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domingo, 23 de junho de 2024

REFORMA RELIGIOSA - WILLIAM TYNDALE

 



William Tyndale (também chamado de Tindall ou Tyndall; Gloucestershire, Inglaterra, c. 1484 - perto de Bruxelas, Dezessete Províncias, 6 de outubro de 1536)=52, foi um estudioso inglês, que se tornou uma figura de liderança na Reforma protestante nos anos que antecederam sua execução. Ele é conhecido como tradutor da Bíblia para o inglês, influenciado pelas obras de Erasmo de Rotterdam e Martinho Lutero.

Uma série de traduções parciais para o inglês foram feitas a partir do século VII em diante, mas o furor religioso causado pela Bíblia de Wycliffe no final do século XIV levou à pena de morte para qualquer pessoa encontrada em posse não licenciada das Escrituras em inglês, embora as traduções estivessem disponíveis em outras línguas europeias importantes.

Tyndale viu a publicação da gramática hebraica de Reuchlin em 1506. A língua grega estava disponível para a comunidade acadêmica europeia pela primeira vez em séculos, por receber intelectuais de língua grega e textos vindos após a queda de Constantinopla em 1453. Notavelmente, Erasmo compilou, editou e publicou as Escrituras Gregas em 1516. A Bíblia Alemã de Lutero apareceu em 1522.

Tradução da Bíblia e suas consequências

A tradução de Tyndale foi a primeira Bíblia em inglês a extrair diretamente de textos hebraicos e gregos, foi a primeira tradução em inglês a aproveitar as vantagens da prensa móvel, a primeira das novas Bíblias em inglês da Reforma e a primeira tradução em inglês a usar Jeová ("Iehouah") como o nome de Deus, conforme preferido pelos reformadores protestantes ingleses. Foi considerado um desafio direto à hegemonia tanto da Igreja Católica quanto das leis da Inglaterra que mantêm a posição da Igreja. Em 1524, com o apoio de ricos comerciantes de Londres, foi para a Alemanha, completando sua tradução do Novo Testamento no ano seguinte. Para isso, Tyndale leu as traduções para o latim feitas por Erasmo de Rotterdam e também as de Lutero, para o que aprendeu alemão. A sua tradução foi impressa em Colônia, com as primeiras edições sendo contrabandeadas para a Inglaterra em 1526. Tyndale também iniciou uma tradução do Antigo Testamento, mas foi preso antes de terminar.

Uma cópia de The Obedience of a Christian Man de Tyndale (1528), que alguns afirmam ou interpretam para argumentar que o rei de um país deveria ser o chefe da igreja daquele país e não o Papa, caiu nas mãos do rei inglês Henrique VIII, fornecendo uma justificativa para quebrar a Igreja na Inglaterra da Igreja Católica em 1534. Em 1530, Tyndale escreveu The Practyse of Prelates, opondo-se à anulação de Henrique de seu próprio casamento, alegando que isso infringia as Escrituras. Fugindo da Inglaterra, Tyndale buscou refúgio no território flamengo do imperador católico Carlos V. Em 1535, Tyndale foi detido e encarcerado no castelo de Vilvoorde (Filford) fora de Bruxelas por mais de um ano. Em 1536, ele foi condenado por heresia e executado por estrangulamento, após o que seu corpo foi queimado na fogueira. Sua última oração foi que os olhos do rei da Inglaterra fossem abertos; isso pareceu encontrar seu cumprimento apenas um ano depois, com a autorização de Henrique VIII para tradução da Bíblia de Mateus, que era em grande parte obra do próprio Tyndale, com seções ausentes traduzidas por John Rogers e Miles Coverdale.

A tradução da Bíblia feita por Tyndale foi usada em traduções inglesas subsequentes, incluindo a Grande Bíblia (1539) e a Bíblia dos Bispos (1568), autorizadas pela Igreja da Inglaterra. Em 1611, após sete anos de trabalho, os 47 estudiosos que produziram a Bíblia do Rei Jaime e se basearam significativamente no trabalho original de Tyndale e nas outras traduções que descendiam dele. Conseqüentemente, o trabalho de Tyndale continuou a desempenhar um papel fundamental na disseminação das idéias da Reforma por todo o mundo de língua inglesa e, eventualmente, por todo o Império Britânico. Em 2002, Tyndale ficou em 26º lugar na enquete da BBC com os 100 maiores britânicos.

Trabalhos impressos

Embora mais conhecido por sua tradução da Bíblia, Tyndale também foi um escritor e tradutor ativo. Além de focar nas maneiras como a religião deveria ser vivida, ele se concentrava nas questões políticas.

Embora mais conhecido por sua tradução da Bíblia, Tyndale também foi um escritor e tradutor ativo. Além de focar nas maneiras como a religião deveria ser vivida, ele se concentrava nas questões políticas.


Referências Bibliográficas

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REFORMA RELIGIOSA - GIROLAMO SAVONAROLA


 

Girolamo Savonarola (Ferrara, 21 de setembro de 1452 — Florença, 23 de maio de 1498)=46, cujo nome é por vezes traduzido como Jerônimo Savonarola ou Hieronymous Savonarola, foi um padre dominicano e pregador na Florença renascentista que ficou conhecido por supostas profecias, pela destruição de objetos de arte e artigos de origem secular e seus apelos de reforma da igreja católica.

Savonarola veio de uma antiga e tradicional família de Ferrara. Devotou-se ao estudo da filosofia e medicina e em 1474, durante uma viagem a Faenza, ouviu um sermão proferido por um padre agostiniano, que o fez resolver renunciar ao mundo, incorporando-se à ordem dominicana na Bolonha sem o conhecimento de seus pais.

Savonarola denominava-se um profeta (Diferente das conotações atuais, na idade média o termo profeta era aplicado a políticos e religiosos que, segundo as crenças, podiam interpretar os eventos do mundo como sinais da vontade divina) e escreveu sobre suas supostas visões em seu Compendium Revelationum, em que ele associava a corrupção do clero com um dilúvio de pecados e libertinagem e o rei Carlos VIII da França a um "novo Ciro". Quando a França invadiu a Itália e ameaçou intervir em Florença em 1494, essas profecias pareceram se realizar e Savonarola conseguiu suporte público para afastar os Médici do poder e declarar Florença uma "república popular".

Em 1495, quando Florença recusou participar da Santa Liga junto ao Vaticano para se opôr à invasão francesa, Savonarola foi convocado a Roma pelo papa Alexandre VI. Savonarola recusou a convocação e prosseguiu a desafiar o papa, pregando sob uma proibição, declarando Florença uma nova Jerusalém: o novo centro do cristianismo no mundo, e começando uma campanha puritana que é lembrada especialmente em virtude das suas recorrentes "fogueiras das vaidades". Nesses eventos, obras de arte, livros e outros objetos que eram considerados produtos da vaidade humana, luxo desnecessário ou de natureza imoral eram coletados e queimados publicamente. Obras de Ovídio, Propertius, Dante, Boccaccio, Botticelli e Lorenzo di Credi, entre outros, foram queimadas nesses eventos, que por sua vez não passaram despercebidos pelo Vaticano. Em retaliação, o papa excomungou Savonarola em maio de 1497, e ameaçou uma interdição em Florença.

Uma Ordália foi proposta por um pregador rival em Florença em 1498 para testar a investidura divina de Savonarola, o que resultou em um fiasco e reverteu a opinião popular contra ele, sendo Savonarola preso com mais dois frades seus aliados. Uma Ordália ou Ordálio era uma prova processual ordenada por um juiz para determinar se o acusado era culpado ou inocente da prática de um crime.

Sob tortura, Savonarola confessou que havia inventado suas visões e profecias e, em 23 de maio de 1498, a igreja católica e as autoridades civis condenaram os três frades à morte por enforcamento e a serem queimados em praça pública. No entanto, é importante notar que a confissão de Savonarola sob tortura pode ter sido obtida de forma coercitiva e, portanto, não pode ser considerada completamente confiável. Além disso, muitas das visões e profecias atribuídas a Savonarola são ainda objeto de debate e interpretação por historiadores e estudiosos da época.

Durante sua campanha reformadora, Savonarola recebeu apoio de jovens seguidores que passaram a ser conhecidos como "piagnoni", que tentaram manter a sua política durante o século seguinte, mas o movimento foi afinal desmantelado pelo restabelecimento dos Médici no poder.

Sentindo profundamente a perda de valores trazida pelo ideário do Renascimento, como é evidente do poema No declínio da igreja, que escreveu no primeiro ano de sua vida monástica, fortaleceu-se com a instrução dos noviços no mosteiro, em Bolonha, e começou a escrever os tratados filosóficos baseados em Aristóteles e em Tomás de Aquino. Em 1481, foi designado por seu superior para pregar em Florença. Nesse centro do Renascimento, opôs-se imediatamente à vida pagã e frequentemente contra a imoralidade prevalecente em muitas classes da sociedade, em especial na corte de Lourenço de Médici.

Em 1489, Savonarola retornou a Florença, que seria o cenário de seus trabalhos futuros e sua queda.

Em agosto de 1490, Savonarola começou seus sermões no púlpito da igreja de São Marcos, com a interpretação do Apocalipse. Seus sermões fizeram sucesso, exercendo uma influência crescente sobre o povo. Apesar de sua ascensão no Mosteiro de São Marcos, ele deixou manifesta a sua crítica quanto ao governo da cidade, faltando à visita a Lourenço de Médici — embora os Médici se mostrassem sempre mecenas generosos do mosteiro.

Reforma interna do mosteiro

Nesse período, Savonarola começou a reforma interna do mosteiro, quando São Marcos e outros mosteiros de Toscana foram separados da congregação da Lombardia. Savonarola começou a criticar a imoralidade, a vida de prazeres dos florentinos, enquanto pregava que a população voltasse à vida da virtude cristã. Seus sermões e sua personalidade causavam um profundo impacto na população.

Savonarola intensificou suas críticas, agora contra os abusos na vida eclesiástica, da imoralidade de grande parte do clero — sobretudo a vida imoral de muitos membros da Cúria romana —, dos príncipes e dos cortesãos. Em termos proféticos, passou a anunciar o juízo final, numa alusão a Carlos VIII, o rei de França, que tinha entrado na Itália e estava avançando contra Florença.

Vida moral regenerada

Cristo foi considerado o rei de Florença e protetor de suas liberdades. Um grande conselho, com representantes de todos os cidadãos passou a governar a república e a lei de Cristo deveria ser a base da vida política e social. Savonarola não interferiu diretamente na política e nos casos de estado, mas seus ensinos e suas ideias eram absorvidos, fazendo com que a vida moral dos cidadãos fosse regenerada. Muitas pessoas trouxeram artigos de luxo, que foram queimados publicamente. Uma irmandade foi fundada por Savonarola para incentivar uma vida piedosa e cristã entre seus membros.

Conflito com o papa Alexandre VI

Esses esforços de Savonarola vieram a gerar conflito com Alexandre VI. O papa, como todos os príncipes de cidades italianas, à exceção de Florença, era um oponente da política francesa. Além disso, Carlos VIII o tinha ameaçado freqüentemente com a convocação de um concílio em oposição. Além disso, o pregador dominicano falava com violência crescente contra o papa e a Cúria. Os fatos terminaram por precipitar a exigência papal de que Savonarola pregasse obediência, além de ir a Roma para defender-se. Savonarola desculpou-se, alegando estar com a saúde danificada. As conseqüências seguintes foram a proibição de o dominicano fazer pregações e a devolução do mosteiro de São Marcos à congregação de Lombardia. Em sua resposta, Savonarola procurou justificar-se e declarando que ele sempre tinha se submetido ao julgamento da Igreja; com isso o mosteiro foi retirado da congregação da Lombardia e a conduta de Savanarola foi julgada suavemente, mas a proibição de suas pregações foi mantida.

Em seus novos sermões atacou violentamente os crimes do Vaticano, que aumentaram desse modo as paixões em Florença. Um cisma começou a se prefigurar e o papa foi forçado outra vez a agir. Mesmo assim, Savonarola prosseguiu com suas pregações cada vez mais violentas contra a Igreja de Roma, recusando-se a obedecer às ordens recebidas. Em 12 de maio de 1497, foi excomungado.

Savonarola, acreditando ser a voz de Deus, tinha o hábito de clamar para que o Poder Divino o fulminasse, se ele estivesse errado, e dizia estar disposto a caminhar sobre o fogo para provar a retitude de suas pregações. Quando um frade franciscano aceitou o desafio, dizendo que achava que ele seria queimado, mas que seu sacrifício serviria para tirar a ilusão do povo, Savonarola não se mostrou mais disposto e desistiu da prova.

Um frei dominicano, discípulo de Savonarola, aceitou o desafio em seu lugar, e o circo foi armado, em Florença. A multidão compareceu para assistir a uma tragédia ou a um milagre. O representante de Savonarola, porém, inventou uma desculpa para não caminhar sobre o fogo e, após vários insultos de lado a lado, acabou não havendo a esperada ordália pelo fogo.

Morte

Depois desse fiasco, a influência de Savonarola foi diminuindo, e logo seus inimigos o levaram à autoridade secular. Algumas confissões foram obtidas sob tortura, e ele foi condenado à morte na fogueira. Ele seguiu para a morte com fortitude e grandeza. Alguns até acreditavam que fosse um santo. Morreu em 23 de maio de 1498.[carece de fontes]

Influência cultural

Cogita-se que Leonardo da Vinci teria retratado Savonarola na sua famosa obra A Última Ceia no rosto de Judas Iscariotes.

Entre os seus escritos, estão: Triumphus Crucis de fidei veritate (Florença, 1497), seu principal trabalho na apologia ao cristianismo; Compendium revelationum (Florença, 1495); Scelta di prediche e scritti, (Florença, 1898); Trattato circa il Reggimento di Firenze, (Florença, 1848); suas cartas, Archivio storico italiano (1850); poemas (Florença, 1847) e Dialogo della verita (1497).

 

Referências Bibliográficas

A Vida de Girolamo Savonarola, de Pasquale Villari;

O romance Romola, de George Eliot, tem Savonarola como personagem principal.

O Strip do Diabo, de Miguel M. Abrahão - Ed. Shekinah - 1996

Girolamo Savonarola e a República de Florença, de Glauco Barreira Magalhães Filho, Ed. Fonte Editorial, 2020.

 John Bossy, Christianity in the West, 1400-1700 (Oxford: Oxford University Press, 1985)

 Barbara Tuchman, A Distant Mirror: The Calamitous 14th Century (New York: Ballantine Books, 1978)

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 John Farrow, Pageant of the Popes (1942), Fifteenth Century [em linha]

 VARGAS DIAS LOPES, José Antônio (2007). A rainha que virou pizza. 1 1 ed. São Paulo: Cia. Editora Nacional. ISBN 9788504007541

 

REFORMA RELIGIOSA - JOHN HUSS


 

Johnn Hus (Husinec, c. 1373/75 – Constança, 6 de julho de 1415), por vezes aportuguesado como João Hus ou João Huss, foi um teólogo, pensador e reformador religioso Tcheco. Ele iniciou um movimento religioso (cujos seguidores foram chamados de Hussitas) baseado nas ideias de John Wycliffe, e foi um dos principais precursores do protestantismo. Ele foi executado em 1415, foi queimado vivo e morreu cantando um cântico (cântico de Davi "Jesus filho de Davi tem misericórdia de mim"). Sua extensa obra escrita concedeu-lhe um importante papel na história literária Tcheca. Também é responsável pela introdução do uso de acentos na língua Tcheca por modo a fazer corresponder cada som a um símbolo único. Hoje em dia a sua estátua pode ser encontrada na praça central de Praga, a Praça da Cidade Velha, em tcheco Staroměstské náměstí.

Jan Hus nasceu em Husinec (75 km a sul-sudoeste de Praga) em data incerta. Alguns apontam para 1369. O nome Hus é a abreviação do seu lugar de nascimento, feita pelo próprio, anteriormente era conhecido como Jan Husinecký, ou, em latim, Johannes de Hussinetz. Seus pais eram checos de poucas posses.

Teve de ganhar a vida cantando e prestando serviços na Igreja. Sentiu-se atraído pela profissão clerical não tanto por um impulso interior mas pela atração de uma vida tranquila como clérigo. Estudou em Praga, onde teria estado por volta de 1386. Foi grandemente influenciado por Stanislav ze Znojma, que mais tarde se tornaria seu amigo íntimo e finalmente um grande inimigo. Como estudante, Hus não foi excepcional, mas aplicado. Nos seus escritos usava frequentemente citações de John Wycliffe. Era uma personalidade de temperamento quente. Em 1393 conclui o bacharelado em letras, em 1394 o bacharelado em teologia, e em 1396 o mestrado, nessa época ele está com 24 anos. Em 1400 foi ordenado padre, em 1401 aos 31 anos, tornou-se reitor da faculdade de Filosofia, e no ano seguinte foi reitor da Universidade Carlos. Em 1402 foi nomeado também pregador na Igreja de Belém em Praga, onde pregava em língua checa.

No seguimento do casamento da irmã do rei Venceslau, Anne, com Ricardo II da Inglaterra em 1382, os escritos filosóficos de Wycliffe tornaram-se conhecidos na Boêmia. Como estudante, Hus tinha sido atraído por eles, particularmente pelo seu realismo filosófico. A sua inclinação para as reformas eclesiásticas foi despertada pelos escritos teológicos de Wycliffe. O chamado Hussismo das primeiras décadas do século XV não era mais do que Wyclifismo transplantado para solo Boémio. Como tal, continuou até à morte de Hus, tornou-se depois utraquismo e seguidamente taboritismo (ver também: Guerras Hussitas).

Utraquismo: É o pensamento e movimento que prega que a Eucaristia ou seja, a Ceia deve sempre ser administrada a todos os fiéis em "ambas as espécies", ou seja, pão e vinho. Na prática de algumas igrejas, principalmente católicas, tradicionalmente apenas os sacerdotes bebem o vinho consagrado durante a celebração.

Taborismo: No Taboritismo o objetivo era formar uma comunidade que restaurasse o cristianismo primitivo. Desse modo, rejeitavam: rituais, sacerdotes, relíquias, imagens, a veneração dos santos, o juramento, o ministério da alma, e outros dogmas e sacramentos, como confissão. Por outro lado, entendiam que o batismo era um sacramento válido. Uma das características da comunidade fundada por eles, foi a busca da igualdade social e econômica, desse modo, se referiam aos outros como: irmãos e irmãs.

Hus pregava o Sacerdócio Universal dos Crentes, no qual qualquer pessoa pode comunicar-se com Deus sem a mediação sacramental e eclesial.

Antes de ser queimado, Hus disse as seguintes palavras ao carrasco: "Vocês hoje estão queimando um ganso (Hus significa "ganso" na língua boêmia), mas dentro de um século, encontrar-se-ão com um cisne. E este cisne vocês não poderão queimar." Costuma-se identificar Martinho Lutero, que 102 anos depois pregou suas 95 teses em Wittenberg, com esta profecia.

O desenvolvimento da situação na universidade de Praga dependeu em grande parte da questão do cisma papal. O rei Venceslau, que estava prestes a assumir o comando do governo, mas que não dispunha do apoio de Gregório XII, afastou-se dele e ordenou ao seu prelado que observasse a estrita neutralidade face a ambos os papas, esperando o mesmo da universidade.

O arcebispo permaneceu fiel a Gregório, e na universidade foi apenas a nação Boémia, com Hus como seu porta-voz, que se manifestou neutra.

Irado com esta atitude, Venceslau, com a instigação de Hus e de outros líderes checos, emitiu em Kutná Hora um decreto segundo o qual seriam concedidos à nação boémia três votos em todos os assuntos da universidade, enquanto que às nações estrangeiras, principalmente a alemã, teriam apenas um voto. Como consequência, muitos doutores, mestres e estudantes alemães deixaram a universidade em 1409, e a Universidade de Leipzig foi fundada. Desta forma, Praga tornou-se uma escola checa, tendo os emigrantes espalhado a fama das doutrinas Boêmias para zonas distantes.

Jan Hus era católico romano, porém pregava a primazia da Bíblia em detrimento da autoridade do magistério da Igreja antecipando assim a Reforma Protestante. Levantou a bandeira de que a comunhão sob duas espécies deveria ser dada a todos. Hus também pregava sobre justiça social. Foi excomungado pela Igreja no ano de 1412.

 

Referências Bibliográficas

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REFORMA RELIGIOSA - JOHN WYCLIFFE

 


João Wycliffe (c. 1328 – 31 de dezembro de 1384)= 56 foi professor da Universidade de Oxford, teólogo e reformador religioso inglês, considerado precursor das reformas religiosas que sacudiram a Europa nos séculos XV e XVI. Trabalhou na primeira tradução da Bíblia para o idioma inglês, que ficou conhecida como a Bíblia de Wycliffe.

Não se sabe, o ano em que ele foi enviado pela família para estudar na Universidade de Oxford, mas há certeza de que estava lá desde pelo menos 1345 quando ele tinha por volta de 17 anos.

Na Universidade, aplicou-se nos estudos de teologia, filosofia e legislação canônica. Tornou-se sacerdote e depois serviu como professor no Balliol College, ainda em Oxford. Por volta de 1365 tornou-se bacharel em teologia e, em 1372, doutor em teologia.

Como teólogo, logo destacou-se pela firme defesa dos interesses nacionais contra as demandas do papado, ganhando reputação de patriota e reformista. Wycliffe afirmava que havia um grande contraste entre o que a Igreja era e o que deveria ser, por isso defendia reformas. Suas ideias apontavam a incompatibilidade entre várias normas do clero e os ensinos de Jesus e seus apóstolos.

Uma destas incompatibilidades era a questão das propriedades e da riqueza do clero. Wycliffe queria o retorno da Igreja à primitiva dos tempos dos evangelistas, algo que, na sua visão, era incompatível com o poder temporal do papa e dos cardeais. Para ele o Estado deveria tomar posse de todas as propriedades da Igreja e encarregar-se diretamente do sustento do clero. Logo, a cátedra deixou de ser o único meio de propagação de suas ideias, ao iniciar a escrita de seu trabalho mais importante, a “Summa Theologiae” “Resumo Teológico”. Entre as ideias mais revolucionárias desta obra, está a afirmação de que, nos assuntos de ordem material, o rei está acima do papa e que a Igreja deveria renunciar a qualquer tipo de poder temporal. Sua obra seguinte, “De Civili Dominio” “Do Domínio Civil”, aprofunda as críticas ao Papado de Avinhão (onde esteve a sede provisória da Igreja de 1309 até 1377), com seu sistema de venda de indulgências, ou seja  o perdão divino para qualquer pessoa que pagasse por isso Wycliffe também combatia a vida perdulária e luxuosa de muitos padres, bispos e religiosos sustentados com dinheiro do povo. Wycliffe defendia que era tarefa do Estado lutar contra o que considerava abusos do papado e da Igreja Católica. A obra contém 18 teses, que vieram a público em Oxford em 1376.

Suas ideias espalharam-se com grande rapidez, em parte pelos interesses da nobreza em confiscar os bens então em poder da igreja. Wycliffe pregava nas igrejas em Londres e sua mensagem era bem recebida.

Apesar de sua crescente popularidade, a Igreja apressou-se em censurar Wycliffe. Em 19 de fevereiro de 1377 quando ele contava com 49 anos, Wycliffe é intimado a apresentar-se diante do Bispo de Londres para explanar-lhe seus ensinamentos. Compareceu acompanhado de vários amigos influentes e quatro monges foram seus advogados. Uma multidão aglomerou-se na igreja para apoiar Wycliffe e houve animosidades com o bispo. Isto irritou ainda mais o clero e os ataques contra Wycliffe se intensificaram, acusando-o de blasfêmia, orgulho e heresia. Enquanto isso, os partidos no Parlamento inglês pareciam convictos de que os monges poderiam ser melhor controlados se fossem aliviados de suas obrigações seculares.

É importante lembrar que, neste período, desenrolava-se a Guerra dos Cem Anos entre a França e a Inglaterra. Na Inglaterra daquele tempo, tudo que era identificado como francês era visto como inimigo e nessa visão se incluiu a Igreja, pois havia transferido sua sede de Roma para Avinhão, na França. A elite inglesa (realeza, parlamento e nobreza) reagia à ideia de enviar dinheiro aos papas, esta era uma atitude vista como ajuda ao sustento do próprio inimigo. Neste ambiente hostil à França e à Igreja, um teólogo como Wycliffe desfrutou quase imediatamente de grande apoio, não apenas político, como também popular, despertando o nacionalismo inglês.

Em 22 de maio de 1377, o Papa Gregório XI, que em janeiro havia abandonado Avinhão para retornar a sede da Igreja a Roma, expediu uma bula contra Wycliffe, declarando que suas 18 teses eram errôneas e perigosas para a Igreja e o Estado. O apoio de que Wycliffe desfrutava na corte e no parlamento tornaram a bula sem efeito prático, pois era geral a opinião de que a Igreja estava exaurindo os cofres ingleses.

Ao mesmo tempo em que defendia que a Igreja deveria retornar à primitiva pobreza dos tempos apostólicos, Wycliffe também entendia que o poder da Igreja devia ser limitado às questões espirituais, sendo o poder temporal exercido pelo Estado, representado pelo rei. Seu livro “Tractatus De Officio Regis” “Tratado sobre o Gabinete do Rei” defendia que o poder real também era originário de Deus, encontrava testemunho nas Escrituras Sagradas, quando Cristo aconselhou "dar a César o que é de César". Era pecado, em sua opinião, opor-se ao poder do rei e todas as pessoas, inclusive o clero, deveriam pagar-lhe tributos. O rei deve aplicar seu poder com sabedoria e suas leis devem estar de acordo com as de Deus. Das leis de Deus se deriva a autoridade das leis reais, inclusive daquelas em que o rei atua contra o clero, porque se o clero negligencia seu ofício, o rei deve chama-lo a responder diante de si. Ou seja, o rei deve possuir um "controle evangélico" e quem serve à Igreja deve submeter-se às leis do Estado. Os arcebispos ingleses deveriam receber sua autoridade do rei (não do papa).

Este livro teve grande influência na reforma da Igreja, não apenas na Inglaterra, que sob o reinado de Henrique VIII passaria a ter a igreja subordinada ao Estado e o rei como chefe da Igreja, mas também na Boêmia e na Alemanha. Especialmente interessantes são também os ensinamentos que Wycliffe endereça aos reis, para que protejam seus teólogos. Ele sustentava que, já que as leis do rei devem estar de acordo com as Escrituras, o conhecimento da Bíblia é necessário para fortalecer o exercício do poder real. O rei deveria cercar-se de teólogos para aconselhá-lo na tarefa de proclamar as leis reais.

Os escritos de Wycliffe em seus seis últimos anos incluem contínuos ataques ao papado e à hierarquia eclesiástica da época. Entretanto, nem sempre foi assim. Seus primeiros escritos eram muito mais moderados e, à medida que as relações de Wycliffe com a Igreja foram se deteriorando, os ataques cresceram em intensidade.

Na questão relacionada ao cisma da Igreja, com papas reivindicando em Roma e Avinhão a liderança da Igreja, Wycliffe entendia que o cristão não precisa de Roma ou Avinhão, pois Deus está em toda parte. "Nosso papa é o Cristo", sustentava. Em sua opinião, a Igreja poderia continuar existindo mesmo sem a existência de um líder visível, por outro lado os líderes poderiam surgir naturalmente, desde que vivessem e exemplificassem os ensinamentos de Jesus.

Contra as Ordens Monásticas

A batalha de Wycliffe contra as ordens monásticas (que ele chamava de "seitas") iniciou-se por volta de 1377 e alongou-se até sua morte. Wycliffe afirmou que o papado imperialista era suportado por estas "seitas", que serviam ao domínio do papa sobre as nações daquele tempo. Em vários de seus escritos, como “Trialogus” “Triálogo”, “Dialogus” “Diálogo”, “Opus Evangelicum” “Trabalho Evangélico” e alguns sermões, Wycliffe dizia que a Igreja não necessitava de novas "seitas" e que eram suficientes os ensinos dos três primeiros séculos de existência da Igreja. Defendia que as ordens monásticas não eram suportadas pela Bíblia e deveriam ser abolidas, junto com suas propriedades. O povo então se insurgiu contra os monges e podemos observar os maiores efeitos dessa insurreição na Boêmia, anos mais tarde, com a revolução Hussita. Na Inglaterra, entretanto, o resultado não foi o esperado por Wycliffe: as propriedades acabaram nas mãos dos grandes barões feudais.

Contrário à rígida hierarquia eclesiástica, Wycliffe defendia a pobreza dos padres e os organizou em grupos para divulgar os ensinos de Cristo. Estes padres (mais tarde chamados de "lolardos") não faziam votos nem recebiam consagração formal, mas dedicavam sua vida a ensinar o Evangelho ao povo. Estes pregadores itinerantes espalharam os ensinos de Wycliffe pelo interior da Inglaterra, agrupados dois a dois, de pés descalços, usando longas túnicas e carregando cajados nas mãos.

Em meados de 1381 uma insurreição social amedrontou os grandes proprietários ingleses e o rei Ricardo II foi levado a crer que os lolardos haviam contribuído com ela. Ele ordenou à Universidade de Oxford (que havia sido reduto de líderes insurretos) que expulsasse Wycliffe e seus seguidores, apesar destes não haverem apoiado qualquer movimento rebelde. O rei proibiu a citação dos ensinos de Wycliffe em sermões e mesmo em discussões acadêmicas, sob pena de prisão para os infratores.

Wycliffe então se retirou para sua casa em Lutterworth, onde reuniu sábios que o auxiliaram na tarefa de traduzir a Bíblia do latim para o inglês. Enquanto assistia à missa em Lutterworth, no dia 28 de dezembro de 1384, foi acometido por um ataque de apoplexia (derrame), falecendo 3 dias depois, no último dia do ano.

A influência dos escritos de Wycliffe foi muito grande em outros movimentos reformistas, em particular sobre o da Boêmia, liderado por Jan Huss e Jerônimo de Praga. Para frear tais movimentos, a Igreja convocou o Concílio de Constança (1414–1418). Um decreto deste Concílio (expedido em 4 de maio de 1415) declarou Wycliffe como herético, recomendou que todos os seus escritos fossem queimados e ordenou que seus restos mortais fossem exumados e queimados, o que foi cumprido 12 anos mais tarde pelo Papa Martinho V. Suas cinzas foram jogadas no rio Swift, que banha Lutterworth.

 

Referência Bibliográfica

John Wycliffe (em inglês) no Find a Grave

Filme John Wycliffe: The Morning Star

REFORMA RELIGIOSA - VALDENSES

 





Quando surgiu a Igreja Católica Apostólica Romana, muitos dos seguidores dos discípulos de Cristo odiaram essa nova religião gnóstica herética que agora era comandada pelo Estado Romano. Muitos lutaram contra a religião gnóstica estatal herética e foram brutalmente perseguidos. A reforma religiosa contra esta religião poderosa foi feita, com o passar dos séculos. Na Idade Média, temos os Valdenses que se declararam contra a Igreja Católica Apostólica Romana.

O grupo dos Valdenses teve sua origem entre os seguidores de Pedro Valdo por volta de 1173, em Lyon, na França. Pedro Valdo foi um rico comerciante e religioso de Lyon, líder dos valdenses, movimento cristão da Idade Média. 

Ele decidiu abandonar todos os seus bens, com exceção daquilo que fosse necessário para o sustento de sua família. Um grupo de discípulos logo se formou, tornando-se conhecidos como os Pobres de Espírito. Valdo e seus seguidores passaram, então, a pregar suas ideias pela região. Em virtude de sua recusa em interromper suas pregações, eles foram excomungados em 1184.

Os valdenses desejavam restaurar o cristianismo aos tempos da Igreja Primitiva. Organizavam suas igrejas em diferentes cargos, cada qual com sua função. Os valdenses incentivavam a leitura das Escrituras por todo fiel, daí a importância da tradução para o provençal realizada a mando de Pedro Valdo.

Os Valdenses "negavam a autoridade do papa e contestavam determinados princípios do catolicismo, como a crença no Purgatório, o culto aos santos, negavam a importância das relíquias sagradas e chamavam a Igreja Católica pejorativamente de “viúva do apocalipse”. Além disso, recomendavam a leitura da Bíblia para todos os fiéis, o que os levou a traduzir a Bíblia para idiomas locais. Espalharam-se por várias regiões da Europa e, durante as Reformas Protestantes, proclamaram-se como doutrina reformista. Eles foram encarados como ameaça, principalmente por questionarem as autoridades eclesiásticas e seculares, não se submetendo a elas. Por serem irredutíveis nesse aspecto, foram considerados pela Igreja como subversivos e, assim, excomungados e perseguidos pela Inquisição."

Na era da Reforma Protestante, os valdenses influenciaram o reformador suíço Heinrich Bullinger. Ao encontrar as ideias de outros reformadores semelhantes às deles, eles rapidamente se fundiram no maior movimento protestante. Líderes valdenses abraçaram a Reforma Protestante e uniram-se a várias entidades regionais protestantes locais.

A Igreja Católica via os valdenses como não-ortodoxos, e em 1184, no Sínodo de Viena, sobre o comando do Papa Lúcio III, Pedro Valdo e seu movimento foram excomungados. Papa Inocêncio III foi além, no Quarto Concílio de Latrão em 1215, no qual denunciou oficialmente os valdenses como uma seita herética. Em 1211, mais de 80 valdenses foram queimados como heréticos em Estrasburgo; esta ação inaugurou séculos de perseguição que quase exterminou o movimento. 

A Igreja Católica Apostólica Romana não só perseguiu os Valdenses como torturou, prendeu e assassinou muitos deles, no caso das torturas, existem casos de empalamentos, estupros, esquartejamentos, execução pela fogueira, forca, afogamento, etc. Nem as crianças eram poupadas da ira da Igreja Católica.

Pedro Valdo morreu no início do século XIII, possivelmente na Alemanha; ele nunca foi capturado e seus restos mortais permanecem desconhecidos.

Por três séculos, a Igreja perseguiu os valdenses. Retirando-se de lugar em lugar, eles se apegaram às Escrituras, e os pregadores leigos continuaram a espalhar os pontos de vistas reformados, que mais tarde foram encontrados em movimentos posteriores, como no movimento dos franciscanos e no protestantismo. Deveras, a maioria dos valdenses uniu-se aos protestantes durante a Reforma Protestante. Aqueles que permaneceram nos Alpes, entretanto, mantiveram sua identidade preservada. A Itália concedeu liberdade religiosa aos valdenses somente em 1848.


REFORMA RELIGIOSA - JESUS CRISTO DE NAZARÉ


 

Outro reformador da religião que ninguém fala é Jesus Cristo, sim, ele foi um dos maiores reformadores da história da humanidade, isso se não for o maior de todos.

Jesus Cristo não tinha papas na língua, bateu de frente contra as religiões judaicas, isso mesmo que você ouviu, religiões e não religião, pois o povo Hebreu tinha várias facções religiosas na época de Jesus, tais como: os Fariseus, Saduceus, Essênios, Zelotes e Herodianos.  Estas correntes religiosas eram, ao mesmo tempo, facções religiosas e partidos políticos, assim como temos hoje atualmente com a Bancada Evangélica, que tem menos utilidade do que papel higiênico usado por alguém que sofreu de diarreia aguda no miocárdio.

Jesus Cristo não concordava com nenhum sistema religioso vigente, ele simplesmente detestava o sistema religioso Hebreu, chamado de Religião Mosaica ou Religião de Moisés.

Jesus dividiu opiniões, quando estava dentro do Templo de Jerusalém ou dentro das Sinagogas, ele não concordava com os ensinamentos, ele procurava fazer a diferença, sem contar que Jesus não tinha uma religião, ele não fundou nenhuma religião, ele não defendia nenhuma religião, e foi justamente a religião que matou Jesus.

Não se pode falar de reforma sem falar de Jesus Cristo de Nazaré, o reformador mor, o reformador dos reformadores, sua mensagem foi espalhada por seus discípulos e dos discípulos de seus discípulos.


REFORMA RELIGIOSA - ISLAMISMO

 


A religião Árabe antes do Islã, adotava a religão dos Sumérios, todos os povos daquela região adotavam a religião Sumeriana, cada povo, cada nação apenas adaptava a tradições e costumes da religião dos Sumérios ao seu país.

A mudança ou reforma da religião Árabe se dá pela pessoa de Maomé ou Muhammad que é seu nome Árabe que é o grande reformador da religião Árabe.

Muhammad nasceu na cidade de Meca, localizada na Arábia Saudita, no mês de Rabi al-Awwal, o terceiro mês do calendário islâmico. No calendário gregoriano, seria abril de 570. O profeta do islamismo pertencia ao clã Hashim e à tribo dos coraixitas.

Muhammad tornou-se órfão bastante cedo, uma vez que seu pai, Abdallah, morreu quando seu filho ainda estava em gestação. Sua mãe chamava-se Amina bint Wahb e faleceu quando o profeta possuía apenas seis anos de idade. Assim, Muhammad foi morar com o avô Abd al-Muttalib.

Depois Muhammad foi morar na casa de seu tio, Abu Talib, um comerciante que trabalhava com caravanas e que transmitiu esse ofício ao seu sobrinho. Assim, o profeta tornou-se condutor de caravanas, realizando viagens para a Síria e Mesopotâmia. Sua reputação era tão boa que ele ficou conhecido como “al-Amin”, que significa “confiável”.

Em 595, Muhammad foi contratado por Khadija bint Khuwaylid para que ele levasse uma caravana dela à Síria. Khadija era viúva e conhecida por ser uma comerciante muito próspera. Quando Muhammad retornou, Khadija pediu o profeta em casamento. Muhammad tinha por volta de 25 anos, e Khadija — acredita-se —, cerca de 40 anos, mas há historiadores que afirmam que ela poderia ser mais jovem um pouco.

Do casamento de Muhammad com Khadija nasceram seis filhos, dois homens, que morreram na infância, e quatro mulheres. Ao longo de sua vida, Muhammad, que havia sido um órfão, ainda adotou algumas crianças para fazer parte de sua família. Fala-se que muito provavelmente o casamento de Muhammad com Khadija era feliz, sobretudo porque o profeta não desposou nenhuma outra mulher enquanto Khadija esteve viva.

Na tradição muçulmana, Muhammad é conhecido como o profeta do islamismo, aquele a quem Alá revelou a sua palavra. Essa parte da vida de Muhammad se iniciou em 610, quando ele tinha 40 anos. Isso aconteceu quando Muhammad estava em um retiro espiritual em que ele ia para o deserto nos arredores de Meca para meditar.

No dia 17 do mês de Ramadã, o nono e mais importante mês do calendário islâmico, Muhammad estava retirado em uma caverna chamada Hira. Nesse momento, a tradição islâmica conta que Muhammad foi visitado por um anjo, o Anjo Gabriel, que teria dito para ele proclamar a palavra de Deus. 

Esse evento deixou Muhammad aterrorizado e temeroso, uma vez que, na tradição muçulmana, as visões sobrenaturais são eventos considerados poderosos e podem ser “dolorosos” para as sensações de um ser humano. A tradição islâmica aponta que Khadija teve um papel muito importante para consolar Muhammad e fazê-lo entender do que se tratava.

A partir de 613, Muhammad iniciou as suas pregações. As visões e os eventos sobrenaturais tinham reaparecido, mas agora ele havia entendido do que se tratava e passou a pregar a mensagem de Alá em Meca. Muhammad passou a pregar contra a fé pagã e os falsos deuses que eram adorados naquela cidade.

As pregações de Muhammad incomodaram os grandes comerciantes da cidade, pois a peregrinação religiosa era um negócio lucrativo. Pregar contra os deuses que eram adorados lá poderia prejudicar a peregrinação de fiéis e, por consequência, enfraquecer o comércio local. Assim, esse grupo se opôs ao profeta.

Aos poucos, Muhammad conseguiu formar um grupo de seguidores, e a sua esposa, Khadija, foi a primeira a se converter. O crescimento dos seguidores de Muhammad fez com que a perseguição aos muçulmanos aumentasse. Um grupo de 80 pessoas decidiu fugir de Meca e foi para o Reino de Axum (Etiópia) para sobreviver.

Em 619, Muhammad sofreu alguns reveses e teve de lidar com a morte de seu tio, Abu Talib, e de sua esposa, Khadija. Além disso, a perseguição a Muhammad fez com que ele fosse expulso do clã de Hashim. Isso colocava a vida dele em risco, uma vez que ele poderia ser facilmente assassinado e não haveria nenhum tipo de vingança por sua morte.

Muhammad, então, partiu à procura de novos clãs para abrigá-lo até que recebeu uma mensagem positiva de Yathrib, cidade conhecida atualmente como Medina. Os habitantes dessa cidade aceitaram recebê-lo, pensando que ter o apoio do profeta poderia enfraquecer Meca, pois Medina e Meca eram concorrentes comerciais.

Em 622, Muhammad sabia que um plano para assassiná-lo estava em curso e, então, ele fugiu de Meca e se mudou para Medina. Esse acontecimento recebeu o nome de Hégira e marcou o início do calendário islâmico.

Em Medina, Muhammad atraiu seus fiéis e conseguiu crescer em poder, tornando-se o homem mais poderoso da cidade. Ele usou dessa força para adequar a cidade àquilo em que ele acreditava e lançou guerra contra seu maior adversário: Meca. A guerra contra a cidade de Meca estendeu-se por oito anos.

Nesse período, Muhammad e Medina promoveram ataques contra caravanas vindas de Meca, enfrentaram tropas dessa cidade em campo aberto e sofreram um cerco que resultou em uma grande derrota para Meca. A sucessão dos conflitos de Medina com Meca contribuiu para fortalecer Muhammad e Medina, bem como para enfraquecer Meca.

Esse foi o período de maior poder de Muhammad, pois, além de se tornar senhor de Medina, ele expandiu seu poder para outras cidades, levando a fé islâmica. Em 630, Muhammad liderou um ataque contra Meca e a cidade rendeu-se sem oferecer resistência. Muhammad ofereceu anistia a todos que se convertessem e destruiu os ídolos que existiam lá.

Quando Muhammad morreu, ele estava no auge do seu poder, pois, depois de Meca, conquistou outras cidades árabes, levando a fé islâmica para toda a Península Arábica. Faleceu em 8 de junho de 632, em consequência de uma doença. Foi sucedido por Abu Bakr no comando dos árabes, sendo esse o primeiro califa. A fé islâmica espalhou-se pelos continentes asiático, africano e europeu.



Fonte:Mundo Educação

https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/maome.htm#:~:text=Maom%C3%A9%2C%20chamado%20pelos%20mu%C3%A7ulmanos%20de,impor%2Dse%20na%20Pen%C3%ADnsula%20Ar%C3%A1bica.

REFORMA RELIGIOSA - ZOROASTRO



Antes da religião Zoroastrista, os Persas tinham adotado os costumes da religião Sumeriana, isso durou até surgir Zoroastro ou Zaraustra, como também é conhecido.

Zaratustra ou Zoroastro nasceu por volta dos anos 660-583 a.C. Foi um profeta persa, fundador do Zoroastrismo ou Masdeísmo religião praticada pelos persas. É o autor do Zend-Avesta - o livro sagrado dos persas.

Nasceu na Pérsia, no planalto do atual Irã, próximo ao lago Úrmia, em meados do século VII a. C., segundo a crença dos persas. Zaratustra nasceu de uma planta e de um anjo.

No dia de seu nascimento, riu alto e os espíritos maus das trevas fugiram apavorados. Daquele dia em diante, Zaratustra foi consagrado a Ahura-Mazda - o Deus da Luz. As parteiras, vendo aquilo, admiraram-se, pois nunca tinham visto um bebê rir ao nascer.

Na vila onde morava, o sacerdote local percebeu que aquele menino iria enfraquecer as religiões politeístas e tentou de todas as formas matá-lo com testes que provariam que ele tinha um demônio. Graças a milagres, Zaratustra sobreviveu a todos os testes. Diante de tantos prodígios, o sacerdote ficou envergonhado e mudou-se do local. Desde jovem, Zaratustra mostrava uma sabedoria extraordinária manifestada em suas conversas. Com 15 anos já realizava diversas obras de caridade, sendo reconhecido por sua bondade com os pobres, velhos, enfermos e animais.

Ao crescer, Zaratustra perambulava pelas estepes meditando e indagando as questões universais sobre a criação e o pensamento humano. Um dia, ele encontrou um ser estranho com o nome de "Vohu Mano, a Boa Mente" que o levou a um lugar maravilhoso onde sete outros seres o esperavam. Então, Boa Mente disse: "Zaratustra, se você quiser, pode encontrar em você mesmo todas as respostas que tanto busca e também questões mais interessantes ainda. Aúra-Masda, deus que tudo cria e sustenta, assim escolheu partilhar a sua divindade com os seres que cria. Agora, sabendo disso, você pode anunciar essa mensagem libertadora a todas as pessoas."

Zaratustra com modéstia: "Por que eu? Não sou poderoso e nem tenho recursos!". Os outros seres responderam: "Você tem tudo o que precisa, o que todos igualmente têm: bons pensamentos, boas palavras e boas ações". Zaratustra voltou para casa e contou a todos o que lhe acontecera. Ele tinha 30 anos.

Suas ideias inicialmente foram rejeitadas por todos. Em dez anos de pregação, teve somente um crente: o seu primo. Durante este período, o chamado de Zaratustra foi como uma voz no deserto. Ninguém o escutava. Ninguém o entendia. Foi perseguido e hostilizado pelos sacerdotes e por toda a sorte de inimigos ao longo de dez anos. Os príncipes recusaram dar-lhe apoio e proteção e encarceraram-no porque a sua nova mensagem ameaçava a tradição e causava confusão nas mentes de seus súditos.

Zaratustra ou Zoroastro foi tentado pelo demônio, seu peito foi atravessado por uma espada e seu corpo foi aberto e queimado com chumbo derretido, mas Zaratustra triunfou de tudo, mesmo sendo ameaçado.

Com 40 anos, realizou milagres e preocupava-se com a instrução do povo. Converteu o rei Histaspes 570 a.C. - 495 a.C., que se tornou um fervoroso seguidor da religião por ele pregada, iniciando a verdadeira difusão dos ensinamentos de Zaratustra e de uma grande reforma religiosa. Com o Rei Histaspes, o Masdeísmo chegou a ser a religião oficial da Pérsia. O Rei Histaspes foi pai do Rei Dário Histaspes era filho de Arsames, filho de Ariarâmenes, filho de Teispes, filho de Aquêmenes, Aquêmenes foi o Rei que fundador da Dinastia Aquemênida.

Aos 77 anos, ele teria sido assassinado por um sacerdote enquanto rezava no templo. Segundo alguns relatos, o seu túmulo estaria em Persépolis.

Diz a lenda que, terminado seu trabalho, ele subiu ao céu, nas asas do relâmpago, e assentou-se ao lado do trono de Ahura-Mazda.

REFORMA RELIGIOSA - HÍNDIA

 


A reforma religiosa aconteceu em todos os lugares e em diferentes períodos da história humana, neste caso, tivemos uma reforma na religião Hindu, neste caso, seria Siddhartha Gautama, filho de Suddhodana da família dos  Shakya. 

De acordo com a tradição budista, Gautama nasceu em Lumbin,  que seria o atual Nepal.

Os textos antigos sugerem que Gautama não estava familiarizado com os ensinamentos religiosos dominantes do seu tempo até que partisse em sua busca religiosa, que foi motivada por uma preocupação existencial com a condição humana.

Teve grande aceitação por uma grande parte da população, havendo episódios de professores de outras linhas, juntamente com todos os seus discípulos, converterem-se em alunos seus.

Também houve inimigos que tentaram detê-lo, normalmente Brâmanes que viam sua religião e seu status social ameaçados pela nova doutrina. Sidarta enfrentou a oposição também de seu primo Devadatta, que, apesar de ter se tornado seu discípulo, posteriormente quis superar Sidarta e tomar-lhe o controle da sanga.

Sidarta morreu aos oitenta anos, na cidade de Kushinagar, no atual estado de Uttar Pradesh, na Índia. Seu corpo foi cremado por seus amigos, sob a orientação de Ananda, seu assistente pessoal. As suas cinzas foram repartidas entre vários governantes, para serem veneradas como relíquias sagradas.

Alguns séculos após sua morte, ele passou a ser conhecido pelo título de Buda, que significa 'O Desperto' ou 'O Iluminado'. Seus ensinamentos foram compilados por seus discílulos em um livro chamado de Vinaya, o Vinaya são códigos canônicos Budistas para a prática da honra, honestidade e altruísmo.