Ugarit teve uma longa história. Os antigos assentamentos dos sítios datam do período neolítico (6500 AEC) e continuou até aproximadamente o fim da Idade do Bronze tardia quando se tornou um centro comercial próspero. Antes da descoberta do sítio na antiga Ugarit, estudiosos só conheciam seu significado e existência através dos arquivos de Amarna escavados no Egito e em Boghaskoy na Ásia Menor.
A fase mais importante da história de Ugarit começa aproximadamente em 1900 AEC. A Lista de Reis de Ugarit (KTU 1.113)4 e a literatura épica, fornecem informações sobre o crescimento nesse período de tribos de pastores semi – nômades na estepe mesopotâmica conhecidos como Amoritas, que se estabeleceram em Ugarit e iniciou uma nova fase em sua história. A fundação da dinastia real ugarítica até a sua destruição são traçadas dessa expansão amorita. A prosperidade de Ugarit nesse tempo foi comparada aos grandes reinos do Antigo Oriente. Primeiro o reino de Mari no primeiro milênio AEC, depois o Egito, e finalmente o reinado hitita.
Mari foi particularmente um importante sítio no médio Eufrates que prosperou sob os amoritas no segundo milênio AEC. Nesse período, Ugarit foi também um centro comercial para os faraós da XII e XIII dinastias. Diversas estátuas do reinado médio escavadas em Ugarit testificam a função da cidade como portão comercial egípcio para a Mesopotâmia e o império babilônico. Não há informações a respeito de uma presença militar egípcia em Ugarit nesse período.
Durante o período do reinado dos Hicsos no Egito (1674–1567 AEC) os hurritas ganharam o controle de Ugarit, e a cidade manteve abertas relações com o reinado de Mitanni no norte da Síria. Os reis hurritas romperam os vínculos com os egípcios enquanto buscavam aumentar o relacionamento com Ugarit e a Mesopotâmia.
Nesse tempo, a cidade de Ugarit sofreu um período de declínio. Iniciando-se com a XVIII dinastia durante o reinado tardio, o império egípcio se reafirmou no norte da Síria. A campanha militar egípcia estendeu–se até ao norte do Eufrates, e o relacionamento de Ugarit com o Egito foi restabelecido. No tempo de Amenófis II (1440 AEC) uma guarnição egípcia foi posta em Ugarit. Diversas cartas de Amarna foram escritas de Ugarit ao Egito (1350 AEC).
Ganhando com a prosperidade e estabilidade do reinado egípcio, Ugarit experimentou um momento de crescimento e prosperidade entre o XV ao XIV séculos AEC, e esses séculos representaram o auge e a idade de ouro da cidade. É nesse período que a literatura ugarítica começa a florescer. Os estudiosos afirmam que a literatura épica de Ugarit, a qual foi transmitida oralmente por séculos, foi escrita durante o reinado de Niqmaddu II (1350 AEC).
A lista de reis de ugarit abaixo mostra-nos uma tradição dinástica:
Ammistamru I – 1350 AEC
Niqmaddu II – 1350– 1315 AEC
Arhalbu– 1315 – 1313 AEC
Niqmepa– 1313 – 1260 AEC
Ammistamru II – 1260– 1235 AEC
Ibiranu– 1235 – 1225/20 AEC
Niqmaddu III – 1225/20– 1215 AEC
Ammurapi – 1215–1185 AEC
Em 1350 AEC, o rei de Hatti, Suppiluliuma conquistou o reino de Mitanni.
Nesse tempo, Ugarit se tornou vassalo do reinado hitita, pagando pesados tributos e consequentemente, teve a ajuda dos hititas para se desenvolver como centro comercial.
Suppiluliuma concedeu a Ugarit muitas cidades que estenderam as fronteiras do reinado ugarítico, possivelmente até o Leste do Rio Orontes.
Os soberanos hititas em Carquemish serviram como intermediários entre os monarcas superiores hititas e os governantes de Ugarit. Os comerciantes hititas tiveram privilégios especiais na cidade, incluindo isenção de taxas.
Soldados de Ugarit também lutaram ao lado dos hititas contra Ramsés II na batalha de Kadesh (1276 AEC). Ugarit controlou a situação de maneira a não afetar as relações amistosas que tinha com o Egito. Uma estela mostra que um escriba real egípcio foi nomeado para estar na corte real ugarítica. Ugarit aparentemente serviu como um “tampão” para diminuir as rivalidades entre a Mesopotâmia e o Egito durante esse período, e prosperou como porto neutro e canal do comércio internacional. Uma carta do rei de Tiro para o rei de Ugarit ilustra a prosperidade e riscos do florescente comércio marítimo desse período (KTU 2.38).
A destruição de Ugarit geralmente é atribuída aos povos do mar no XII século AEC. A civilização mercantil de Ugarit dificilmente ficou condizente aos violentos ataques dos povos do mar, porém a desintegração da economia e do palácio templo da cidade começaram antes das migrações dos povos do mar na região. O fim do período tardio da Idade do Bronze foi marcado por um processo geral de “ruralização” que minou a manutenção da economia urbana e acelerou o fim de Ugarit, assim como de outros reinos da Idade do Bronze tardia.
KTU é a sigla de: Keilalphabetischen Texte aus Ugarit em Alemão: Keil Alphabetischen Texte aus Ugarit (Textos Alfabéticos em cunha de Ugarit) in: LETE, Gregorio Del Olmo. Mitos y Leyendas de
Canaan Segun la Tradicion de Ugarit. Madrid: Ediciones Cristiandad, 1981.
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