romance, no qual o narrador trabalha como um cientista, observando fenômenos sociais e os descrevendo. O comportamento humano aparece dependente do ambiente social e não há mais a subjetividade valorizada pelo romantismo. O narrador observador discute nas obras temas como miséria, sexualidade, violência e política.

O Naturalismo teve como marco inicial a publicação, em 1881, de Germinal, de Émile Zola, na Europa. No Brasil, o maior representante do movimento foi Aluísio Azevedo, que escreveu as obras, O Mulato, Casa de Pensão e O Cortiço. 


Parnasianismo 1882 – 1922

Ao contrário do que acontece com o Realismo, que teve poucos poetas em seu movimento, mas foi rico em romancistas, no Parnasianismo ganha destaque a poesia. Esse movimento é também mais uma reação ao sentimentalismo idealizante do romantismo.

Assim, há valorização do cuidado formal e a expressão moderada dos sentimentos com um vocabulário elaborado, culto e, muitas vezes, pouco compreensível. Há ainda racionalismo e temática voltada para assuntos universais.

Ao contrário do que ocorre com o Realismo, os poetas parnasianistas não tratavam temas sociais, mas o culto da arte pela arte, ou seja, a poesia deveria valer por si mesma, por sua beleza, sem compromisso social.

O Parnasianismo é fundado na França, no final do século 19, com a publicação de uma antologia poética pelo nome de Le Parnasse Contemporain (O Parnaso Contemporâneo). No Brasil, o Parnasianismo começou na mesma época, prolongando-se até a Semana de Arte Moderna, em 1922.

Entre os principais autores brasileiros do movimento estão Alberto de Oliveira (1857-1937), autor de Canções românticas, Meridionais, e Sonetos e poemas; e Raimundo Correia, que escreveu Primeiros Sonhos (1879), Sinfonias (1883) e Versos e Versões (1887).


Simbolismo 1880 – 1922

O Simbolismo surgiu na França, por volta de 1880, e encontrou suporte teórico no Manifesto do Simbolismo (1886), de Jean Moréas. Durante a Segunda Revolução Industrial, nota-se que o capitalismo traz retornos desiguais, e essa estética surge como reação ao materialismo e ao cientificismo, resgatando de certa forma os valores do Romantismo esquecidos pelo Realismo.

Entre as características principais do Simbolismo estão o subjetivismo, interesse pela loucura e mente humana, linguagem vaga, formas fixas para o poema (em especial o soneto), antimaterialismo, misticismo, metáforas e sinestesias – confusão de sentidos como "beijo amargo" e "cheiro azul".

Dois livros marcam o Simbolismo no Brasil: Missal (poemas em prosa) e Broquéis, ambos publicados em 1893, e de autoria de João da Cruz e Souza. Além dele, também foi importante o autor Alphonsus de Guimaraens ( Setenário das dores de Nossa Senhora, Câmara ardente, Dona Mística).

Na França, são representantes do Simbolismo em especial os autores Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud e Paul Verlaine. E em Portugal, Eugênio de Castro, Antônio Nobre e Camilo Pessanha.


Pré-Modernismo 1902-1922

Embora não seja considerado uma “escola literária”, já que não há uma linha única seguida por um grupo de autores, a literatura pré-modernista discute os problemas sociais e a realidade cultural do Brasil. O movimento se desenvolveu na transição da República da Espada para a República das Oligarquias ou República do café com leite.

O Rio de Janeiro do século 20, em meio a profundas transformações da reforma urbana do prefeito Pereira Passos, é o pano de fundo do pré-modernismo. Os autores adotam uma postura crítica diante as desigualdades e problemas da população. Há linguagem formal, mas fica para trás a preocupação estética e rebuscada, focando-se em temas sociais e políticos.

Entre os autores mais marcantes do pré-modernismo são Euclides da Cunha (Os Sertões,1902), Graça Aranha (Canaã, 1902), Lima Barreto (O triste fim de Policarpo Quaresma, 1915) e Monteiro Lobato, autor de As Cidades Mortas, que denuncia a decadência econômica e o dia a dia das cidades cafeeiras.


Modernismo 

No Brasil, o Modernismo surgiu a partir da Semana de Arte Moderna de 1922, que ocorreu devido ao Centenário de Independência. Em Portugal, o movimento estreou em 1915, com a publicação da Revista Orpheu.

O modernismo se divide em três gerações:


Primeira Geração 1922 a 1930: Diretamente afetada pela Semana de Arte Moderna de 1922, caracteriza-se pelo rompimento com estruturas do passado. É valorizado em especial um distanciamento ao Parnasianismo, que é ironizado por meio do poema Os Sapos, de Manuel Bandeira.

Outros  representantes dessa geração são Mário de Andrade, autor de Macunaíma, e Oswald de Andrade. Em Portugal, temos Fernando Pessoa, que escreveu a obra Mensagem e criou três heterônimos, cada um com estilos de escrita particulares. São eles: Alberto Caeiro (Pastor Amoroso, Poemas Inconjuntos), Ricardo Reis (Prefiro Rosas, Breve o Dia) e Álvaro de Campos (Ode Marítima, Tabacaria).


Segunda Geração 1930 a 1945: As ideias de 1922 se amadurecem e o Modernismo começa a se consolidar. Há na poesia uma grande abrangência temática, ganhando destaque autores como Carlos Drummond de Andrade, autor de Alguma Poesia, de 1930, e Vinícius de Moraes, que publicou seu primeiro livro de poemas Caminho para a Distância e, em 1936, o poema Ariana, a mulher.

Na prosa, há grandes romances regionalistas, focados em temas sociais, e com linguagem coloquial e regional. Um exemplo é Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos, e os romances de Jorge Amado, o mais famoso deles, Capitães de Areia (1937), que retrata a vida de meninos abandonados em Salvador.


Terceira Geração 1945 a 1960:  Essa fase é considerada bem fragmentada. Trata-se de um período no qual o movimento perde um pouco a unidade, com várias tendências literárias surgindo ao mesmo tempo.


Entre os autores mais importantes temos Clarice Lispector, que escrevia principalmente histórias não lineares com protagonistas femininas. A autora tem uma linguagem profunda por meio da qual escreve em um cenário de cotidiano momentos de revelação e epifanias pela qual passam suas personagens.

Também há João Guimarães Rosa, autor de Grande Sertão: Veredas (1956), e João Cabral de Melo Neto, que escreveu Morte e Vida Severina (1955). Ambos escreveram as obras com traços regionalistas e que unem poesia e prosa para fazer uma crítica social.


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