Flavius Theodoricus nasceu em 30 de agosto de 474 na Panônia (Áustria) e morreu em 30 de agosto de 526 em Ravena, aos 72 anos. Foi rei da tribo Germânica dos Ostrogodos, ele formou uma poderosa dinastia. Teodorico viajou a Constantinopla, ainda jovem, como refém para assegurar a obediência ostrogoda a um tratado que seu pai, o rei Teodomiro, havia fechado com o imperador bizantino Leão I, o Trácio.
Viveu na corte de Constantinopla por vários anos, onde aprendeu muito sobre o governo e táticas militares romanos. Tratado com generosidade pelos imperadores Leão I, o Trácio e Zenão, ele se tornou mestre dos soldados (magister militum) em 483, e, um ano depois, cônsul. Voltou, então, a viver entre os ostrogodos, com pouco mais de 20 anos, tornando-se seu rei em 474.
Nessa época, os ostrogodos se estabeleceram no território bizantino como aliados dos romanos, mas estavam também se tornando impacientes e progressivamente dificultavam o domínio de Zenão.
Não muito depois de Teodorico se tornar rei, ele e Zenão concluíram um acordo que beneficiava os dois lados. Os ostrogodos precisavam de um lugar para viver, e Zenão estava tendo sérios problemas com Odoacro, rei da Itália que tinha causado a queda do Império Romano do Ocidente em 476. Ainda que formalmente fosse um vice-rei do imperador Zenão, Odoacro estava ameaçando territórios bizantinos e não respeitava os direitos dos cidadãos romanos na Itália.
Zenão fez de Teodorico um patrício romano, um cônsul, e deu-lhe uma grande quantia em dinheiro. Teodorico aceitou que, se ele derrotasse Odoacro, reinaria em seu lugar até a chegada de Zenão, e, reunindo os godos, veio do Oriente para defender a Itália, em nome de Zenão.
Teodorico derrotou Odoacro nas margens do rio Isonzo, em Aquileia em 488, Verona em 489 e no rio Adda em 490. Neste mesmo ano, Ravena foi cercada, o cerco durou três anos e foi marcado por dezenas de ataques de ambos os lados. No final, nenhum dos lados pôde prevalecer de forma conclusiva, e assim, em 2 de fevereiro de 493, Teodorico e Odoacro assinaram um acordo de paz. Um banquete foi organizado para celebrar o tratado. Foi nesse banquete que Teodorico matou Odoacro com as próprias mãos. Como Odoacro, Teodorico era formalmente apenas um vice-rei para o imperador romano em Constantinopla. Na realidade, ele agia com independência, e o relacionamento entre o imperador e Teodorico era de iguais. Contudo, diferentemente de Odoacro, Teodorico respeitava o acordo que tinha feito e permitia que os cidadãos romanos dentro do seu reino fossem submetidos à lei romana e ao sistema judicial romano. Os godos, por enquanto, viviam sob suas leis e costumes.
Teodorico se aliou aos francos, pelo seu casamento com Aldofleda (Augoflada), irmã de Clóvis I, e com os reis dos visigodos, vândalos e burgúndios. Ele casou suas filhas do primeiro casamento, Areaagni e Teodegunda, respectivamente com Alarico II, rei dos visigodos, e Sigismundo, filho do rei Gundebado. Mesmo fazendo estas alianças, ele guerreou com seus aliados.
Teodorico, o grande, tinha um grande respeito pela cultura romana, vendo a si como um de seus representantes. Tinha um bom olho para as pessoas talentosas. Por volta de 520, o filósofo Boécio tornou-se seu mestre dos ofícios (chefe de todo o governo e dos serviços da corte). Boécio, pertencente a uma antiga família romana, cristianizada havia mais de um século, era homem das ciências, helenista dedicado, profundo conhecedor do grego e da obra dos clássicos, empenhado em traduzir os trabalhos de Aristóteles e Platão para o latim, a fim de demonstrar que as diferenças entre o pensamento dos dois eram apenas aparentes, uma tarefa difícil.
Finalmente, Boécio perdeu a confiança de Teodorico, após discursar defendendo a inocência do senador Albino, acusado de conspirar contra Teodorico em favor do imperador bizantino. Teodorico ordenou a execução de Boécio, em 525, por julgá-lo partidário de um movimento que visava a reintegrar Roma ao Império Bizantino, em prejuízo do reinado de Teodorico. Provisoriamente, Cassiodoro substituiu Boécio como mestre dos ofícios em 523.
Teodorico era de fé ariana. No final de seu reinado, apareceram intrigas com relação a seus assuntos romanos e com o imperador bizantino Justino I sobre o arianismo. As relações entre as duas nações se deterioraram, embora a habilidade de Teodorico tenha dissuadido os bizantinos de iniciar uma guerra contra eles. Após sua morte, essa relutância desapareceu rapidamente. Teodorico, o Grande, foi sepultado em Ravena. Seu mausoléu é um dos mais elaborados monumentos de Ravena, na Itália.
Após sua morte em Ravena, em 526, Teodorico foi sucedido pelo seu neto Atalarico. Atalarico foi inicialmente representado por sua mãe, Amalasunta, que atuou como rainha regente de 526 a 534. O reino dos ostrogodos começou a esvanecer, começando a ser conquistado por Justiniano em 535, sendo conquistado totalmente, em 553, na batalha de Mons Lactarius.
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