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domingo, 18 de fevereiro de 2024

A CIVILIZAÇÃO SÍRIO-CANANEIA

 



Entre os anos 2200 e 600 a.C., em uma encruzilhada entre povos poderosos surgiu uma civilização marginal, porém com legados duradouros na língua, na escrita alfabética, na religião e na difusão de vários elementos culturais, do vinho ao vidro.

A civilização do Levante ou cananita não se restringe a uma só etnia. Reúne povos diversos em um território com traços sociais e culturais semelhantes. O Levante ou Síria-Palestina, a região onde o Mediterrâneo oriental liga a Anatólia ao Egito, teve a benção e a maldição de ser o ponto de ligação dos três continentes. Se a difusão das inovações da África e da Mesopotâmia chegavam cedo, cedo também chegavam os invasores. Ainda sim, floresceu uma das mais fascinantes civilizações.

Tempos imemoráveis: a pré-história

A primeira cultura arqueológica distinta a emergir na região foi a Natufiana (13050-7750 a.C.). Essa cultura tecnológica do mesolítico adotou uma vida semi-sedentária, abrigando-se em cavernas e acampamentos. Os natufianos colhiam grãos selvagens, produziam pão (e cerveja!) e caçavam gazelas. Domesticavam cachorros e demonstravam hierarquização social em seus cemitérios. Essa cultura recebe o nome de seu principal sítio arqueológico, Natuf, onde está a Caverna de Shuqba, a 28 km a noroeste de Jerusalém, nas montanhas da Judeia. Na caverna de Ain Sakhri (Belém) foi encontrada uma das mais antigas esculturas representando um casal, os Amantes de Ain Sakhri (9000 a.C.).

Por volta de 8800 a.C. aparecem vilas permanentes como Biblos, Gilgal e Tell es-Sultan (Jericó). As ferramentas de pedra mais elaboradas do neolítico inicial (pré-cerâmico) permitiram a agricultura de aveia e trigo. Em Tell es-Sultan construíram uma torre com finalidade sem explicações e um muro ao redor da cidade. Em Tell Aswad, no sul da Síria, passou-se a construir casas de adobe, utilizar lâminas de obsidiana, moldar figuras em argila, produzir cestos e a domesticar animais.     

 

A emergência da civilização

Por volta do ano 4 000 a.C. a desertificação do Saara e da Arábia intensificou a vida sedentária em vilas e nascentes cidades no Egito e Mesopotâmia. Inicia-se o uso da metalurgia (o cobre) e do comércio.

Esse período (especialmente entre 3750 e 2800 a.C.) coincide com a aparição dos povos falando dialetos proto-semíticos, um ramo da família linguística afro-asiática. Pela linguística comparativa é possível inferir a sociedade e cultura desses povos. Certamente era uma sociedade patriarcal, com palavras distintas para “pai” (*’ab-) e “mãe” (*’imm-), mas “filha” (*bint-) é uma variação de filho (*bn). Há palavras comuns para “chefe, rei” (*mlk) e “senhor, dono, marido” (*b’l) e “serva” (*’mt), inferindo que homens prisioneiros de guerra seriam executados. Apesar de não haver uma raiz comum para o termo “religião”, há vários outros para “sacrifício” (*b), “unção” (*m), “proibição” (*rm), “santificação” (*qd) e “deus” (*il-). Termos sobre agricultura e pastoralismo abundam. Sabemos assim que alguns proto-semitas viviam em rotas pastoralistas semi-nômades enquanto outros moravam em aldeamentos e cidades. Tecnologicamente, suas habitações deveriam possuir portas, cadeiras, camas, poços e fundiam metais, embora somente o termo prata seja reconstituído no proto-semítico.

Na Mesopotâmia, o povo sumério funda cidades-estados nas quais o templo ocupa as funções de redistribuição e de mercado. No Egito começa o processo de unificação de reinos locais (nomos) ao longo do vale do Nilo. Aproximadamente na Idade do Bronze, a escrita emerge, primeiro como controle contábil, depois para registros de textos mais longos, quase que simultaneamente na Mesopotâmia (escrita cuneiforme) e no Egito (escrita hieroglífica). A região sírio-palestina ficaria constantemente influenciada por essas duas civilizações.

A área do Levante — com cerca de 350 mil km2, algo próximo à área do estado do Mato Grosso do Sul — se beneficiou de sua posição estratégica como conector de civilizações. No entanto, sua geografia também foi sua maldição. Essa região seria a mais belicosa de todo o mundo até hoje.


Sujeição aos estados e Impérios Arcaicos do 3º milênio

Nos meados do terceiro milênio, populações semitas se misturaram aos povos da Mesopotâmia. A população dos amorreus (amoritas) semitas do norte da Mesopotâmia cresce e passam a viver na Síria, Palestina e sul da Mesopotâmia. Os amoritas fundam as cidades de Mari, Yamhad, Ebla e Babilônia e, após o colapso das cidades-estados sumérias, emergiram no Império de Acade (c2400-2150 a.C). Acade seria a primeira civilização semítica na região e o primeiro império com alcance além das fronteiras locais, incluindo a região de Canaã.

Na Alta Mesopotâmia síria a cidade de Ebla (c2500-2250 a.C) manteve complexas atividades comerciais, como atestam os contratos, cartas e literatura nessa língua aparentada do acadiano. Em sua religião aparecem nomes comuns do panteão cananeu como Dagon, Shamash, Reshef, Hadad, Ashtarte, Moloch, Koshar, Asherah e Qemosh. Há registros de necromancia (yid’oni) e da crença de um lugar dos mortos (sheol).


Cultura distintivamente sírio-cananeia

O enfraquecimento das potências regionais no segundo milênio deram espaço para Canaã ser ocupada por vários povos, como os hurritas (1900-1300 a.C.), os nômades semitas habiru (1800-1450 a.C.) e mesmo povos indoeuropeus como os hititas (heteus bíblicos?). Entre os anos 2200 e 1800 a.C. foi o período quando uma cultura distintivamente sírio-cananeia se formaria no Levante.

O comércio de longa distância é indicado pelo misterioso silabário de Biblos. Embora haja poucos testemunhos dessa escrita, surpreendem que sejam encontrados em Megido, no Delta do Nilo e até em Rieti e Trieste, na Itália. Essa escrita ainda não decifrada da Idade do Bronze (1800-1500 a.C.) atesta uma vívida integração de mundos distantes que somente seria documentada séculos mais tarde nas cartas de Amarna. Por volta de 1600, provavelmente foram os mercadores fenício-cananeus que propagaram a viticultura pela bacia do Mediterrâneo.

Entre 2200 e 1800 a.C., na região da Síria-Palestina um conjunto de dialetos semíticos do noroeste se firmou. A partir desse contínuo linguístico emergeriam o ugarítico, o fenício, o hebraico, o moabita, o aramaico antigo e outras variedades pouco atestadas. Embora somente no próximo milênio a escrita se tornaria mais popular, há uso das escritas e línguas egípcia e acadiana. Formas simplificadas dos hieróglifos consonantais aparecem em inscrições proto-sinaíticas e proto-canaanitas em Sarabit al-Khadim, Wadi el-Hol, Siquém, Gezer, Tell el-Ḥesī, Tell al-ʿAjūl, Beth-Shemesh, Megido, Tell Rehov, Tell Beit Mirsim e Láquis. (c.1600-1500). Na Idade do Ferro essa escrita evoluiria de um sistema acrofonético para uma escrita fonética pura, nas quais os signos representam sons. Todavia, não eram registradas as vogais, razão para ser chamada mais apropriadamente de escrita abjad que escrita alfabética.

Dessa época aparece a primeira menção inequívoca a Canaã. A estátua do Rei Idrimi, do século XVI a.C., conta como ele e sua família fugiram de Yamhad (Alepo). Por um tempo, Idrimi se refugiou em Canaã, vivendo entre guerreiros hapiru por sete anos. Idrimi fez uma aliança com um rei das hordas nômades que lhe cedeu tropas para lutar contra os hititas. Idrimi conquistaria a cidade costeira síria de Alalakh, onde reinaria por 30 anos como vassalo dos hurritas.

A Civilização de Ugarit no 2º milênio

Em um caso isolado, em Ugarit, a escrita cuneiforme foi adaptada para a língua canaanita. Nessa cidade comercial estrategicamente localizada na costa norte da Síria floresceu entre 1800 e 1175 a.C. uma civilização cuja literatura nos alcançou. Há nos mitos e lendas ugaríticas menção do deus El, como senhor dos deuses e dos homens, bem como várias expressões poéticas paralelas a alguns poemas (Canção do Mar) e salmos bíblicos. Fora da cidade, o uso do ugarítico aparece em inscrições cuneiformes sendo encontradas mais ao sul, em Beth Shemesh, Taanach e Monte Tabor. Na faixa entre o Jordão e o Mar Mediterrâneo, 97 textos cuneiformes foram encontrados dessa época, indicando um uso restrito da escrita, a qual seria limitada à administração pública.

No período de Amarna, Canaã aparece sujeita ao Egito e essa situação continuou até por volta da Estela de Merneptá (1207 a.C.). Há traços da presença de asiáticos semitas e cananeus no Egito como da presença de egípcios em Canaã e nos desertos ao sul. Nas tumbas e templos egípcios, os cananeus aparecem vassalos, geralmente vestidos com túnicas longas e faixas na cabeça, pagando tributo ao Egito. São escravos, soldados, mercadores de madeira, cobre, vinho e azeite. Desprezados, são representados como cães latindo e obedecendo às ordens de seus senhores egípcios.

Os pastoralistas semíticos permitiram o renascimento urbano. O excedente de lã, leite e carne sustentava a produção têxtil e alimentava uma população cada vez mais crescente nas aldeias e cidades. Ao contrário do que possa o termo inferir, os nômades pastoralistas não andavam a esmo, mas percorriam rotas acompanhando as estações em busca de melhores pastos.

Na crise da Idade do Bronze, a influência egípcia caiu consideravelmente. Um conto desse período, A jornada de Wen-Amon relata as dificuldades de um oficial egípcio para conseguir madeira com o rei de Biblos.

Berços de civilizações do 1º milênio

Na crise da Idade do Bronze (c.1200-1000 a.C.), os chamados povos do mar destruíram os estados hititas e Ugarit, ameaçaram a Mesopotâmia e o Egito (que fecharam em si, priorizando suas defesas internas).

Na Idade do Ferro (1200-500 a. C.), nos intervalos das guerras que mantinham o delicado equilíbrio entre Egito e Mesopotâmia, vários pequenos estados floresceram na região, aproveitando-se da localização estratégica para o comércio. Foi o apogeu, quando essa terra manou leite e mel. A agricultura floresceu e com ela o fábrico de vasos para armazenar azeite, grãos e vinho. O comércio com povos vizinhos trouxe prosperidade. Nessa época, populariza a casa de quatro cômodos, indicando um crescimento na densidade populacional.

A necessidade de registrar essas transações comerciais fez com que a escrita alfabética (abjad) popularizasse. A versão ocidental, ou fenícia, propagou-se pelo Mediterrâneo enquanto a variante oriental, o aramaico, propagou-se pela Ásia.

Fenícios

Hábeis navegadores e mercadores das costas do Líbano, fundaram colônias pelo Meditarrâneo, como a notória Cartago. Foram produtores e intermediários na produção de tinturas, têxteis, couros, madeira, especiarias, vidro, vinho, azeite e outros produtos. Sua escrita, adotada pelos gregos com sons vocálicos por volta de 800 d.C., seria a base para os alfabetos grego, latino e cirílico. Algumas palavras no português testemunham essa aventura comercial: mapa, saco, talha, malha, África e Málaga.

Arameus: do sul da Síria até as margens norte do Eufrates, uma série de pequenos estados dominavam as rotas de caravanas integrando a Mesopotâmia e a costa mediterrânea. Sua língua, o aramaico, atestada desde 850 a.C., seria a primeira língua-franca, usada desde o sul do Egito até a Ásia Central. Levada por mercadores e adotada como língua de trabalho dos impérios persa e helenísticos, essa escrita semítica seria propagada até a Índia e de lá, para o sudoeste asiático.

Hebreus: na região montanhosa entre o rio Jordão e o Deserto do Negebe, as ações de profetas transformaram um culto nacional na primeira religião monoteísta com pretensões universais.

Filisteus e povos do mar: provavelmente povos com origens nos Bálcãs e Anatólia (incluíndo indoeuropeus com origens na civilização micênica de Creta) passaram a aterrorizar (c. 1180) as regiões costeiras e avançaram para o interior até serem contidos pelos egípcios. Então, os filisteus se estabeleceram na região de Gaza e introduziram uma tecnologia mais avançada do ferro.

Sinaítas e Antigos Árabes do Norte: entre a Península do Sinai, deserto do Negebe, Transjordânia, sul da Síria e norte da Arábia, continuaram a explorar minas de cobre e servir de intermediários nas caravanas do deserto. Desses diversos povos – alguns deles mencionados na Bíblia como midianitas, amalequitas, edomitas, moabitas, amonitas, quedaritas e temanitas – restaram registros epigráficos em rochas e vários sítios arqueológicos ainda pouco estudados. Com agricultura de oásis e pastoralismo, integraram a costa do Levante com outras regiões da Arábia e da Mesopotâmia. Há evidências que tinham uma literatura sapiencial e o culto a Yahweh.

Religião e literatura

A religião sírio-cananeia era centrada em um concílio divino com vários deuses que viviam em montanhas sagradas. No topo da hierarquia divina estava El e sua consorte. No próximo nível estavam os deuses com domínio sobre certas áreas e cada cidade tinha seus deuses patronos, normalmente com o título de Baal e acompanhado de uma deusa-consorte, normalmente Asserá ou Anat. Uma classe de deuses menores serviam seus superiores e no último estrato estavam os mensageiros (mlk) que intermediavam os deuses e os homens. Os papéis, representações, atributos e personalidades dos deuses variavam conforme o tempo e região.

Na cosmologia, havia um embate cósmico entre forças do bem e da ordem contra o mal e o caos. Havia três domínios: os dos deuses (os céus), o dos viventes (a superfície terrena) e o dos mortos (o she’ol). O ser humano possuía um componente imaterial (nefesh) que continuava sua existência no domínio dos mortos (Mut) e, às vezes, eram invocados para conselhos. Diferente dos egípcios, os cananeus não criam em alguma espécie de juízo pós-morte e esse lugar dos mortos não era nem um inferno com punições nem um paraíso para viver em companhia divina. Nesse politeísmo fluído, havia um henoteísmo, ou seja, a preferência do culto a certos deuses por uma cidade ou grupo nômade.

Nas cidades haviam templos (cúbicos e apertados) e nos campos lugares altos com altares nos quais oferendas com sacrifícios de animais eram queimados. No geral, seguiam o plano arquitetônico de “templos in antis”, com colunas frontais. A religião popular realizava rituais em lugares-altos onde havia altares e postes de madeira ou pedra. Ofertas votivas e oblações com cânticos de exaltação predominavam (pouco registro há de orações ou súplicas). Entre os agricultores havia três festivais: início das colheitas e nascimento dos animais na primavera, conclusão da colheita dos cereais no final do verão e a festa outonal da colheita das frutas. Embora sacrifícios humanos, incluindo de crianças, sejam mencionados na Bíblia e por autores clássicos, os poucos vestígios arqueológicos, como o Tofete de Cartago, indicam que era uma prática rara e, provavelmente, ocorrida somente em momentos de anomia. Outra prática mal interpretada, a de hierodulia ou prostituição cultual (qadesh e qadesha) também foi desconfirmada pelas análises recentes de fontes arqueológicas e literárias, sendo esses meramente designações dos servos dos templos.

A maior parte dos registros escritos dessas civilizações são textos comerciais e burocráticos, bem como registros epigramáticos curtos em superfícies duras. Contudo, há algumas obras de relevo literário.

De Ugarit restaram cerca de cinquenta textos com variações literárias e poemas épicos. São agrupados em míticos quando se referem aos deuses, como o Ciclo de Baal e as lendas, quando se trata de pessoas, como a Lenda de Keret, Lenda de Danel e Aqhat.

Na Idade do Ferro a escrita fenícia ou paleo-hebraica popularizou-se, especialmente a partir do século VIII d.C. A padronização dos tipos e dos estilos sugerem a existência de escolas escribais, mas nada tão institucionalizado como as edubas mesopotâmicas. Os materiais utilizados para a escrita eram certamente papiros e couros dos quais nada sobreviveram, bem como ôstracas e amuletos. Da Transjordânia restou na parede de uma habitação A visão de Balaão, um profeta citado no Pentateuco. Em vários lugares, uma lenda posterior, já em aramaico imperial, A estória de Aḥiqar, foi popular, pois sobreviveu em diferentes versões fragmentárias nos períodos persa e helenista em povos diversos.

Elementos do imaginário sírio-cananeu permeiam as narrativas bíblicas, sobretudo das Escrituras Hebraica. Embora boa parte da literatura bíblica tenha atingido sua forma canônica a partir do exílio Babilônico, vários escritos bíblicos possuem conteúdos mais antigos. Com grande probabilidade um corpus oral do ciclo dos patriarcas, da Tradição do Êxodo, dos provérbios, de vários salmos e das denunciações de muitos profetas (principalmente Amós, Oseias, o primeiro Isaías, Naum) tenham sido fixados em texto escrito antes do ano 600 a.C. (Schniedewind, 2011). Assim, temos, ricas porém fragmentárias alusões bíblicas que contribuem para se entender a literatura, a cultura e a civilização sírio-cananeia.

 

Legado

As conquistas dos estados sírio-cananeus pelos assírios e babilônios entre os séculos VIII ao V ocorreram sob uma nova política. Ao invés de simplesmente destruir toda a cidade e escravizar sua população ou impor um tratado de vassalagem, os assírios e babilônios passaram a deportar as populações e reassentá-las em outras regiões. A miscigenação entre os povos era estimulada e os povos subjugados ficavam sujeitos às tributações e à adoção de costumes mesopotâmicos. Seria o fim de uma civilização sírio-cananeia propriamente dita, mas com vários legados.

Uma das civilizações com as mais antigas cidades em contínua habitação seria ocupada sucessivamente por persas, gregos, romanos, árabes e turcos. Entretanto, legou e realizou grandes trocas culturais. Hoje podemos pensar nas práticas comerciais, na difusão do vidro e da viticultura, na culinária chamada sírio-libanesa ou mediterrânea, o culto ao deus El e a difusão da escrita alfabética como traços duradouros dessa civilização.


Fontes Bibliográficas

O ANET de Pritchard (1969) e o COS de Hallo e Younger (2002) são as obras-padrão para a publicação de textos relevantes à literatura bíblica. Dietrich et al. (1995) publicam o catálogo-padrão dos textos ugaríticos (KTU). O Kanaanäische und Aramäische Inschriften (KAI) é a compilação padronizada dos textos nas línguas semíticas do noroeste, exceto a Bíblia.

Poucas fontes da antiguidade clássica sobrevivem, como Luciano de Samósata, De Dea Syria. Os fragmentos de Filo Herênio de Biblos. História da Fenícia, contém, por sua vez, fragmentos de Sanconíaton de Beirute. Heródoto com suas Histórias e a Geografia de Estrabo são outras fontes valiosas se usadas criticamente.

Sobre a pré-história da região sírio-cananeia, consulte Mithen (2005) e Huehnergard (2000). Moura (2012) providencia um panorama de Ugarit. Ahlström (1993), Noll (2001, 2007), Finkelstein (1996), Nakhai (2001), Killebrew (2019) e Greener (2019) retratam essas religiões e sociedades na Idade do Bronze, como faz Ramazzina (2012) com a Fenícia na Idade do Ferro. Sobre os fenícios Doak e López-Ruiz (2019) fornecem um panorama. Quase nada há de trabalhos acadêmicos que sintetizam a parte sul dessa civilização, do Sinai ao norte da Arábia, mas Ahlström (1993) Smith (2002) são um ponto de partida enquanto Crowell (2021) oferece um panorama do estado-da-arte sobretudo sobre Edom. Schniedewind (2011) apresenta a função do mensageiro, dos grupos escribais e da escrita de cartas na emergência dessa literatura, especialmente a bíblica.

 

Mais Referências:

AHLSTRÖM, Gösta Werner. The history of ancient Palestine. Fortress Press, 1993.

CROWELL, Brad. Edom at the Edge of Empire: A Social and Political History. Atlanta: Society of Biblical Literature, 2021.

DIETRICH, Manfried; LORETZ, Oswald; SANMARTIN, Joaquín. Keilschrift Texte aus Ugarit (KTU). Münster: Ugarit-Verlag, 1995.

DOAK, Brian R.; LÓPEZ-RUIZ, Carolina. The Oxford Handbook of the Phoenician and Punic Mediterranean. Oxford: Oxford Handbooks, 2019.

DONNER, Herbert; ROLLING, Wolfgang. Kanaanäische und aramäische Inschriften. Vol. 1. Otto Harrassowitz, 2002.

FINKELSTEIN, Israel. 1996. The Territorial-Political System of Canaan in the Late Bronze Age. Ugarit-Forschungen 28: 221–55.

GREENER, Aaron. “Archaeology and Religion in Late Bronze Age Canaan.” Religions 10.4 (2019): 258. https://doi.org/10.3390/rel10040258

HALLO, William W.; YOUNGER K. Lawson. The Context of Scripture. (COS) 3 volumes. Leiden: Brill, 1997-2002.

HUEHNERGARD, John. “Proto-Semitic Language and Culture”. The American Heritage Dictionary of the English Language. BOSTON: Houghton Mifflin, 2000.

KILLEBREW, Ann E. “Canaanite roots, proto-Phoenicia, and the early Phoenician Period. Ca. 1300-1000 BCE.” Brian R. Doak; Carolina López-Ruiz (Eds.) Oxford Handbook of the Phoenician and Punic Mediterranean. Oxford: OUP, 2019, pp. 39-55. DOI: 10.1093/oxfordhb/9780190499341.013.4

MITHEN, Steven. Depois do gelo, uma história humana global, 20.000 – 5.000 a.C. Rio de Janeiro: Imago, 2005.

MOURA, Rogério Lima de.  O concílio dos deuses no salmo 82 e na literatura ugarítica. 2012. Dissertação de mestrado em  Ciências Sociais e Religião. Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2012. http://tede.metodista.br/jspui/handle/tede/246

NAKHAI, Beth Alpert. Archaeology and the Religions of Canaan and Israel. American Schools of Oriental Research, 2001.

NOLL, Kurt Lesher. Canaan and Israel in Antiquity: An Introduction. Londres: Sheffield Academic Press, 2001.

NOLL, Kurt Lesher. Canaanite Religion. Religion Compass 1/1 (2007): 61–92.

PRITCHARD, James B.  (ed.) Ancient Near Eastern Texts Relating to the Old Testament. (ANET) Princeton: Princeton University Press, 1969.

RAMAZZINA, Adriana A. Organização do Espaço e Território na Fenícia na Idade do Ferro: Cidades e Necrópoles. Mare Nostrum,  v. 3, n. 3, p. 157-174, 2012. DOI: 10.11606/issn.2177-4218.v3i3p157-174.  

SCHNIEDEWIND, William M. Como a Bíblia tornou-se um livro. A textualização no Antigo Israel. São Paulo: Loyola, 2011.

SMITH, Mark S. The Early History of God: Yahweh and Other Deities in Ancient Israel. Grand Rapids: Eerdmans, 2002.

 

 

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