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domingo, 1 de junho de 2025

A ERA VARGAS 1930 - 1945

 


A era Vargas  é o período da história do Brasil entre 1930 e 1946, quando o país foi governado pelo presidente Getúlio Vargas. O período de 1930 a 1937 é conhecido como Segunda República Brasileira, e o período de 1937 a 1946 é conhecido como Terceira República Brasileira ou Estado Novo.

A Revolução Brasileira de 1930 marcou o fim da Primeira República Brasileira. O golpe depôs o presidente Washington Luís e bloqueou a posse do presidente eleito Júlio Prestes, sob a alegação de que a eleição havia sido fraudada por seus apoiadores. A Constituição de 1891 foi revogada, o Congresso Nacional dissolvido e a junta militar provisória cedeu o poder a Vargas. A intervenção federal nos governos estaduais aumentou, e o cenário político foi alterado pela supressão das oligarquias tradicionais dos estados de São Paulo e Minas Gerais.

A era teve três fases sucessivas:

O período do Governo Provisório (1930–1934), quando Vargas governou por decreto como chefe do governo provisório instituído pela revolução, antes da adoção de uma nova constituição.

O período em torno da Constituição brasileira de 1934, quando uma nova constituição foi redigida e aprovada pelo Congresso Nacional de 1933-1934 e Vargas, eleito pelo Congresso sob as disposições transitórias da constituição, governou como presidente com uma legislatura democraticamente eleita.

O período do Estado Novo (1937-1946) começou quando, para permanecer no poder, Vargas impôs uma constituição ditatorial em um golpe de estado e fechou o legislativo para governar o Brasil como um ditador.

A deposição de Vargas e o regime do Estado Novo em 1945 levaram à restauração da democracia no Brasil com a adoção de uma nova constituição em 1946, marcando o fim da era Vargas e o início da Quarta República Brasileira 


Queda da Primeira República

As rebeliões tenentistas não impactaram significativamente os reformadores sociais burgueses no Brasil. No entanto, a arraigada oligarquia cafeeira paulista, no poder, ficou vulnerável durante a turbulência econômica de 1929.

A vulnerabilidade do Brasil durante a Grande Depressão residia na dependência de sua economia em relação ao mercado externo e a empréstimos. Apesar de algum desenvolvimento industrial em São Paulo, o café e outras exportações agrícolas eram o sustentáculo da economia.

Dias após a quebra da bolsa de valores dos EUA em 29 de outubro de 1929, os preços do café caíram. Entre 1929 e 1931, os preços do café caíram de 22,5 centavos por libra para oito centavos por libra. À medida que o comércio mundial se contraía, os exportadores de café experimentaram uma grande queda nos ganhos em moeda estrangeira.

A Grande Depressão teve um efeito dramático no Brasil. O colapso do programa de valorização (suporte de preços) do Brasil, uma rede de segurança em tempos de crise econômica, foi interligado ao colapso do governo central e de sua base de apoio na oligarquia latifundiária; os cafeicultores tornaram-se perigosamente dependentes da valorização governamental. O governo não carecia de recursos para socorrer a indústria cafeeira após a recessão pós- Primeira Guerra Mundial, mas a demanda mundial pelos produtos primários brasileiros havia caído drasticamente entre 1929 e 1930 para manter as receitas governamentais. As reservas de ouro do país estavam esgotadas no final de 1930, levando sua taxa de câmbio a uma nova mínima, e o programa de café armazenado entrou em colapso.

O governo do presidente Washington Luís enfrentou uma crise cada vez mais profunda na balança de pagamentos, e os cafeicultores tiveram uma safra invendável. Como o poder residia em um sistema de clientelismo, rupturas em larga escala no delicado equilíbrio de interesses regionais deixaram o regime de Luís vulnerável. Políticas governamentais que favoreciam interesses estrangeiros exacerbaram a crise, deixando o regime alienado de quase todos os segmentos da sociedade. Após o pânico de Wall Street, o governo tentou agradar os credores estrangeiros mantendo a conversibilidade de acordo com os princípios de banqueiros e economistas estrangeiros que definiam os termos das relações do Brasil com a economia mundial; isso não teve apoio de nenhum setor importante da sociedade brasileira.

Luís manteve uma política monetária forte, apesar da fuga de capitais, garantindo a conversibilidade da moeda brasileira em ouro ou libra esterlina. O governo foi forçado a suspender a conversibilidade cambial quando suas reservas em ouro e libra esterlina se esgotaram em meio ao colapso do programa de valorização, e o crédito externo evaporou.


Ascensão de Getúlio Vargas

Governador populista do Rio Grande do Sul, no extremo sul do Brasil, Vargas era pecuarista, doutor em direito e candidato presidencial em 1930 pela Aliança Liberal. Membro da oligarquia latifundiária gaúcha que ascendeu por meio do sistema de clientelismo e clientelismo, ele tinha uma visão inovadora de como a política brasileira poderia ser moldada para apoiar o desenvolvimento nacional. Vargas vinha de uma região com tradição positivista e populista e era um nacionalista econômico que defendia o desenvolvimento industrial e as reformas liberais, construía redes políticas e estava em sintonia com os interesses das classes urbanas em ascensão. Ele contava com o apoio dos tenentes da rebelião de 1922.

Vargas compreendeu que, com o rompimento das relações entre trabalhadores e proprietários nas crescentes fábricas brasileiras, os trabalhadores poderiam se tornar a base de uma nova forma de poder político: o populismo. Ele gradualmente conquistou o domínio do mundo político brasileiro e permaneceu no poder por 15 anos. À medida que o domínio das elites agrícolas diminuía, os líderes industriais urbanos adquiriam mais influência nacional e a classe média se fortalecia.

Além da Grande Depressão e do surgimento da burguesia brasileira, a política inter-regional do país incentivou a aliança forjada por Vargas durante a Revolução de 1930 entre os novos setores urbanos e os latifundiários hostis ao governo em outros estados além de São Paulo.

Juntamente com os grupos burgueses urbanos, os barões do açúcar do Nordeste tinham um legado de antigas queixas contra as oligarquias cafeeiras paulistas do Sul. Os proprietários de terras do Nordeste se opuseram à descontinuação, por Washington Luís, dos projetos de combate à seca de Artur Bernardes em 1930. A decadência das oligarquias açucareiras do Nordeste começou dramaticamente com a severa seca de 1877, combinada com o rápido crescimento do estado de São Paulo, produtor de café. Após a abolição da escravatura em 1888, o Brasil viu um êxodo em massa de escravos emancipados e outros camponeses do Nordeste para o Sudeste, garantindo um suprimento constante de mão de obra barata para os cafeicultores.

Durante a República Velha, a política do café com leite era dominada pelos estados de São Paulo e Minas Gerais (os maiores do Brasil, em termos demográficos e econômicos), no sudeste do país. Diante das divergências com o regime vigente no Nordeste e no Rio Grande do Sul, Vargas escolheu João Pessoa, da Paraíba, como candidato a vice-presidente na eleição presidencial de 1930. Com o entendimento de que o domínio dos proprietários rurais continuaria sob um governo da Aliança Liberal, as oligarquias nordestinas foram integradas à aliança varguista por meio do novo Partido Social Democrata (PSD).

Como candidato em 1930, Vargas utilizou a retórica populista para promover os interesses da classe média, opondo-se à primazia (mas não à legitimidade) da oligarquia cafeeira paulista e das elites latifundiárias, pouco interessadas em proteger e promover a indústria. Por trás da fachada do populismo de Vargas, ocultava-se a natureza mutável de sua coalizão. Grupos regionais com domínio local – os gaúchos do Rio Grande do Sul e os barões do açúcar do Nordeste – conduziram os novos grupos urbanos à vanguarda da vida política brasileira, inclinando a balança do governo central para o lado da Aliança Liberal.


Segunda República

A tênue coalizão de Vargas carecia de um programa coerente além de uma visão ampla de "modernização". Ele tentou conciliar os interesses divergentes de seus apoiadores com a reforma social entre 1930 e 1934, com suas políticas cada vez mais dependentes do populismo.

Vargas buscou tirar o Brasil da Grande Depressão por meio de políticas estatistas que atendessem às demandas dos grupos burgueses urbanos em rápido crescimento, expressas pelas novas ideologias (para o Brasil) de populismo e nacionalismo. Seus primeiros passos (como os de Roosevelt) concentraram-se em estímulos econômicos, com os quais todas as facções concordavam. Favorecendo uma política de incentivos fiscais e cotas de importação para expandir a base industrial do país, Vargas vinculou suas políticas pró-classe média ao nacionalismo. Ele buscou mediar disputas entre trabalhadores e capital, reprimindo uma greve de trabalhadoras paulistas ao se apropriar de grande parte de sua plataforma e exigindo mediação governamental no futuro.

Com as oligarquias nordestinas agora incorporadas à coalizão governante, o governo se concentrou na reestruturação da agricultura. Para apaziguar os oligarcas agrários amigáveis, o Estado deixou os domínios empobrecidos dos oligarcas rurais intocados e ajudou os barões do açúcar a consolidar seu controle sobre o Brasil rural. O campesinato, surpreendendo muitos acostumados a ignorar as regiões periféricas do Brasil, não era tão servil. O banditismo era comum, mas também o eram o messianismo, as revoltas anarquistas e a sonegação de impostos, todas práticas comuns antes de 1930. O governo esmagou uma onda de banditismo no Nordeste que ficou conhecida como cangaço, revertendo o declínio drástico (mas gradual) dos latifúndios nordestinos da década de 1870 até a revolução de 1930. Às custas do campesinato indigente — 85% da força de trabalho — Vargas renegou suas promessas de reforma agrária e negou aos trabalhadores agrícolas os ganhos da classe trabalhadora em regulamentações trabalhistas. Surgiu oposição entre os poderosos oligarcas do café paulista a essa intervenção e à crescente centralização do governo, suas posturas cada vez mais populistas e fascistas, suas políticas protecionistas e mercantilistas (protegendo produtores politicamente favorecidos em detrimento dos consumidores) e ao próprio Vargas, cada vez mais ditatorial.

O apaziguamento dos interesses fundiários (forças tradicionalmente dominantes no Brasil) exigiu um realinhamento da coalizão de Vargas, forçando-o a se voltar contra sua ala esquerda. A influência do grupo dos tenentes sobre Vargas diminuiu rapidamente após meados de 1932, embora tenentes moderados, individualmente, continuassem a ocupar cargos importantes no regime. A expulsão dos tenentes de centro-esquerda de sua coalizão marcou sua guinada para a direita em 1934.


Vargas Ditador

Vargas copiou táticas fascistas e compartilhou a rejeição do fascismo ao capitalismo liberal. Ele abandonou o governo provisório (1930-1934), caracterizado por reformas sociais que pareciam favorecer a ala esquerda de sua coalizão revolucionária, os tenentes .

Uma insurgência conservadora em 1932 foi o ponto de virada para a direita. Após a Revolução Constitucionalista de Julho — uma tentativa velada dos oligarcas cafeeiros paulistas de retomar o governo central — Vargas tentou recuperar o apoio das elites latifundiárias (incluindo os cafeicultores) para estabelecer uma nova aliança.

A revolta foi causada pela nomeação de João Alberto, um tenente de centro-esquerda, por Vargas, como interventor (governador provisório) no lugar do governador eleito de São Paulo. A elite paulista detestava Alberto, ressentindo-se de seus esforços de centralização e alarmada com reformas econômicas como o aumento salarial de cinco por cento e a pequena distribuição de terras aos participantes da revolução. Em meio a ameaças de revolta, Vargas substituiu João Alberto por um civil de São Paulo, nomeou um banqueiro paulista conservador como ministro da Fazenda e anunciou uma data para uma assembleia constituinte. Isso encorajou os oligarcas do café, que lançaram uma revolta em julho de 1932, que fracassou após três meses de combate armado.

Apesar da tentativa de revolução, Vargas estava determinado a manter sua aliança com a ala ruralista de sua coalizão e a fortalecer os laços com o establishment paulista. Novas concessões alienaram a ala esquerda da coalizão, especialmente o descumprimento das promessas de reforma agrária feitas durante a campanha de 1930. Vargas perdoou metade das dívidas bancárias dos cafeicultores, que mantinham o controle da máquina eleitoral do estado. Para pacificar seus adversários paulistas após a revolta fracassada, ordenou que o Banco do Brasil honrasse os títulos de guerra emitidos pelo governo rebelde.

Em 1934, Vargas passou a ser cada vez mais ameaçado por elementos pró-comunistas críticos aos latifúndios rurais, que buscavam uma aliança com a maioria camponesa do país apoiando a reforma agrária. Apesar de sua retórica populista, Vargas foi levado ao poder por oligarquias de fazendeiros em regiões remotas em meio a uma revolução e não estava em condições de atender às demandas comunistas.

Em 1934, munido de uma nova constituição elaborada sob influência dos modelos fascistas europeus, Vargas começou a controlar os sindicatos moderados e a se voltar contra os tenentes. Mais concessões aos latifúndios o levaram a uma aliança com os integralistas, o movimento fascista brasileiro. O regime de Vargas, entre 1934 e 1945, foi caracterizado pela cooptação dos sindicatos brasileiros por meio de sindicatos estatais e fictícios, e pela supressão da oposição, especialmente da esquerda.

O clima em São Paulo era propício ao extremismo ideológico, e o sudeste, em rápida industrialização, favorecia movimentos de massa de estilo europeu. O Partido Comunista Brasileiro foi fundado em 1922, e o pós-guerra testemunhou as primeiras ondas de greves gerais sindicais no país.

A Grande Depressão que levou Vargas ao poder desencadeou apelos por reformas sociais, contrariados pela mobilização em massa de um novo inimigo em potencial: o proletariado urbano. Vargas tentou impor uma tutela paternalista sobre a classe trabalhadora para controlá-la e cooptá-la. Seus apoiadores começaram a ver o movimento trabalhista, que era maior e mais bem organizado do que após a Primeira Guerra Mundial, como uma ameaça.

Vargas conseguiu unir as elites latifundiárias para conter os comunistas. Com o cangaço reprimido no Nordeste, a nova burguesia e os oligarcas latifundiários transferiram seus medos para os sindicatos e os sentimentos socialistas do proletariado urbano. Frequentemente composto por imigrantes, o proletariado vinha do sudeste, mais urbano, e era mais europeu em população, cultura, ideologia e desenvolvimento industrial. A aliança de Vargas com os trabalhadores se desintegrou em 1934, e o país iniciou um período de agitação. Em meados de 1935, a política brasileira estava desestabilizada.

Vargas se concentrou nos dois movimentos ideológicos nacionais que estavam comprometidos com a mobilização de massas ao estilo europeu: um pró-comunista e o outro pró-fascista. Mais intimidadora foi a Aliança Nacional Libertadora (ANL), lançada em 1935, uma frente popular de esquerda de socialistas, comunistas e outros progressistas liderada pelo Partido Comunista e Luís Carlos Prestes. Um precursor revolucionário de Che Guevara, Prestes liderou a fútil Coluna Prestes pelo interior rural brasileiro após a fracassada rebelião tenente de 1922 contra os oligarcas do café. Essa experiência deixou Prestes e alguns de seus camaradas céticos em relação ao conflito armado, e seu ceticismo ajudou a precipitar o cisma da década de 1960 entre os maoístas linha-dura e o marxismo-leninismo ortodoxo que persiste no Partido Comunista Brasileiro. Com os tenentes de centro-esquerda fora da coalizão e a esquerda esmagada, Vargas voltou-se para sua base de apoio na direita em uma repressão à ANL. À medida que sua coalizão se deslocava para a direita após 1934, a ideologia de Vargas permaneceu ambígua. O integralismo, com um número crescente de membros em 1935, começou a preencher esse vazio ideológico (especialmente entre os cerca de um milhão de brasileiros de ascendência alemã).

Plínio Salgado, escritor e político, fundou a Ação Integralista Brasileira em outubro de 1933. Seu partido tinha simbolismo fascista e nazista e usava a saudação romana. Tinha todos os elementos visíveis do fascismo europeu: uma organização paramilitar de camisas verdes, manifestações de rua e retórica agressiva parcialmente financiada pela embaixada italiana. Os integralistas tomaram emprestado suas campanhas de propaganda de materiais nazistas, incluindo a excoriação do marxismo e do liberalismo e o apoio ao nacionalismo, ao antissemitismo e às virtudes cristãs. Eles eram apoiados por oficiais militares, especialmente na marinha.


Desenvolvimento Econômico

Paralelos entre a economia politizada de Vargas e os estados policiais europeus começaram a aparecer em 1934, quando uma nova constituição foi promulgada com influência fascista. Depois de 1934, programas de estilo fascista tinham dois objetivos: estimular o crescimento industrial (sob o disfarce de nacionalismo e autarquia) e suprimir a classe trabalhadora. O governo Vargas disse que as disposições corporativistas da constituição (aprovada em 16 de julho de 1934) uniriam todas as classes em interesse mútuo – o propósito declarado de um documento governamental semelhante na Itália fascista. Isso significava dizimar o trabalho organizado independente e atrair a classe trabalhadora para o estado corporativista. A expansão da indústria e da urbanização fortaleceu os trabalhadores urbanos, apresentando a necessidade de atraí-los para uma aliança comprometida com a modernização do Brasil. Vargas e, mais tarde, Juan Perón, na vizinha Argentina , imitaram a estratégia de Mussolini de consolidar o poder mediando disputas de classe sob a bandeira do nacionalismo.

A Constituição instituiu uma nova Câmara dos Deputados que colocou a autoridade governamental sobre a economia privada e estabeleceu um sistema de corporativismo voltado para a industrialização e a redução da dependência externa. Essas disposições designavam representantes corporativos de acordo com classe e profissão, organizando as indústrias em sindicatos estatais, mas, em geral, mantendo a propriedade privada das empresas de propriedade brasileira.

A Constituição de 1934-1937 e, especialmente, o Estado Novo intensificaram os esforços para centralizar a autoridade no Rio de Janeiro e limitar a autonomia provincial. Esse papel progressista buscou consolidar a Revolução de 1930, substituindo o poder das oligarquias cafeeiras paulistas por uma política centralizada que respeitasse os interesses agroexportadores locais e criasse uma base econômica para os novos setores urbanos. O governo estadual seria racionalizado e regularizado, liberto das garras do coronelismo.

A Constituição estabeleceu um mecanismo mais direto para o Executivo Federal controlar a economia, adotando uma política de planejamento e investimento direto na criação de complexos industriais. Empresas estatais e de economia mista dominavam as indústrias pesadas e de infraestrutura, e o capital privado brasileiro predominava na indústria manufatureira. O investimento estrangeiro direto aumentou durante a década de 1930, à medida que as empresas estrangeiras buscavam ampliar sua participação no mercado interno e superar barreiras tarifárias e problemas cambiais, estabelecendo filiais no Brasil. O Estado enfatizava os setores básicos da economia, enfrentando a difícil tarefa de forjar uma base de capital viável para o crescimento futuro em mineração, petróleo, siderurgia, energia elétrica e produtos químicos.


Estado Novo - Terceira República

O mandato de quatro anos de Vargas como presidente, sob a Constituição de 1934, expiraria em 1938, e ele foi impedido de se reeleger. Ele fez um discurso nacional de rádio em 10 de novembro de 1937, denunciando o Plano Cohen, que supostamente documentava uma conspiração comunista para derrubar o governo. O Plano Cohen foi forjado pelo governo para criar uma atmosfera favorável à permanência de Vargas no poder, perpetuando seu governo e concedendo-lhe poderes ditatoriais.

Os comunistas tentaram tomar o governo em uma tentativa fracassada de golpe em novembro de 1935. Após a revolta fracassada, o Congresso Nacional deu maiores poderes a Vargas e aprovou a criação de um Tribunal de Segurança Nacional (TSN) em um estatuto adotado em 11 de setembro de 1936.

Em seu discurso de rádio de 10 de novembro de 1937, Vargas invocou a suposta ameaça comunista, decretou estado de emergência, dissolveu o legislativo e anunciou a adoção, por decreto presidencial, de uma nova constituição autoritária que colocava todo o poder de governo em suas mãos. A Constituição de 1934 foi abolida e Vargas proclamou um estado novo.

Os poderes do Tribunal de Segurança Nacional foram simplificados na Terceira República Brasileira e se concentraram em processar dissidentes políticos. Os poderes da polícia foram reforçados com o estabelecimento do Departamento de Ordem Política e Social (DOPS), uma polícia política e serviço secreto. Quando foi criado em 1936, o Tribunal de Segurança Nacional deveria ser um tribunal temporário; os réus podiam apelar de suas sentenças ao Superior Tribunal Militar (Superior Tribunal Militar), o tribunal de apelações do Brasil para as forças armadas, que era subordinado ao supremo tribunal do país. Comunistas e outros acusados ​​de conspirar golpes eram julgados pelo sistema de corte marcial militar (com o Tribunal de Segurança Nacional sendo o tribunal de primeira instância para esses casos), em vez de tribunais comuns. O Tribunal de Segurança Nacional se tornou um tribunal permanente no Estado Novo, autônomo do resto do sistema judicial. Ele ganhou autoridade para julgar casos envolvendo conspiradores comunistas e outros conspiradores de golpes, e julgava qualquer pessoa acusada de subverter ou colocar em risco o regime do Estado Novo. Punições extrajudiciais eram impostas pela polícia, especialmente o DOPS.

A constituição de 1937 previa eleições para um novo congresso e um referendo confirmando as ações de Vargas. Nenhum dos dois foi realizado, ostensivamente devido à perigosa situação internacional. Sob um artigo transitório da constituição, aguardando novas eleições, o presidente assumiu poderes legislativos e executivos; Vargas governou por oito anos sob o que equivalia à lei marcial. De acordo com a constituição de 1937, Vargas deveria ter permanecido presidente por apenas mais seis anos (até novembro de 1943); ele permaneceu no poder até ser deposto em 1945. A ditadura do Estado Novo restringiu a autonomia do poder judiciário e dos estados brasileiros governados por interventores federais, que tinham poderes legislativos e executivos (supostamente temporários).

Em dezembro de 1937, um mês após o golpe do Estado Novo, Vargas assinou um decreto dissolvendo todos os partidos políticos, incluindo a fascista Ação Integralista Brasileira (AIB). Os integralistas, até então, apoiavam as medidas anticomunistas de Vargas. Irritados com a repressão da AIB, invadiram o Palácio Guanabara em uma tentativa frustrada de depor Vargas em 11 de maio de 1938.

Entre 1937 e 1945, durante o Estado Novo, Vargas interveio na economia e promoveu o nacionalismo económico. Conhecido pelos seus apoiantes como o "Pai dos Pobres", forneceu-lhes ferramentas para ajudar a melhorar o seu modo de vida agrário.


Durante este período, foram criados vários organismos industriais:

O Conselho Nacional do Petróleo (Conselho Nacional do Petróleo, ou CNP)

O Departamento de Administração do Serviço Público (Departamento Administrativo do Serviço Público , ou DASP)

Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)

Companhia do Vale do Rio Doce

A Companhia Hidrelétrica de São Francisco (Companhia Hidro-Elétrica do São Francisco)

A Fábrica Nacional de Motores (FNM)

O Estado Novo afetou a arquitetura modernista no Brasil, implementando um planejamento urbano incompleto e em larga escala. Curitiba, uma das cidades mais bem planejadas do mundo,  foi planejada por Alfred Agache durante o Estado Novo.


As medidas para conter a oposição incluíam a nomeação de intervenientes para os estados e a censura da mídia pelo Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), que tentava moldar a opinião pública.

Vargas promulgou a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) em 1943, garantindo estabilidade no emprego após dez anos de serviço. O decreto previa descanso semanal, regulamentava o trabalho de menores e mulheres, regulamentava o trabalho noturno e estabelecia uma jornada de oito horas.


Segunda Guerra Mundial

Vargas manteve a neutralidade até 1941, quando um acordo proposto pelo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Oswaldo Aranha, foi firmado entre as nações continentais americanas para se alinharem a qualquer país americano em caso de ataque de uma potência externa. Após Pearl Harbor, a entrada do Brasil na guerra tornou-se uma questão de tempo. Os EUA financiaram a extração de minério de ferro e a produção de aço do Brasil e instalaram bases militares ao longo das costas norte e nordeste do país, com sede em Natal. Com a conquista do Sudeste Asiático pelas tropas japonesas, Vargas assinou os Acordos de Washington de 1942 ; o acordo forneceu borracha amazônica aos Aliados, resultando em um segundo boom da borracha e na migração forçada de "soldados da borracha " do nordeste atingido pela seca para a Amazônia.

Após o afundamento de mais de 25 navios mercantes brasileiros por submarinos alemães e italianos em 1942, a mobilização popular forçou o governo brasileiro a abandonar a neutralidade e declarar guerra à Alemanha nazista e à Itália fascista em agosto daquele ano. A decisão do governo de enviar tropas só foi tomada em janeiro de 1943, quando Vargas e o presidente americano Franklin Delano Roosevelt se encontraram em Natal e a Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi criada. Em julho de 1944, o primeiro grupo da FEB foi enviado para lutar na Itália.

Logo após a guerra, temendo a popularidade da BEF e o possível uso político da vitória dos Aliados por alguns de seus membros, o governo brasileiro decidiu se desmobilizar. Os veteranos da BEF foram proibidos de usar condecorações ou uniformes militares em público e foram transferidos para regiões remotas ou guarnições de fronteira.

A participação brasileira na guerra aumentou a pressão em favor da redemocratização. Embora o regime tenha feito algumas concessões (como a fixação de uma data para eleições presidenciais, anistia para presos políticos, liberdade de organização partidária e o compromisso com uma nova convenção constitucional), Vargas não conseguiu manter o apoio e foi deposto pelos militares em um golpe de Estado desferido por seu Ministério da Guerra em 29 de outubro de 1945.

Os militares convocaram José Linhares, vice-presidente de Vargas e presidente do Supremo Tribunal Federal, para assumir a presidência; o cargo de vice-presidente havia sido extinto e nenhuma legislatura havia sido eleita sob a Constituição de 1937, tornando o presidente do Supremo Tribunal Federal o primeiro na linha de sucessão. Linhares imediatamente convocou eleições presidenciais e uma assembleia constituinte. As eleições foram realizadas em dezembro de 1945, e Linhares permaneceu no cargo até a posse da Assembleia e do presidente Eurico Gaspar Dutra em 31 de janeiro de 1946. Isso marcou o fim do Estado Novo e o início da Quarta República Brasileira.


quinta-feira, 29 de maio de 2025

M.M.D.C. - A FARSA DOS ESTUDANTES DA REVOLUÇÃO DE 1932

 


Os ditos estudantes, conhecidos pelo acrônimo M.M.D.C., não eram estudantes como dizem nas escolas, faculdades, TV, rádio, internet, etc. Destes estudantes, somente um era estudante de fato.


Em 1932, o Brasil era presidido por Getúlio Vargas, que, desde o golpe de estado ocorrido com a Revolução de 1930, governava o país de forma discricionária, sem uma Constituição Federal que delimitasse os poderes do Presidente ou estabelecesse as articulações entre os três poderes da República. Somado a isso, tampouco havia Congresso Nacional, Assembleias legislativas ou Câmaras municipais. Além disso, os estados federados perderam grande parte da autonomia que gozavam na vigência da Constituição de 1891, pois Vargas nomeava interventores leais ao seu regime nos estados federados, alheios a realidade local e em sua maioria militares ligados ao Clube 3 de Outubro, que por vezes entravam em atritos com os grupos políticos dos respectivos estados. A situação de São Paulo no contexto nacional era uma das mais críticas, dado a contínua e crescente insatisfação da classe política e da própria população em geral com a forma com que Vargas lidava politicamente com o estado.

Contrários a esse regime, a população paulista começou a protestar, o que resultou em uma série de manifestações iniciadas por aquela ocorrida na Praça da Sé em 25 de janeiro de 1932, data do aniversário da cidade de São Paulo, em que se aglomeraram cerca de 100 mil pessoas. Ao longo dos meses seguintes, a insatisfação popular acentuou-se. Na noite do dia 23 de maio, durante outra manifestação, um grupo tentou empastelar a sede do Partido Popular Paulista (ex-Liga Revolucionária), um grupo político-militar encabeçado por Miguel Costa, fundado após a Revolução de 1930 e sustentáculo de apoio no estado ao regime Vargas, cuja sede era na Rua Barão de Itapetininga esquina com a Praça da República, na cidade de São Paulo. Os membros da organização situados naquele prédio, antecipando-se a invasão, resistiram por meio de armas tão logo os manifestantes se postaram no local. Após a fuzilaria, houve vários feridos e mortos, entre os quais, os nomes das pessoas que deram origem a sigla M.M.D.C.: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. O massacre ocorrido em 23 de maio de 1932 foi uma das razões que precipitou o levante deflagrado em 9 de julho daquele ano contra o regime de Getúlio Vargas, cujo objetivo era depô-lo e convocar novas eleições para a Assembleia Constituinte. Os quatro jovens mortos se tornaram mártires da causa Constitucionalista e a sigla derivada de seus nomes representou a organização civil e militar que articulou e coordenou os esforços de guerra antes e durante o levante.

Em 1955, com o Decreto n.º 24.712 do Governo do Estado de São Paulo, os restos mortais dos quatro jovens foram trasladados para o Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932, incluindo também o de Paulo Virgílio, outro mártir da causa. Em 2011, com a lei federal nº 12.430, os nomes dos quatro jovens foram inscritos no Livro dos Heróis da Pátria, cuja localização é no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília.


Coluna Prestes e o Partido Popular Paulista

A coluna prestes era um partido político de esquerda, ou seja, comunista. Seus líderes, Júlio Prestes e Miguel Costa, eram políticos de esquerda. Júlio Prestes, por exemplo, era membro do Partido Comunista. Miguel Costa era o fundador e membro do PPP ou Partido Popular Paulista, que também era de esquerda. O PPP foi fundado por Miguel Costa em 1932.

O PPP no início apoiou Getúlio Vargas. No entanto, a relação entre o PPP e Vargas se deteriorou com o tempo, e o PPP acabou se tornando um dos principais opositores do governo na Revolução Constitucionalista de 1932. 

A sede do PPP ficava na Rua Barão de Itapetininga, esquina com a Praça da República, em São Paulo. Este local era conhecido como o ponto de partida da Revolução Constitucionalista de 1932.

Lembre-se que o Partido Popular Paulista tinha rompido relações com Getúlio Vargas, portanto, protestava contra a política de Vargas, e em um destes protestos, no dia 23 de maio de 1932 um grupo de manifestantes protestavam em frente a sede do PPP na Rua Barão de Itapetininga, dentro da sede, estavam alguns militares, que ao ver os manifestantes, atiraram contra a turba, matando muitos manifestantes. Dentre os mortos, estavam Euclides Miragaia, de 21 anos, Mário Martins de Almeida, de 25 anos, Antônio Américo Camargo de Andrade, de 30 anos, e Dráusio Marcondes de Sousa São Paulo, de 14 anos, o único que realmente estudava. Eles ficaram conhecidos como M.M.D.C..


Euclides Miragaia 1911-1932 - 21 anos

(São José dos Campos, 21 de abril de 1911 -  23 de maio de 1932

Foi filho de José Miragaia e Emília Bueno Miragaia. Estudou na Escola de Comércio Carlos de Carvalho e na época trabalhava como auxiliar no Cartório de seu tio, na capital paulista.

Ele já não frequentava a escola por um longo tempo.


Mário Martins de Almeida 1907-1932 - 25 anos

São Manuel, 8 de fevereiro de 1907 - 23 de maio de 1932

Na época, os Martins de Almeida eram tradicionais e conhecidos cafeicultores em São Paulo, também era sobrinho de Paulo Martins de Almeida, o Visconde de Almeida.

Ele tinha sido estudante do Mackenzie, concluído os seus estudos sob a direção do professor Alberto Kullman. Na época, era fazendeiro em Sertãozinho, estando em São Paulo naquele fatídico 23 de maio de 1932 apenas de passagem para visitar os seus pais.

Foi sepultado no Cemitério da Consolação.


Antônio Américo Camargo de Andrade 1901-1932 - 30 anos

São Paulo, 3 de dezembro de 1901 — São Paulo, 23 de maio de 1932.

Era casado com Inaiah Teixeira de Camargo e tinha três filhos: Clesio, Yara e Hermelinda.

Pertencia a uma tradicional família de cafeicultores da região de Amparo, no interior paulista.


Dráusio Marcondes de Sousa São Paulo 1917-1932 - 14 anos

O único estudante de fato do quarteto, ele também trabalhava como auxiliar de farmacêutico,  nasceu na rua Bresser, na cidade de São Paulo, filho do farmacêutico Manuel Octaviano Marcondes de Sousa e de Ottilia Moreira da Costa Marcondes. Dráusio auxiliava o seu pai na farmácia da família.

Naquela ocasião, foi, com outros estudantes, alvejado a tiros pela fuzilaria dos soldados da organização que estavam posicionados nas janelas daquele prédio. Foi socorrido a tempo, internando-se na Santa Casa de Misericórdia e lá passou por cirurgia. Porém, acabou falecendo no dia 28 de maio por conta de infecção em seus ferimentos. 

Segundo Manuel Octaviano Marcondes de Sousa, pai de Dráusio e autor do livro "Fomos vencidos?" (1933), ele foi internado no quarto de número oito daquele hospital, logo ao lado do quarto número nove, onde estava internado Orlando de Oliveira Alvarenga, outra vítima fatal daquele atentado.


Com o Decreto de n.º 24 712, de 6 de Julho de 1955 do Governo do Estado de São Paulo, seus restos mortais foram trasladados para o Monumento Mausoléu ao Soldado Constitucionalista de 1932.


Obelisco Mausoléu aos Heróis de 32

É um monumento funerário brasileiro que presta uma homenagem aos 713 soldados mortos durante a revolução constitucionalista contra o governo de Getúlio Vargas e por uma nova constituição. 

Tombado pelos concelhos estadual e municipal de preservação de patrimônio histórico (CONDEPHAAT). Símbolo da Revolução Constitucionalista de 1932, o obelisco é o maior monumento da cidade, possuindo um total de 72 metros de altura. 

O monumento começou a ser construído em 1947 e teve sua conclusão no ano de 1970, porém sua inauguração ocorreu no dia 9 de julho de 1955, um ano após a abertura do Parque do Ibirapuera e do lançamento do Monumento às Bandeiras. O Obelisco é um projeto do escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili (8 de maio de 1898 - 14 de janeiro de 1974), que chegou ao Brasil em 1923, fugindo do regime fascista vigente na Itália. Foi feito em puro mármore travertino e sua execução foi confiada ao engenheiro alemão radicado no Brasil, Ulrich Edler.

Na entrada do monumento, uma série de arcos recebe os visitantes diante de uma luz baixa que produz um tom um tanto sombrio. Poemas e frases do escritor Guilherme de Almeida estão distribuídas por todo o local.

O mausoléu do Obelisco abriga os corpos dos estudantes Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo (o M.M.D.C.) - mortos durante a Revolução do ano de 1932 - e de outros 713 ex-combatentes.

O interior do Obelisco tem forma de cruz, onde são encontrados painéis feitos com pastilhas de mosaico veneziano que representam o nascimento, o sacrifício e a ressurreição de Jesus. Além disso, podemos encontrar em sua parte interna um total de 800 urnas funerárias e três capelas.[5][7] O jardim que abriga o monumento aponta para a Avenida 23 de Maio, exatamente a data em que os quatro estudantes revolucionários foram mortos. Os restos mortais de Guilherme de Almeida e Ibrahim de Almeida Nobre, ex-combatentes e, respectivamente, considerados como o poeta de 32 e o tribuno de 32, se encontram sepultados dentro do mausoléu, bem como os de Paulo Virgínio, considerado um mártir do movimento.

O obelisco tem inscrições acompanhadas de ícones em suas quatro faces. Iniciando pela face norte, seguindo pela face oeste, sul, e finalmente leste. O poema escrito é texto de autoria de Guilherme de Almeida, feito em homenagem aos revolucionários de 1932. Abaixo segue o texto:


"Aos épicos de julho de 32, que,

fiéis cumpridores da sagrada promessa

feita a seus maiores - os que

moveram as terras e as gentes por

sua força e fé - na lei puseram sua

força e em São Paulo sua Fé."


Já na parte da base do monumento, junto à entrada da capela e da cripta, voltadas ao Parque do Ibirapuera, há outra inscrição, de autoria do jornalista Dr. Antônio Benedicto Machado Florence, embora também comumente atribuída a Guilherme de Almeida:

"Viveram pouco para morrer bem

morreram jovens para viver sempre."


A Avenida 23 de Maio foi feita e nomeada em homenagem a este dia de 23 de Maio de 1932.


M.M.D.C. também é nome de uma rua em São Paulo, no bairro do Butantã, Zona Oeste.





A FARSA DA REVOLUÇÃO DE 1932



A Revolução de 1932 (que é uma fraude) é conhecida como A Revolução Constitucionalista de 1932. A Revolução de 1932, também conhecida como a Revolução Constitucionalista, foi um evento significativo na história brasileira. Começou em São Paulo e foi uma resposta a outra Revolução de 1930, que resultou na ascensão de Getúlio Vargas à presidência com garantias constitucionais limitadas. O movimento em São Paulo foi alimentado pelo ressentimento local diante da suposta erosão da autonomia estadual e pelo fato de Vargas governar por decreto. Ou seja, foi uma tentativa de golpe para derrubar outro golpe.

Foi uma Guerra Paulista ou Guerra Civil Brasileira. Acontece que Vargas foi apoiado pelo povo, pelos militares e pelas elites políticas de Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraíba. O movimento surgiu do ressentimento local pelo fato de Vargas governar por decreto, sem estar vinculado a uma Constituição, em um governo provisório (que ele tinha traído). A Revolução de 1930 também afetou São Paulo ao erodir a autonomia que os estados desfrutavam durante a vigência da Constituição de 1891 e impedir a posse do governador de São Paulo, Júlio Prestes, que havia sido eleito presidente do Brasil em 1930, ao mesmo tempo, em que derrubou o presidente Washington Luís, que foi governador de São Paulo de 1920 a 1924. Esses eventos marcaram o fim da Primeira República Brasileira.

O principal objetivo da Revolução era pressionar o governo provisório liderado por Getúlio Vargas a adotar e, em seguida, cumprir uma nova Constituição, uma vez que Júlio Prestes foi impedido de tomar posse. No entanto, à medida que o movimento se desenvolvia e o ressentimento contra Vargas e seu governo revolucionário se aprofundava, passou-se a defender a derrubada do Governo Federal, e chegou-se a especular que um dos objetivos dos revolucionários era a secessão de São Paulo da Federação Brasileira. No entanto, observa-se que o cenário separatista foi usado como tática de guerrilha pelo Governo Federal para voltar a população do restante do país contra o estado de São Paulo, disseminando a suposta ameaça separatista por todo o país. Não há evidências de que os comandantes do movimento buscassem o separatismo.

A revolta começou em 9 de julho de 1932, após quatro pseudo "estudantes" manifestantes serem mortos por tropas do governo em 23 de maio de 1932. Após suas mortes, surgiu um movimento chamado MMDC, batizado com o nome das iniciais dos nomes de cada um dos quatro estudantes mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Uma quinta vítima, Alvarenga, também foi baleada naquela noite, mas morreu meses depois.

Nos meses seguintes, o estado de São Paulo se rebelou contra o governo federal. Contando com o apoio das elites políticas de outros dois estados poderosos, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, os políticos paulistas esperavam uma guerra rápida. No entanto, o apoio esperado não se concretizou, e a revolta paulista foi sufocada pela força em 2 de outubro de 1932. No total, foram 87 dias de combates (de 9 de julho a 4 de outubro de 1932, com os últimos dois dias após a rendição de São Paulo), com um total de 934 mortes oficiais, embora estimativas não oficiais apontem até 2.200 mortos, e muitas cidades do estado de São Paulo sofreram danos.

Apesar da derrota militar, algumas das principais reivindicações do movimento foram atendidas por Vargas posteriormente: a nomeação de um governador estadual não militar, a eleição de uma Assembleia Constituinte e a promulgação de uma nova Constituição em 1934. No entanto, a nova Constituição durou pouco, pois em 1937, em meio ao crescente extremismo nas alas esquerda e direita do espectro político, Vargas fechou o Congresso Nacional e promulgou outra Constituição, que estabeleceu o chamado Estado Novo após um golpe de estado.

O dia 9 de julho marca o início da Revolução de 1932, ou guerra civil que São Paulo perdeu, e o dia 9 de julho é justamente o dia de feriado em São Paulo.


A FARSA DA REVOLUÇÃO DE 1930

 


É errado chamar o que aconteceu em 1930 de Revolução, na verdade, foi uma cadeia de desacordos, traições e deslealdades entre as oligarquias maçônicas da política brasileira.
Acontece que o que foi combinado, não foi cumprido, nesse caso, o presidente Washington Luís não cumpre o que foi acordado, que era ele, no final de seu mandato, apoiar um candidato de Minas Gerais, mas como ele, sendo do Rio de Janeiro, era o carioca mais paulista do que qualquer paulista, apoia o paulista Júlio Prestes para candidato.
Isso causou uma confusão gigante entre os mineiros, causando o caos e desordem entre a nobreza mineira. Foi tão grande o tumulto que Júlio Prestes nem chegou a assumir, o próprio Washington Luís foi deposto do cargo e logo às pressas, foi montado um governo provisório entre um triunvirato militar para acalmar os ânimos.
Os generais Augusto Tasso Fragoso, João de Deus Mena Barreto e pelo almirante José Isaías de Noronha, estiveram no poder de 24 de outubro a 3 de novembro de 1930, até Getúlio Vargas assumir interinamente, até 1934.
O acordo era que Getúlio Vargas assumisse interinamente até 1934, onde seriam feitas eleições, que nunca aconteceram. Getúlio Vargas não cumpre o acordo, dá um golpe, assumindo o poder até 1934. Ele deu este golpe em 1930!
Não teve uma Revolução em 1930, o que teve, foi um golpe político e militar, causado por várias ordens de acordos e tratados que não foram honrados.
Getúlio Vargas fica sendo chefe do Governo Provisório do Brasil entre 1930 e 1934. Em 1934, ele foi eleito presidente sob a nova Constituição, marcando o fim do Governo Provisório e o início do Governo Constitucional.
Em 10 de novembro de 1937, Getúlio Vargas deu um golpe de estado, instaurando a ditadura do Estado Novo, que o manteve no poder até 1945. Em 1937, ele dissolveu todos os partidos políticos e criou o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) e o Departamento Administrativo do Serviço Público (DASP).
Quando você ouvir esse negócio de Revolução ou República no Brasil, nunca acredite!

REPÚBLICA CAFÉ COM LEITE

 


O terceiro presidente da República é Prudente de Morais, nascido na cidade de Itu–SP, é o primeiro presidente civil da história do Brasil. Enfrentou a Guerra de Canudos (1896-1897) durante seu mandato. O movimento de resistência liderado por Antônio Conselheiro no sertão baiano foi um dos principais desafios do governo, que mobilizou o exército para suprimir a rebelião. Ele assassinou trabalhadores pobres, idosos, mulheres e crianças, exterminando assim, atos de revoltas e protestos contra seu péssimo governo.

A partir do governo do presidente Prudente de Morais, é implantada no Brasil a conhecida República Café com Leite, onde o poder na presidência alternava entre São Paulo e Minas Gerais. 


Prudente José de Morais Barros: (1894-1898): São Paulo

Manuel Ferraz de Campos Sales: (1898-1902): São Paulo

Francisco de Paula Rodrigues Alves: (1902-1906): São Paulo

Afonso Augusto Moreira Pena: (1906-1909): Catas Altas, Minas Gerais 

Nilo Procópio Peçanha: (1909-1910): São João del-Rei, Minas Gerais 

Hermes da Fonseca: (1910-1914): Ouro, Rio de Janeiro 

Venceslau Brás Pereira Gomes: (1914-1918): Catas Altas, Minas Gerais 

Delfim Moreira da Costa Ribeiro: (1918-1919): Itaguai, Rio de Janeiro 

Epitácio Pessoa: (1919-1922): Salvador, Bahia 

Artur da Silva Bernardes: (1922-1926): São Paulo, São Paulo 

Washington Luís: (1926-1930): Rio de Janeiro, Rio de Janeiro 

Júlio Prestes de Albuquerque: (1930-1934 - não tomou posse): São Paulo


Os presidentes: Hermes da Fonseca, Delfim Moreira da Costa Ribeiro, Epitácio Pessoa e Washington Luís, não nasceram em São Paulo ou Minas, mas representavam os interesses e ideais das oligarquias paulistas e mineiras, seus redutos eleitorais, estavam enraizados ou em Minas ou em São Paulo.

Ainda assim, a República Café com Leite funcionou bem até o governo de Washington Luís, que rompeu o pacto, isso aconteceu por conta do ato de traição que Washington Luís fez. Ele deveria apoiar um candidato de Minas Gerais, mas ele apoiou o candidato de São Paulo, Júlio Prestes. 

O problema foi tão grave que Júlio Prestes nem conseguiu assumir o cargo de presidente, ele não assumiu em razão da Revolução de 1930, que não foi uma revolução e, sim, um outro golpe. A República Café com Leite durou de 1894 até 1930, durando 36 anos.

E novamente o caos e a desordem tomam conta do Brasil, temos outra revolta armada, comandada por militares não deixam Júlio Prestes assumir, é instaurado um governo provisório formado pelos generais Augusto Tasso Fragoso, João de Deus Mena Barreto e pelo almirante José Isaías de Noronha, eles estiveram no poder de 24 de outubro a 3 de novembro de 1930, até Getúlio Vargas assumir interinamente, até 1934, bom, esse era o combinado, mas o que é combinado no Brasil nunca é cumprido.


REPÚBLICA DA ESPADA

 




O primeiro presidente da República do Brasil foi Marechal Deodoro da Fonseca, isso aconteceu por conta do golpe de estado dado a Dom Pedro II, que saiu às pressas, sendo expulso do Brasil no dia 17 de novembro de 1889. Isso porque Deodoro da Fonseca era amigo de Dom Pedro II, imagine se não fosse amigo! Apesar de ser um militar monarquista e, apesar de ser um amigo do Imperador, foi convencido por republicanos a liderar o golpe que derrubou a monarquia e proclamou a República no Brasil em 1889, traindo assim o Imperador Dom Pedro II.

A república não foi proclamada, foi instaurada à força, os revoltosos contrários ao novo regime foram perseguidos, presos e mortos. A inflação tomou conta do caos, protestos eram feitos, os primeiros dois presidentes governaram em regime de Ditadura Militar. Marechal Deodoro, que fora o primeiro presidente, sob a ameaça da Primeira Revolta da Armada, renunciou à presidência em 23 de novembro de 1891. No ano seguinte, morreu no dia 23 de agosto, vítima de uma forte crise de dispneia.


Floriano Vieira Peixoto ou Floriano Peixoto somente, foi o segundo presidente, seu governo também foi marcado por um período de autoritarismo e repressão. Ele ficou conhecido como "Marechal de Ferro" devido à forma como reprimiu revoltas, como a Revolução Federalista e a Revolta da Armada. Ele terminou o seu mandato constitucionalmente, passando a presidência para Prudente de Morais em 1894.

Estes dois governos ficaram marcados como a República da Espada.


terça-feira, 27 de maio de 2025

AS 3 DITADURAS MILITARES DO BRASIL

 


O Brasil passou, não, por uma, mas três ditaduras militares.

Todas estas ditaduras foram orquestradas pela Direita Maçônica.


A Primeira Ditadura Militar.

A primeira foi no dia 15 de Novembro de 1889, com o Golpe da República, onde os militares destronaram a Família Real, expulsando Dom Pedro II e toda sua família.

Erroneamente, esta ditadura é chamada de Proclamação da República, só que nada foi proclamando ou declarado.

O povo, como sempre, nem foi consultado, ninguém sabia nada da intriga palaciana e do golpe de estado.

A promessa era montar uma República forte, para que esta fosse melhor que o imperialismo de Dom Pedro, mas o que se seguiu foi anarquia, prisões, execuções, lutas, corrupção, etc.

A inflação cresceu, o déficit fiscal ficou pior do que já era, aumentou o desemprego, a dívida externa, que já era alta, ficou gigante.

Houve protestos, revoltas, gritos e pedidos da volta da Família Real.


A Segunda Ditadura Militar.

A segunda foi no dia 3 de Outubro de 1930, quando Getúlio Vargas, com o apoio dos militares, impedem a posse de Júlio Prestes, impedido de exercer o cargo de presidente.

Erroneamente chamado de Revolução de 30, é certo que esse evento marcou o fim da República Velha, acabando com a República Oligárquica ou República Café com Leite, mas, na verdade, foi uma ditadura mais forte e ferrenha que a primeira ditadura de 1889.

Não foi uma revolução, não houve revolução, isto porque não se revolucionou nada.

Como se vivia na República Café com Leite, o poder era alternado, hora São Paulo mandava no país, hora Minas mandava no país, o presidente na ocasião era Washington Luís, que deveria escolher um presidente mineiro, já que ele representava o governo de São Paulo, e o que aconteceu?  Washington Luís indicou Júlio Prestes de Albuquerque, que era de São Paulo, como seu sucessor. O combinado era que escolhesse alguém de Minas.

No dia 24 de outubro de 1930, Washington Luís foi deposto por um golpe militar liderado por generais que apoiavam a Revolução de 1930, encerrando seu mandato antes do previsto e marcando o fim da Primeira República.

Getúlio Vargas e seu correligionários assumem o poder, montam um governo provisório, que durou de 1930 a 1934, mas Vargas trai o pacto, não sai do poder, não promove uma eleição e nem uma constituição, os descontentes (a maioria era de São Paulo) declaram guerra em 1932, acontece a guerra, São Paulo perde a guerra, Getúlio fica no poder, instaura uma nova ditadura, saindo do poder somente no ano de 1945. 

O tal "Governo Provisório" durou de 24 de outubro de 1930 a 10 de novembro 1937 – 7 anos e 17 dias, que de provisório não teve nadica de nada.


A Terceira Ditadura Militar.

A terceira foi no dia 31 de março de 1964, quando o presidente então empossado, João Goulart, foi destituído de seu cargo.

Sabe-se lá o porquê, sem motivo nenhum, o então presidente da república Jânio da Silva Quadros renuncia, seu vice João Goulart, conhecido popularmente como Jango, era acusado de ser comunista, ele de fato não era comunista, mas ele tinha se aproximado dos partidos de esquerda, como também sindicatos, que são todos de esquerda.  Ele tinha uma visão de nacionalismo e defendia reformas sociais.

Ele foi impedido de assumir o poder e, no dia 31 de março de 1964, é implantada a terceira ditadura militar no Brasil.

O primeiro presidente na era da ditadura foi Humberto Castelo Branco e o último foi João Figueredo.


domingo, 25 de maio de 2025

EL LYON NÃO É DEUS HEBRAICO E NÃO É DEUS ALTÍSSIMO

 


O Antigo Testamento foi escrito no século VI a. C., isso não é discutível e nem questionável, é amplamente provado por qualquer estagiário, historiador ou arqueólogo chinfrim.

A questão aqui é ter a ciência de que o deus de Israel é uma divindade importada.

Genesis 14 El Elyon é um deus Cananeu Ugarítico, nomes como El Holan, El Shaday e o próprio El Elyon, são nomes de deuses locais que também são importados. 

A questão é que o nome El é um nome Sumeriano, é nome de divindade, como, por exemplo, El Lil ou En Lil, que quer dizer, deus do vento, senhor do vento, dono do vento, etc.

O substantivo El, que quer dizer: deus, senhor, marido, dono, etc., com o tempo, se transforma em prefixo. Sendo assim, o nome El Elyon é nome de um deus estrangeiro da região de Ugarit que foi importado para Israel, os Israelitas adoravam El Elyon, El Shaday, El Holan e outras divindades locais de Ugarit, Ebla, etc.

Com o passar do tempo, os Hebreus começaram a sincretizar estes deuses da Síria com outras divindades de povos arredores, como os deuses Assírios, Persas, etc. E foram feitas mitologias próprias de histórias já conhecidas de povos antigos.

A arqueologia prova isso, como, por exemplo, a Estela de Al Sarifa, são estelas datadas do século VIII a. C. contendo inscrições em aramaico. Estas estelas foram achados próximos a cidade de Al Safira, perto de Alepo, na Síria. Estão guardados no Museu Nacional de Damasco.

As inscrições destas estelas, listam tratados, rituais mágicos e maldições que entrarão em vigor, se não forem cumpridos ou obedecidos. 

Temos um exemplo destas quebras de acordos, são dois reis, um se chama Bar Gha Ya e Maath El, estes, não são bem "Reis", por assim dizer, estão mais para governadores. Ambos vieram da região sudoeste do império Assírio, seriam zonas periféricas da Assíria.

Nestas Estelas, estão listados vários deuses, várias divindades, que, de lado a lado, serão testemunhas "oculares" deste contrato perante estes governadores. Eles queriam crescer na vida política do império assírio, e ambos fazem este, casamento, contrato, sociedade, empresa, etc.

Estes deuses listados, aparecem em pares, sendo, primeira mente, marido e mulher. Conforme segue o padrão escrito nestas estelas, temos, depois, pares de deuses que agora não são marido e mulher, e sim, pares de deuses afins, que estão lado a lado. 

Eis os Pares;

"Diante de Hadad de Alepo e Diante de Sibith"

"Diante de El e Diante de El Lyon"

"Diante do Céu e Diante da Terra"

"Diante do Abismo e Diante das Fontes"

"Diante do Dia e Diante da Noite"


E a lista segue... El e El Lyon são deuses ou divindades diferentes, apesar de que na Bíblia, mais precisamente no Antigo Testamento, Elyon é tratado como uma atribuição, ou seja, um epíteto de El como nome composto que é erroneamente traduzido como Deus Altíssimo. Isso é errado, pois o nome El Lyon é encontrado solitariamente (sozinho) em uma trágica referência bíblica de Deuteronômio 32:8,9, que assim nos diz;

"Quando o Altíssimo distribuía as heranças às nações, quando dividia os filhos de Adão uns dos outros, estabeleceu os termos dos povos, conforme o número dos filhos de Israel.

Porque a porção do Senhor é o seu povo; Jacó é a parte da sua herança". 


O nome El Lyon aparece no texto só, porque é o certo, é o correto, pois originalmente, é uma divindade diferente de El. El Lyon é um nome composto, que vem do substantivo próprio El.

El Lyon bíblico é uma construção posterior, datado no século VI a. C., no período em que os Hebreus estão no exílio.






quinta-feira, 22 de maio de 2025

ESCOLA DE FRANKFURT

 



A Escola de Frankfurt é uma instituição intelectual com viés comunista, neste instituto de estudos, é desenvolvido, protegido e divulgado toda teoria esquerdista.

A escola foi fundada depois da bem sucedida conferência intitulada Erste Marxistische Arbeitswoche (Primeira Semana de Trabalho Marxista) na cidade alemã de Ilmenau. Financiada pelo judeu argentino Lucio Felix José Weil 1898-1975. Aos nove anos foi enviado à Alemanha para frequentar o Goethe-Gymnasium em Frankfurt.Exceto um ano importante na Universidade de Tübingen em 1918 - 1919, onde começou seu envolvimento com a esquerda, permaneceu em Frankfurt, onde se graduou com louvor em ciências políticas.

 Graças ao sucesso deste evento, em 1924 Lucio Felix José Weil e seu amigo Friedrich Pollock, fundaram a Escola de Frankfurt.

A Escola de Frankfurt é frequentemente associada à criação do Instituto de Pesquisa Social, as duas coisas são uma só. Pois o intuito é divulgar os conceitos Marxistas e tudo que envolve o bojo comunista.


Contexto Histórico da Fundação

O século XX já começou muito turbulento. No início da década de 1920, o mundo já havia presenciado a Primeira Guerra Mundial, e, no fim dessa mesma época, ele presenciou a grande crise econômica de 1929.

Em meio à grande mudança tecnológica, à nova configuração social e às experiências do século XX, os teóricos da Escola de Frankfurt perceberam que os ideais do iluminismo e do positivismo haviam falhado em sua teoria de que o avanço científico aliado à ampliação do conhecimento por meio da escolarização e da disseminação da informação levariam ao avanço moral da sociedade.

Os filósofos do iluminismo francês defenderam que o avanço moral da sociedade se daria com o avanço do conhecimento científico e filosófico e sua disseminação global, com vistas a esclarecer as pessoas sobre as questões relativas ao mundo e à sua organização.

Dentre os teóricos iluministas, podemos destacar Voltaire, defensor das liberdades individuais; Montesquieu, criador da teoria da tripartição do Estado; e Diderot e D’Allambert, fundadores da enciclopédia. Todos eles colocaram-se contra o absolutismo na França e defenderam a popularização do conhecimento para a melhoria da sociedade.

Os positivistas, liderados pelo filósofo francês Auguste Comte, já no século XIX, foram mais radicais. Para eles, o avanço social somente ocorreria pelo investimento na criação e disseminação da ciência e numa rígida reorganização da sociedade, com vistas a colocar o avanço novamente para o povo europeu, em especial o povo francês.

Em geral, os filósofos da Escola de Frankfurt defenderam que as teorias iluminista e positivista não se sustentaram, tendo-se em vista os fenômenos ocorridos no século XX. Em primeiro lugar, os pensadores vivenciaram a primeira grande guerra. Em seguida, eles, que eram judeus, vivenciaram a perseguição nazista contra seu povo. Entre eles, o filósofo e crítico literário Walter Benjamin morreu sob domínio dos nazistas, e os filósofos Theodor Adorno, Herbert Marcuse e Max Horkheimer tiveram que se refugiar nos Estados Unidos para escaparem da perseguição.

Na reflexão empreendida pelos teóricos da Escola de Frankfurt após a Segunda Guerra Mundial, a barbárie da perseguição nazista e da criação da câmara de gás (uma invenção feita para matar de maneira mais eficaz, com menos gasto) era a maior comprovação de que não havia um progresso, mas sim um regresso social.

No entanto, existem registros mais precisos sobre a história da criação da Escola de Frankfurt. O socialismo estava sendo fortemente debatido na Europa após a Revolução Russa, dividindo os intelectuais quanto à aplicação ou não dos ideais socialistas na política europeia. Uma visão que se sobressaía era a de que o marxismo já não satisfazia as necessidades do século XX, que eram outras e iam além da relação entre trabalhador e burguesia no mundo industrializado.

Nesse sentido, Felix Weil, intelectual judeu argentino radicado na Alemanha, organizou a Primeira Semana de Trabalho Marxista, um evento que reuniu intelectuais marxistas em Frankfurt no ano de 1922. Uma das propostas da semana foi colocada em prática no ano seguinte: a criação do Instituto de Pesquisa Social. O instituto foi patrocinado por Herman Weil, pai de Félix, e subsidiado pelo governo alemão.

No início, o instituto foi gerido pelo sociólogo Kurt Albert Gerlach, que faleceu ainda no primeiro ano de gestão. O instituto ficou vinculado à Universidade de Frankfurt, justificando o título dado ao conjunto de seus pensadores de Escola de Frankfurt, décadas mais tarde. Entre 1923 e 1930, a gestão do instituto ficou a cargo de Karl Grümberg.

Em 1930, foi criado um escritório do instituto em Genebra, que passou a abrigar a sede da instituição após a perseguição e o fechamento da escola pelos nazistas em 1933. Somente em 1950, com a efetiva retomada das atividades do instituto, é que ele passou a chamar-se Escola de Frankfurt.


A influência do marxismo cultural

Os principais pensadores da escola de Frankfurt reconheceram que a teoria marxista tradicional não podia explicar o desenvolvimento das novas sociedades capitalistas, nem impedi-las.

Por considerarem os seguidores de Marx apenas repetidores de ideias, buscaram ir além da defesa do partido e do comunismo.

Somou-se a isso a percepção que tiveram: a revolução não iria atingir o sucesso pleno e mundial que Marx descrevera. Ao menos, não conseguiria pela violência, se fosse causada por guerrilhas ou por governos ditatoriais.

O marxismo original foi complementado com a psicanálise freudiana, a filosofia existencialista e a filosofia da linguagem.

A própria ideia positivista foi desacreditada. De acordo com os positivistas, o avanço moral da sociedade caminharia lado a lado com o avanço da ciência e da escolarização. Apesar disso, o aumento das tecnologias, do conhecimento e da educação não foi capaz de impedir as guerras.


Antonio Gramsci

Gramsci foi o pioneiro na compreensão de que era necessário destruir a cultura ocidental em vez de tomar o governo pelas armas. Sua ideia era dominar a cultura sem que a estratégia fosse descoberta.

A mudança cultural deveria ter aparência de luta pela dignidade e liberdade do homem. Ele defendeu que o início da nova sociedade só aconteceria mediante a mudança interior das pessoas.

Gramsci e a Escola de Frankfurt descobriram que a cultura é, de alguma forma, uma religião exteriorizada.

Consequentemente, o marxismo cultural não envolve a luta armada, mas sim a posse da cultura, de forma que as pessoas passem a enxergar o mundo de forma dividida, como se a história fosse apenas formada por opressores e oprimidos.

Mas como levar as pessoas a abandonar a herança tradicional que haviam recebido?


A função da teoria crítica da Escola de Frankfurt

Os estudos filosóficos da Escola de Frankfurt ficaram conhecidos como teoria crítica, opondo-se à teoria tradicional. A tradicional foi criada para ser neutra, a crítica para destruir a realidade e reconstruí-la segundo a ideologia marxista.

Tradicionalmente, estudavam-se os conceitos e apenas depois de entender a realidade de forma objetiva e verdadeira, analisava-se quais ações eram necessárias para gerar alguma mudança.

A teoria crítica, ao contrário, critica o máximo possível as condições sociopolíticas e econômicas, focando não a análise da realidade, mas a crítica em primeiro lugar. Na dialética hegeliana, a crítica recebeu ainda mais força.

O importante é criticar o máximo possível, desconstruir, rejeitar, ridicularizar e ocultar o máximo possível dos valores ocidentais. O modo de operar frankfurtiano não é construtivo, é sempre destrutivo.

A religião, a moral, a filosofia grega e até mesmo as teorias marxistas clássicas são atacadas.

A teoria crítica é a politização da lógica. Horkheimer declarava que a lógica não é independente do conteúdo, mas sim que é um instrumento político. Este raciocínio aplicado significa dizer que um argumento lógico apoia a destruição das bases culturais do Ocidente. Por outro lado, se as defende, é ilógico.

Surgiu também a noção do politicamente correto, que despreza o debate aberto e sem censura. Quanto mais o discurso for censurado e impedido de chegar às pessoas, mais facilmente se distorce a realidade para fins ideológicos.

Os principais pensadores da Escola de Frankfurt consideravam que a verdade é algo impossível de ser encontrado. Sendo assim, ensinaram que as ideias precisam sempre estar em choque, como explicado na filosofia de Hegel.

A teoria crítica é ensinada principalmente nas universidades, para que os estudantes aprendam a rejeitar a civilização ocidental e tudo o que ela representa. Acreditam que somente assim o homem será livre e o mundo, um lugar melhor.

Um problema ainda maior é que os pensadores de Frankfurt não tinham um projeto para ser aplicado após a destruição.

Seguindo os passos de Hegel, esses neomarxistas esperavam que da ruína, do caos, a ordem surgisse de alguma maneira desconhecida.


A indústria cultural da Escola de Frankfurt

De acordo com a teoria formulada na Escola de Frankfurt, a sociedade está permeada de uma lógica proposital, que cria um padrão artístico e cultural da mesma forma que uma fábrica produz seus bens em uma esteira de produção.

Os valores tradicionais, capitalistas e burgueses, padronizados, perpetuam-se pela indústria cultural. Tudo o que é produzido destina-se a sustentá-los.

As relações trabalhistas consolidadas por anos, somadas aos meios de comunicação, dizem os frankfurtianos, manipula a população sem que esta perceba.

Theodor Adorno e Max Horkheimer defendiam que esta é uma das maneiras utilizadas pela cultura capitalista para dominar a sociedade.

Por tudo isso, a indústria cultural é uma forma do capitalismo manter as pessoas alienadas, produzindo uma cultura que não resolve as injustiças sociais entre as classes.

Os pilares da indústria cultural são basicamente três:

Cultura erudita;

Cultura popular;

Cultura de massa.


A erudita é produzida por uma elite cultural, refinada, com alto valor estético e mais elaborada. Para os pensadores de Frankfurt, deveria ser preservada e usada como meio para atingir as camadas intelectuais com ideias marxistas.

A popular também é considerada autêntica. Está vinculada às culturas tradicionais intuitivas, vividas pelo povo, sem refinamento técnico. Igualmente, é um meio para garantir que a desconstrução ocidental alcance as camadas populares.

A de massa é considerada inautêntica, porque é entendida como o resultado da fusão dos elementos capitalistas. Segundo os teóricos de Frankfurt, ela é pensada para perpetuar o domínio burguês em todas as classes sociais.

A função da cultura de massa é entreter as pessoas para que se distraiam dos verdadeiros problemas. Por esta razão, deve ser destruída e o instrumento para tal é a crítica.

A dialética de Hegel é o meio de combate, para que por meio dele surja algo melhor.

Na Escola de Frankfurt, considera-se que os trabalhadores não se uniram contra aqueles que os oprimiam porque estavam embebidos da cultura de massa, que os impediu de lutar.

A conclusão a que esses pensadores chegaram é que a militância, a revolução cultural e uma nova educação artística seriam fundamentais para a libertação da opressão que atinge a sociedade.


Principais pensadores da Escola de Frankfurt

Max Horkheimer (1895-1973): filósofo e sociólogo. Junto com Adorno, desenvolveu o conceito de Indústria Cultural, presente no livro A Dialética do Esclarecimento;

Theodor W. Adorno (1903-1969): filósofo, sociólogo e músico. Autor dos livros Dialética Negativa e A Ideia de História Natural. Defendia a educação como forma de emancipação do sujeito;

Friedrich Pollock (1894-1970): filósofo, sociólogo e economista. Foi cofundador do Instituto para Pesquisa Social de Frankfurt. Seus trabalhos mais proeminentes estudaram as relações entre capitalismo e Estado;

Herbert Marcuse (1898-1979): sociólogo e filósofo. Dedicou-se a apontar as relações entre capitalismo e sexualidade, bem como as questões que envolvem raça e exclusão social;

Erich Fromm (1900-1980): psicanalista, filósofo e sociólogo. Utilizou bases do pensamento marxista aliadas aos elementos da psicanálise. Em seus trabalhos, analisava as relações sociais, a família e outros elementos que interferem na formação da pessoa;

Jürgen Habermas (1929): filósofo e sociólogo. Integrou a segunda geração da Escola de Frankfurt. Seus trabalhos analisam as relações entre política, comunicação, linguagem e discursos.



quarta-feira, 21 de maio de 2025

A FILOSOFIA NÃO NASCEU NA GRÉCIA

 


A história da filosofia é tradicionalmente associada ao mundo grego antigo, com nomes como Sócrates, Platão e Aristóteles sendo considerados os fundadores do pensamento filosófico. No entanto, há argumentos que sugerem que a filosofia não nasceu na Grécia, mas sim no antigo Egito, conhecido como Kemet pelos seus habitantes.

Os estudos sobre a presença da filosofia em Kemet começaram a ganhar força na década de 1950 com o trabalho do filósofo senegalês Cheikh Anta Diop. Diop argumentou que a filosofia egípcia era tão antiga quanto a grega e que influenciou profundamente a cultura grega. Ele também afirmou que muitos conceitos filosóficos gregos tinham raízes egípcias.

Um dos principais exemplos disso é a ideia de maat, que era a base da ética egípcia. Maat se refere a uma ordem cósmica que governa o universo e a todos os seres nele contidos. A ideia de maat influenciou profundamente a ética e a moralidade gregas, bem como a noção de justiça e equilíbrio, que foram fundamentais na filosofia de Platão.

Além disso, a filosofia egípcia também se preocupava com a natureza do universo e da existência humana. O filósofo egípcio Ptahhotep, por exemplo, escreveu um tratado sobre a sabedoria, que incluía reflexões sobre a natureza da vida, da morte e do universo. Ele também discutiu a importância da virtude e do comportamento ético em sua obra.

Outro filósofo egípcio importante foi Imhotep, que foi uma figura chave na construção das grandes pirâmides de Giza. Imhotep foi também um médico e um astrônomo e escreveu extensivamente sobre a natureza do universo e da existência humana. Ele também desenvolveu técnicas médicas avançadas, que foram utilizadas na prática médica por muitos anos.

No entanto, a história da filosofia egípcia foi amplamente ignorada e negligenciada pela tradição ocidental. Isso se deve, em grande parte, à colonização e ao imperialismo europeu, que privilegiaram a história e a cultura gregas em detrimento de outras culturas do mundo. A hegemonia cultural europeia, que se estabeleceu a partir do século XVI, foi responsável por obscurecer a rica tradição filosófica africana.

Em resumo, a filosofia não nasceu apenas na Grécia antiga, mas também teve suas raízes na antiga Kemet. A filosofia egípcia influenciou profundamente a cultura grega e muitos conceitos filosóficos gregos têm suas raízes na tradição egípcia. É importante que a tradição filosófica africana seja valorizada e estudada, a fim de se reconhecer a diversidade e a riqueza do pensamento humano.