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quinta-feira, 1 de maio de 2025

DIA INTERNACIONAL DO TRABALHO

 


O Dia do Trabalho é comemorado no dia 1º de Maio, cerca de 80 países celebram o Dia Internacional do Trabalho. No Brasil a data ganha força com Getúlio Vargas, a comemoração do 1º de Maio como feriado foi sancionada pelo presidente Artur Bernardes em setembro de 1924, começando a valer no ano seguinte.


Revolta de Haymarket

Tudo começou com a Revolta de Haymarket. No dia 4 de maio de 1886 na Praça Haymarket que em inglês é chamado de Haymarket Square em Chicago, nos Estados Unidos.

Nesse dia teve protestos dos trabalhadores por melhores condições de trabalho, como por exemplo ter jornada de 8 horas de trabalho e não 13 ou até 19 horas de trabalho, tendo o folga somente em 1 dia da semana. Era a jornada 6x1 com até 19 horas de trabalho. 

O protesto tomou forma. Mas foram alguns dias depois, na noite do dia 4, que foram aumentados. Um confronto com a polícia começou, causando a morte de 11 pessoas, tendo o resultado de quatro civis e sete policiais mortos, cerca de setenta civis e sessenta policiais feridos e mais de cem manifestantes presos.

A manifestação começou pacífica, mas uma bomba estourou junto ao local onde policiais estavam posicionados, matando um e ferindo outros sete. A polícia imediatamente reagiu, abrindo fogo contra os manifestantes em uma ação que resultou em dezenas de feridos, quatro mortos e mais de cem manifestantes presos.

Em homenagem às lutas dos trabalhadores de Chicago pela jornada de oito horas e em memória aos acontecimentos de Haymarket, a Segunda Internacional proclamou o 1º de maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores. O local do incidente foi designado como um ponto histórico da cidade de Chicago em 1992. Em 1997, o Monumento aos Mártires de Haymarket, que está no local de enterro dos réus próximo ao Forest Park, foi declarado um Marco Histórico Nacional.


Segunda Internacional ou Internacional Socialista

Foi uma organização comunista fundada por Friedrich Engels amigo íntimo de Karl Marx, foi fundada em 14 de julho de 1889 e finalizada em 1916. Esta organização de trabalhadores foi criada no Congresso Internacional de Paris. 

Entre as ações da Segunda Internacional incluem-se a declaração, em 1889, do 1.º de maio como Dia Internacional dos Trabalhadores e, em 1910, a declaração do 8 de março como Dia Internacional da Mulher. Além disso, a Segunda Internacional iniciou a campanha internacional pela jornada de trabalho de oito horas.

Embora sem a participação do ainda poderoso movimento anarco-sindicalista e dos sindicatos, a Segunda Internacional representou a continuidade do trabalho da extinta Primeira Internacional, dissolvida nos anos 1870, e existiu até 1916.

Dito isto, é louvável dizer que o Dia Internacional do Trabalho é uma luta Comunista contra os abusos cometidos por empresas e empresários da Direita que ainda vemos nos dias atuais.


domingo, 27 de abril de 2025

BRASIL REPÚBLICA




Brasil República refere-se ao período da história do Brasil em que o regime republicano foi instaurado, ou seja, desde a proclamação da República, que ocorreu com um golpe feito por marechal Deodoro da Fonseca em 15 de novembro de 1889. Este golpe depôs Dom Pedro II, deixando o país de ser um Império e passando a ser uma república presidencialista, convencionando, em termos historiográficos, um novo período da história brasileira, que perdura até hoje.

Com relação a fundamentação filosófica dos grupos militares e latifundiários (ruralistas), a filosofia de Auguste Comte, o positivismo teve papel marcante e relevante na implantação deste regime.

"República Federativa do Brasil" é o nome oficial do país utilizado pela Constituição de 1967 e mantido na sua sucessora (a de 1988). Anteriormente, a designação oficial era "Estados Unidos do Brasil". O Estado brasileiro corresponde a uma democracia presidencialista republicana e federalista, nos termos da Constituição de 1988, a sexta da República.


República da Espada

Foi o período no qual o Brasil foi governado pelos marechais Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto entre os anos de 1889 a 1894. Trata-se de uma época caracterizada como uma ditadura militar.[10] Durante este período foram comuns os levantes populares e a repressão a focos de resistência simpáticos ao Imperador Pedro II e à restauração da monarquia.


República Velha

O primeiro período republicano no Brasil, a República Velha, durou até 1930. As oligarquias agrárias controlavam o governo. Em 1891 foi promulgada a segunda Constituição Brasileira, com uma estrutura liberal federativa, inspirada na Constituição dos Estados Unidos. Os anos iniciais foram marcados pela Revolta Federalista (1893-1895), no Rio Grande do Sul — onde merece destaque o Cerco da Lapa, no Paraná —, e pelo conflito de Canudos, reprimido militarmente em 1897.

Com o primeiro presidente civil, Prudente de Morais, em 1894, tinha início a política do café com leite, caracterizada pela alternância no poder de paulistas e mineiros. Na década de 1920, a insatisfação de setores militares com os sucessivos governos fez surgir movimentos de insurreição, que explodiram no Rio de Janeiro, em 1922, em São Paulo, em 1924, e continuaram até 1927 com a marcha da Coluna Prestes pelo interior do Brasil.


Era Vargas

A quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, em 1929, abalou a economia brasileira e levou ao corte dos subsídios para o café. Com a crise da política do café com leite, eclodiu a Revolução de 1930, que leva o gaúcho Getúlio Vargas ao poder.

O novo presidente implantou a indústria de base, reduziu a importação e suspendeu o pagamento da dívida externa. Em 1932, o novo Código Eleitoral instituiu o voto secreto e deu às mulheres direitos políticos.

Em 1934, Vargas estabeleceu a jornada de trabalho de oito horas diárias e tornou obrigatória a carteira profissional. Nesse mesmo ano, se elegeu presidente pelo voto indireto da Assembleia Nacional Constituinte, com mandato até 1938. Foi promulgada a terceira Constituição Brasileira, que deu mais poder ao governo federal e criou a Justiça Eleitoral e a Justiça do Trabalho. Após derrotar a Intentona Comunista em 1935, Vargas deu um golpe em 1937 e implantou a ditadura do Estado Novo. A quarta Constituição foi então outorgada, com clara inspiração fascista.

Em 1942, o governo brasileiro entrou na Segunda Guerra Mundial ao lado dos Estados Unidos. A Força Expedicionária Brasileira (FEB) lutou em solo italiano em 1944 e 1945, com 25 mil homens, dos quais 451 morreram em combate.


Período democrático (1946-1964)4

A volta dos soldados ao Brasil causou entusiasmo popular e acelerou as pressões pela democratização. Vargas renunciou em outubro. O general Eurico Gaspar Dutra, ex-ministro da Guerra de Vargas, venceu as eleições e tomou posse em janeiro de 1946.

Instalou-se, em 1946, uma nova Assembleia Constituinte. Em setembro, Dutra promulgou a quinta Constituição Brasileira, de caráter mais democrático, restaurando garantias individuais e a independência entre os poderes.

Vargas ganhou as eleições presidenciais de 1950. Criou então a Petrobras e estatizou a geração de energia elétrica. Em 1954, Vargas se suicidou. No ano seguinte, Juscelino Kubitschek foi eleito presidente. Seu governo privilegiou os setores de energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação. Em 1960, Kubitschek inaugurou Brasília, a nova capital do país.

Em 1961, o ex-governador paulista Jânio Quadros assumiu a Presidência, mas renunciou em agosto do mesmo ano. O vice, João Goulart, governou até 1964 em crise permanente, pois suas posições nacionalistas enfrentavam forte oposição militar.


Ditadura Militar

Em 31 de março de 1964, as Forças Armadas depuseram o presidente.

Em abril de 1964, o general Humberto de Alencar Castelo Branco assumiu a Presidência. O novo regime era marcado pela supressão dos direitos constitucionais, perseguição policial e militar e censura prévia aos meios de comunicação. Em 1965, os partidos políticos existentes foram abolidos e criou-se o bipartidarismo, com a Aliança Renovadora Nacional (Arena), governista, e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), de oposição.

Em 1967, o Congresso aprovou a sexta Constituição Brasileira, que institucionalizava o regime, com eleições indiretas para a Presidência. O general Arthur da Costa e Silva assumiu a chefia do Estado no mesmo ano, e, em dezembro de 1968, fechou o Congresso e decretou o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que lhe deu poderes para fechar o Parlamento, cassar mandatos e suprimir o habeas-corpus. Ampliou-se a ação de grupos de luta armada nas cidades e, posteriormente, também no campo.

O general Emílio Garrastazu Médici chegou à Presidência em 1969 e comandou o período de maior repressão, marcado por prisões, torturas, exílios, mortes e o desaparecimento de centenas de pessoas. Simultaneamente, o governo promoveu o chamado milagre econômico, fase com crescimento acelerado do produto interno bruto (PIB).

Em março de 1974 tomou posse o general Ernesto Geisel, que enfrentou dificuldades econômicas em razão da dívida externa, da inflação e da crise internacional do petróleo. Em 1977, Geisel baixou o Pacote de Abril, que alterou as regras eleitorais para garantir a maioria da Arena. Começaram os protestos contra o regime. No ano seguinte, o presidente enviou ao Congresso emenda constitucional que acaba com o AI-5. Em 1979, o general João Baptista Figueiredo tornou-se presidente. Ele sancionou a anistia, que libertou presos políticos e propiciou a volta dos exilados, e restabeleceu o pluripartidarismo.

Em 1978 e 1979, uma onda de greves, iniciada na região do ABC paulista, espalhou-se pelo país. A Arena transformou-se no Partido Democrático Social (PDS) e o MDB acrescentou a palavra “partido” à sua sigla, tornando-se o PMDB. Surgiram o Partido Democrático Trabalhista (PDT) e o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Em 1980 é fundado o Partido dos Trabalhadores (PT).

Em 1983, sindicatos fundaram as centrais sindicais CUT e Conclat, rompendo na prática com a legislação trabalhista. No final desse ano e início do seguinte, aconteceram enormes manifestações por eleições diretas para a Presidência da República. Em abril de 1984, a emenda constitucional das eleições diretas recebeu 298 votos, mas não atingiu os dois terços (320 votos) necessários à sua aprovação.


Nova República

Em janeiro de 1985, o candidato do PMDB a presidente, Tancredo Neves, que tinha como vice José Sarney (anteriormente importante liderança do PDS), derrotou Paulo Maluf (PDS), na eleição no Colégio Eleitoral. Tancredo vence por 480 votos a 180.

O presidente eleito adoeceu antes da posse e morreu em abril. Sarney assumiu, restabeleceu a eleição presidencial direta e permitiu a legalização de todos os partidos políticos, incluindo o Partido Comunista Brasileiro (PCB) e o Partido Comunista do Brasil (PC do B). Os dissidentes do PDS criaram o Partido da Frente Liberal (PFL), e o Partido Socialista Brasileiro (PSB) foi recriado.

Os deputados federais e senadores se reuniram na Assembleia Constituinte a partir de 1987 e, em 1988, promulgaram a nova Constituição, que amplia os direitos individuais. Nesse mesmo ano, uma dissidência do PMDB formou o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Em 1989, nas primeiras eleições diretas para a Presidência desde 1960, Fernando Collor de Mello, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN), derrotou Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno. Sua primeira medida foi o lançamento do Plano Collor, que estabeleceu o confisco monetário, até mesmo de contas correntes e poupanças, e o congelamento de preços e salários. Em pouco tempo, a inflação voltou a crescer. Em 1990, a maioria dos integrantes do PCB decidiu formar o Partido Popular Socialista (PPS).

Em abril de 1992, Collor foi acusado de envolvimento em um esquema de corrupção coordenado por seu tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, o esquema PC. Em outubro, sob pressão de grandes manifestações populares, a Câmara aprovou a abertura do processo de impeachment contra o presidente e o afastou do cargo. Em dezembro, Collor renunciou pouco antes de ter seus direitos políticos suspensos pelo Senado. Seu vice, Itamar Franco, que havia assumido em outubro, tomou posse definitivamente.

Em julho de 1994, o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, coordena o lançamento do Plano Real, programa de estabilização econômica. A moeda brasileira passa a ser o real, e a inflação despenca. Poucos meses depois, Fernando Henrique vence as eleições presidenciais com maioria no primeiro turno. O novo presidente adota medidas para preservar a estabilidade econômica e estimular as reformas constitucionais consideradas necessárias para atrair investimentos estrangeiros. Grandes empresas estatais, como a Companhia Vale do Rio Doce, são privatizadas. Em 1997, o governo concentra seus esforços na aprovação do direito de reeleição dos ocupantes de cargos executivos, incluindo o próprio presidente.

Durante o ano de 1998, o governo encaminha a reforma da Previdência e privatiza as companhias telefônicas. As eleições presidenciais de outubro são vencidas por Fernando Henrique Cardoso, de novo com a maioria dos votos no primeiro turno.

Duramente atingido pela instabilidade do mercado financeiro mundial, o Brasil recebe em novembro um empréstimo de 41,5 bilhões de dólares do Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca do compromisso de realizar um ajuste fiscal.

Em 1º de janeiro de 1999, Fernando Henrique assume seu segundo mandato consecutivo. No decorrer do ano, há mudanças na estrutura do governo, sendo a mais importante, a criação do Ministério da Defesa, extinguindo os quatro ministérios militares (Marinha, Exército, Aeronáutica e Estado-Maior).


PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

 


Em 15 de novembro de 1889, o Brasil abandonava o Império e o sistema monárquico para se tornar uma República. Foi uma longa jornada de revoltas populares (algumas ocorridas ainda no período colonial, como a Inconfidência Mineira), crises políticas e pressões de diferentes frentes da sociedade brasileira. 

O processo de Proclamação da República não foi simples, mas marcado por fortes razões e fatos importantes e teve uma característica significativa: o movimento final não contou com a participação dos mais interessados pelo fim da monarquia no Brasil: o povo. 

Em um dia marcante da história brasileira, a National Geographic apresenta quatro fatos para você conhecer a história real de como se deu a Proclamação da República no Brasil.


A insatisfação dos militares das Forças Armadas

Após a Guerra do Paraguai (1864 a 1870), ainda durante o governo monárquico de Dom Pedro 2ª, nas décadas de 1870 e 1880,  os militares estavam descontentes pela falta de reconhecimento, baixos salários, além de uma “incompatibilidade da instituição relativamente moderna e uma ordem social e econômica atrasada no país”, conforme conta o professor de História Econômica da Universidade de São Paulo (USP), Guillaume de Saes, em um artigo no site da Faculdade de Filosofia, Letras, e Ciências Humanas da USP. 

A força do sentimento antimonárquico nos meios militares era forte a ponto de até um general monarquista, como Deodoro da Fonseca, aceitar comandar a ação político-militar que derrubou o trono em 15 de novembro de 1889, no que é considerado por muitos acadêmicos, como os da USP, um golpe militar institucionalizado.

Para outras fontes, como a Encyclopaedia Britannica (plataforma de conhecimento e educação do Reino Unido) a Proclamação da República foi uma conspiração cívica-militar, isso porque a insatisfação dos militares (mais do Exército que da Marinha) foi incentivada por diversos outros grupos da sociedade.

No seu livro “As Barbas do Imperador – D. Pedro 2º, um monarca nos trópicos”, a escritora (membro da Academia Brasileira de Letras), historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz, afirma que “ao que parece, a República não se proclamou ‘no berro’, nem deu Deodoro um grito homólogo ao também suspeito grito do Ipiranga. (…) A República do Brasil não fora proclamada, mas aclamada” pela sociedade em geral. 


 A influência dos movimentos republicanos e políticos

Diferentes grupos da sociedade brasileira estavam descontentes com a forma como a monarquia governava o país. Desde variados movimentos republicanos – com destaque para os republicanos do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul – que atuavam de perto com os militares rebelados, como conta o professor da USP.

O descontentamento da população com o Império crescia por conta da  miséria, corrupção e a falta de liberdade política, o que causava mais desestabilização do regime na década de 1880. Em seu livro “A República Consentida: cultura democrática e científica do final do Império”, a professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC - RJ) e doutora em história social da cultura, Maria Tereza Chaves de Mello, lembra que a formação de associações, confrarias e a imprensa ajudaram a disseminar o pensamento republicano na época, como ela afirma em um artigo no site do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) do Governo Federal.

Alguns partidos políticos também eram simpatizantes da causa, com o Partido Republicano Paulista (PRP), que era um caso curioso, pois representava a classe conservadora dos “barões do café” de São Paulo, que mesmo com a ascensão econômica do grupo, se via prejudicado e desprestigiado pelo Império e apoiavam a República. 

Porém, o PRP era contra a Abolição da Escravidão – que ocorreu em 13 de maio 1888, sob o regime monárquico. E, desde então, o partido buscava se posicionar na nova ordem do Brasil sem escravos e garantir um governo que lhe permitisse mais poder para assegurar seus privilégios. 


O peso da Abolição da Escravatura na Proclamação da República 

A abolição da escravidão foi uma das principais pautas que moveram a sociedade brasileira na década de 1880. A maioria dos abolicionistas era adepta dos ideais republicanos, e a mobilização em defesa do movimento inclinou-se para a implantação da República.

Segundo afirma a Britannica e o professor Guillaume de Saes no site da USP, o colapso do sistema escravista enfraqueceu ainda mais a monarquia, que perdia uma importante base de sustentação. “Ao abolir a escravidão a contragosto em maio de 1888, o Império selava a sua sorte, perdendo o apoio de elites regionais do café pouco integradas e pouco interessadas na manutenção do centralismo político e administrativo”.

O também historiador Luiz Henrique Borges, do Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), ressalta no site da Agência Brasil (agência de comunicação oficial do Governo Federal), que a Abolição da Escravidão foi um dos principais fatores que contribuiram para a tomada do poder vigente no ano seguinte, em 1889 pelos militares. 


A conspiração da República e a saída da família real do Brasil

Pressionado por todos os lados, o governo de D. Pedro 2º estava muito enfraquecido em 1889. Um dos pilares da monarquia brasileira, a Igreja Católica estava insatisfeita com as interferências do Imperador nos assuntos religiosos. Além disso, boa parte da sociedade demandava o estabelecimento do laicismo na política do país, isto é, a transformação do Brasil em um Estado laico, sem interferência de religiões.

Por fim, havia também uma insatisfação a respeito da sucessão do trono. A princesa Isabel (que assinou a Lei Áurea e garantiu o fim da escravidão) não era considerada a pessoa ideal para assumir o trono e a possibilidade de que seu marido, o francês Conde d’Eu, se tornasse imperador também não bem aceita.

No dia 10 de novembro de 1889, um grupo de republicanos foi até a casa do marechal Deodoro da Fonseca para convencê-lo a juntar-se a eles em um movimento para derrubar o Visconde de Ouro Preto, que era o Presidente do Conselho de Ministros do Brasil Império. No grupo estava o jurista, diplomata e político Rui Barbosa, o militar Benjamin Constant e o jurista e jornalista Aristides Lobo.

O marechal foi convencido a aderir ao movimento e no dia 15 de novembro de 1889, no Rio de Janeiro, que era a capital do país na época, o Deodoro da Fonseca liderou o movimento que derrubou o Império. Invadiu o Ministério da Guerra, mandou prender o Visconde de Ouro Preto e proclamou a República. Um ato sem violência, sem qualquer participação civil direta e sem a presença de D. Pedro 2º, que estava  na cidade de Petrópolis (região serrana carioca), como afirma o texto do Ipea.

No mesmo dia, José do Patrocínio, líder abolicionista, redigiu o ato oficial de proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil – como foi denominado o país da época. Foi instalado um governo provisório e, posteriormente, Deodoro da Fonseca assumiria o posto de 1º presidente do país. 

A família real do Brasil foi exilada e mandada para a Europa na madrugada do dia 17 de novembro. O Imperador Dom Pedro 2º estava doente e acamado no dia 15, em Petrópolis, quando soube do movimento e foi ao Rio de Janeiro. À tarde foi avisado da Proclamação da República e dias depois foi obrigado a abdicar do trono e a sair do país com sua família, como relata a Agência Brasil.



CONVEÇÃO DE ITU 1973

 

A Convenção de Itu foi a primeira convenção republicana do Brasil. Foi realizada em 18 de abril de 1873 na cidade paulista de Itu, na residência de Carlos Vasconcelos de Almeida Prado, com a presença do então deputado Prudente de Morais (que seria no futuro o terceiro presidente do Brasil) e representantes republicanos das classes tanto conservadora quanto liberal de várias cidades paulistas.

Na convenção, foi aprovada a criação de uma assembleia de representantes republicanos que se reuniria em São Paulo. Uma comissão designaria os negócios do partido. Participaram 133 convencionais, sendo 78 cafeicultores e 55 de outras profissões, a representar os republicanos de várias cidades paulistas.

A assembleia, presidida pelo agricultor ituano/indaiatubano João Tibiriçá Piratininga, revestiu-se de solenidade, cujas deliberações conclamaram os espíritos para a campanha liberal, que culminaria com a implantação do regime republicano federativo. Dali surgiria o primeiro partido republicano verdadeiramente organizado, que posteriormente se aliaria aos futuros partidos republicanos fluminense e mineiro, bem como aos militares e à igreja católica, culminando com a Proclamação da República do Brasil em 1889.

Vale ressaltar que todos os nobres membros participantes desta gloriosa convenção, eram maçons e donos de escravos. 

Os 133 correligionários (importantes fazendeiros, políticos e comerciantes) e pessoas que se declaravam republicanas se reuniram na casa de Carlos Vasconcellos de Almeida Prado, na Rua Barão do Itaim, onde hoje é o Museu Republicano “Convenção de Itu”.

Durante a Convenção foram estabelecidos os passos seguintes para consolidar o início da campanha republicana em São Paulo, campanha que culminaria vitoriosa em 15 de novembro de 1889, com a Proclamação da República no Brasil. Itu, a convenção foi feita na cidade de Itu, porque a partir de 1850 e durante anos, Itu foi considerada a cidade mais rica da Província de São Paulo, com importante participação na vida política e econômica. O desenvolvimento econômico deu-lhe a condição de maior produtora de cana de açúcar durante o período Imperial. Também teve destaque no ciclo do café, que foi a atividade base do município até 1935, estimulando a vinda de imigrantes, em especial, italianos.

O desenvolvimento econômico deu-lhe a condição de maior produtora de cana de açúcar durante o período Imperial. Também teve destaque no ciclo do café, que foi a atividade base do município até 1935, estimulando a vinda de imigrantes, em especial, italianos.

Alguns ilustres participantes: Américo Brasiliense de Almeida Melo, Bernardino José de Campos Júnior, Américo de Campos, Prudente de Moraes, Manuel Moraes Barros, etc.


sábado, 26 de abril de 2025

DOM PEDRO II

 


Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga; Rio de Janeiro, 2 de dezembro de 1825 – Paris, 5 de dezembro de 1891, viveu por 66 anos. 

Pedro de Alcântara era filho do primeiro imperador do Brasil, d. Pedro I, e de sua primeira esposa, a austríaca d. Maria Leopoldina. Ele foi o filho mais novo desse casal, mas se tornou herdeiro porque seus irmãos mais velhos, Miguel e João Carlos, não sobreviveram à infância. Ele tinha também quatro irmãs, mas a lei de sucessão da monarquia dava a primazia aos filhos.

Pedro cresceu sem a companhia de seus pais, uma vez que sua mãe faleceu quando ele tinha apenas um ano de idade e seu pai abandonou-o para retornar para Portugal, depois que abdicou ao trono em 1831. A infância de Pedro de Alcântara foi então rodeada pelos seus tutores, que cuidaram de sua formação para que ele pudesse assumir o trono quando fosse maior de idade.

Durante a infância, Pedro de Alcântara teve Maria Catarina Equey como ama de leite e d. Mariana Carlota de Verna como sua aia. A segunda foi a principal responsável pela educação do futuro imperador do Brasil. D. Mariana Carlota continuou próxima de Pedro de Alcântara durante toda a sua vida, e ele a chamava carinhosamente de “Dadama”.

A educação de d. Pedro sempre visou ao dia em que ele assumisse o trono do Brasil. A lei brasileira determinava que ele assumiria o trono quando completasse 18 anos, isto é, quando alcançasse a maioridade. Enquanto isso não acontecesse, o país seria governado por regentes, período conhecido como regencial.

Acontece que o período regencial foi bastante conturbado politicamente e uma série de rebeliões pipocaram no território brasileiro. O risco de fragmentação territorial fez com que os políticos se unissem pela antecipação da maioridade de d. Pedro. Ela só aconteceria em 1843, mas essa possibilidade era ventilada desde 1835.

Em 1840, os políticos liberais, insatisfeitos com a regência nas mãos dos conservadores, propuseram ao Senado a antecipação da maioridade do imperador. A proposta foi bem vista também pelos conservadores, pois o monarca era tido como o único capaz de garantir o poder centralizado e a unificação territorial do país.

Em 23 de julho de 1840, Pedro de Alcântara foi considerado maior de idade. A cerimônia de coroação foi realizada no Rio de Janeiro, no dia 18 de julho de 1841, e fez com que ele fosse aclamado e coroado d. Pedro II, imperador do Brasil. Esse evento levou o nome de Golpe da Maioridade porque antecipou a maioridade de d. Pedro para 14 anos.

Tudo começou em 1831, quando Dom Pedro II era uma criança de 5 anos. O Brasil já havia passado pelo processo de independência, mas vivia um cenário de conflitos e severas críticas ao império.

Naquele ano, seu pai Dom Pedro I, então rei do Brasil, desistiu do trono e voltou para Portugal, mas deixou seu filho e herdeiro nas terras brasileiras. Até que Pedro II completasse 18 anos, para enfim tomar seu lugar como imperador do Brasil, o país passou a ser comandado por regentes – grupos políticos. Essa fase ficou conhecida como Período Regencial.

A coroação de Dom Pedro II apareceu como uma solução, para "personificar" o poder e a monarquia, "acalmando os ânimos" da população. O problema é que o príncipe ainda não ainda tinha 18 anos.


Casamento

Logo após assumir, d. Pedro II passou pelo processo de consolidação de seu reinado, no qual ele teve de entender o funcionamento da política e acomodar os interesses. Uma das etapas desse processo foi a de encontrar uma esposa para o imperador. À medida que ele se aproximava dos 18 anos, a questão do casamento tornava-se uma urgência de Estado.

As buscas por uma esposa não foram fáceis pelo fato de o Brasil ser uma monarquia de menor importância, vista como exótica pelos europeus, e pela má fama de d. Pedro I no que se refere à questão da fidelidade. De toda forma, chegou-se ao nome de Teresa Maria Cristina, princesa das Duas Sicílias. D. Pedro II recebeu um retrato enviado pela Corte da princesa, gostou do que viu, e o casamento foi adiante.

Para ela, era uma oportunidade importante porque ela pertencia a uma família real empobrecida que oferecia um dote pequeno. A chance de casar-se com um imperador e de uma monarquia rica era imperdível. Para ele, era uma oportunidade de ligar-se a uma monarquia europeia que tinha descendência Bourbon e Habsburgo.

O casamento aconteceu por procuração em Napóles, em 30 de maio de 1843, e, no dia 3 de setembro do mesmo ano, ela chegou ao Brasil. D. Pedro II recepcionou sua esposa assim que a embarcação que a trouxe chegou ao Rio de Janeiro, mas relatos da época contam da sua decepção ao conhecê-la.

O retrato de Maria Teresa não fora leal à realidade, e, chegando ao Rio de Janeiro, d. Pedro II pôde perceber que ela era obesa, baixa e um pouco manca. Alguns historiadores apontam que a decepção do imperador era evidente, e as historiadoras Lilia Schwarcz e Heloísa Starling afirmam que ele teria chorando de decepção junto de sua aia e seu mordomo|1|. De toda forma, desse casamento nasceram os seguintes filhos: Afonso, Isabel, Leopoldina e Pedro Afonso.


Segundo Reinado

O reinado de d. Pedro II foi o governo mais longo de uma pessoa na história do Brasil, uma vez que o monarca ocupou o trono de 1840 a 1889. Nesse período, d. Pedro II enfrentou grandes desafios, e uma das questões de grande importância se passou na primeira década dele como imperador: a proibição do tráfico negreiro.

Durante o reinado de d. Pedro II, o café se consolidou como principal produto da economia brasileira, desenvolvendo-se na região Sudeste do país. Do ponto de vista da política externa, o reinado de d. Pedro II teve de lidar com as complicadas relações do Brasil com as nações da Bacia do Prata.

As relações brasileiras com Argentina, Uruguai e Paraguai eram complexas, e, por diversas vezes, isso gerou atritos e conflitos entre o Brasil e as nações vizinhas. Um dos locais de maior tensão nas questões diplomáticas foi o Uruguai, e, por conta desse país, o Brasil envolveu-se numa guerra contra a Argentina e noutra contra o Paraguai, e ainda interveio militarmente no país para garantir o alinhamento uruguaio com os interesses brasileiros.

Um desses conflitos foi a Guerra do Paraguai, o maior embate da história da América do Sul, travada entre 1864 e 1870. Essa guerra foi causada pela divergência de interesses do Paraguai e do Brasil na política uruguaia, em questões fronteiriças e na navegação dos rios da Bacia do Prata. O resultado foi uma guerra que destruiu o Paraguai e endividou o Brasil.

A Guerra do Paraguai também permitiu o fortalecimento do Exército brasileiro. A profissionalização dos militares fez com que eles se colocassem como um dos grupos mais insatisfeitos com a monarquia no Brasil. Os militares foram um dos grupos que mais se mobilizaram pela derrubada da monarquia aqui.

Por fim, outra questão importante do reinado de d. Pedro II foi a abolição da escravidão. Os historiadores afirmam que, pessoalmente, d. Pedro II era a favor da causa abolicionista, mas, ainda assim, ele reinou durante quase meio século até que a escravidão fosse abolida, e durante todo esse período, foi leniente com a existência dessa instituição. 

Os últimos anos da vida de d. Pedro II foram marcados por problemas de saúde e pela pouca disposição do imperador para governar. Das décadas de 1870 e 1880, por exemplo, d. Pedro II fez várias viagens que lhe renderam críticas no Brasil. Como a imprensa era livre durante seu reinado, as críticas eram veiculadas com frequência.

No final da década de 1880, sua filha, princesa Isabel, chegou a ficar como regente do Brasil em alguns momentos. A possibilidade de sucessão também não animava muito os súditos, uma vez que a princesa Isabel era vista com desconfiança e seu marido, o francês Conde D’Eu, também não era uma das personalidades mais apreciadas.

A conspiração contra a monarquia ganhou força, iniciando-se no dia 15 de novembro de 1889. Nesse momento, d. Pedro II e sua esposa estavam em Petrópolis, e o imperador não ficou nem um pouco nervoso com os acontecimentos. Ele achava que resolveria as coisas assim que chegasse ao Rio de Janeiro, mas logo ele recebeu a intimação para sair do Brasil.

No dia 17 de novembro de 1889, d. Pedro II, entristecido, embarcava para a Europa. Poucas semanas depois de chegarem ao continente, sua esposa Teresa Cristina faleceu. D. Pedro II passou os últimos anos de sua vida morando em Paris. Na capital francesa, ele faleceu no dia 5 de dezembro de 1891, vítima de uma pneumonia.


sábado, 19 de abril de 2025

DOM PEDRO I - O IMPERADOR ADÚLTERO

 


Fazer a conta de quantas mulheres passaram pela cama de dom Pedro I ao longo de sua curta mas apimentada vida é um desafio temerário. Até porque boa parte de seus casos não veio a público. Basta dizer que 18 filhos seus estão oficialmente registrados, tidos com duas esposas (Leopoldina e Amélia) e cinco amantes.

Ele não costumava perdoar mulheres da mesma família: deu suas escapadas com uma das irmãs da marquesa de Santos, sua amante mais famosa, bem como com a dançarina Noemi Thierry e a irmã da própria.

A marquesa que se chamava Domitila de Castro, originalmente não era de família nobre, só foi ganhando títulos e mais títulos pelas boas graças de Dom Pedro I.

Mas o fato é que o imperador não só trocou cartas apaixonadas com ela durante sete anos (chamava-a de Titília e chegou a dedicar-lhe alguns versos de valor literário duvidoso) como deu cargos e títulos de nobreza para a família inteira de Domitila.

A filha mais velha dos dois ganhou o título de duquesa de Goiás. A mãe da marquesa, dona Escolástica, era chamada de “velha querida do meu coração” pelo imperador. O casal brigou de vez, após uma série de idas e vindas, quando dom Pedro decidiu casar-se novamente, com dona Amélia, então com 17 anos e, ao que consta, uma das princesas mais belas da Europa.

Dona Amélia parece ter sido a única mulher que conseguiu botar um freio no sujeito, embora ele tenha dado suas escapadas durante a fase que passou exilado em Paris.

Pedro e Leopoldina se casaram por procuração no dia 13 de maio de 1817, e ela assumiu o nome de Maria Leopoldina. Ela chegou ao Rio de Janeiro seis meses depois para conhecer o marido e consumar o casamento. O casal teve sete filhos, mas cartas inéditas encontradas no Museu Imperial que deram origem ao livro A Carne e o Sangue (2012, Editora Rocco), da historiadora Mary Del Priore, revelaram que a imperatriz detestava sexo. Embora fosse apaixonada pelo marido, ela acreditava que ele fosse gostar dela por suas qualidades morais, não pela beleza física ou qualidades na cama.

A esposa de Dom Pedro I, Maria Leopoldina da Áustria, teve um casamento infeliz e sofrido. Ela foi a primeira imperatriz do Brasil e desempenhou um papel importante na independência, mas enfrentou a infidelidade e o desprezo do marido, que manteve um longo relacionamento com a Marquesa de Santos. 

Dom Pedro ficou conhecido como um verdadeiro colecionador de amantes,  Dom Pedro I se relacionou com duas irmãs ao mesmo tempo. Enquanto a imperatriz vivia momentos de tristeza, Dom Pedro passou a ter encontros não só com a Marquesa de Santos, mas também com sua irmã, Maria Benedita de Canto e Melo, a baronesa de Sorocaba.

Além do ciúme, outro fator que teria a motivado uma possível briga entre as irmãs foi o fato de que o monarca teria engravidado a baronesa um pouco antes de Domitila descobrir que carregava em seu ventre um progenitor de Demonão.

O comportamento de Dom Pedro para com sua primeira esposa era repudiável em diferentes e diversos sentidos. Além de todo o mal que ele já causava a mulher pelo seu comportamento rotineiro, ele diversas vezes era completamente agressivo com a imperatriz, que vivia solitária.

Em uma carta rara, a imperatriz desabafou sobre a situação do país durante o Dia do Fico. "Meu esposo declarou que ficará aqui; embora pensemos diferentemente em alguns aspectos, é melhor que me cale e observe silenciosamente", escreveu enganosamente ao pai. No entanto, como sabemos através de registros históricos, ela não ficou calada. E agiu como uma estrategista política.

O povo não aceitou o caso extraconjugal do imperador, e a marquesa virou a inimiga número 1 de todos. Quando a imperatriz morreu, pensaram que havia sido Domitila quem a envenenou, e foram até sua casa para apedrejá-la.

Os austríacos também não perdoaram o imperador pelo sofrimento que causou a Leopoldina, e barraram todas as princesas austríacas e alemãs de se casarem com ele. Mergulhado em uma crise política e ciente da necessidade de uma mulher para governar ao seu lado, D. Pedro I teve dificuldade para encontrar uma nova esposa.

Finalmente, conseguiu casar-se a princesa Amélia de Leuchtenberg, filha de Eugênio de Beauharnais, Duque de Leuchtenberg, e da princesa Augusta da Baviera, mas para isso teve de cortar definitivamente todos os laços com Domitila e expulsá-la da corte.

Por conta dos múltiplos casos de adultério, houve um grande desgaste da popularidade de D. Pedro I no Brasil, que culminou na sua abdicação em 1831. Vários fatores contribuíram para essa insatisfação, como o autoritarismo do imperador, a sua ligação com Portugal, e a crescente influência das ideias liberais e republicanas no país.


A FRAUDE DO QUADRO DA INDEPENDÊNCIA

 


O quadro  O grito do Ipiranga ou Independência ou morte e , de Pedro Américo é uma das imagens mais emblemáticas da História do Brasil. A obra foi feita por encomenda do governo da província de São Paulo para ocupar o salão de honra do Monumento do Ipiranga, prédio que estava em construção (atual Museu Paulista/USP).

Pedro Américo a executou em Florença, na Itália, onde residia então, e a descobriu em 1888. É um painel enorme, com 7,60 mx 4,51 m (sem contar a moldura), que foi chumbado na parede do museu. Hoje, como o museu em restauração, a tela não pode ser removida e, mesmo que pudesse, não passaria por nenhuma porta do lugar.


Pintura histórica do século XIX

A pintura de Pedro Américo faz parte da chamada escola romântica , um estilo artístico que vigorou na Europa em meados do século XIX e que teve, entre suas características, a exaltação dos sentimentos nacionalistas. Os temas históricos que glorificaram o passado nacional tornaram-se muito populares. Em suas obras, os pintores procuravam comover o espectador, exaltar a coragem, dignificar e heroicizar os personagens nacionais.

Pedro Américo, que desenhou e viveu na Europa na segunda metade do século XIX, já tinha executado outras pinturas no estilo nacionalista romântico como A Batalha de Campo Grande (1871), Fala do Trono (1873) e Batalha do Avaí (1874). O sucesso de O grito do Ipiranga (1888) foi seguido de muita polêmica pois a obra foi acusada de plágio da tela 1807, Friedland , de Ernest Meissonier, pintado em 1875, apesar de Pedro Américo só vir a conhecer a obra anos depois.

Sendo uma pintura romântica de cunho nacionalista, O grito do Ipiranga glorifica e idealiza o passado usando, para isso, de figuras e composição de cena nem sempre fiel à história. O próprio Sete de Setembro é hoje objeto de discussão por historiadores que têm refletido sobre os dados como uma construção histórica

Além disso, uma obra foi encomendada a Pedro Américo pelo governo da província de São Paulo para o salão de honra do monumento da independência (atual Museu Paulista da USP) que estava, então, em construção. O objetivo era enaltecer a monarquia e a terra paulista como elementos fundadores da nacionalidade brasileira. A pintura nacionalista romântica atendeu a esse propósito e Pedro Américo atendeu ao que lhe foi encomendado.


Descrição do quadro “O grito do Ipiranga”

No centro, em posição mais elevada, está D. Pedro, príncipe regente, montado a cavalo, com uniforme de gala e erguendo a espada [imagem 1].
A comitiva, à direita do príncipe, é formada por dez homens que erguem seus chapéus [imagem 1].
A frente deles, trinta soldados, os “Dragões da Independência”, com uniforme de gala, formam um semicírculo e erguem suas espadas [imagem 2].
Os soldados, foram pegos de surpresa pelo gesto de D. Pedro, o que se percebe pelo movimento dos animais e pelo quinto soldado (da esquerda para a direita) que se apressa para montar o cavalo.   Ao fundo, à direita, outros dois soldados também estão começando a montar seus cavalos.
Próximo a eles, há um civil usando cartola que ergue um guarda-chuva; segundo alguns estudiosos, seria Pedro Américo que se autorretratou no quadro [imagem 3].
À esquerda, três figuras populares: um homem conduzindo um carro de boi carregado de toras de madeira e que olha a cena assustado (ou curioso?); atrás, um outro montado a cavalo e mais ao fundo, um negro conduzindo um jumento que segue de costas ao grupo [imagem 4].
O riacho do Ipiranga está em primeiro plano e suas águas respingam na pata do cavalo [imagem 2].
Um caso, ao fundo à direita, compõe a cena reforçando o caráter rural do lugar; apelidado de “Casa do Grito”, seria um local de pouso para as tropas que viajavam naquele caminho [imagem 3].



Elementos inseridos na pintura para glorificar o passado
Ao receber a encomenda, Pedro Américo pesquisou sobre o Sete de Setembro lendo tudo o que havia sido escrito sobre aquele episódio. Esteve no local onde o fato ocorreu, inspirou a paisagem, seus núcleos e luminosidade no mês de setembro. Informe-se sobre a moda e os trajes usados ​​na época. Fez numerosos rascunhos das figuras e chegou a realizar uma pintura completa, em tamanho menor, para estudar como ficaria o quadro final. Esse estudo faz parte, hoje, do acervo do Ministério das Relações Exteriores e se encontra na sala D. Pedro I, no Palácio Itamaraty em Brasília.
Não bastava, porém, reproduzir a suposta realidade do momento. A pintura encomendada tinha um objetivo claro: enaltecer a monarquia e seu primeiro imperador, e glorificar a independência como marco fundador da nacionalidade brasileira. Para isso, Pedro Américo inseriu em sua obra:
Cavalos: animais imponentes, era a montaria dos militares e dos nobres. Na realidade, porém, D. Pedro e seus acompanhantes fizeram o caminho do litoral ao planalto paulista em mulas e jumentos, o meio mais seguro de se viajar naquela estrada íngreme e em zigue-zague.
Comitiva numerosa: nesse trecho da viagem, a comitiva de D. Pedro foi formada por poucos membros e não quarenta pessoas.
Uniformes de gala: D. Pedro I e sua guarda não viajavam vestidos com uniformes de gala, preferiam trajes mais simples e confortáveis. 
Dragões da Independência: ainda existiam na época que só foram criados um ano após a independência por D. Pedro I.
Postura de D. Pedro: é provável que o príncipe regente estivesse com uma aparência tão sadia e em posição ereta uma vez que, naquele momento, estava sentindo fortes cólicas causadas pelo cansaço da longa viagem ou pelo jantar na noite anterior [imagem 5].
Casa do Grito: não existia na época; o caso retratado no quadro foi construído por volta de 1884, portanto muito tempo depois da proclamação da independência.
Ele próprio: Pedro Américo não poderia estar no quadro. Ele nasceu em 1843, muito tempo depois da independência, em 1822. Quando a pintura foi realizada, entre 1885 e 1888, sequer existiram testemunhas do Sete de Setembro.
 A idealização do fato histórico
“A realidade inspira, mas não escraviza o pintor” , disse Pedro Américo sobre sua obra. Na verdade, ela não tem a intenção de ser uma fotografia do passado. A arte não é um retrato fiel e indelével da História. Trata-se de imagem idealizada que faz uma representação heroica do passado e exalta a monarquia (naquele momento, em franco declínio, às vésperas da proclamação da República).
Além disso, Pedro Américo foi um artista formado segundo as convenções da arte europeia e vivendo em um ambiente marcado pelo nacionalismo e militarismo do século XIX.
Seu quadro recebeu essas influências que transparecem no caráter militarista e majestoso da composição: soldados perfilados, espadas erguidas, uniformes de gala, cavalos garbosos com belos arreios e selas – elementos que dignificam e dão imponência ao episódio retratado.
O Príncipe é uma figura de destaque: no centro e na parte mais elevada, ele ergue a espada passando a ideia de líder vitorioso, como se ele fosse o único responsável pela independência. É dele que faz parte do “grito”, praticamente uma ordem militar que é imediatamente acatada por todos que o acompanham.
Aliás, o nome da tela O grito do Ipiranga já é indicativo da visão autoritária e personalista sobre o fato retratado, diferente do quadro de François-René Moreaux, A proclamação da independência , de 1844 .
A casa de pouso, o carroceiro e outras figuras populares fazem um tímido contraponto à atmosfera militar e ufanista do quadro. São figuras secundárias, decorativas, que auxiliam à cena. Não são protagonistas e, nem sequer partidárias. São inertes. A independência não mudou suas vidas, o que não deixa de ser verdade. Talvez essa seja a mensagem principal de  O grito do Ipiranga .

Fonte
BASTOS, Lúcia. Nem as margens ouviram . O Grito do Ipiranga não teve nenhuma repercussão na época. Revista de História, 16/09/2009.
CAMPOFIORITO, Quirino. História da pintura brasileira no século XIX . Rio de Janeiro: Pinakotheke, 1983.
OLIVEIRA, Cecília Helena de Salles & MATTOS, Claudia Valladão de. O brado do Ipiranga . São Paulo: Edusp, 1999.
A invenção do grito . Revista de História, 19/09/2007.
SHLICHTA, Consuelo Alcioni BD Independência ou morte (1888), de Pedro Américo : a pintura histórica e a elaboração de uma certidão visual para a nação. Anpuh, XXV Simpósio Nacional de História, Fortaleza, 2009.
CARVALHO, José Murilo de. Os esplendores da imortalidade . Folha On-line. Brasil 500. 26.12.1999.

A INDEPENDÊNCIA COMPRADA $

 


A Independência do Brasil foi um acordo financeiro feito entre Dom Pedro I e seu pai o Rei Dom João VI, onde foi feito um tratado para se estabelecer a Independência do Brasil. O nome deste tratado é; Tratado de Paz e Amizade.

O Tratado de Paz, Amizade e Aliança (também conhecido como Tratado do Rio de Janeiro) foi um tratado assinado entre Brasil e Portugal no dia 29 de agosto de 1825. Esse tratado foi assinado pela mediação do Reino Unido e garantiu que Portugal reconhecesse a independência do Brasil de maneira oficial.

O senhor de escravos e principal artificie do tratado por parte do Brasil, Felisberto Caldeira Brandt, fez com que a Inglaterra reconhecesse a independência sem obrigar o Brasil a abolir a escravidão. Ele conseguiu. Para Portugal, o Brasil pagou mais de dois milhões de libras e a melhor parte: precisou assumir a dívida que Portugal tinha com a Inglaterra. Assim, anote aí e não perca as contas: a Independência virou negócio fechado quando Caldeira Brandt fez um empréstimo de 3.686.200 de libras junto aos bancos Barings e Rothschild, com juros de 5% ao ano. No mesmo século, diversas companhias ferroviárias brasileiras financiaram suas expansões com empréstimos obtidos no banco. Hoje conhecido como Rothschild & Co, ele é presidido por Alexandre de Rothschild, pentano de Mayer Amschel.

Contrato de empréstimo de 3 milhões de libras esterlinas entre Dom Pedro, Imperador do Brasil e Nathan Mayer Rothschild de 1824. Acervo do Arquivo Rothschild, Londres 

" 3.000.000 de Libras Esterlinas para o Serviço do Império Brasileiro. Considerando Dom Pedro, pela Graça de Deus, e Proclamação unânime de Seu Povo, Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo dos Brasis, etc. etc. etc., com o Seu Conselho de Estado, resolveu levantar um empréstimo na Europa, no valor de três milhões de libras esterlinas, para o serviço de Seu Império."

A Presença dos Rothschild no Brasil data de 1808, quando Comerciantes ingleses se estabeleceram no Rio de Janeiro após a vinda da Corte Portuguesa. Entre eles estavam agentes financeiros de Rothschild, os Judeus Denis (David) Moses Samuel, um irmão mais novo de S. M. Samuel, e Alfred (Abraham) Phillips, sobrinho de Esther Phillips Samuel, Cunhada de Nathan Rothschild.

Quando o rei de Portugal foi forçado a regressar a Lisboa em 1821, após um

ausência de quatorze anos, deixou o filho mais velho Pedro como regente do Brasil. No final de 1822 com o Príncipe Regente tornando-se Imperador Pedro I. O Agente financeiro de  Nathan Rothschild, Samuel Phillips & Co. manteve estreitas relações pessoais tanto com a família imperial quanto com os ministros de gabinete da nova nação.

Nesse período surgiu avalanche de emissões de títulos pelos novos governos latino-americanos. As guerras de independência hispano-americanas foram o ímpeto óbvio para isso: elas resultaram no surgimento de novos estados que antes eram colônias espanholas e portuguesas. Pouco se sabia sobre esses novos países, mas rumores apontavam para sua enorme riqueza. Isso foi o suficiente para despertar entusiasmo entre investidores e credores britânicos.

As finanças do novo Império do Brasil estavam precárias na melhor das hipóteses, e a firma de Samuel Phillips & Co. se mostrou ansiosa para lucrar com essa situação. Já em outubro de 1822, a empresa havia sugerido a Rothschild, o acordo de um empréstimo do governo com juros abusivos de 9 a 12%. O Banqueiro Nathan Rothschild, então o homem mais rico do mundo, embora cauteloso sobre investimentos sul-americanos, logo se interessou pelo novo estado brasileiro. Assim que soube da Coroação de Dom Pedro I ofereceu um empréstimo ao Brasil já em 1823 de  £2,000,000 de libras para pagar os custos da Guerra com Portugal na Bahia. 

Rothschild tornou-se o principal agente Financeiro do governo brasileiro em Londres, pagando os dividendos semestrais sobre os empréstimos e atuando como banqueiro do enviado brasileiro em Londres.  Foi Nathan Rothschild  o grande influenciador das negociações do Reconhecimento da Independência do Brasil por Portugal em 1825. 

O primeiro grande empréstimo externo do Brasil foi obtido em 1824, no valor de £ 325482 milhões de libras esterlinas e ficou conhecido como "empréstimo da Independência", destinado a cobrir dívidas com a coroa portuguesa e na prática significava o pagamento a Portugal pelo reconhecimento da independência. No final de sua vida em 1836, Nathan mayer Rothschild entrou em conflito com o Governo Brasileiro e seus agentes no Rio de Janeiro a cerca dos atrasos de pagamento dos juros dos empréstimos. 

O Brasil porém continuaria dependente de empréstimos externos e continuaria com dificuldades para quitar o principal desses empréstimos.  Rothschild  e seus agentes lucraram cerca de 87 milhões por ano só com suas ações financeiros no Brasil. 

A dívida soberana do Brasil era uma questão por excelência dos Rothschilds. O banco subscreveu dois empréstimos na década de 1820, pouco depois da independência do país de Portugal. Na década de 1850, o governo nomeou o banco como seu agente financeiro na Europa, uma função que incluía um monopólio de subscrição de dívida que durou até 1908. O Brasil não teria sido capaz de tomar empréstimos na medida e na taxa que conseguiu se não tivesse sido associado aos Rothschilds.

Depois de quatro anos de conflito, Portugal finalmente reconheceu a independência do Brasil, e em 29 de agosto de 1825 foi assinado o Tratado de Amizade e Aliança firmado entre Brasil e Portugal. Em troca do reconhecimento como estado soberano, o Brasil se comprometeu a pagar ao Reino de Portugal uma indenização substancial e assinar um tratado de comércio com o Reino Unido como indenização por sua mediação.


Fonte: Rothschilds and Brazil: An Introduction to Sources in the Rothschild Archive. Caroline Shaw/ Rothschilds' Tropical Empire: Brazil, 1822–1889

Texto de Beazil Imperial - https://www.facebook.com/BrazilImperiu


A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL II



Em fins de 1821, a Maçonaria Brasileira estava cindida em duas ordens: a “Azul” e a “Vermelha”. A Grande Loja da Maçonaria “Azul” teria membros em São Paulo. No Rio de Janeiro funcionavam, então, já separadas, as Lojas da Maçonaria “Azul” e da Maçonaria “Vermelha”. Esta chefiada por Joaquim Gonçalves Ledo, Cônego Januário da Cunha Barbosa, José Clemente Pereira, entre outros. Aquela tinha à sua frente José Joaquim da Rocha, José Mariano de Azeredo Coutinho, Antônio e Luís de Meneses Vasconcelos Drummond, Pedro Dias Paes Leme, entre outros. Não havia nítida separação entre os irmãos maçons: muitos de tendência “vermelha”, isto é, republicanos, achavam-se nas lojas “Azuis”, rente aos monarquistas, e vice-versa. Outros faziam-no por espionagem. Mesmo assim encontramos um ou outro irmão “Vermelho” em loja “Azul”, ou irmão “Azul” em loja “Vermelha”, porque isso interessava ao jogo político.

Ao mesmo tempo foi fundado, na casa do maçom José Joaquim da Rocha, na Rua da Ajuda, o “Clube da Resistência”, depois transformado no “Clube da Independência”. As tratativas iniciais tinham como objetivo sensibilizar D. Pedro para resistir ao comando das Cortes, convidar o Presidente do Senado, o maçom José Clemente Pereira, a aderir ao movimento, bem como ampliar os contados com maçons de Minas Gerais e São Paulo. Longe dos olhos das autoridades, outras reuniões de cunho maçônico eram realizadas tanto no Clube quanto no Convento de Santo Antônio, organizadas pelo Frei Francisco Sampaio.

Com a reinstalação da Loja “Comércio e Artes”, em 1821, quando obteve liberdade de atuação, a maçonaria conheceu grande expansão no Brasil, principalmente na cidade do Rio de Janeiro. Com o tema da “independência” na pauta de todas as reuniões, fazia-se agitação e proselitismo em favor da ideia. Alguns membros, como o liberal radical Ledo, eram partidários de uma independência democrática e republicana. Ledo chefiava a “Maçonaria Vermelha”, em contraposição ao grupo simpático à “Maçonaria Azul”, que defendia a proposta de uma monarquia constitucional parlamentar. Em comum, os grupos tinham o absolutismo como inimigo, e o liberalismo e a representação do povo no legislativo como princípios fundamentais.

A partir de outubro daquele ano, começaram a aparecer pelas ruas do Rio de Janeiro panfletos denunciando as intenções das Cortes e concitando o príncipe a assumir a direção do movimento em defesa da autonomia do país. Segundo historiadores, a propaganda deflagrada pela maçonaria “vermelha” era, sim, para separar politicamente o Brasil de Portugal, pois a independência já fora considerada conquistada, desde 1815, quando da elevação da colônia a Reino Unido de Portugal e Algarves. Para esse grupo, com a separação, surgiria fatalmente a república, pois não havia no Brasil uma monarquia própria.

Apesar de, em 1822, a cidade de São Paulo possuir alguns maçons, eles não eram em número suficiente para formar uma Loja, diferente do Rio de Janeiro, que contava com a Loja Comercio e Arte. Seu fundador, Joaquim Gonçalves Ledo, em apaixonado discurso pronunciado em reunião do Grande Oriente do Brasil, dirigido ao então Regente, a 20 de agosto, incitou-o, em nome da Maçonaria, a dissolver os laços que nos uniam a Portugal. Alguns meses antes, cientes de que sem o apoio de São Paulo e Minas Gerais não haveria independência, a Loja carioca tinha enviado Paulo Barbosa para Minas e Pedro Dias Paes Leme para São Paulo, aonde chegou no início de dezembro de 1821, para medir os ânimos paulistas.

Em meio às tensões, sondado sobre se atenderia ao pedido dos povos do Brasil para permanecer deste lado do Atlântico, D. Pedro respondeu que sim e, em cartas ao pai, dava conta do andamento da situação, de sua disfarçada atuação nela, os dos fatos que se precipitavam. No Rio de Janeiro começou a receber assinaturas para que não partisse. Os apoios de Minas Gerais e São Paulo logo chegariam. O governo paulista, quanto a Câmara Municipal, desde que tomaram ciência dos decretos resolveram escrever ao Príncipe e mais. Resolveram propor uma ação conjunta com Minas. Na deputação incumbida de se entender com o D. Pedro, nomeada no dia 22, encontrava-se Martim Francisco. Para essa província, foi despachado Pedro Dias Pais Leme que chegou a cidade numa noite chuvosa de 23 de dezembro levando a mensagem da capital. Ela era clara. A capital e o próprio Regente eram pela permanência no Brasil. Bonifácio encontrava-se acamado, atacado de erisipela.

Três representações foram então encaminhadas a D. Pedro, rogando a sua permanência no Brasil e o descumprimento aos Decretos 124 e 125. A representação dos fluminenses foi redigida pelo Frei Francisco Sampaio, Orador da Loja “Comércio e Artes”. A dos mineiros foi liderada pelo mesmo Pedro Dias, maçom e amigo de D. Pedro. De São Paulo, Bonifácio, presidente da junta governativa enviou um documento, em 24 de dezembro de 1821, no qual criticava duramente a decisão das Cortes de Lisboa.


Texto de Mary del Priore.

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

 




A Independência do Brasil começa nas lojas maçônicas  "Comércio e Artes" e "União e Tranquilidade", na cidade do Rio de Janeiro.

De acordo com a história maçônica, no dia 20 de Agosto de 1822 aconteceu uma sessão histórica entre as Lojas de Maçonaria "Comércio e Artes" e "União e Tranquilidade".

Na ocasião, o Irmão Gonçalves Ledo teria feito um discurso emocionante e inspirador, pedindo a Independência do Brasil ainda naquele ano.

A ideia de Gonçalves foi aprovada por todos os irmãos naquela reunião e registrada na ata do Calendário Maçônico no 20º dia, do 6º mês do ano da Verdadeira Luz de 5.822.

Esta data, convertida para o calendário gregoriano (o que é usado na maioria dos países ocidentais), seria equivalente ao dia 20 de Agosto de 1822.

Teria sido por impulso da sociedade maçônica que o Príncipe Regente Dom Pedro I teria proclamado a Independência do Brasil no dia 7 de Setembro de 1822 (menos de um mês depois da grande reunião no Rio de Janeiro).

A data oficial foi registrada no artigo 179 da Constituição do Grande Oriente do Brasil, tornando o dia 20 de Agosto o Dia do Maçom Brasileiro.

O 20 de agosto é comemorado como o Dia do Maçom no Brasil, e esta data tem uma relação significativa com a Independência do Brasil. A fundação do Grande Oriente do Brasil (GOB), em 1822, por meio da fusão das lojas Esperança, Comércio e Artes, União e Tranquilidade, é o evento que marca esta data. José Bonifácio de Andrada e Silva, figura chave na Independência, foi o primeiro grão-mestre do GOB - Grande Oriente do Brasil.

A maçonaria desempenhou um papel importante na Independência do Brasil, influenciando decisões e apojando a proclamação da independência. O discurso proferido por Joaquim Gonçalves Ledo, um maçom e jornalista, em 1822, em defesa da independência, também é associado a esta data. Além disso, a Revolução Pernambucana, em 1817, também foi um movimento liderado por maçons que antecedeu a Independência,

Dom Pedro I pediu ajuda à ordem para declarar a independência. No dia 13 de julho de 1822, o imperador foi aceito pela ordem e no dia 2 de agosto daquele mesmo ano, foi iniciado na maçonaria. Depois do ritual, foi nomeado em homenagem ao último rei asteca, sendo chamado pelo codinome Pedro Guatimozim, o nome também conhecido como Cuauhtémoc ou Cuauhtemotzin, era o último tlatoani (rei) de Tenochtitlán, a capital do Império Asteca. Ele governou a região durante a conquista espanhola e foi um líder importante na resistência asteca contra os invasores europeus.

Dom Pedro I foi oficialmente iniciado maçom na Loja Comércio e Artes da Idade do Ouro nº1 e posteriormente foi grão-mestre em 7 de outubro no lugar do próprio José Bonifácio.

A atividade maçónica no Brasil vinha se acentuando desde o entardecer do século XVIII. Foi muito silenciosa até 1815, 

quando se fundou a famosa Loja Comércio e Artes. Em 1821, montava-se o Poder Maçónico brasileiro no Rio e em 1822 fundava-se, afinal, o Grande Oriente do Brasil. E, segundo Gonçalves Lêdo e José Bonifácio, é de crer que a primeira loja maçónica regular no Brasil foi a Reunião, estabelecida em 1801. 

Na sua atuação a prol da independência, a Maçonaria procurou condicioná-la a uma verdadeira transação entre os elementos nacionais conservadores e os mais revolucionários. Êstes Queriam logo a república. Aqueles a repeliam. Daí se tomar como base a permanência da dinastia bragantina num império 

constitucional e democrático. A república viria a seu tempo, como veio, coroando a obra da Maçonaria em 1889.

José Bonifácio, conhecido como "O Patriarca da Independência" foi um dos fundadores da Maçonaria do Brasil, sendo o primeiro Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil Chamado de "Pitágoras" dentro da Maçonaria, e da sociedade secreta "Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz", Bonifácio proclamou Dom Pedro I (com o nome de Pedro Guatimozim) a Grão Mestre da Maçonaria as vésperas da Independência do Brasil.

A História do Imperador Dom Pedro I na Maçonaria começa no dia 02 de junho de 1822, na fundação do 'Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz', o príncipe regente recebeu o título de Arconte-Rei, conforme proposto por José Bonifácio.

No dia 22 de junho, assumiu a chefia da 'loja'. O Grande Oriente, chamou-o no dia 13 de julho do mesmo ano. E, no dia 16 de Julho foi eleito Mestre, conforme proposta de Gonçalves Ledo. Empossou-se como Grão-Mestre na mesma noite após o "grito do Ipiranga".

Aliás Quando D. Pedro I empunhou a espada e gritou o lema “Independência ou Morte”, que vem dos dizeres Maçônicos: "União e Liberdade , Independência ou Morte" realizava em público o que já havia sido resolvido nos subterrâneos. A Independência política já havia sido proclamada na Maçonaria, na sessão de 20 de agosto de 1822.

Diziam os do "Apostolado" que Dom Pedro I era influenciado por José Bonifácio que defendia um governo aos moldes da Monarquia Maçônica Inglesa (A Azul): “Nós queremos a independência sob a forma de Regime Monárquico"

Após a proclamação da Independência do Brasil em 1822, a maçonaria brasileira, que a foi protagonista nesse processo, está, estava longe de ser uma entidade unificada. 

José Bonifácio, Grão Mestre do Grande Oriente Brasílico, e líder da Maçonaria Conservadora, inicialmente não pensava em independência do Brasil e sim em manter o Reino Unido com Portugal, com maior probabilidade de autonomia do Brasil, sede de um poderoso Império luso-brasileiro, já Gonçalves Ledo, e o Cônego Januário da Cunha Barbosa, líderes dos Maçons Liberais, alimentava o rompimento imediato com a Metrópole. A derrota de Bonifácio em manter o Reino Unido foi o estopim para se antagonizar com Gonçalves Ledo.  

Conservador, Bonifácio foi o responsável pela implacável perseguição a Gonçalves Ledo, ardoroso liberal, logo após a proclamação da independência, pois Ledo havia conspirado para anular o poder de Bonifácio

Bonifácio acusou o Grão Oriente de conspirar contra a Monarquia, e de articular um plano para matar Dom Pedro I e implantar uma República Brasileira.  

O Imperador passa então a apoiar Bonifácio, e inicia-se, então, o período de perseguição aos maçons partidários de Gonçalves Ledo. O Cônego Januário Barbosa foi preso, além de numerosos outros maçons, e mesmo Gonçalves Ledo foi obrigado a fugir para Niterói, para posteriormente buscar asilo em Buenos Aires. 

Com a vitória dos partidários de José Bonifácio, os membros do Apostolado (Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz) passaram a dominar a Assembléia Constituinte, instalada em 3 de maio de 1823. Porém logo depois, devido a conflitos com a criação da Constituição, José Bonifácio e seus seguidores foram presos e desterrados para a França. 

Anos depois José Bonifácio reconciliou-se com o imperador, voltando ao Brasil em 1829, passou a receber pensão anual do governo, para indenizá-lo dos salários que perdera durante a Independência. 

A luta entre o soberano e as facções maçónicas continuou daí por diante sem remissão até a queda de Sua Majestade na madrugada de 7 de abril de 1831, provocada por aquêles mesmos liberais exaltados que já pensavam em república. Um de seus jornais dizia nessa ocasião estas palavras significativas; “O perjuro abdicou. Devemo-lo deixar partir em paz, podendo êle colher livremente os frutos das traições cometidas contra nós”. 

O grito; "Independência ou Morte" na verdade não é um grito, e sim uma reunião Maçônica ocorrida no dia 20 de Agosto de 1822.

Ao se aproximar do riacho do Ipiranga, às 16h30 de 7 de setembro de 1822, o príncipe regente, futuro imperador do Brasil e rei de Portugal, estava com dor de barriga, tendo um quadro grave de diarreia.

Se houve um grito no Ipiranga, não foi de independência, e sim de disenteria.


Fonte: Independência ou Morte: um grito que saiu de dentro dos templos maçônicos – Elmo Machado Azevedo – Gazeta do Maçom – pág. 19. Edição Independência do Brasil Setembro 2010./As Quatro Coroas de D. Pedro I - Sérgio Corrêa da Costa

Fonte: Projetos para o Brasil de Miriam Dolhnikoff/ Dom Pedro II, vínculos com o Judaísmo/ José Bonifácio, de Miriam Dolhnikoff./Judeus no Brasil Imperial. de Egon Wolf