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domingo, 8 de dezembro de 2024

MANDAMENTOS SUMERIANOS ANTES DOS DEZ MANDAMENTOS DE MOISÉS

 

UruKagina 

Nem Moisés e nem Hamurab, nenhum deles pode receber o título de ser o primeiro a escrever os códigos de leis que antes eram códigos orais. Este título vai para o Rei UruKagina Rei de Lagash e para o Rei de Ur, Ur Nammu.

Antes de Moisés escrever as Leis ou os Códigos de Leis ou os Mandamentos como está descrito na Bíblia em Êxodo 20 e Deuteronômio 05, há muito mais de três mil anos antes de Moisés se quer existir ou nascer no Kemet (Egito), existiu um rei que já tinha escrito as Leis ou os Códigos de leis ou os Mandamentos, o nome deste rei era Urukagina de Lagash. Sendo este Rei de Lagash, Urukagina compilou suas leis para obter ordem em seu país, muito antes de Moisés do Egito ou Kemeth.

O Código de UruKagina Rei de Lagash é o primeiro código escrito de que se tem notícia. Urukagina era servo ou devoto da Dingir ou Deusa Nanshe. Nanshe era Dingir ou Deusa dos pântanos, do mar, dos pássaros, dos peixes, do bem-estar social, da adivinhação e da interpretação dos sonhos. Segundo o mito, a Deusa Nanshe levou a Constituição ou Me ou Mes para a cidade de Lagash e seu servo, o Rei Urukagina foi o primeiro a compilar o código de leis para seu povo.

Este código de leis ou mandamentos foi escrito pelo Rei Urukagina de Lagash para combater a corrupção cometida pelo seu antecessor, o qual foi o Rei ou Lugalanda ou Lugal Anda de Lagash. Nesse Código, elaborado no mais remoto dos tempos da civilização humana, é possível identificar, em seu conteúdo, dispositivos diversos que adotavam o princípio da reparabilidade dos atualmentes chamados danos morais. 

Lugalanda ou Lugal Anda era casado com Baranamtarra, filha de um grande proprietário de terras que tinha ligações comerciais com a rainha de Adab, Lugal Anda era filho de Enli Tarz, Sumo Sacerdote de Lagash, que o nomeou rei.

Todos os documentos que mencionam o reinado de Lugalanda o descrevem como um rei rico e corrupto. Eles afirmam que seu reinado foi uma época de grande corrupção e injustiça contra os fracos. As inscrições afirmam que o rei confiscou aproximadamente 1600 acres de terra.

O texto afirma que Lugalanda nomeou funcionários injustamente, sobrecarregou civis com impostos excessivos e fez mau uso de propriedades, tudo em benefício próprio. Após um reinado de 6 anos e 1 mês, Lugal Anda foi deposto por Urukagina, que procedeu à correção da corrupção no governo.

Urukagina é o primeiro rei a escrever um código legal ou constitucional na história registrada. As leis já existiam de forma oral, mas, por conta do alto nível de corrução cometido por seu antecessor, o rei Lugal Anda, o caos e a desordem tinham que ser mitigados. 

Segundo registros escritos, Urukagina foi um ótimo rei, com seu código de leis ou Me, ele isentou viúvas e órfãos de impostos; obrigou a cidade a pagar despesas funerárias (incluindo as libações rituais de comida e bebida para a jornada dos mortos para o mundo da escuridão ou mundo inferior); e decretou que os ricos devem usar prata ao comprar dos pobres, e se os pobres não desejassem vender, o homem poderoso (o homem rico ou o sacerdote) não pode forçá-lo a fazê-lo. 

Ele também participou de vários conflitos, notavelmente um conflito de fronteira perdido com Uruk. No sétimo ano de seu reinado, Uruk caiu sob a liderança de Lugal-Zage-Si , énsi de Umma, que finalmente anexou a maioria do território de Lagash e estabeleceu o primeiro reino documentado de forma confiável a abranger toda a Suméria. A destruição de Lagash foi descrita em um lamento (possivelmente o primeiro exemplo registrado do que se tornaria um prolífico ou fértil gênero literário sumério), que enfatizou que "os homens de Umma... cometeram um pecado contra Ningirsu.... Não houve ofensa em Urukagina, rei de Girsu, mas quanto a Lugal-Zage-Si, governador de Umma, que sua deusa Nisaba o faça carregar seu pecado em seu pescoço". O próprio Lugal-Zage-Si foi logo derrotado por Sargão e seu reino foi anexado à Acádia.


UR NAMUR

Ur-Nammu  foi o fundador da terceira dinastia de Ur e reinou de 2112 a 2095 a.C. Por volta de 2100 a.C., expulsou os Gutium ou Gútios e reunificou a região da Mesopotâmia que estava sob o controle dos Acádios. Foi um rei enérgico, que construiu os famosos zigurates e promoveu a compilação das leis do direito sumério.

Ur-Namu foi o Rei de Ur na época em que seu antecessor Utu Egal reinava a partir de Uruque ou Ereck ou Iraque, de quem usurpou o reino em 2112 a.C. e governou por volta de 18 anos. Sendo assim, Ur Nammu reinou em Ur e em Ereck.

Iniciou seu reinado atacando e matando Namani, genro de Ur-Bau de Lagash, que evidentemente estava invadindo o território de Ur, com a ajuda de seus senhores Gutium ou Gútios. Registos feitos em um ano de seu reinado atesta a devastação de Gutium, enquanto dois parecem comemorar suas reformas legais ("Ano em que o rei Ur-Namu ordenou os caminhos (do povo do país) de baixo para cima", "Ano em que Ur-Namu fez justiça na terra".

O Código de Ur-Namu cerca de 2040 a.C., surgido na Suméria, descreve costumes antigos transformados em leis e a enfatização de penas pecuniárias ou monetárias para delitos diversos ao invés de penas tálicas que são penas de morte. 

O Código de Ur-Namu foi descoberto somente em 1952, pelo assiriólogo e professor da Universidade da Pensilvânia, Samuel Noah Kromer. Nesse Código elaborado no mais remoto dos tempos da civilização humana é possível identificar em seu conteúdo dispositivos diversos que adotavam o princípio da reparabilidade dos atualmente chamados danos morais.

Ur-Namu, que reinou no período que se estendeu entre 2112 a 2095 a.C., morreu em batalha e foi sucedido no trono pelo seu filho Sulgi.


O CÓDIGO

O Código de Ur-Namu é o código de leis escrito mais antigo do mundo a existir, depois do código do rei Urakagina de Lagash.

A Tabuleta de pedra de Ur-Namu, criador do Código de Ur-Namu, descreve a dedicação do rei de Ur ao Templo de Inana em Uruque.

O código de Ur-Namu não era apenas um conjunto de leis que pode regular todas as atividades dos homens, mas sim um conjunto sentencial com objetivo de regular casos excepcionais. 

Além disso, o código de Ur-Namu estabeleceu uma tradição jurídica duradoura que aplica princípios uniformes de justiça a uma ampla gama de instituições sociais, desde a padronização de pesos e medidas para a proteção de viúvas e órfãos.

O terceiro Código de Leis escrito a existir é o Código de Eshnunna feito pelo Rei Bilalama Rei de Eshnunna que é inspirado no Código de Ur Nammu. Sendo escrito 300 anos depois de Ur Nammu.

O quarto Código de Leis escrito a existir é o Código de Lipt Ishtar foi o quinto rei da primeira dinastia de Isim e reinou cerca de 1934 à 1 924 a.C. Foi um grande Rei em Isim ele é conhecido por ter derrotado e expulsado os Amoritas.

O quinto Código de Leis a existir é o Código de Hamurabi o famoso Rei Amorreu, seu código é feito 200 anos depois do Código de Lipt Ishtar ser escrito. 

E o sexto Código de Leis a existir é a Lei de Moisés da Bíblia. 

Obviamene que a Lei de Moisés é uma inspiração e adaptação de leis escritas anteriores.


AS LEIS

Estas leis do mundo antigo resolve bem a questão de crimes cometidos e injustiças ocorridas ou infringidas a alguém. Estas leis são conhecidas como Lei de Tailão.

O nome Lei de Talião tem sua origem no latim: Lex Talionis; lex = “lei" e talis = “tal, idêntico”. É representada em texto bíblico por: olho por olho, dente por dente".

O conceito de talionis ius ou jus é composto por ius, "direito" e talionis, do grego talis, que quer dizer aparelho que reflete tudo (tal qual, igual em conjunto).

O termo "lei de talião" refere-se a um princípio do direito de justiça retributiva em que o Estado impõe uma pena que é identificada com o crime cometido.

Assim, não só se fala de uma sanção equivalente, mas uma pena idêntica.

E o código de Ur Nammu é o primeiro código de leis escritas no muno, estas leis já existiam, muito antes de serem escritas, mas o Rei Ur Nammu, resolveu inovar, sendo o primeiro a compilar estas leis orais em forma escrita.


LEI DE BILALAMA

Bilalama foi um governante 2.000 a.C. de Eshnunna, um antigo reino sumério localizado no Vale de Diyala, no atual Iraque. 

Presume-se que Bilalama foi contemporâneo de Ishbi-Erra e Shu-Ilishu de Isin. Ele era filho do governante anterior de Eshnunna, Kirikiri. Os nomes de Bilalama e Kirikiri são elamitas, o que, de acordo com Katrin de Graef, pode indicar que uma mudança dinástica ocorreu na cidade após o reinado de seu predecessor Nūr-aḫum. No entanto, não está claro se eles eram necessariamente elamitas ou se seus nomes refletem apenas um alto nível de influência cultural elamita em Eshnunna. 

Bilalama casou-se com uma filha de Abda-El, um chefe amorita que anteriormente, por razões diplomáticas, fez com que seu filho Ušašum se casasse com uma filha de Nūr-aḫum. Ambos os casamentos provavelmente tinham como objetivo garantir relações positivas entre os governantes de Eshnunna e os grupos amoritas locais.

Dois filhos de Bilalama são conhecidos. Sua filha, Mê-Kūbi casou-se com o rei Tan-Ruhuratir de de Elam, conforme documentado em uma inscrição comemorativa da construção de um templo de Inanna em Susa. Ela também é mencionada na inscrição em um selo de lápis-lazúli que afirma que Bilalama aparentemente o presenteou a ela. Também se sabe que ele teve um filho com um nome amorita, Šalil-la-Milkum. Também foi proposto que um governante posterior de Eshnunna, Uṣur-awassu, também era filho de Bilalama.

Vários objetos inscritos com nomes de indivíduos identificados como servos de Bilalama foram descobertos, incluindo estes atribuídos ao cantor (NAR) Wusum-bēlī e a vários escribas (Puzur-Tishpak, Ilšu-dān e Lugal-inim-du).

Conforme indicado por uma inscrição identificada em um tijolo carimbado do palácio escavado em Eshunna, Bilalama usou os títulos "governador (ensi) de Eshnunna" e "amado de Tishpak". Tishpak era o deus tutelar da cidade, e era tradicionalmente visto como seu rei, com governantes humanos servindo como governadores em seu nome, de forma semelhante a como seus contemporâneos em Der e Assur eram vistos como representantes de Ištaran e Ashur , respectivamente.

São conhecidos quatorze nomes atribuídos a Bilalama, mas concorda-se que ele permaneceu no poder por mais tempo, provavelmente por cerca de vinte anos, 1981-1962 a.C. Isso contrasta com a curta duração do governo de seu predecessor Kirikiri sobre Eshnunna, que, de acordo com estimativas máximas, durou apenas dez anos.

Vários projetos de construção são mencionados nas inscrições de Bilalama. Ele acrescentou uma nova ala ao palácio real e reconstruiu o templo de Tishpak, conhecido pelo nome cerimonial de Esikil. 

Bilalama manteve a independência das principais potências de sua época. Ele se casou com a família do chefe amorita Abda-El e manteve relações positivas com ela, mas entrou em conflito com os amoritas que habitavam Eqel-Ibbi-Sîn, Išur e Bāb-Ibaum, e incorporou a última dessas cidades em seu reino após sua conquista. Em contraste com as relações políticas fluidas com os amoritas, ele manteve um relacionamento consistentemente positivo com Elam. No entanto, ele foi simultaneamente aliado a Ilum-muttabil de de Der, cujas inscrições indicam que ele era hostil a Elam. Ele foi aparentemente percebido negativamente pelos governantes de Isin, já que uma carta atribuída a Ishbi-Erra ou Shu-Ilishu o criticou por desrespeitá-lo em outra carta, que ele enviou a Ilum-muttabil. 

Bilalama foi sucedido no trono de Eshnunna por Išar-rāmāšu.

As Leis de Eshnunna estão inscritas em duas tábuas cuneiformes descobertas em Tell Abū Harmal, Bagdá, Iraque. A Diretoria Iraquiana de Antiguidades chefiada por Taha Baqir desenterrou dois conjuntos paralelos de tábuas em 1945 e 1947. As duas tábuas são cópias separadas de uma fonte mais antiga e datam de 1930 a.C. Um fragmento adicional foi encontrado mais tarde em Me-Turan. As diferenças entre o Código de Hamurabi e as Leis de Eshnunna contribuíram significativamente para iluminar o desenvolvimento da lei antiga e cuneiforme.

Em distinção das outras coleções de leis da Mesopotâmia, esta recebeu o nome da cidade onde se originou – Eshnunna, localizada na margem do Rio Diyala, tributário do Tigre, ao norte de Ur. Eshnunna tornou-se politicamente importante após a queda da terceira dinastia de Ur, fundada por Ur-Nammu.

Esta coleção de leis não é um códice sistematizado real ; quase sessenta de suas seções são preservadas. As Leis são escritas em acadiano e consistem em duas tábuas marcadas com A e B. Em 1948, Albrecht Goetze da Universidade de Yale as traduziu e publicou. Em algumas fontes, as Leis de Eshnunna são mencionadas como as Leis de Bilalama devido à crença de que o governante Eshnunnian provavelmente foi seu criador, mas Goetze sustentou que a tábua B foi originada sob o reinado de Dadusha. O texto do prólogo é quebrado no ponto em que o governante que promulgou as leis foi especificado.

Albrecht Goetze notou o estilo específico de expressão. As leis foram compostas de um modo que facilitou a memorização. Um distinto cientista israelense e um dos maiores especialistas nesta coleção de leis, Reuven Yaron da Universidade de Jerusalém, a respeito deste assunto declarou: “O que importa para mim e pode ter importado para aqueles que as criaram há quase 4000 anos é a facilidade de lembrar o texto.” 

A sentença condicional (“Se A então B” – como também é o caso com as outras leis mesopotâmicas ) é um atributo desta codificação. Em 23 parágrafos, ela aparece na forma šumma awilum – “Se um homem…” Após a disposição, uma sanção precisa segue, por exemplo LU42(A): “Se um homem mordeu e cortou o nariz de um homem, uma mina de prata ele pesará.”

As Leis mostram claramente sinais de estratificação social, focando principalmente em duas classes diferentes: o muškenum e o awilum. O público das Leis de Eshnunna é mais extenso do que no caso das codificações cuneiformes anteriores: awilum – homens e mulheres livres (mar awilim e marat awilim), Muškenum, esposa (Aššatum), filho (Maru), escravos de ambos os sexos – masculino (wardum) e feminino (amtum) – que não são apenas objetos de lei como na escravidão clássica, e delitos onde as vítimas eram escravos foram sancionados, e outras designações de classe como ubarum, apþarum, mudum que não são apuradas.

Reuven Yaron dividiu as ofensas das Leis de Eshnunna em cinco grupos. Os artigos do primeiro grupo tiveram que ser coletados de todas as Leis e os artigos dos outros quatro foram ordenados grosseiramente um após o outro:


1. Furto e delitos conexos

2. Falso distrato

3. Crimes sexuais

4. Lesões corporais

5. Danos causados ​​por chifrada de boi e casos semelhantes

A maioria dessas ofensas era penalizada com multas pecuniárias (uma quantia de prata), mas algumas ofensas sérias, como roubo, assassinato e ofensas sexuais, eram penalizadas com a morte. Parece que a pena de morte era evitável (em contraste com o Código de Hamurabi ), por causa da formulação padrão: “É um caso de vida … ele morrerá”.


LEI DE LIPT ISHTAR

O Código de Lipt Ishtar é Terceiro Código de Leis escrito a existir. 

Lipite-Istar ou Lipite-Estar, foi o quinto rei da primeira dinastia de Isim e reinou cerca de 1934 à 1 924 a.C.. ele foi o sucessor de Išme-Dagān. Ur-Ninurta então sucedeu Lipit-Ištar. Alguns documentos e inscrições reais deste tempo sobreviveram, mas ele é conhecido principalmente devido a língua suméria hinos ser escrita em sua homenagem, bem como pelo código de leis escrito em seu nome (precedendo, em cerca de 200 anos, o famoso Código de Hamurabi), que foram utilizados por cerca de centenas de anos após sua morte. Os anais que registram seu reinado também contam que ele expulsou os amoritas.



O MITO DE EVA

 



Foi Adão quem deu o nome da mulher de Eva: “E chamou Adão o nome de sua mulher Eva; porquanto era a mãe de todos os viventes. Gênesis 3:20”

Eva surge em Gênesis 02: 22. No mito adâmico, os clérigos medievais taxaram Eva como a mulher responsável por Adam (Adão) ter perdido sua imortalidade e a sua inocência. É justamente, isso que o Mito de Gilgamesh, exemplifica. Inicialmente, os deuses criam Enkidu, do barro, como um valoroso guerreiro, que falava, comia e vivia junto com os animais nas florestas. Ele destruía armadilhas dos caçadores.

Ele era inocente a respeito do homem e nada conhecia do cultivo da terra. Enkidu comia grama nas colinas junto com as gazelas e rondava os poços de água com os animais da floresta; junto com os rebanhos de animais de caça, ele se alegrava com a água.

Os caçadores foram para Uruk e reclamaram com Gilgamesh, que Enkidu estava atrapalhando a caça. E Gilgamesh, colocou uma mulher do Templo de Ishtar “desnuda” chamada: Shamhat para seduzi-lo e fazer sexo com ele. E, durante seis dias e seis noites eles fizeram sexo. Quando terminaram, Enkidu tentou voltar a sua antiga rotina, entre os animais da floresta. Mas, os animais começaram a fugir dele. Moral da estória, Enkidu culpou a mulher por ter perdido sua inocência.

[…] depois de satisfeito, porém, ele voltou para os animais selvagens. Mas agora, ao vê-lo, as gazelas punham-se em disparada; as criaturas agrestes fugiam quando elas se aproximavam. Enkidu queria segui-las, mas seu corpo parecia estar preso por uma corda, seus joelhos fraquejaram quando tentava correr, ele perdera sua rapidez e agilidade. E todas as criaturas da selva fugiram; Enkidu perdera sua força, pois agora tinha o conhecimento dentro de si, e os pensamentos do homem ocupavam seu coração. Então ele voltou e sentou-se ao pé da mulher, e escutou com atenção o que ela lhe disse: “És sábio, Enkidu, e agora te tornaste semelhante a um deus. Por que queres ficar correndo à solta nas colinas com as feras do mato? Vem comigo. Vem e te levarei à Uruk das poderosas muralhas, ao abençoado templo de Ishtar do amor e Anu do céu; lá vive Gilgamesh, que é forte, e como um touro selvagem domina e governa os homens. 

No texto, Enkidu ao ter contato sexual com Shamhat perdeu suas características, e a moça lhe disse: “que agora estava semelhante aos deuses” é a mesma descrição, que encontramos em Gênesis 03: 22, quando o casal: Adão e Eva comem do fruto proibido.

Isso quer dizer que graças à mulher, Enkidu ao perder sua identidade, da mesma forma que aconteceu com Adam (Adão). No mito grego, a 1ª mulher humana criada pelos deuses foi Pandora. Ela era bela, como Afrodite, inteligente e curiosa. Diz à lenda que Pandora, e sua “intensa curiosidade”, mexeu numa caixa que Epimeteu guardava e ao abri-la liberou as mazelas, doenças e a maldade, que se se alastram pelo mundo afora. Resumindo, na Antiguidade, as mulheres eram consideradas cidadãs de segunda classe, sem direitos iguais aos homens e, além disso, eram acusadas religiosamente, de trazer o mal para a sociedade.

Na sociedade da Antiga Mesopotâmia e na região de Canaã, as mulheres tinham certas proibições, como: não sair à rua desacompanhada, ficar confinadas numa sessão reservada às mulheres, no Templo. Caso a mulher esteja menstruada era proibida por lei ir ao Templo para fazer seu sacrifício (Levítico 15: 19-24). Existia certa obrigatoriedade do uso do véu (até hoje é seguida). Havia convenções sociais que impunham mais deveres do que direitos para as mulheres.

Eva é também tida como uma personagem que é uma inspiração de uma deusa Sumeriana chamada Nin-Ti, deusa da Vida e deusa patrona da cidade de Lagash, seu nome quer dizer "senhora da vida"

Na mitologia Sumeriana Nin-ti, é responsável por curar a costela de Enki. 

No mito o guloso deus Enki  “Senhor da Terra” comeu 8 plantas proibidas do Dilmun. Após o desvio, 8 pragas foram lançadas nos órgãos de Enki. Então foram criadas 8 divindades para consertar o deus que, doente, agonizava. Entre elas estava Nin-ti, responsável por curar a costela de Enki.

Nin-ti, literalmente significa “a dama da costela”. Contudo, segundo Kramer, Nin-ti também ficou conhecida na Mesopotâmia como “A dama que traz a vida”, porque a palavra Ti, em sumério, significa “costela” e também “trazer a vida”.

De acordo com Kramer, é por isso que os autores da Bíblia escolheram a costela de Adão para modelar Eva, ao invés de outra parte do corpo: porque Eva foi a primeira a mãe, “aquela que traz a vida”, e, da mesma forma, Adão deu a existência para Eva, através de sua Ti ou costela.

O MITO DE ADAPA SUMERIANO - O ADÃO BÍBLICO

 


O mito do Adão Bíblico é uma adaptação e inspiração do personagem original Sumeriano Adapa, o nome Adão ou Adam tem mais variantes anteriores tais como Admu, Admusis, Adamo, etc. Todos estes nomes, são nomes anteriores ao nome Adão ou Adm da Bíblia.

É a história Sumeriana da Queda do Homem que explica por que motivo os seres humanos são mortais. O texto foi descoberto numas escavações do final do século XIX, em Tell-el-Amarna - um local que foi a capital do Império Egípcio no tempo de Akhenaton (1352-1335 a.C.). Nessa exploração arqueológica foi encontrada uma extensa biblioteca de tábuas de argila, contendo, entre muitos outros textos, o Mito de Adapa.

Adapa era um sábio sacerdote de Enki (sumério original) ou Ea (pronuncia-se "Yah") ou Ea-šarru (acadia e babilônia), deus das águas doces e deus patrono da cidade de Eridu. Seu templo era a casa de Apsu ou Eengurra em Eridu.

O mito alega que todos os dias, Adapa comparecia aos ritos religiosos. Ele fazia votos, assava pão e colocava mesas apresentadas como ofertas aos deuses. Ele era pescador do templo de Enk, saia em seu barco com o objetivo de capturar peixes e ofertá-los, no templo dedicado a Enk.

O Deus da Água e da Sabedoria, Ea (pronuncia-se "Yah"), ou Enk ou Ea-Šarru cria Adapa e dá-lhe grande inteligência e sabedoria, mas não a imortalidade, e sabendo que a imortalidade poderia ser oferecida a Adapa pelo grande deus Anu, Enk engana Adapa e convence-o a recusar este dom.

O raciocínio de Ea neste mito parece semelhante ao de Yahveh (em Génesis 3:22-24), onde, depois de Adão e Eva serem amaldiçoados por comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, Yahveh os expulsa antes que eles possam também comer da Árvore da Vida:

“Então disse Yahveh Deus: “Agora o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o mal. Não se deve, pois, permitir que ele tome também do fruto da árvore da vida e o coma, e viva para sempre”. Por isso Yahveh Deus o mandou embora do jardim do Éden para cultivar o solo do qual fora tirado. Depois de expulsar o homem, colocou a leste do jardim do Éden querubins e uma espada flamejante que se movia, guardando o caminho para a árvore da vida.Génesis 3:22-24”

Se Adão e Eva fossem imortais, ficariam ao nível de Yahveh e haveria uma perda de status para este deus. E este é o mesmo raciocínio de Ea no mito de Adapa. No mito do Génesis, Adão toma o conhecimento por si mesmo comendo o fruto da árvore do conhecimento; no mito Sumeriano, o deus Ea concede a Adapa conhecimento no processo de criação. Sabendo que Adapa já é sábio, Ea (como Yahveh na história de Génesis) precisa manter o homem no seu devido lugar, impedindo-o de comer o alimento da vida.

Diz o mito que Adapa, rei da cidade de Eridu, um dia foi pescar quando o Vento Sul virou de repente seu barco e o lançou ao mar. Furioso com isso, Adapa quebrou a asa do Vento Sul e durante sete dias o vento não pôde soprar. Anu, o deus do céu, ficou irritado com Adapa e chama-o ao céu para vir se explicar. Adapa recebe conselhos de Ea sobre como se deve comportar na corte dos deuses. Como Ea é o pai-deus de Adapa e criador, Adapa confia nele. Mas Ea receia que Anu ofereça a Adapa o alimento e a bebida da vida eterna e quer certificar-se de que Adapa não aceita a oferta.

Primeiro Ea diz a Adapa que deve lisonjear os guardiões dos portões, Tammuz e Gishida (duas divindades que morreram e ressuscitaram, Gishida seria representado como uma serpente e também referido como Ningishzida "Senhor da boa árvore"), fazendo saber que ele se lembra deles, que bem os conhece. Se Adapa fizer isso, então os guardiões vão deixá-lo passar sem dificuldade e vão falar favoravelmente dele para Anu. Ea ainda lhe diz que, quando estivesse na presença de Anu, deveria recusar qualquer alimento ou bebida oferecida, porque seria o alimento da morte e a bebida da morte que lhe seria oferecida como punição por Adapa ter quebrado a asa do Vento Sul. No entanto, acrescenta Ea, Adapa poderia aceitar óleo para ungir-se e aceitar qualquer oferta de roupa.

Quando chega ao céu, Adapa faz exatamente o que Ea sugere, honrando respeitosamente Tammuz e Gishida.

Anu respeita a argumentação de Adapa e impressiona-se com ela, mas indaga-se por que Ea fez Adapa tão inteligente, mas negou-lhe a vida eterna. Seguidamente Anu ordena que o alimento e a água da vida eterna sejam trazidos a Adapa. Anu deseja corrigir o erro de Ea e conceder a Adapa a vida eterna.

Adapa recusa a comida e bebida oferecida por Anu, mas aceita ungir-se com óleo e receber uma túnica. Anu, chocado por o homem recusar o alimento e a bebida que lhe dariam o dom da imortalidade, envia Adapa de volta à terra onde ele deve viver a sua vida como um mortal.

No fim da história parece que Anu pretende julgar Ea, mas o texto final ficou danificado no original.

No que tange as semelhanças, entre: Adapa e Adão, se substituirmos: o “p” pelo “m” – temos “Adama” (que significa: “Solo ou Terra” a origem de Adão). Se tirarmos a letra “a” de “Adama”, fica: Adam, que em hebraico que significa: “Homem” (Adão, em português) (ANDREASEN, 1981, p 181).

As semelhanças entre Adapa e Adão continuam como por exemplo: obedecer a deus: Ea ou El; não comer determinada comida; perder a vida eterna se comer uma determinada comida; vestir roupas adequadas: luto no caso de Adapa enquanto Adão e Eva usaram roupas de pele, feitas por El (Gn 3: 21.

Pelo que sabemos do Mito de Adapa, quando ele apareceu na frente de Anu foi-lhe oferecido: “o pão e a água da vida” ele obedeceu às recomendações do seu deus Ea, e não comeu e nem bebeu nada, e com isso perdeu a vida eterna. No caso de Adão aconteceu o mesmo. A sua auxiliar (Eva) foi tentada pela Serpente, que lhe ofereceu a comida (fruto), Adão e Eva comeram da comida e desobedeceram às recomendações de El e assim, ambos perderam a vida eterna. No Mito de Adapa a comida foi oferecida pelo deus Anu, enquanto, no Mito de Adão, a comida foi oferecida inicialmente pela Serpente. Os dois casos tiveram como consequência a perda imediata da imortalidade. De qualquer forma.

Ambos foram submetidos a um teste envolvendo alimentos e receberam dois conjuntos de conselhos; ou seja, "não coma" (Deus e Enk ou Ea) e "coma" (Serpente e Anu). Um, Adapa, obedeceu e passou no teste; o outro, Adam, desobedeceu e falhou. Mas mesmo essa situação é complicada por uma consideração adicional; ou seja, a relação entre obediência/desobediência e imortalidade.

O livro de Gênesis está cercado de elementos mitológicos comuns entre as diversas sociedades do Mundo Antigo. Adão, a Serpente e o Jardim do Éden foram produtos importados de uma superpotência religiosa e cultural, Sumeriana. Não há como negar que sua herança serviu de trampolim para que anos mais tarde, os Hebreus compilassem suas ideias no que chamamos de: Gênesis.


O Mito:

Ele [Adapa] possuía inteligência. . .

Seu comando era como o comando de Anu ...

Ele [o deus Ea] concedeu-lhe um grande entendimento para lhe revelar o destino da terra,

Ele lhe concedeu sabedoria, mas não lhe concedeu a vida eterna.

Naqueles dias, naqueles anos o homem sábio de Eridu,

Ea o havia criado como líder entre os homens,

Um homem sábio cujo comando nenhum deve opor,

O prudente, o mais sábio entre os Anunnaki era ele,

Imaculado, de mãos limpas, ungido, observador dos estatutos divinos,

Com os padeiros ele fez pão

Com os padeiros de Eridu, ele fez pão,

A comida e a água para Eridu ele fez diariamente,

Com as mãos limpas, preparou a mesa,

E sem ele a mesa não estava limpa. 

O navio que ele dirigiu, pescando e caçando para Eridu.

Então Adapa de Eridu

Enquanto Ea, ... na câmara, sobre a cama.

Diariamente o fechamento de Eridu ele atendeu.

Em cima da represa pura, a represa da lua nova, embarcou no navio.

O vento soprou e seu navio partiu.

Com o remo, dirigiu seu navio sobre o largo mar. . .

O Vento Sul ... quando ele me levou para a casa de meu senhor, eu disse:

"Ó Vento Sul, no caminho eu vou ter contigo ... tua asa quebrarei."

Enquanto falava com a boca, a asa do Vento Sul foi quebrada, sete dias o Vento Sul não soprou sobre a terra. 

Anu chamou o seu mensageiro Ilabrat:

"Por que o Vento Sul não soprou sobre a Terra por sete dias?"

Seu mensageiro Ilabrat lhe respondeu:

"Meu senhor, Adapa, o filho de Ea, quebrou a asa do Vento Sul."

Quando Anu ouviu estas palavras, gritou:

 - "Ajudem-me!" e, subindo ao trono, disse - "Que alguém o traga." 

Entretanto Ea, que conhece os céus, soube disto... ele o fez vestir. Com uma roupa de luto ele o vestiu e lhe deu conselhos, dizendo: 

  - "Adapa, diante do rosto de Anu, o Rei, tu vais ... ao céu.

Quando subires e te aproximares da porta de Anu, na porta de Anu estarão Tammuz e Gishzida de pé.

Eles te verão, eles te perguntarão:

 - 'Senhor, por causa de quem veio, Adapa? Para quem está vestido de luto?'

 - 'No meu país, dois deuses desapareceram, portanto eu estou assim.'  [deves responder]

 - 'Quem são os dois deuses, que na terra desapareceram?'

 - 'Tammuz e Gishzida.' [deves responder]

Eles vão olhar um para o outro e ficarão surpresos.

Boas palavras eles vão falar a Anu.

Um bom semblante de Anu eles te mostrarão.

Quando estiveres de pé perante Anu

A comida da morte eles colocarão diante de ti. Não comas.

Água de morte eles colocarão diante de ti. Não bebas.

Roupa eles vão colocar diante de ti. Veste-a.

Óleo, eles te colocarão diante de ti. Unge-te a ti mesmo.

O conselho que te dei, não te esqueças.

As palavras que falei, mantém-nas firmes." 

O mensageiro de Anu veio:

 - "Adapa quebrou a asa do Vento Sul. Traga-o diante de mim."

O caminho para o Céu ele o fez tomar, e para o Céu ele ascendeu. 

Quando ele chegou ao Céu, quando se aproximou da porta de Anu, na porta de Anu, Tammuz e Gishida encontram-se de pé.

Quando viram Adapa, clamaram:

 - "Ajuda, Senhor, por quem apareces? Adapa, para quem estás vestido de um manto de luto?"

 - "No país dois deuses desapareceram, por isso estou vestido em roupas de luto."

 - "Quem são os dois deuses, que desapareceram da terra?"

 - "Tammuz e Gishzida."

Eles olharam um para o outro e ficaram espantados. 

Quando Adapa aproximou-se de Anu, o Rei viu-o e gritou:

 - "Diz, Adapa, por que quebraste as asas do Vento Sul?"

Adapa respondeu a Anu:

 - "Meu senhor, para a casa do meu senhor no meio do mar, eu estava apanhando peixe. O mar era como um espelho, o Vento Sul soprou e me virou. À casa do meu senhor fui levado. Na raiva do meu coração, eu tomei atenção."

Tammuz e Gishzida responderam ... "és tu". Para Anu eles falaram. Ele se acalmou, seu coração estava. . .

 - "Por que Ea revelou à humanidade impura o coração do céu e da terra? Um coração ... criou dentro dele, fez-lhe um nome? O que podemos fazer com ele? Alimento da vida trazei-lhe, para que coma."

Alimento da vida trouxeram, mas ele não comeu.

Água da vida trouxeram, mas ele não bebeu.

Vestuário trouxeram. Vestiu-se.

Óleo trouxeram. Ele se ungiu.

Anu olhou para ele, perguntou-lhe:

 - "Vem, Adapa, por que não comeste, não bebeste? Agora não viverás. "

... homens ...

 - Ea, meu senhor disse: "Não coma, não beba".

 - Peguem-no e levem-no de volta à sua terra.

... olhou para ele.

Quando [Anu] ouviu isso na raiva de seu coração

Seu mensageiro ele enviou.

Aquele que conhece o coração dos grandes deuses.....

Ao rei Ea para vir,

Para ele, ele fez com que as palavras fossem suportadas....

O MITO DA SERPENTE

 



De acordo com o Enuma Elish, o deus Marduk depois de matar Tiamat (deusa serpente) criou o mundo: “as tuas armas jamais perderão o seu poder, ele esmagará o inimigo”. (Enuma Elish 4ª tábua 16ª linha). A Mitologia dos Cananeus (povos rivais dos Hebreus) afirmava que: Baal (filho de El) matou o dragão de sete cabeças, chamado de: “Lotan”. Depois, Baal usando o corpo de Lotan criou o mundo. Por causa de rivalidades: políticas, econômicas, culturais e religiosas entre os Hebreus e os Cananeus, o deus, Baal foi demonizado, na Bíblia.

Na Mitologia Grega, Apolo, filho de Zeus (deus supremo do panteão grego), mata a serpente Píton. Após a morte de Píton, Apolo cria o mundo. Na mitologia Viking, no Ragnarok (dia do Fim do Mundo), Thor, filho de Odin (rei dos deuses nórdicos), mata a serpente do mundo, Jormungand (na luta ambos acabam morrendo). Na mitologia Asteca, Quetzalcoatl, mata um monstro marinho (Cipactli) e depois cria o mundo. Diante destes exemplos acima, a Bíblia descreve um combate entre: El (“Deus”) com uma serpente marinha, o Leviatã: “Naquele dia o SENHOR castigará com a sua dura espada, grande e forte, o Leviatã, serpente veloz, e o Leviatã, a serpente tortuosa, e matará o dragão, que está no mar Isaías 27: 01.”

Nos mitos: Cananeus, Hebraicos, Vikings, Gregos e Mesopotâmicos, vemos que existe uma luta (conflito) entre um deus-guerreiro do sexo masculino (El-sabaoth – Senhor dos exércitos, Marduk, Baal, Apolo e Thor), contra uma serpente marinha (Leviatã, Lotan, Cipactli, Jormungand e Tiamat).

No Mito de Gilgamesh e no Mito de Adão, a serpente engana ambos. De acordo com Gilgamesh, ficou sabendo da existência de uma “planta” ou um “fruto” que dava a imortalidade e “eterna juventude”. Mas essa “planta” que se parecia com uma ameixa, estava no fundo do mar. Então, Gilgamesh amarrou duas pedras em suas pernas e foi até o fundo do mar e conseguiu pegar a tal “planta” ou “fruto”. Porém, chegando perto de seu reino, ocorreu o inesperado: Depois de nadar 144 Km estava extremamente cansado, ao tomar banho em uma pequena lagoa fria ao final da tarde, uma cobra fareja a planta de odor doce e a rouba. Então Gilgamesh se senta e chora. Ele finalmente percebe que a imortalidade não é para ele: deve desistir.

Resumindo, a serpente foi a responsável por Adão e Eva caírem em tentação no Paraíso (e que ambos perdessem sua imortalidade ou a eterna juventude). E Gilgamesh não conseguiu alcançar seu objetivo: a imortalidade. Vemos aqui paralelos entre os mitos. E que a serpente estaria associada ao caos e a desordem.

Em contrapartida, comparando as diversas culturas da Antiguidade, percebemos que as serpentes têm uma dupla função. Ela traz bênçãos e maldições. No Antigo Egito, o emblema real dos faraós era a coroa tendo na fronte uma Naja (serpente), ao mesmo tempo, havia uma serpente (Apófis, associado ao caos) que lutava todos os dias com Rá, o deus supremo do Egito Antigo. Em algumas culturas, a serpente poderia ser associada à magia e a medicina. Na Suméria, Acádia e Babilônia Ea ou Enki  era associada à sabedoria e medicina, e seu símbolo era de um cajado com uma serpente entrelaçada nele que existe até hoje.

Um dos guardiões da Porta do Céu da casa de Anu é Gizzida ou Ningishzida . Gizzida ou Ningishzida era como um deus com habilidade de andar e falar tendo um corpo de serpente e cabeça humana e era o proprietário de uma “boa árvore” .

Na Bíblia, a serpente apareceria muito tempo depois da criação do Homem e da Mulher, em Gn 03: 02. Sendo descrita como a “criatura mais cautelosa” que El (“Deus”) havia criado. É importante comentarmos aqui, que a Serpente do Gênesis não tem ligação nenhuma com Satanás/Lúcifer. Não existem provas: textuais, arqueológicas e históricas para associar “demônios” à serpente. A concepção de uma única figura maligna, como: Satanás, não existia antes do “Cativeiro da Babilônia” (587-537 a. C).

Atualmente Satanás estaria associado a uma serpente devido o Livro do Apocalipse que foi escrito entre, os anos: 90-110 d. C. Ou seja, muitos anos após o Gênesis ter sido escrito. Durante os anos de 700-600 a. C, os sacerdotes e demais população Hebréia, acreditavam que El (“Deus”) poderia fazer tanto o bem como o mal.

Mercadores, embaixadores e povos nômades ao se deslocarem da Mesopotâmia indo em direção ao Egito Antigo, eram obrigados a passar pelo corredor sírio-palestino, (onde hoje é Israel), dessa forma, o povo local (Hebreus e Cananeus), obtiveram contatos culturais-religiosos, com diversos povos do Oriente Médio. Este contato foi fundamental para o desenvolvimento dos mitos que vemos em Gênesis. Podemos até supor que os Hebreus “pegaram emprestado” alguns mitos, personagens e poemas para criar um enredo que contasse a origem de seu povo, criando assim sua própria estória. Isso ficou claro quando notamos paralelos entre: Adapa e Adão, entre a luta de deuses guerreiros e as serpentes marinhas, a existência do Jardim dos deuses no mundo da Mesopotâmia e dos povos do corredor sírio-palestino e, finalmente, a serpente, um animal que para algumas culturas, pode trazer bênçãos e para outras maldições. O povo da Antiguidade tinha o desejo e a vontade, de haver uma promessa divina (através de um deus guerreiro), que iria eliminar: o caos, na Terra.

O livro de Gênesis está cercado de elementos mitológicos comuns entre as diversas sociedades do Mundo Antigo. Adão, a Serpente e o Jardim do Éden foram produtos importados de uma superpotência religiosa e cultural, Sumeriana. Não há como negar que sua herança serviu de trampolim para que anos mais tarde, os Hebreus compilassem suas ideias no que chamamos de: Gênesis.


O MITO DA CRIAÇÃO SUMERIANA

 



O primeiro homem foi criado no Éden ou Edin ou Edenu, uma palavra Suméria que significa “terreno plano”. No Épico de Gilgamesh, o Éden ou Edin ou Edenu é mencionado como o jardim dos deuses e está localizado em algum lugar na Mesopotâmia entre os rios Tigre e Eufrates. Igualmente o Éden da Bíblia.

Inicialmente, os seres humanos foram incapazes de se reproduzir por si próprios, mas mais tarde foram modificados com a ajuda de Enki e Ninki. Assim, Adapa - Adamu - Admusi - Adam ou Adão foi criado como um ser humano totalmente funcional e independente. Esta ‘modificação’ foi feita sem a aprovação do irmão de Enki, Enlil, e um conflito entre os deuses começou. Enlil tornou-se o adversário do homem, e a tábua suméria menciona que os homens serviam aos deuses e passavam por muitas dificuldades e sofrimentos.

No mito, o ser humano só é feito para trabalhar para os deuses, na Bíblia, Deus faz o ser humano para trabalhar para ele, "E toda a planta do campo que ainda não estava na terra, e toda a erva do campo que ainda não brotava; porque ainda o Senhor Deus não tinha feito chover sobre a terra, e não havia homem para lavrar a terra. Gênesis 2:5" - "E tomou o Senhor Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden para o lavrar e o guardar. Gênesis 2:15". Nos dois mitos o ser humano é criado para trabalhar.

O homem, segundo os sumérios, foi feito do barro e impregnado do fôlego da vida. O propósito do homem era servir aos deuses, orar e fazer sacrifícios. Igualmente os dois motivos estão presentes na Bíblia.

Segundo a bíblia, o homem foi criado do barro e o fôlego da vida entrou em suas narinas.

No caso do mito Sumeriano os sete grandes deuses Anunna estavam sobrecarregando Igigi, deuses menores, com trabalho forçado.

Os deuses menores os Igigi estavam cavando canais de água nos rios Tigre e Eufrates.

Revoltados, eles reclamavam dia e noite e enfim foram reclamar para o deus Enlil o deus dos  ventos, ar, terra e tempestades. Enlil foi falar com os Anunnakis, porém os Anunankis ouviram as reclamações deles. 

Infelizmente eles atearam fogo às suas ferramentas, eles colocaram fogo em seus espaços, atearam fogo as suas cestas de trabalho. 

Os Igigi foram reclamar no palácio de Enlil chamado Ekur {também conhecido como Duranki, é um termo sumério que significa "casa na montanha". É a assembléia dos deuses no Jardim dos deuses, paralelo na mitologia grega ao Monte Olimpo e foi o edifício mais reverenciado e sagrado da antiga Suméria}.

O deus Nusku abriu a porta. O deus Nusku é o Sukkal de Enlil ou seja o Vizir de Enlil, Nusku é uma divindade associado ao fogo e à luz e podia ser invocado como uma divindade protetora contra vários demônios, como Lamashtu ou Gallu.

Na assembleia de todos os deuses, que é Ekur, Nusku se ajoelhou, levantou-se, expôs o que estava acontecendo.

“Anu acadiano - An sumeriano [deus dos céus, rei dos deuses], seu pai, seu conselheiro, o guerreiro Enlil, seu prefeito, Ninurta acadiano - Ninĝirsu sumeriano [deus da agricultura, cura, caça, lei, escribas e guerra ] e seu oficial de justiça Ennugi [deus da irrigação e do submundo] me enviaram para dizer:

“Quem é o instigador dessa batalha? Quem é o instigador dessas hostilidades Quem declarou essa guerra, essa batalha que foi executada até o portão de Enlil?

Os deuses dialogando entre si, disseram ....

"Temos que decidir…retornar a escavação, a labuta excessiva que nos mata, o nosso trabalho forçado era pesado, havia desgraça demais!

Agora, todos nós, deuses, resolvemos fazer um acerto de contas com Enlil. ”

[Os Anunnaki decidem criar o homem, para aliviar os Igigi de sua miséria.]

Ea - Enki sume. {deus das águas} se preparou para falar,

e disse aos Anunnaki, seus irmãos:

“Que calúnia nós colocarmos sob responsabilidade deles?

Seu trabalho forçado era muito pesado, sua miséria demais!"

Belet-ili, a parteira, está presente. Deixe-a criar, então, um ser humano, um homem,

Deixe-o suportar o jugo! Deixe-o suportar o jugo! - Que o homem assuma o trabalho penoso dos deuses. ”

Belet-ili, a parteira, está presente. Deixe a parteira criar um ser humano - Que o homem assumirá o trabalho penoso dos deuses ”

Ea, convocou e perguntou a deusa a parteira dos deuses, sábia Mami: “Você vai ser a deusa do nascimento, criadora da humanidade?

Crie um ser humano, para suportar o jugo, deixa-o suportar o jugo, a tarefa de Enlil, será deixar o homem assumir o trabalho penoso do deuses” 

Nintu preparada para falar, isse aos Anunnaki, grandes deuses:“Não é para eu fazê-lo, a tarefa é de Enki.

Ele é que limpa tudo, deixa-o fornecer a argila para que eu possa elaborar.”

Enki preparado para falar, disse aos grandes deuses: “No primeiro, sétimo e décimo quinto dia do mês, deixe-me criar uma purificação, um banho. Deixai um deus ser abatido, em seguida, deixar o deus ser purificado por imersão (batismo nas águas).

Nintu, vamos misturar argila com a carne e o sangue desse deus. Que esse mesmo deus e o homem sejam completamente misturados a argila. Vamos ouvir os tambores pelo resto dos tempos.

A partir da carne do deus deve um espírito permanecer, deixe-o vivo para saberem seu significado, para que não lhe seja permitido esquecer que o espírito permanece.” 

Os grandes deuses Anunnaki, que administram os destinos, responderam”sim!”na Assembleia. No primeiro, sétimo e décimo quinto dia do mês. Enki estabeleceu uma purificação, um banho.

Mataram Aw-ilu, que teve a inspiração [para a revolta contra os deuses], em sua assembleia. Nintu misturou argila com a carne e o sangue do deus que foi morto. 

Esse mesmo deus e o homem foram completamente misturados com barro. Durante o resto do tempo eles iriam ouvir o tambor. Na carne do deus o espírito permaneceu. Fariam os vivos conhecerem o seu significado, para que ele não pudesse ser esquecido, o espírito permaneceu.

Depois de ter misturado a argila, ela convocou os Anunnaki, os grandes deuses. 

Os Igigi, os grandes deuses, cuspiram no barro. Mami preparada para falar, disse aos grandes deuses: “Vocês me ordenaram a tarefa e eu a completei. Vocês abateram o deus, juntamente com a sua inspiração. Acabei com o trabalho forçado e pesado. Impus a labuta dos deuses ao homem. Você agraciou clamor sobre a humanidade.

Eu liberei o julgo, eu fiz a restauração.”

Eles ouviram o discurso dela, eles correram, sem cuidado, e beijaram seus pés, dizendo: “Antigamente nós a chamávamos de Mami! Agora deixe-nos chamá-la de Belet-kala-ili (Senhora de 

todos os deuses) ”


O Mito:

Quando os deuses eram homens

eles faziam o trabalho forçado, eles suportavam a labuta

Grande, em verdade era a labuta dos deuses,

o trabalho forçado era pesado, grande a miséria:

os sete grandes deuses Anunna estavam sobrecarregando

os Igigi, deuses menores, com trabalho forçado. [Lacuna]

Os deuses estavam cavando canais de água,

eles abriram canais, a vida do solo.

Os deuses Igigi estavam cavando cursos de água

canais eles abriram, a vida do solo.

os deuses igigi cavaram o rio Tigre

e depois o Eufrates.

Nascentes eles abriram a partir das profundezas,

poços … [lacuna] eles estabeleciam.

… [lacuna]

Eles amontoaram todas as montanhas. [Vários linhas faltando] … anos de labuta.

…[lacuna] o vasto pântano.

Eles contaram anos de labuta,

… [lacuna] e quarenta anos, muito!

… [lacuna] trabalho forçado que suportaram dia e noite.

Eles estavam reclamando, denunciando,

resmungando no subsolo:

“Vamos enfrentar o nosso capataz, o prefeito,

ele precisa tirar o fardo pesado que está sobre nós!

Enlil [deus do  vento, ar, terra e tempestades]], conselheiro dos deuses, o guerreiro,

venha, vamos retirá-lo da sua morada;

Enlil, conselheiro dos deuses, o guerreiro,

venha, vamos retirá-lo de sua morada! “ [Várias linhas faltando]

“Agora eles chamam pela batalha,

luta, vamos nos unir, à guerra! ”

Os Anunnaki ouviram as palavras deles:

eles atearam fogo às suas ferramentas,

eles colocaram fogo em seus espaços

atearam fogo as suas cestas de trabalho.

Eles foram, todos, cada um dos Igigi,

à porta da morada do guerreiro Enlil.

…[lacuna]

Era noite, a meio relógio,

a casa foi cercada, o deus não sabia.

Era noite, a meio caminho através do relógio, Ekur {também conhecido como Duranki, é um termo sumério que significa "casa na montanha". É a assembléia dos deuses no Jardim dos deuses , paralelo na mitologia grega ao Monte Olimpo e foi o edifício mais reverenciado e sagrado da antiga Suméria} foi cercada, mas Enlil não sabia! [Várias linhas 

faltando]

Nusku {deus da Mesopotâmia melhor atestado como o sukkal (divino vizir) de Enlil. Ele também estava associado ao fogo e à luz e podia ser invocado como uma divindade protetora contra vários demônios, como Lamashtu ou gallu} abriu a porta,

pegou suas armas e foi … [lacuna] Enlil.

Na assembleia de todos os deuses, Nuski se ajoelhou, levantou-se, expôs o comando. 

“Anu acadiano - An sumeriano [deus dos céus, rei dos deuses], seu pai,

seu conselheiro, o guerreiro Enlil, seu prefeito, Ninurta acadiano - Ninĝirsu sumeriano [deus da agricultura, cura, caça, lei, escribas e guerra ] e seu oficial de justiça Ennugi [deus da irrigação e do submundo] me enviaram para dizer:

“Quem é o instigador dessa batalha?

Quem é o instigador dessas hostilidades?

Quem declarou essa guerra,

essa batalha que foi executada até o portão de Enlil?

Em …

ele transgrediu o comando de Enlil “.

“Cada um de nós deuses declarou guerra;

Temos que decidir…retornar a escavação,

a labuta excessiva que nos mata,

o nosso trabalho forçado era pesado, havia desgraça demais!

Agora, todos nós, deuses, resolvemos fazer um acerto de contas com Enlil. ”

[Os Anunnaki decidem criar o homem, para aliviar os Igigi de sua miséria.]

Ea - Enki sume. {deus das águas} se preparou para falar,

e disse aos Anunnaki, seus irmãos:

“Que calúnia nós colocarmos sob responsabilidade deles?

Seu trabalho forçado era muito pesado, sua miséria demais!


Todos os dias …

era grande o clamor, podíamos ouvir o clamor.

Há …

Belet-ili, a parteira, está presente.

Deixe-a criar, então, um ser humano, um homem,

Deixe-o suportar o jugo!

Deixe-o suportar o jugo!

Que o homem assuma o trabalho penoso dos deuses. ”

Belet-ili, a parteira, está presente.

Deixe a parteira criar um ser humano

Que o homem assumirá o trabalho penoso dos deuses ”

Ei, convocou e perguntou a deusa

a parteira dos deuses, sábia Mami:

“Você vai ser a deusa do nascimento, criadora da humanidade?

Crie um ser humano, para suportar o jugo,

deixa-o suportar o jugo, a tarefa de Enlil,

será deixar o homem assumir o trabalho penoso do deuses”

Nintu preparada para falar,

disse aos Anunnaki, grandes deuses:

“Não é para eu fazê-lo,

a tarefa é de Enki.

Ele é que limpa tudo,

deixa-o fornecer a argila para que eu possa elaborar.”

Enki preparado para falar,

disse aos grandes deuses:

“No primeiro, sétimo e décimo quinto dia do mês,

deixe-me criar uma purificação, um banho.

Deixai um deus ser abatido,

em seguida, deixar o deus ser purificado por imersão.

Nintu, vamos misturar argila com a carne e o sangue desse deus.

Que esse mesmo deus e o homem sejam completamente misturados a argila.

Vamos ouvir os tambores pelo resto dos tempos.

A partir da carne do deus deve um espírito permanecer,

deixe-o vivo para saberem seu significado,

para que não lhe seja permitido esquecer que o espírito permanece.”

Os grandes deuses Anunnaki, que administram os destinos,

responderam”sim!”na Assembleia.

No primeiro, sétimo e décimo quinto dia do mês,

Enki estabeleceu uma purificação, um banho.

Mataram Aw-ilu, que teve a inspiração [para a revolta contra os deuses], em sua assembleia.

Nintu misturou argila com a carne e o sangue do deus que foi morto.

Esse mesmo deus e o homem foram completamente misturados com barro.

Durante o resto do tempo eles iriam ouvir o tambor.

Na carne do deus o espírito permaneceu.

Fariam os vivos conhecerem o seu significado.

para que ele não pudesse ser esquecido, o espírito permaneceu.

Depois de ter misturado a argila,

ela convocou os Anunnaki, os grandes deuses.

Os Igigi, os grandes deuses, cuspiram no barro.

Mami preparada para falar,

disse aos grandes deuses:

“Vocês me ordenaram a tarefa e eu a completei.

Vocês abateram o deus, juntamente com a sua inspiração

Acabei com o trabalho forçado e pesado

Impus a labuta dos deuses ao homem.

Você agraciou clamor sobre a humanidade.

Eu liberei o julgo, eu fiz a restauração.”

Eles ouviram o discurso dela,

eles correram, sem cuidado, e beijaram seus pés, dizendo:

“Antigamente nós a chamávamos de Mami!

agora deixe-nos chamá-la de Belet-kala-ili (Senhora de todos os deuses) ”




O DILÚVIO

[O aumento da população e seu ruído perturba os deuses, que decidem acabar com a humanidade. 

O deus Enki, no entanto, envia um sonho a Atrahasis.]

Enlil cometeu um ato maldoso contra a população.

Atrahasis [("o muito inteligente")] pronto para falar,

disse ao seu senhor:

“Faça-me saber o significado do sonho que tive

deixe-me saber, para que eu possa olhar para a sua consequência. ”

Enki preparado para falar,

disse a seu servo:

Você deve prestar atenção a mensagem que venho lhe trazer:

‘Casa de caniço, preste atenção a todas as minhas palavras!

Deves fugir da casa, construir um barco,

abandonar tuas posses e tua vida salvar.

O barco que você constrói

… deve ser igual …

……

Telhado com profundidade,

para que não se veja o sol por dentro.

Que seja coberta na frente e a trás.

A engrenagem deve ser firme,

o tom deve ser firme, para assim dar força ao barco,

Eu derramarei sobre vós mais tarde

uma colheita de pássaros, uma série de peixes. ”

Ele abriu o relógio de água e encheu-o,

e disse que o dilúvio viria em sete dias.

Atra h asis recebeu o comando.

Ele reuniu os anciãos em seu portão.

Atra h asis preparado para falar,

disse aos anciãos:

“Meu deus, não concorda com o seu deus,

Enki e Enlil estão constantemente irritados um com o outro.

Eles nos expulsou das nossas terras.

Porque eu sempre reverenciei Enki,

Ele me disse isso.

Eu não posso viver em …

Não posso fincar meus pés sobre a terra de Enlil.

vou morar com meu deus Enki nas profundezas.

Isso ele me disse: … ”

Os Anciãos …

O carpinteiro levou seu machado,

os trabalhadores de junco carregaram as pedras,

o homem rico levou o tom

o homem pobre trouxe os materiais necessários.

[Lacuna de cerca de quinze linhas, é possível discernir a palavra Atra h sis.]

Trazendo …

tudo o que ele tinha …

Tudo o que ele tinha …

animais puros por ele abatidos, gado …

animais gordos que ele matou. Ovelhas …

ele escolheu e trouxe a bordo.

Os pássaros voavam no céu,

o gado e os… do deus do gado,

as criaturas da estepe,

… ele trouxe a bordo

ele convidou seu povo

… para uma festa

… sua família foi trazida a bordo.

Enquanto um estava comendo outro estava bebendo,

Atrahasis entrou e saiu, não podia sentar-se, não podia ajoelhar-se,

por seu coração quebrado, qual vomitando fel.

A perspectiva do tempo mudou. Adad (deus da tempestade) começou a rugir nas nuvens.

O deus que ouviram, seu clamor.

Ele trouxe piche para selar a porta.

Naquele momento ele havia trancado sua porta,

Adad estava rugindo nas nuvens.

Os ventos estavam furiosos como por ele estabelecido,

Ele cortou a corda de amarração e lançou o barco. [Lacuna]

… a tempestade

… foram jugo

Anzu [ um demônio e pássaro enorme com cabeça de leão, cujas asas batendo causavam redemoinhos e tempestades de areia.]rasgou o céu com suas garras,

ele … a terra

e partiu o seu tumulto, como um pote.

… o dilúvio veio.

Seu poder veio sobre os povos como uma batalha,

uma pessoa não via a outra,

eles não podiam reconhecer uns aos outros na catástrofe.

O dilúvio baixou como um touro,

O vento ressoava como uma águia gritando.

A escuridão era densa, o sol se foi,

… como moscas.

o clamor do dilúvio.

[Lacuna. Os deuses se encontram com fome porque não existem agricultores e sacrifícios não são 

mais levados. Quando eles descobrem que Atra h asis sobreviveu, eles fazem um plano para ter 

certeza de que o barulho vai permanecer dentro dos limites: eles inventam o parto, a mortalidade 

infantil, e o celibato].

Enki preparado para falar,

disse a Nintu, a deusa nascimento:

“Você, deusa do nascimento, criadora dos destinos,

estabeleceu a morte para todos os povos …

“Agora, então, que haja uma terceira mulher entre as pessoas,

entre as pessoas existirá a mulher que dará à luz

e a mulher que não dará à luz.

Que haja também entre o povo a pasittu (ela-demônio) :

deixa-a roubar o bebê do colo de quem deu à luz.


LUGALBANDA E O PÁSSARO DE ANZU

 


Lugalbanda era um soldado do Rei Enmerkar. Adoecendo durante uma guerra, foi levado por alguns companheiros para uma caverna numa montanha, onde se esperava que vivesse ou morresse. Após rezar a três deuses recuperou a sua saúde. Alguns dias depois capturou três animais e, num sonho, foi-lhe comunicado que os sacrificasse aos deuses.

Esta história começa com Lugalbanda sozinho nas terras altas de Lullubi . Ele encontra o filhote do pássaro gigante Anzu (ou Anzud), que é descrito como uma águia com cabeça de leão, e decide alimentar o filhote. Quando o pássaro Anzu retorna, é primeiro surpreendido pelo filhote que não responde ao seu chamado, mas uma vez que descobre o que aconteceu, fica muito satisfeito com Lugalbanda e em agradecimento lhe concede o poder de viajar com velocidade inacreditável.

Com suas habilidades recém-adquiridas, Lugalbanda alcança seus companheiros que estão cercando a cidade de Aratta. Mas seu rei, Enmerkar, está enfrentando problemas com o cerco e, após um ano de contratempos sem sucesso, decide procurar o conselho da deusa Inana , que está de volta a Uruk (na história referida como Unug ou Kulaba), suplicando para que ela o ajudasse mais uma vez, como ela havia ajudado na construção de um muro contra a invasão de Martu no quinquagésimo ano de seu reinado.

Finalmente, os voluntários de Lugalbanda para a viagem. Lugalbanda é capaz de percorrer a incrível distância ao longo de sete cadeias de montanhas em um dia. Inanna responde com uma parábola instruindo Enmerkar como tomar o controle de Aratta e seus recursos.

No grande épico mesopotâmico Epopeia de Gilgamesh, Lugalbanda e a deusa Ninsuna são apresentados como pais do herói Gilgamesh.

Na Bíblia Elias é o profeta que correu 30km do Carmelo a Jezreel. O que assusta é que o Rei Acabe de Carruagem e cavalaria, perdeu a corrida para o profeta que estava a Pé.

"E sucedeu que, entretanto, os céus se enegreceram com nuvens e vento, e veio uma grande chuva; e Acabe subiu ao carro, e foi para Jizreel.

E a mão do Senhor estava sobre Elias, o qual cingiu os lombos, e veio correndo perante Acabe, até à entrada de Jizreel. 1 Reis 18:45,46".

Tem também um outro caso de Asael, filho de Zeruia que segundo a Bíblia, tinha pés ligeiros.

“E estavam ali os três filhos de Zeruia, Joabe, Abisai, e Asael; e Asael era ligeiro de pés, como as gazelas do campo. 2 Samuel 2:18”.



KUR O INFERNO BÍBLICO




Kur - Ircala - Cucu - Arali ou Quigal quer dizer  montanha; submundo

O Sheol bíblico, assim como Hades grego, tem sua origem no Kur sumério.

Como o Sheol hebraico, o Kur era a morada escura e terrível dos mortos. Em documentos literários Sumérios, há vários outros paralelos interessantes com as ideias hebraicas relacionadas ao mundo inferior e sua descrição como “o lamentável lar de antigos reis e príncipes”, “a ressurreição das sombras dos mortos” e a prisão nele do deus Dumuzi, o bíblico Tammuz, por quem as mulheres de Jerusalém lamentavam fervorosamente até os dias do profeta Ezequiel.

Na religião suméria, o Kur era uma caverna profunda e sombria, localizada no subsolo. A vida lá era vista como "uma versão sombria da vida na Terra". Foi governado pela irmã de Inana, a deusa Eresquigal.

Todas as almas vão para a mesma vida após a morte, e as ações de uma pessoa durante a vida não tiveram efeito sobre como a pessoa seria tratada no mundo vindouro. Ao contrário da vida após a morte, não há processo de julgamento ou avaliação para os falecidos; eles simplesmente aparecem diante de Ereshkigal, que os declararia mortos, e seus nomes seriam registrados pela deusa escriba Geshtinanna.  

Geštinanna ou Neguestinana em sumério: Ngeshtin Ana é a antiga deusa suméria da agricultura, fertilidade e interpretação dos sonhos, a chamada "videira celestial". Ela é irmã de Dumuzi e consorte de Ninguiszida deus vegetação e do submundo.

Acreditava-se que as almas em Kur não comiam nada além de poeira seca e os membros da família do falecido derramavam ritualmente libaçõesno túmulo do morto através de um cachimbo de barro, permitindo assim que o morto beba. Por esta razão, era considerado essencial ter tantos descendentes quanto possível para que os descendentes pudessem continuar a fornecer libações para o morto beber por muitos anos. Aqueles que morreram sem descendentes sofreriam mais no submundo, porque não teriam nada para beber, e acreditava-se que assombravam os vivos. 

 Às vezes, os mortos são descritos como nus ou vestidos com penas como pássaros. 

No entanto, há suposições segundo as quais os tesouros em sepulturas ricas foram destinados a oferendas para Utu e os Anunnaki, para que o falecido recebesse favores especiais no submundo. Durante a Terceira Dinastia de Ur (2112 - 2004 a.C.), o tratamento de uma pessoa na vida após a morte dependia de como ela era enterrada; aqueles que receberam enterros suntuosos seriam bem tratados, mas aqueles que receberam enterros pobres se sairiam mal. Aqueles que não receberam um enterro adequado, como aqueles que morreram em incêndios e cujos corpos foram queimados ou aqueles que morreram sozinhos no deserto, não teriam nenhuma existência no submundo, mas simplesmente deixariam de existir. Os Sumérios acreditavam que, para os altamente privilegiados, a música poderia aliviar as condições sombrias do submundo.

Kur, na mitologia Suméria, é considerado o primeiro dragão e provavelmente o monstro primogênito da própria Tiamat. O nome 'Kur' também é geralmente referido às montanhas Zagros, a leste da Suméria.

Acreditava-se que a entrada para Kur estava localizada nas montanhas Zagros, no extremo leste.  Tem sete portões, pelos quais uma alma precisa passar. O deus Neti é o porteiro. Tem também a questão das chamas nas plumas de gás escapando em partes das montanhas Zagros tenham dado a essas montanhas um significado não totalmente consistente com o significado primário de montanhas e morada de um deus. O submundo Kur é o espaço vazio entre o mar primitivo (Abzu) e a terra (Ma). 

O Sukkal, ou mensageiro, de Ereshkigal é Namtar. O palácio de Ereshkigal era conhecido como Ganzir. 

De acordo com o mito sumério, o deus sol Utu viaja por Kur à noite, enquanto viaja para o leste em preparação para o nascer do sol. Uma obra literária Suméria refere-se a Utu iluminando o submundo e dispensando o julgamento lá. Utu serve como juiz dos mortos no submundo ao lado de Malku e Kusu. Em seu caminho através de Kur, acreditava-se que Utu passava pelo jardim que contém árvores que produziam pedras preciosas como frutos.