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sábado, 19 de abril de 2025

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

 




A Independência do Brasil começa nas lojas maçônicas  "Comércio e Artes" e "União e Tranquilidade", na cidade do Rio de Janeiro.

De acordo com a história maçônica, no dia 20 de Agosto de 1822 aconteceu uma sessão histórica entre as Lojas de Maçonaria "Comércio e Artes" e "União e Tranquilidade".

Na ocasião, o Irmão Gonçalves Ledo teria feito um discurso emocionante e inspirador, pedindo a Independência do Brasil ainda naquele ano.

A ideia de Gonçalves foi aprovada por todos os irmãos naquela reunião e registrada na ata do Calendário Maçônico no 20º dia, do 6º mês do ano da Verdadeira Luz de 5.822.

Esta data, convertida para o calendário gregoriano (o que é usado na maioria dos países ocidentais), seria equivalente ao dia 20 de Agosto de 1822.

Teria sido por impulso da sociedade maçônica que o Príncipe Regente Dom Pedro I teria proclamado a Independência do Brasil no dia 7 de Setembro de 1822 (menos de um mês depois da grande reunião no Rio de Janeiro).

A data oficial foi registrada no artigo 179 da Constituição do Grande Oriente do Brasil, tornando o dia 20 de Agosto o Dia do Maçom Brasileiro.

O 20 de agosto é comemorado como o Dia do Maçom no Brasil, e esta data tem uma relação significativa com a Independência do Brasil. A fundação do Grande Oriente do Brasil (GOB), em 1822, por meio da fusão das lojas Esperança, Comércio e Artes, União e Tranquilidade, é o evento que marca esta data. José Bonifácio de Andrada e Silva, figura chave na Independência, foi o primeiro grão-mestre do GOB - Grande Oriente do Brasil.

A maçonaria desempenhou um papel importante na Independência do Brasil, influenciando decisões e apojando a proclamação da independência. O discurso proferido por Joaquim Gonçalves Ledo, um maçom e jornalista, em 1822, em defesa da independência, também é associado a esta data. Além disso, a Revolução Pernambucana, em 1817, também foi um movimento liderado por maçons que antecedeu a Independência,

Dom Pedro I pediu ajuda à ordem para declarar a independência. No dia 13 de julho de 1822, o imperador foi aceito pela ordem e no dia 2 de agosto daquele mesmo ano, foi iniciado na maçonaria. Depois do ritual, foi nomeado em homenagem ao último rei asteca, sendo chamado pelo codinome Pedro Guatimozim, o nome também conhecido como Cuauhtémoc ou Cuauhtemotzin, era o último tlatoani (rei) de Tenochtitlán, a capital do Império Asteca. Ele governou a região durante a conquista espanhola e foi um líder importante na resistência asteca contra os invasores europeus.

Dom Pedro I foi oficialmente iniciado maçom na Loja Comércio e Artes da Idade do Ouro nº1 e posteriormente foi grão-mestre em 7 de outubro no lugar do próprio José Bonifácio.

A atividade maçónica no Brasil vinha se acentuando desde o entardecer do século XVIII. Foi muito silenciosa até 1815, 

quando se fundou a famosa Loja Comércio e Artes. Em 1821, montava-se o Poder Maçónico brasileiro no Rio e em 1822 fundava-se, afinal, o Grande Oriente do Brasil. E, segundo Gonçalves Lêdo e José Bonifácio, é de crer que a primeira loja maçónica regular no Brasil foi a Reunião, estabelecida em 1801. 

Na sua atuação a prol da independência, a Maçonaria procurou condicioná-la a uma verdadeira transação entre os elementos nacionais conservadores e os mais revolucionários. Êstes Queriam logo a república. Aqueles a repeliam. Daí se tomar como base a permanência da dinastia bragantina num império 

constitucional e democrático. A república viria a seu tempo, como veio, coroando a obra da Maçonaria em 1889.

José Bonifácio, conhecido como "O Patriarca da Independência" foi um dos fundadores da Maçonaria do Brasil, sendo o primeiro Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil Chamado de "Pitágoras" dentro da Maçonaria, e da sociedade secreta "Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz", Bonifácio proclamou Dom Pedro I (com o nome de Pedro Guatimozim) a Grão Mestre da Maçonaria as vésperas da Independência do Brasil.

A História do Imperador Dom Pedro I na Maçonaria começa no dia 02 de junho de 1822, na fundação do 'Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz', o príncipe regente recebeu o título de Arconte-Rei, conforme proposto por José Bonifácio.

No dia 22 de junho, assumiu a chefia da 'loja'. O Grande Oriente, chamou-o no dia 13 de julho do mesmo ano. E, no dia 16 de Julho foi eleito Mestre, conforme proposta de Gonçalves Ledo. Empossou-se como Grão-Mestre na mesma noite após o "grito do Ipiranga".

Aliás Quando D. Pedro I empunhou a espada e gritou o lema “Independência ou Morte”, que vem dos dizeres Maçônicos: "União e Liberdade , Independência ou Morte" realizava em público o que já havia sido resolvido nos subterrâneos. A Independência política já havia sido proclamada na Maçonaria, na sessão de 20 de agosto de 1822.

Diziam os do "Apostolado" que Dom Pedro I era influenciado por José Bonifácio que defendia um governo aos moldes da Monarquia Maçônica Inglesa (A Azul): “Nós queremos a independência sob a forma de Regime Monárquico"

Após a proclamação da Independência do Brasil em 1822, a maçonaria brasileira, que a foi protagonista nesse processo, está, estava longe de ser uma entidade unificada. 

José Bonifácio, Grão Mestre do Grande Oriente Brasílico, e líder da Maçonaria Conservadora, inicialmente não pensava em independência do Brasil e sim em manter o Reino Unido com Portugal, com maior probabilidade de autonomia do Brasil, sede de um poderoso Império luso-brasileiro, já Gonçalves Ledo, e o Cônego Januário da Cunha Barbosa, líderes dos Maçons Liberais, alimentava o rompimento imediato com a Metrópole. A derrota de Bonifácio em manter o Reino Unido foi o estopim para se antagonizar com Gonçalves Ledo.  

Conservador, Bonifácio foi o responsável pela implacável perseguição a Gonçalves Ledo, ardoroso liberal, logo após a proclamação da independência, pois Ledo havia conspirado para anular o poder de Bonifácio

Bonifácio acusou o Grão Oriente de conspirar contra a Monarquia, e de articular um plano para matar Dom Pedro I e implantar uma República Brasileira.  

O Imperador passa então a apoiar Bonifácio, e inicia-se, então, o período de perseguição aos maçons partidários de Gonçalves Ledo. O Cônego Januário Barbosa foi preso, além de numerosos outros maçons, e mesmo Gonçalves Ledo foi obrigado a fugir para Niterói, para posteriormente buscar asilo em Buenos Aires. 

Com a vitória dos partidários de José Bonifácio, os membros do Apostolado (Nobre Ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz) passaram a dominar a Assembléia Constituinte, instalada em 3 de maio de 1823. Porém logo depois, devido a conflitos com a criação da Constituição, José Bonifácio e seus seguidores foram presos e desterrados para a França. 

Anos depois José Bonifácio reconciliou-se com o imperador, voltando ao Brasil em 1829, passou a receber pensão anual do governo, para indenizá-lo dos salários que perdera durante a Independência. 

A luta entre o soberano e as facções maçónicas continuou daí por diante sem remissão até a queda de Sua Majestade na madrugada de 7 de abril de 1831, provocada por aquêles mesmos liberais exaltados que já pensavam em república. Um de seus jornais dizia nessa ocasião estas palavras significativas; “O perjuro abdicou. Devemo-lo deixar partir em paz, podendo êle colher livremente os frutos das traições cometidas contra nós”. 

O grito; "Independência ou Morte" na verdade não é um grito, e sim uma reunião Maçônica ocorrida no dia 20 de Agosto de 1822.

Ao se aproximar do riacho do Ipiranga, às 16h30 de 7 de setembro de 1822, o príncipe regente, futuro imperador do Brasil e rei de Portugal, estava com dor de barriga, tendo um quadro grave de diarreia.

Se houve um grito no Ipiranga, não foi de independência, e sim de disenteria.


Fonte: Independência ou Morte: um grito que saiu de dentro dos templos maçônicos – Elmo Machado Azevedo – Gazeta do Maçom – pág. 19. Edição Independência do Brasil Setembro 2010./As Quatro Coroas de D. Pedro I - Sérgio Corrêa da Costa

Fonte: Projetos para o Brasil de Miriam Dolhnikoff/ Dom Pedro II, vínculos com o Judaísmo/ José Bonifácio, de Miriam Dolhnikoff./Judeus no Brasil Imperial. de Egon Wolf


DOM PEDRO I

 


Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, conhecido como Dom Pedro I, ele é chamado de "o Libertador", "Pai da Pátria" e "o Rei Soldado".

Foi o primeiro Imperador do Brasil como Pedro I de 1822 até sua abdicação em 1831, e também Rei de Portugal e Algarves como Pedro IV entre março e maio de 1826.

Quando Pedro tinha 22 anos, o seu pai retornou a Portugal e, no ano seguinte, solicitou que o filho o acompanhasse. A intenção das Cortes portuguesas era recolonizar o país.

Quando seu pai faleceu, em 1826, Dom Pedro I foi nomeado Monarca de Portugal. Mas abdicou da coroa e no seu lugar ficou sua filha mais velha Maria da Glória (que seria a rainha dona Maria II), que tinha apenas 7 anos de idade.

No entanto, Miguel, o irmão mais velho de Dom Pedro I, reivindicou o trono de sua sobrinha.

Com diversos problemas para resolver na colônia e na metrópole, Dom Pedro I abdica do trono de Imperador do Brasil em 7 de abril de 1831.

Em seu lugar permaneceu seu filho mais novo, Pedro de Alcântara, que subiria ao trono como Dom 

Pedro II, que na época tinha 5 anos de idade.

A primeira esposa de D. Pedro foi Maria Leopoldina, arquiduquesa da Áustria, filha do imperador austríaco Francisco I. Leopoldina era cunhada de Napoleão, já que sua irmã, Maria Luísa, fora casada com o imperador francês. Além disso, Leopoldina teve uma educação esmeradíssima, sob a supervisão do ministro de Francisco I, príncipe de Metternich. Tinha muito interesse em mineralogia e botânica. Foi também amiga do músico Schubert e do poeta Goethe.

Leopoldina e D. Pedro casaram-se em 13 de maio de 1817, em Viena. Entretanto, não demorou muito para que o agitado marido levasse a cabo a infidelidade. A principal amante de D. Pedro I foi Domitila de Castro Canto e Mello, que receberia o título de Marquesa de Santos. D. Pedro e Domitila começaram o seu romance em agosto de 1822, um mês antes da Independência concretizar-se. O caso, ao contrário de outros que o imperador tivera, tornou-se público e escandaloso, a ponto de Domitila valer-se da má fama para galgar os degraus da corte brasileira. O primeiro posto na corte que recebeu de D. Pedro foi o de primeira-dama da imperatriz Leopoldina, fato que ocorreu em 4 de abril de 1825.

Mas os escândalos sexuais de D. Pedro foram ainda mais além, chegando ao ponto de se relacionar com uma irmã casada da Marquesa de Santos. 

O 9 de janeiro de 1822 entrou para a história como o dia em que Dom Pedro I publicamente declarou que ficaria no Brasil e não retornaria para Portugal. Ele, então, disse a famosa frase:

“Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, estou pronto. Diga ao povo que fico.”

Temendo perder o reino português, Dom João VI voltou para o Portugal, em 1821, e deixou seu filho, Dom Pedro, no Brasil. A Revolução do Porto, ocorrida no ano anterior, motivou o retorno do rei e desencadeou uma série de medidas que buscavam reverter suas ações no Brasil, como a elevação a Reino Unido. Os portugueses não queriam perder sua colônia na América e pressionaram o príncipe regente a retornar o mais rápido possível para a metrópole.

As elites estavam satisfeitas com as mudanças trazidas pela família real para o Brasil. Além de relativa autonomia provocada pela elevação a Reino Unido, a economia da colônia desenvolveu-se com o comércio de produtos ingleses. No entanto, os portugueses ainda detinham o poder do comércio litorâneo.

O apoio à independência fortaleceu-se, pois o Brasil independente daria a essas elites o controle do comércio até então nas mãos dos portugueses. Na política a presença de portugueses em postos importantes da administração colonial incomodava a elite, que desejava ocupar esses cargos. O domínio português foi questionado em todas as frentes.

Logo após a chegada de Dom João VI a Portugal, a Coroa exigiu a volta de Dom Pedro. Assim, a recolonização brasileira seria efetivada. Por isso a permanência do príncipe regente no Brasil encaminharia o processo de independência. O apoio à libertação política brasileira de Portugal ganhava adeptos e pressionava Dom Pedro a permanecer. José Bonifácio foi interlocutor do príncipe e auxiliou-o em sua decisão. Percebendo a força de sua liderança entre os brasileiros, Dom Pedro decidiu descumprir as ordens portuguesas e permanecer no Brasil para conduzir os passos finais rumo à independência.

Em 7 de abril de 1831, D. Pedro I, imperador já há quase dez anos, abdicou do trono em favor de seu filho Pedro de Alcântara (futuro D. Pedro II). Essa abdicação resultou de intensas manifestações da elite política brasileira insatisfeita com seu reinado. A economia, por exemplo, percorreu sérios caminhos à época, a ponto de o Banco do Brasil ter que ser fechado. A saída do imperador, nascido em Portugal, e a expectativa de se alçar ao trono outro imperador propriamente brasileiro (Pedro II) apascentavam os ânimos dos opositores de D. Pedro.

Após a abdicação, D. Pedro I passou um tempo na Inglaterra. Quando seu irmão, D. Miguel, tentou usurpar o trono português – à época pertencente à filha de D. Pedro, D. Maria II, a quem o imperador (que sucedeu o pai, D. João VI, após a morte deste em 1826) também havia confiado o cargo –, teve início a Guerra Civil Portuguesa. Essa guerra tornou-se intensa nos anos de 1833 e 1834, mas D. Pedro I, que era chamado de D. Pedro IV, em Portugal, conseguiu derrotar seu irmão e restituir o trono à filha.

Entretanto, a tuberculose, que não tinha tratamento eficaz à época, já consumia o imperador por dentro, ainda que contasse apenas 36 anos de idade. Em 24 de setembro, D. Pedro faleceu em Lisboa.


Curiosidades:

D. Pedro I, segundo filho de D. João VI de Portugal e D. Carlota Joaquina, nasceu em 12 de outubro de 1798. Permaneceu em Portugal até próximo aos 10 anos de idade, já que teve que sair do país natal com toda a Família Real rumo ao Brasil. Isso ocorreu no contexto das guerras napoleônicas. Passando a adolescência e a juventude no Brasil, D. Pedro revelou-se um sujeito frenético e efusivo. Segundo a historiadora Isabel Lustosa, D. Pedro era o que hoje os médicos diagnosticam como uma pessoa hiperativa. Vivia em permanente movimento, não sabia o que era sossego, repouso, tédio e também não conheci a fadiga.

O 1º imperador brasileiro viveu 35 anos, teve dois casamentos, várias amantes e 13 filhos.

O imperador tinha fama de mulherengo e é lembrado por contrariar as ordens do pai (Rei de Portugal) no famoso "Dia do Fico", e ainda declarar a independência do país no mesmo ano.

D. Pedro, porém, sofria da mesma moléstia que acometeu personalidades como os escritores F. Dostoiévski e Machado de Assis: a epilepsia. Os seus ataques epilépticos passaram a ocorrer desde pelo menos 1811.

Era amante da Marquesa de Santos e teve 5 filhos com ela

Tinha fama de mulherengo


A VOLTA PARA PORTUGUAL

 


Após passar 13 anos no Brasil, D. João VI, rei do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, retornou à sua terra natal em 1821. Sua partida do Brasil foi marcada por sentimentos contraditórios, visto que sua presença influenciou significativamente o desenvolvimento e o intercâmbio cultural da região. No entanto, a instabilidade política e econômica em Portugal obrigou D. João VI a tomar a difícil decisão de retornar aos seus deveres reais.

Ao retornar, D. João VI enfrentou inúmeros desafios para retomar o controle do reino português. A proeminência dos sentimentos liberais e nacionalistas no país tornou a transição de volta à monarquia absoluta uma tarefa delicada. 

Ao longo dos 13 anos em que Dom João VI ficou no Rio de Janeiro, o povo português, lá em Portugal, enfrentou fome e sofrimento. Os lusos perderam meio milhão de habitantes, vítimas da miséria e das batalhas, além daqueles que deixaram Portugal em busca de melhores condições em outros países.

Revoltas frequentes exigiram a volta do rei à Lisboa. A Revolução Liberal do Porto, em 1820, foi decisiva.

Assim, ameaçado de perder o trono português, Dom João VI retornou à Lisboa em 26 abril de 1821, o Rei voltou com  cerca de 4 mil pessoas. Dois dias antes de embarcar, o rei disse ao príncipe regente: “Pedro, se o Brasil se separar, antes seja para ti, que me hás de respeitar, que para algum desses aventureiros”.

Nem os ossos ficaram para trás. Até mesmo os membros da dinastia de Bragança que haviam morrido enquanto a família real estava no Rio de Janeiro, como a mãe de Dom João VI, a rainha Dona Maria I, o sobrinho do rei, Dom Pedro Carlos, e uma tia, Dona Maria Ana Francisca, tiveram seus corpos levados para Portugal nos navios que transportaram a corte de volta.

Não fosse a pressão vinda de Portugal, Dom João VI podia muito bem ir ficando no Brasil. Mas o descontentamento por lá com a ausência da família real era tamanho que havia risco inclusive para a continuidade da dinastia.

Em 1820, estourou em Portugal a Revolução do Porto, que acabou com o absolutismo do rei de Portugal, instituiu as cortes constitucionais portuguesas, que deveriam dar uma constituição, a primeira do reino, e exigiu o retorno da corte para Portugal. Segundo o manifesto produzido pelos revoltosos, eles estavam cansados de Portugal ter passado a ser tratada como uma colônia, com todos os assuntos tendo que ser resolvidos no Brasil junto à corte, que estava instalada ali desde 1808.

Também chamada de Revolução Liberal de 1820, esse movimento iniciado em agosto na cidade do Porto se espalhou por Lisboa no mês seguinte. O movimento é chamado de liberal no sentido do juramento a uma constituição e na reorganização administrativa do Estado português, já que o monarca havia fugido por conta da invasão francesa.

Apenas um ano depois de D. João VI voltar a Portugal, temos a Independência do Brasil.

João VI de Portugal, também conhecido como Rei João VI ou João Clemente, deixou um legado duradouro no Brasil. Seu reinado e a transferência da corte portuguesa para o Rio de Janeiro tiveram um impacto significativo na jornada do Brasil rumo à independência.

Sob o governo de D. João VI, o Brasil vivenciou um período de notável crescimento e desenvolvimento. A corte do Rio de Janeiro tornou-se o centro da atividade política, econômica e cultural, levando à modernização do país. A presença da corte portuguesa também fomentou um sentimento de identidade nacional e unidade entre o povo brasileiro.

Além disso, a influência de D. João VI na  independência do Brasil  é inegável. Apesar dos esforços para manter o controle sobre o território brasileiro, as políticas e ações de D. João VI alimentaram inadvertidamente o desejo de autonomia. Sua presença no Brasil e os eventos subsequentes pavimentaram o caminho para a declaração de  independência do Brasil  em 1822.


DOM JOÃO VI NO BRASIL 1808-1821


 

João Maria José Francisco Xavier de Paula Luís António Domingos Rafael, mais conhecido como Dom João VI, nasceu em 13 de maio de 1767, em Lisboa, Portugal. Ele era o segundo filho da Rainha Maria I e do Rei D. Pedro III. Quando criança, não se esperava que João herdasse o trono, pois seu irmão mais velho, José, era o herdeiro. No entanto, com a morte de José em 1788, João tornou-se o novo herdeiro do trono.

Em 1792, João casou-se com Carlota Joaquina da Espanha, com quem teve nove filhos. Sua esposa, Carlota Joaquina da Espanha, conspirou persistentemente contra o marido, motivada por seus interesses pessoais ou por aqueles ligados à sua terra natal, a Espanha. Em 1816, a mãe de João faleceu no Rio de Janeiro, 20 de março de 1816, e João ascendeu ao trono como Rei João VI.

O reinado de D. João VI como Rei de Portugal foi marcado por diversos desafios e transformações. Ele era conhecido por seu intelecto, compaixão e compromisso com a reforma. Seu apelido "João Clemente" refletia sua natureza benevolente e misericordiosa.

Durante seu reinado, D. João VI enfrentou instabilidade política e econômica, incluindo a invasão de Portugal pelas forças de Napoleão. Para salvaguardar a corte portuguesa e manter sua independência, D. João VI tomou a importante decisão de transferi-la para o Rio de Janeiro, Brasil, em 1808.

A presença de D. João VI no Brasil teve um profundo impacto no desenvolvimento do país. Ele estabeleceu o  Reino Unido de Portugal , Brasil  e Algarves , designando o Rio de Janeiro como a nova capital.

Sob o governo de D. João VI, o Brasil testemunhou um progresso significativo em diversas áreas, incluindo educação, infraestrutura e cultura. Sua corte no Rio de Janeiro atraiu intelectuais, artistas e cientistas, tornando-se um centro de atividade intelectual e artística.

Apesar de seus esforços para manter o controle sobre o Brasil, D. João VI também enfrentou crescentes demandas por independência por parte das elites brasileiras. A complexa relação entre D. João VI e a busca do Brasil pela independência moldaria o futuro da nação.

Essa transferência deu destaque à  corte do Rio de Janeiro  , transformando o Brasil de uma colônia distante no coração do império português. Marcou uma mudança histórica na dinâmica de poder e preparou o cenário para profundas transformações na sociedade, na política e na cultura brasileiras.

No Brasil, a presença da corte trouxe importantes avanços em infraestrutura, educação e artes. Estimulou o crescimento econômico e o intercâmbio cultural, atraindo artistas, intelectuais e cientistas da Europa.

A vinda da Família Real para o Brasil significou a criação de instituições e construções que tinham por finalidade tornar a vida da corte portuguesa melhor e melhorar a economia local.

É nesse contexto que se deu a criação do Banco do Brasil, do Teatro Nacional, Biblioteca Nacional e Jardim Botânico. Dom João também investiu na criação de estradas e aboliu a lei que proibia a criação de fábricas no Brasil.

Além disso, Dom João criou e imprensa real e contratou artistas franceses para retratar o Brasil, a chamada Missão Francesa. O mais conhecido artista francês foi Jean Baptiste Debret.

Foi também durante o Período Joanino que o regente reuniu tropas para invadir a Guiana Francesa e a Cisplatina (atual Uruguai), que estavam sob domínio da França e Espanha, respectivamente. Essa decisão aconteceu em represália à aliança desses países e sua intenção de conquistar Portugal.

Em 1818, Dona Maria I vem a falecer, transformando o regente Dom João em Dom João VI, Rei de Portugal.

Embora a chegada de D. João VI ao Brasil tenha proporcionado avanços e progresso dentro da colônia, também alimentou o desejo por maior autonomia. À medida que a população brasileira se expunha aos ideais iluministas e aos conceitos de autodeterminação, o clamor pela independência se intensificou.

No entanto, D. João VI não abriu mão do controle facilmente. Implementou medidas repressivas para reprimir a dissidência e manter a autoridade portuguesa. No entanto, esses esforços acabaram se revelando inúteis à medida que a busca pela independência do Brasil se intensificava.

Apesar de suas tentativas de manter o controle, o reinado de D. João VI marcou uma virada na luta pela independência do Brasil. A presença da corte no Rio de Janeiro serviu como catalisador para mudanças políticas e sociais, reacendendo ainda mais as chamas da revolução.


sexta-feira, 18 de abril de 2025

A FAMÍLIA REAL NO BRASIL



A vinda da família real foi um acontecimento iniciado em 29 de novembro de 1807, e o seu desembarque em terras brasileiras ocorreu em 22 de janeiro de 1808, na cidade de Salvador. A vinda foi consequência direta do Período Napoleônico e do desentendimento existente entre França e Portugal na questão do Bloqueio Continental.

Com isso, a família real portuguesa mudou-se para o Brasil e instalou-se no Rio de Janeiro, junto à toda estrutura de governo de Portugal. Isso iniciou o Período Joanino e resultou em uma série de transformações, como a abertura dos portos brasileiros, que contribuíram para levar o Brasil na direção de seu processo de independência.


Período Napoleônico

A vinda da família real para o Brasil é consequência direta do período napoleônico, mais especificamente, na disputa travada entre França e Inglaterra. Esse certame entre as duas nações estava em curso desde a Revolução Francesa e intensificou-se quando Napoleão Bonaparte assumiu o poder da França, por meio do Golpe 18 de Brumário, em 1799.

O início da Revolução Francesa colocou em xeque a existência das monarquias absolutistas, e, assim, esses países uniram-se contra a França, concretizando uma série de conflitos no final do século XVIII. Com a posse de Napoleão, as guerras continuaram, mas, agora, porque a França havia decidido dominar todo o continente europeu.

Assim, a rivalidade entre França e Inglaterra acirrou-se porque os ingleses eram o grande obstáculo para Napoleão no seu projeto de dominar o continente. Esse impasse refletiu-se em toda a Europa, e Portugal não escapou disso. As disputas internas entre os apoiadores da França e da Inglaterra aumentaram a ponto de interferência no governo

O governo português, no entanto, buscava, desde o tempo da Revolução Francesa, manter uma posição neutra para não desagradar as duas nações. A situação agravou-se para ele quando franceses e espanhóis aproximaram-se, o que fez que as relações entre Portugal e Espanha ficassem tensas.

Com a aproximação entre Espanha e França, uma série de exigências foram feitas a Portugal, e, como não foram aceitas, um pequeno conflito entre este país e a Espanha foi travado em 1801, sendo conhecido como Guerra das Laranjas. Portugal perdeu a cidade de Olivença para os espanhóis em definitivo. Com isso, d. João, regente de Portugal, decidiu reforçar as defesas nas regiões de fronteira a fim de evitar novas perdas.


A Vinda

A vinda da família real portuguesa para o Brasil foi um desdobramento da crise entre Portugal e França por conta da disputa desta com a Inglaterra. Desde a derrota dos portugueses na Guerra das Laranjas, em 1801, as relações diplomáticas entre Portugal e França eram delicadas. Os franceses pressionavam os portugueses para que eles cortassem relações diplomáticas com a Inglaterra.

Isso foi manifestado pela primeira vez logo após serem derrotados na Guerra das Laranjas, uma vez que os franceses, aliados dos espanhóis, exigiram na rendição o aceite do fechamento dos portos portugueses para embarcações inglesas. A exigência foi acatada, porém nunca foi aplicada de fato pelos portugueses.

Em 1806, os franceses não tinham conseguido derrotar os ingleses e não tinham conseguido invadir seu território, protegido pela poderosa marinha inglesa. Sendo assim, como forma de enfraquecer a Inglaterra, Napoleão Bonaparte decidiu impor o Bloqueio Continental. Com essa medida, as nações europeias ficavam proibidas de receber embarcações inglesas e de enviar as suas a portos ingleses.

Já nesse momento, os portugueses começaram a cogitar a possibilidade de mudarem-se para o Brasil. Isso garantiria a liberdade de d. João, uma vez que ele estaria inalcançável a Napoleão Bonaparte. A tensão em Portugal era evidente pelo fato de que o país não queria ser forçado a abrir mão de sua aliança com a Inglaterra.

Mesmo com o Bloqueio Continental, os portugueses continuaram recebendo as embarcações inglesas, e, por isso, Napoleão Bonaparte deu um ultimato a eles para que acatassem uma série de imposições contra a Inglaterra até setembro de 1807. Isso levou a semanas de negociações entre franceses e portugueses para que a situação fosse resolvida, mas não houve acordo.

Uma das imposições dos franceses era que Portugal confiscasse os bens de ingleses instalados no país e aprisionasse-os. Como Portugal recusou-se a aceitar esse e outros termos, Napoleão decidiu colocar em prática a sua promessa de acabar com a Casa de Bragança, e, assim, enviou tropas para Portugal a fim de ocupar o país. A ideia era dividir o território português com a Espanha, aliada da França.

A decisão que determinou a transferência da corte portuguesa para o Brasil foi emitida pelo próprio regente de Portugal, d. João, no dia 24 de novembro de 1807. Na ocasião, ele anunciou para membros do governo que os franceses poderiam chegar a Lisboa em até quatro dias. Isso deu início aos preparativos para embarcar, o mais rápido possível, tudo que fosse necessário para que os Bragança pudessem continuar reinando no Brasil.

Como a vinda da família real deu-se em uma situação emergencial, os preparativos foram feitos às pressas, e os relatos contam do pânico que dominou as pessoas durante os dias de embarque, de 25 a 27 de novembro de 1807. Os historiadores contam que entre 10 mil e 15 mil pessoas embarcaram junto à família real portuguesa.

Sendo assim, a embarque da corte portuguesa foi um evento, uma vez que todo o aparelho administrativo de Portugal foi embarcado em três dias. Naturalmente, o grau de desorganização de tudo que aconteceu fez com que muita coisa fosse deixada para trás. Em Portugal, não ficou nenhum membro da corte que fazia parte da linha sucessória dos Bragança, e o território ficou sob responsabilidade de uma junta governativa.

Em 29 de novembro de 1807, as embarcações portuguesas iniciaram sua viagem na direção do Brasil e, no alto-mar, encontraram-se com embarcações de guerra dos ingleses. Estas escoltaram os portugueses em segurança até o Brasil. No fim do dia 29, os franceses entraram em Lisboa.

O percurso foi cheio de problemas. Os recursos disponíveis não eram suficientes para a quantidade de pessoas que estavam nos navios, por isso, alimentos e água foram racionados ao máximo. Também não havia espaço para todos, e os dormitórios precisaram ser improvisados. A quantidade de gente e os problemas de higiene resultaram em um surto de piolhos, o que forçou as mulheres a rasparem os seus cabelos.

A chegada dos Bragança no Brasil aconteceu em 22 de janeiro de 1808. Após 54 dias de viagem, os portugueses chegaram a Salvador, e lá se estabeleceram por alguns dias. Com isso se iniciou um período da história brasileira conhecido como Período Joanino. Em Salvador, d. João tomou uma medida muito importante para o Brasil: abertura dos portos brasileiros às nações amigas.

Essa medida promoveu mudanças para a economia brasileira e aumentou a influência dos ingleses no comércio de nosso país. Em 8 de março, a corte portuguesa chegou ao Rio de Janeiro, seguida de outras embarcações que tinham se perdido durante a viagem. A presença da família real aqui, ainda, trouxe transformações significativas que adiantaram o percurso do Brasil na direção da independência.

Dom Pedro I tinha 9 anos quando chegou ao Brasil em 1808 com a família real portuguesa, que se mudou para o país para escapar da invasão de Napoleão Bonaparte. 


BRASIL COLÔNIA - RESUMO

 


O Brasil Colônia é o período que compreende os anos de 1530 a 1822. Esse fato histórico foi iniciado com a primeira expedição realizada por Martim Afonso de Souza, no litoral brasileiro.


Brasil Pré-Colonial

No período pré-colonial a economia baseava-se na exploração do pau-brasil. Essa atividade consistia na extração de tinta da madeira para a pintura de tecidos. Portanto, essa era a atividade econômica da época. Para cortar a madeira, os portugueses davam aos índios objetos como: quinquilharias, metais, espelhos, colares, entre outros. Na história chama-se essa troca de escambo. 


Brasil Colônia: O Começo 

De acordo com a história do Brasil, o marco inicial do Brasil Colônia foi o momento em que D. João III encaminhou Martim Afonso de Souza, em 1530, para realizar uma expedição colonizadora no litoral brasileiro. A finalidade foi estabelecer vilas e dividir lotes de terras para os donatários (pessoa que administrava terras que recebiam) explorarem metais preciosos e cultivassem a cana-de-açúcar. 

O trabalho de expedição de Martim Afonso de Souza estendeu-se do litoral de Pernambuco até o rio da Prata. Ele fundou no litoral paulista a primeira vila do Brasil, em 1532, denominada de Vila de São Vicente. 


Fundação São Vicente, primeira Vila fundada no Brasil Colônia

A partir de então, Portugal adotou uma medida para estabelecer o processo de colonização do Brasil: as Capitanias Hereditárias. Essa estratégia consistiu na divisão do país em 15 capitanias hereditárias, que eram faixas de terras que abrangia o litoral brasileiro até o limite estabelecido pelo Tratado de Tordesilhas. Esse era um documento que atestava o acordo entre Portugal e Espanha sobre os limites das terras descoberta por ambos. 

Como foi dito, quem recebia os lotes eram denominados de donatários. Já os documentos que atestavam o direito de posse das terras eram denominadas carta de doação e floral.


Motivos de Portugal para a Colonização

A terra recém-descoberta despertava o interesse não apenas de Portugal, mas também de outras nações. Os lusitanos enfrentavam ameaças de navios estrangeiros que cercavam o litoral brasileiro. Como exemplo, os franceses que haviam fortalecido relações com os indígenas. Além disso, alguns países não reconheciam o Tratado de Tordesilhas. 

Não apenas a ameaça estrangeira de instalar-se no Brasil, mas também a busca por metais preciosos contribuíram para a escolha de Portugal em colonizar o país. A Espanha havia descoberto ouro na América. Com isso, os portugueses criaram a expectativa de encontrar o brilhante de cor amarela também em solo brasileiro.


A Criação do Governo Geral

No Brasil Colônia, o primeiro governo-geral foi criado em 1548. O sistema de capitanias hereditárias não deixou de existir, porém algumas fracassaram em detrimento de alguns motivos como: 

• Ausência de recursos financeiros;

• Ataque de índios;

• Amaça de estrangeiros;

• Distância em relação à Metrópole.

O objetivo de Portugal em criar um governo-geral era de reduzir o poder dos donatários e formar um comando geral na colônia. A Bahia foi selecionada como a sede do Governo-Geral em razão do lugar ser um ponto estratégico para estabelecer a comunicação com as outras capitanias brasileiras.


Estrutura do Governo Geral no Brasil Colônia

O governo geral no Brasil Colônia havia três auxiliares, sendo eles: 

• Ouvidor-Mor: encarregado da justiça do governo;

• Provedor-Mor: responsável pelo setor financeiro;

• Capitão-Mor: cuidava da defesa do litoral. 


A Economia da Época

Para estabelecer a política econômica no Brasil, Portugal adotou algumas medidas, como a produção de cana-de-açúcar. Essa escolha foi em razão das experiências bem-sucedidas de Portugal em outras colônias como São Tomé, Ilhas de Madeira, Açores e Cabo Verde. 

O comércio na colônia respeitava a medida do pacto colonial que era o direito de exclusividade de comercialização entre colônia e metrópole. Os portugueses utilizaram, a princípio, como mão de obra escrava os índios. Estes, no entanto, resistiram e, além disso, a prática era condenada pelos jesuítas. A partir de então, donos de comércios escravizaram negros que vieram da África nos navios-negreiros. Os jesuítas reagiram contra a prática de escravidão dos índios. Porém concordavam com a escravidão dos negros. 


Invasão Holandesa

A invasão holandesa foi um dos fatos que ameaçou o domínio português sobre o Brasil. Em 1580 ocorreu a União Ibérica que foi a unificação entre as coroas de Portugal e Espanha. A Holanda era parceira dos portugueses, porém inimiga dos espanhóis. 

Os holandeses haviam investido na produção de cana-de-açúcar no Brasil. No entanto, eles foram afastados dos negócios. Com isso, em 1624 tentaram invadir a colônia, no estado da Bahia, permanecendo até 1625. 

Outra tentativa de invasão foi em Pernambuco em 1630. A presença dos holandeses no Brasil foi firmada a partir da chegada de Maurício de Nassau, em 1637 onde ficou até 1644.


A Decadência do Sistema Colonial

O sistema colonial entrou em decadência, principalmente pelo desejo do povo de quebrar vínculos com Portugal. Muitas revoltas ocorridas no Brasil foram reflexos dessa insatisfação, como: Revolta de Beckman: (1684), Guerra dos Emboabas (1708-1709), Guerra dos Mascates (1710), Rebelião de Vila Rica (1720). Além dessas revoltas ocorreram movimentos separatistas como a Inconfidência Mineira (1789) e a Conjuração Baiana (1798).

A era do Brasil Colônia teve fim no dia 7 de setembro de 1822 quando D. Pedro declarou a Independência do Brasil.



RACISMO - DARWINISMO SOCIAL E A EUGENIA GLOBAL

 


Durante o Século XIX o mundo conheceu o pior aspecto da ciência. Escritores, filósofos e cientistas desenvolveram, desenvolveram ou apoiaram ideias e teorias para justificar assassinatos em massa durante muito tempo. Mais tarde, no século XX, essas teorias seriam usadas para mais e mais assassinatos de supostos seres humanos de raças inferiores.

Em 1820, o médico médico Dr. Robert Knox de Edimburgo (1791-1862) era o mais importante cientista racial da Inglaterra.

Baseado tão somente em estudos de esqueletos, cadáveres e sobretudo de crânios, ele criou, com muita acessibilidade as bases para um novo tipo de racismo. O racismo científico.

Robert Knox caiu em desastres em meados dos anos 1820 acusado em um escândalo de roubo de cadáveres, fugindo da Grã-Bretanha.

Ele comprou cadáveres de dois bandidos pé de chinelo que ao ver que poderiam vender defuntos para o Dr. Knox tornou-se uma dupla de serial killers.

Existe uma espécie de pousada para viajantes, pequena e barata, eles trabalhavam como cobradores de aluguel ou das diárias desta pensão. Aproveitavam-se de que os hóspedes eram viajantes desconhecidos os assassinavam para vender seus corpos sem vida para o Dr. Robert Knox; os preços variavam entre 7 e 10 libras algo como entre 500 e 800 dólares hoje em dia, muito dinheiro para a época. Entre 16 e 20 pessoas foram mortas pela dupla e seus corpos foram comprados por Knox.

 Os assassinos foram descobertos por um hóspede que retornou por ter esquecido um par de meias em um dos quartos, ela francesa foi acompanhada do marido e ao procurar a meia sob a cama viu um dos cadáveres.

Os dois assassinos foram presos; um dos assassinos fez um acordo com a justiça: ele ficaria livre de qualquer acusação contas casose toda a verdade.

Ele denunciou o amigo e o Dr. Robert Knox.

O amigo foi forçado, suas últimas palavras foram:

E o doutor?

Nada vai acontecer com ele?

O assassino que fez o acordo, mais tarde foi perseguido por uma multidão enraivecida, caiu em um poço de cal, ficou caolho e morreu na miséria, provavelmente de fome. Robert Knox caiu em desgraça, nunca mais exerceu a medicina, trabalhou como jornalista e ficou na obscuridade por muito tempo.

Em 1840 O Dr. Knox volta ao cenário do Racismo Científico com a publicação do livro: The races of man: a fragment ( As raças humanas: um fragmento ... ou As Raças do homem: Um Fragmento…).

Neste livro, dentre muitas afirmações podemos destacar:

"…Que a raça decidida de tudo nos negócios humanos é simplesmente um fato, o fato mais notável, mais geral que a filosofia jamais anunciou. A raça é tudo: a Literatura, a Ciência, a Arte [...] a civilização dela depende..."

"...As raças negras podem ser civilizadas? Eu devo dizer que não..."

 "...Agora, esteja a Terra superpopulosa ou não, uma coisa é certa, os fortes sempre irão se apoderar das terras e das propriedades dos fracos. Estou convencido de que esta conduta não é, em absoluto, incompatível com a moral mais elevada e mesmo com o sentimento cristão..."

"...A raça saxônica jamais as tolerará, jamais se miscigenará e jamais viverá em paz. É uma guerra de extermínio..."

(As instruções acima são de Robert Knox, The Races of Men Philadelphia, PA: Lea & Blanchard, 1850 )

Olha, escrever sobre a “raça saxônica” é muito difícil e complicado. Eu já assisti uma palestra gravada onde um historiador proeminente disse:

“…Ninguém sabe verdadeiramente quem foram os saxões…”

Mas a história formal está repleta de referências à Saxônia.


A Saxônia 

O termo “saxão” vem do proto-germânico “ sahsan ”, que significa “faca”.

As referências mais antigas e de certa forma confiáveis ​​são do século VIII onde o Monge Beda (monge beneditino), conta que no início do século V, três tribos germânicas invadiram e colonizaram o sul e o leste da Grã-Bretanha: Os Angles (Anglos), que provavelmente vieram de Angeln (em alemão moderno).

A palavra Inglaterra em inglês England viria do inglês antigo Engla land ou Ængla land.

Os saxões, uma tribo hoje conhecida como a "Baixa-Saxônia" (em alemão moderno: Niedersachsen ).

E os Jutos possivelmente uma tribo da península da Dinamarca chamada de Jutlândia (em dinamarquês moderno: Jylland).

Como podemos ver, é tudo na base do “possivelmente”, “provavelmente” do “talvez”.

Há séculos os ingleses tentam encontrar provas de uma origem “nobre”, “heroica” “uma raça superior” ou um “berço nobre” para os seus antepassados. O fato é que a ilha hoje chamada de Inglaterra foi invadida por todos os lados e por vários povos ao longo dos séculos. O principal povo invasor foram os romanos, que não só invadiram, mas colonizaram e se fixaram lá por mais de 400 anos. No século XXI, é no mínimo ridículo querer falar sobre raça pura na Inglaterra ou em todo o Reino Unido e no século XIX era igualmente ridículo.

A hipocrisia do chamado Racismo Científico não estava restrita à Inglaterra.

Nos Estados Unidos um médico chamado Samuel George Morton especialista em crâniologia liderou um grupo que reunia crânios de diversas “raças” para fazer comparações; Esses estudos eles afirmavam que os crânios das raças tinham vários tamanhos e que quanto maior o tamanho, maior o cérebro, quanto maior o cérebro maior a inteligência e a capacidade de evolução, sobrevivência, liderança etc.

Dando prosseguimento às suas teorias, eles fizeram as mesmas comparações com crânios de outras espécies de animais, e encontraram (é óbvio) vários tamanhos de crânios no reino animal e decidiram que o animal com maior caixa craniana era mais inteligente e mais evoluído que o animal com menor caixa craniana e menor cérebro. Sendo assim, o ser humano com uma caixa craniana menor, tinha um cérebro menor e portanto era menos evoluído, podendo segundo suas consequências, nem ao menos ser considerado humano, estando próximo a um animal irracional.


Darwinismo Social

Charles Darwin, pesquisador e autor do livro A Origem das Espécies, mostra que na natureza existe uma certa posição entre as espécies; o animal, seja um inseto ou um mamífero mais especializado, “vence” e supera o animal menos especialista.

Assim, o evolucionismo de Darwin foi usado como desculpa para justificar o expansionismo branco sobre as outras raças.

O raciocínio foi o seguinte: se na natureza o animal mais forte vence o mais fraco por ser mais especializado, por que negar isso ao ser humano?

O branco (seja pequeno ou não) se expande porque é mais especializado, mais inteligente e elimina as raças mais fracas, é apenas uma consequência, e uma consequência muito natural. Os partidários dessas teorias ficaram conhecidos como Darwinistas Sociais.


Thomas Henry Huxley 1825-1895

O biólogo inglês Thomas Henry Huxley ganhador da medalha de ouro em anatomia e fisiologia pela Universidade de Londres, descobridor de uma camada interna dos fios de cabelos (a camada de Huxley) descobridor de novas amostras de animais (na Austrália e Nova Guiné), o criador do termo agnosticismo, chamado de O Buldogue de Darwin era defensor do Darwinismo social.

No Brasil também houve defensores do Darwinismo Social.


As Conferências Populares da Glória:

Foram reuniões públicas realizadas no Colégio Estadual Amaro Cavalcanti (a época chamava-se escola da Freguesia da Glória), que na verdade fica localizada no Largo do Machado no Bairro do Catete (tudo muito próximo, para você que não conhece o Rio de Janeiro).

Essas reuniões foram organizadas pelo conselheiro Manoel Francisco Correa (1831-1905), que foi advogado, senador do império, deputado geral em três mandatos, foi presidente da província de Pernambuco Manoel Francisco Correa(equivalente a governador do estado hoje em dia), sócio fundador da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Formado em Humanidades na Faculdade de Direito de São Paulo, foi agraciado com a grã-cruz da ordem da Conceição de Vila-Viçosa e de Cristo de Portugal, além da ordem da coroa de ferro da Áustria e de Sant´anna da Rússia.

 Ele criou as Conferências Populares da Glória em 1873 com o objetivo de propagar as ciências, as artes e a literatura na capital do Império Brasileiro. Políticos, médicos, advogados, escritores, jornalistas, parlamentares, além do Imperador Dom Pedro II e da Família Imperial, assistem às conferências que ocorriam aos domingos pela manhã.

 As teorias de Charles Darwin foram apresentadas pela primeira vez nas Conferências da Glória pelo médico Augusto Cezar de Miranda Azevedo (1851-1907) em 1875.

 O tema da palestra foi: Darwinismo: Seu Passado, Seu Presente, Seu Futuro.


Augusto Cezar de Miranda Azevedo 1851-1907

Foi médico, historiador, jornalista e político, primeiro redator da Revista Médica do Rio de Janeiro, presidente da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo (1897-1898), foi deputado estadual em São Paulo e um republicano fervoroso.

Defendeu uma tese acadêmica com o título: Do darwinismo: "É aceitável o aperfeiçoamento completo das espécies até o homem?"

Nas Conferências Populares da Glória, o Dr. Augusto Cezar Miranda Azevedo, destacou que o Darwinismo “… forneceria o instrumental para se pensar e resolver os problemas da sociedade brasileira…” e ele ao divulgar as ideias de Darwin estaria prestando um "serviço à pátria e ao povo".

Tinha uma proposta de aplicação prática das teorias de Darwin que seria na convocação para o Serviço Militar!

Ele alegou que os melhores, os mais saudáveis ​​foram levados para o campo de batalha enquanto os deficientes, e os fracos foram levados para procriar e isso é claro dentro de sua ideologia gerou brasileiros mais fracos e doentes. O Dr. Augusto Cezar Miranda de Azevedo acreditava assim como todos os adeptos do Darwinismo Social que havia uma condição na espécie humana, haveria os sadios, os fortes, os inteligentes e em contrapartida haveriam os fracos, os doentes e os menos inteligentes e capazes.

Segundo ele, os inferiores gerariam filhos predestinados a serem inferiores e os superiores predestinados a terem descendentes superiores. Seria um “determinismo hereditário”.

Em 1918 foi fundada A Sociedade Eugênica de São Paulo; assim, o Brasil tornou-se o primeiro país da América do Sul a ter um movimento eugênico organizado.

Em 1931 foi criado o Comitê Central de Eugenismo , presidido por Renato Ferraz Kehl e Belisário Penna que propôs o fim da imigração de não-brancos, para: "prestigiar e auxiliar as iniciativas científicas ou humanitárias de caráter eugenista que sejam dignas de consideração " (Revista Brasileira de Enfermagem).


Herbert Spencer 1820-1903 

Foi um economista e filósofo positivista inglês que defendeu o Darwinismo Social com unhas e dentes, mesmo sem nunca ter usado a expressão Darwinismo Social ele é considerado o pai da sistematização desta crença.

Não podemos esquecer que o positivismo foi uma escola filosófica que contribuiu para a proclamação da república no Brasil.

É dele a expressão: "sobrevivência do mais apto ".

O Darwinismo Social foi usado para explicação ou justificação de inúmeras políticas genocidas nas colônias europeias na África, América do Sul, América do Norte e na Índia, a aniquilação por completa de sociedades tidas como inferiores ou a dizimação de raças e culturas quase que por completa: malaios, tasmanianos (na Tasmânia, Austrália) , índios norte-americanos, indianos e povos africanos como por exemplo os hererós na Namíbia ; e mais tarde já no século XX, os judeus na Europa.

Milhões de seres humanos das assim chamadas “raças inferiores” foram mortos, em geral, brutalmente ou de fome e sede.


Edward Robert Bulwer-Lytton 1831-1891

Era adepto do darwinismo Robert Bulwer Lyttonsocial, ficou famoso entre outras coisas por ter organizado e ofereceu um banquete para mais de 60.000 pessoas em 1876, (considerado por muitos como a maior festa do mundo), enquanto no mesmo ano na Índia mais de 10 milhões de pessoas morriam de fome literalmente nos territórios populares pelos outros, pessoas cometeram canibalismo, venderam suas filhas por um pedido de arroz e muitos, cometeram Enquanto o suicídio Lytton e seus convidados se empanturravam por mais de uma semana com o 

que foi considerado o maior banquete da história. (leia o artigo.

O sucesso estupendo dos genocídios cometidos pelos europeus em continentes longínquos não tardou a voltar-se para dentro do seu próprio seio. Raça e classe evoluíram para se confundir; o conceito de que raça e classe eram a mesma coisa, começou a se fundir e não demorou para que o “Darwinismo Social” se tornasse uma ciência discriminatória não apenas de raças específicas inferiores, mas também de classes inferiores ainda que essas raças construídas e vivem no bairro ao lado.

Começaram a enxergar a inferioridade do ser humano nas classes operárias de suas próprias cidades e países.

Na Inglaterra, desde muitos séculos, existem referências aos Cockneys.

Seria impossível aqui, explicar corretamente todos os aspectos que envolvem os Cockneys; livros, tratados etimológicos e léxicos já foram escritos sobre o assunto. Vou tentar resumir em poucas palavras o que é um cockney; entre muitíssimas aspas, com uma comparação tosca sem muitos refinamentos de minha parte; Peço antecipadamente mil perdões por qualquer correção minha ou se por acaso ferir alguma suscetibilidade:

Seria de uma maneira geral, como o nosso caipira interiorano, de fala diferente da população em geral; às vezes falando errado, a maioria dos trabalhadores em empregos simples, às vezes braçais e sem necessidade de muito estudo.

Bom, os Cockneys da Inglaterra não são emigrantes, são filhos da própria terra. Logo que as políticas genocidas justificadas pelo Darwinismo Social deram certo, os Darwinistas Sociais se voltaram para Londres e os Cockneys. Começaram a estudar seus crânios e mapear onde viviam e é claro chegaram à conclusão de que eram mais violentos que os outros ingleses e menos capazes, menos inteligentes.

Um cientista que passou a visitar as cadeias para estudar as cabeças dos criminosos e estabelecer uma relação de classe-raça inferior foi Francis Galton (1822-1911) nada mais nada menos que primo de Charles Darwin.


Francis Galton 1822-1911

Inteligentíssimo, seu QI foi estimado em 200. Foi matemático, escritor de sucesso (produziu mais de 340 artigos e livros em sua vida), explorador (viajou por toda a África fazendo descobertas científicas), antropólogo, meteorologista, inventor (principalmente de instrumentos de medição meteorológica) e estatístico.

Era um pesquisador voraz e dentre suas áreas de interesse estavam algumas muito interessantes para um racismo científico; veja algumas delas:

Ele desenvolveu pesquisas sobre a distribuição geográfica da beleza.

Pesquisou e escreveu sobre as flores digitais.

Ele também criou o conceito estatístico (usado até hoje) de esclarecimento; a regressão em direção à média (ótimo para explicar matematicamente coisas injustificáveis ​​na prática).

Ok, escrevi também sobre: ​​moda, levantamento de peso, a eficácia das orações religiosas, inventou aparelhos diversos como um abridor de cadeados, periscópios e um tipo de impressora precursora do teletipo. Mas o assunto aqui é racismo científico. (para mim, pouco importa se ele foi o maior gênio que a humanidade conheceu, no meu entender ele foi um imbecil).

Galton foi o primeiro a usar métodos estatísticos para o estudo das diferenças humanas de inteligência (segundo ele e os Darwinistas Sociais, essas diferenças são hereditárias).

Formulários questionários para coleta de dados sobre as comunidades humanas para seus estudos antropométricos com o intuito explícito de corroborar suas teses racistas, mas sempre acompanhados de subterfúgios como genealogias e biografias. Criou a psicometria (a ciência da medição de faculdades mentais) e a psicologia diferencial. (mais tarde a psicometria foi desvirtuada ou usada como sendo (ou se tornando) uma faculdade paranormal, a capacidade de “enxergar” imagens e sentir vibrações a partir de objetos.

Como primo de Charles Darwin evidentemente era especialista em seus livros e teorias (Origem das Espécies) e como outros, acreditava que o que se pudesse aplicar no reino animal, poderia e deveria ser aplicado ao ser humano.

Francis Galton acreditava que a “raça” humana poderia ser melhorada caso fossem evitados “cruzamentos indesejáveis”.

Propõe o desenvolvimento de testes de inteligência para selecionar homens e mulheres, destinados à reprodução seletiva.

Sendo assim, Francis Galton criou em 1883 o termo Eugenia, que significa "bem nascido". Galton definindo da seguinte maneira para Eugenia:

“… É o estudo dos agentes sob o controle social que pode melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente…”

 O que aconteceu é que Francis Galton estava muito preocupado com o crescimento das chamadas classes inferiores e a estabilização do crescimento da classe média e das classes abastadas da qual ele fazia parte como homem riquíssimo, filho de um próspero banqueiro. Com o crescimento das “classes inferiores” o que estava acontecendo era o contrário da Teoria de Darwin: Os inferiores não só sobreviveram como estavam se proliferando.

A Eugenia, a ciência criada por Francis Galton, propunha o incentivo ao aumento da natalidade nas aulas médias e alta e prevenção da procriação das “classes inferiores” e dos criminosos.

O fato é que a eugenia foi amplamente aceita pelos cientistas; era moderna, era “científica”.

No final do século XIX e mesmo em boa parte do século XX muitos entusiastas da eugenia e eugenistas declararam que tinham orgulho disso.


George Bernard Shaw  1856-1950

Foi membro da Sociedade Fabiana junto com HG Weels, Escreveu Pigmaleão ( Pygmalion ou My Fair Lady ) onde fica evidente sua análise sobre as classes ou se preferir, raças.

No Documentário O Soviét. Na história de Edvins Snore, Bernard Shaw aparece defendendo o nazismo e o extermínio de todos os "parasitas sociais", pessoas não adaptadas e inúteis para a sociedade. Foi acusado (no mesmo documentário) de ter feito um apelo através do Jornal Listener (em 1933) para que os químicos desenvolvessem um gás letal com a finalidade de matar seres humanos "inadequados". foi ganhador do Prêmio Nobel e do Oscar.


Herbert George Wells 1866-1946

Foi membro da Sociedade Fabiana junto com George Bernard Shaw e foi aluno de biologia de Thomas Henry Huxley um dos precursores do Darwinismo Social como comentei acima.

Conhecido mundialmente por sua obra literária como os romances: A Máquina do Tempo, O Homem Invisível e A Guerra dos Mundos; todos os best-sellers e todos os sucessos também no cinema.

O livro a Guerra dos mundos foi transposto para a rádio em 1938 por Orson Welles; Essa transmissão radiofônica ficou famosa mundialmente por provocar pânico nos ouvintes, que imaginavam estar enfrentando uma invasão real de extraterrestres.


Philipp Eduard Anton von Lenard 1862-1947

Alemão nascido na Hungria, Prêmio Nobel de Física de 1905 por suas pesquisas sobre os raios catódicos e a descoberta de muitas de suas propriedades.

Após ler alguns artigos de Albert Einstein fiquei indignado por Einstein ser um teórico e não um experimentador como ele.

Escreveu vários artigos denegrindo Albert Einstein e acabou o desafiando para um debate público.

instein aceitou o desafio, e mais que isso, arrasou com Lenard e levou a placa a acreditar que seu opositor era algo como um dinossauro da ciência.

Isso enfureceu Philipp Lenard que desde este momento passou a hostilizar publicamente Einstein chamando-o de judeuzinho ridículo e coisas mais "fortes" que isso.

Mais tarde Philipp Lenard filiou-se ao Partido Nazista tornando-se um exemplar nazista além de Eugenista iluminado.

Infernizou a vida de Albert Einstein a tal ponto que só restou uma saída ao físico alemão: Fugir para os EUA.

Frase de Philipp Lenard Prêmio Nobel de Física de 1905: Existem duas ciências a verdadeira ciência: lógica, comprovável e praticável e a ciência judaica: fantasiosa e absurda.


Winston Leonard Spencer Churchill 1874-1965

Foi um defensor da higiene racial; isso fica evidente na matéria da Times Magazine escrita por Paul Gray em 11 de Janeiro de 1999 intitulada “ Cursed by Eugenics” (Amaldiçoado pela Eugenia). Não posso reproduzir aqui trechos desta matéria em função de problemas de direitos autorais.


Eugen Fischer 1874-1967

Em 1908 um “cientista” eugênico chamado Eugen Fischer, (a palavra eugenia nada tem a ver com o nome Eugenio ou Eugen como vimos acima) diretamente para a cidade de Rehoboth na Namíbia.

Fischer e um guia de assistentes passaram meses fotografando, medindo e examinando os habitantes de Rehoboth.

Todas as pesquisas de Eugen Fischer estão arquivadas em uma repartição pública da Namíbia até hoje: Fotos, medidas de rostos e crânios e ainda páginas e mais páginas de estudos racistas querendo provar a inferioridade do povo negro africano e que se miscigenado ao do homem branco com o povo negro africano o gene africano negro irá prevalecer e o resultado será, por mais branco que seja, um ser humano inferior. Mais tarde, Eugen Fischer trabalhou para os nazistas como veremos mais adiante.

Após esses estudos, a confirmação de Eugen Fischer foi as alturas e o país que mais gostou, desenvolveu e financiou muitas de suas ideias e teorias foi os Estados Unidos.

Nos Estados Unidos no início do século XX a Eugenia cresceu sem controle, sobretudo com investimentos maciços nestes estudos por parte da elite dominante.

O dinheiro arrecadado pelos eugenistas norte-americanos foi usado por um dos eugenistas americanos mais infames que existiam naqueles pais: Charles Davenport.


Charles Benedict Davenport 1866-1944

Foi Doutor em biologia com pós-graduação em zoologia, professor de zoologia na Universidade de Harvard, especialista em taxonomia, entusiasta da biometria (não a biometria eletrônica de hoje, usada para identificação de pessoas para que esses tenham acessos a sistemas informatizados e sim a medida de seres humanos, ossos, crânios, dimensões metálicas, para fins de classificação dos seres humanos em superiores e inferiores), foi diretor do Cold Spring Harbor Laboratory.

Charles Davenport, foi responsável diretamente pela esterilização de mais de 60.000 seres humanos nos EUA (cerca de 50% no Estado da Califórnia), mais outras tantas centenas de milhões de pessoas, todos considerados por ele como “impróprios” a se reproduzirem. Foi o americano de maior influência no Holocausto na Europa. Foi o criador e fundador do Escritório de Registros Eugênicos (1910). Escreveu o livro A Hereditariedade em Relação a Eugenia que foi leitura obrigatória em várias faculdades por anos a fio. Com esse currículo foi eleito para ocupar uma cadeira na Academia Nacional de Ciências Norte-Americana. Em 1925, junto com Eugen Fisher (citado acima), foi fundador da IFEO, Federação Internacional das Organizações de Eugenia.

Em 1912 foi fundado o Comitê Internacional de Eugenia , presidido pelos EUA, e o centro eugênico em Cold Spring Harbor era base de treinamento de eugenistas do mundo todo.

Davenport manteve ligações públicas com várias instituições nazistas, antes e durante a Segunda Guerra Mundial, escreveu em jornais alemães de cunho racista, apoiou direta ou indiretamente as ideias de limpeza étnica perpetradas pelos alemães nazistas. Para o público americano no entanto, dizia ser contra o nazismo.

Com o apoio das elites norte-americanas a Eugenia tomou proporções quase religiosas; inclusive tendo o seu próprio “Credo”.


O Credo Eugênico:

Eu acredito no esforço para elevar a raça humana para um plano mais elevado da organização social, no trabalho cooperativo e no esforço eficaz para tanto.

Eu acredito que sou o administrador do germoplasma que eu carrego e que este foi passado a mim através de milhares de gerações antes de mim, e que eu não posso trair essa confiança, se eu assim agir, como para prejudicá-lo, com suas excelentes possibilidades, ou, por motivos de conveniências pessoais, limitarei indevidamente a meu perfil.

Eu acredito que, tendo feito minha escolha em um casamento com cuidado, nós, o casal, devemos procurar ter de 4 a 6 crianças, a fim de que nosso germoplasma cuidadosamente selecionado seja reproduzido em grau adequado e que essa ação preferencialmente não deve ser inundada por outros menos cuidadosamente selecionados.

Eu acredito em uma seleção de imigrantes que não tende a adulterar o nosso germoplasma nacional com traços socialmente inaptos.

Eu acredito na repressão de meus instintos quando a seguir os seria ferir a próxima geração.

No Escritório de Registros Eugênicos, dirigido por Charles Benedict Davenport, surgiu a identificação das raças e das classes americanas consideradas geneticamente inaptas (com a desculpa de defender a “saúde e a pureza da raça branca”); Após identificadas, essas classes e raças eram monitoradas e suas vidas e fertilidade passando a ser controladas pelo Estado com o aval de renomados cientistas.


Edwin Black 1950

No livro Guerra Contra os Fracos de autoria de Edwin Black, o escritor, jornalista e colunista comenta esse assunto:

“…Quando uma pessoa era identificada como de certa classe, isso teve qual escola ela frequentaria, em que cemitério ela poderia ser enterrada e onde poderia morar. Era uma questão de vida e morte. As leis sobre o casamento foram consolidadas em dezenas de Estados Norte-Americanos, esses leis estabeleciam que essas pessoas não poderiam casar fora de seu grupo: Negros puderam não casar com brancos, índios não puderam casar com negros (por exemplo). No Estado da Virgínia se a pessoase com a pessoa, ou seja casamento inter-racial, as autoridades os “descasavam”; o casamento era anulado…”.

Em 27 Estados Norte-Americanos as leis eugênicas foram aprovadas. O estado de Indiana foi o primeiro a legalizar a esterilização coercitiva. Essas ideias eram amplamente propagadas em folhetos, revistas, livros e num meio de propaganda que era novidade à época: O Cinema.

 A esterilização em massa obrigatória foi um fato nos EUA.

Segue Edwin Black em seu livro:

“…Eles fizeram isso, checando os ancestrais, atualizando as linhagens sanguíneas para a extinção. Isso é Eugenia. O esforço para criar uma raça mestra branca, loura e de olhos azuis; eliminando as outras linhagens de sangue; até ficarem apenas eles e as pessoas parecidas com eles. E o importante aqui é que essas pessoas pensaram estar salvando a humanidade. Essas pessoas pensaram ser liberais, reformadoras…”

A eugenia foi um movimento mundial. Na Suécia, por exemplo, um programa oficial do governo esterilizou a força de 60.000 seres humanos (pacientes mentais e membros das minorias étnicas).

Na Alemanha é que a eugenia encontrou terreno fértil para ganhar proporções épicas.


Michael Burleigh 1955

Dr Michael Burleigh autor do livro O Terceiro Reich – Uma nova História, conta em um documentário da BBC:

 "... Em primeiro lugar, tudo ligado aos Estados Unidos parecia moderno, progressista, científico e democrático; lógico, então devia ser bom. Os Estados Unidos eram o futuro, a força para o futuro. Em segundo lugar muitos eugenistas europeus incluindo os alemães, gostaram do tom adoção pelos eugenistas americanos que era muito radical e "quase sem bobagens", os americanos falavam não eram eufemismos, diziam exatamente o que queriam dizer..." .

Grandes e ricas fundações americanas financiaram a eugenia John D. Rockefellera alemã. O Instituto Kaiser Wilhelm de Antropologia, Hereditariedade Humana e Eugenia de Berlim nos anos 1930 recebeu doações da Fundação Rockefeller dos Estados Unidos. John D. Rockefeller foi um grande entusiasta e financiador do eugenismo, dentro e fora dos EUA.

O cientista mais destacado no Instituto foi Eugen Fischer que se tornou célebre por seus estudos na Namíbia como vimos anteriormente. Fisher foi autorizado pelos nazistas a esterilizar as pessoas “misturadas” racialmente na Alemanha; pelo menos 400 dessas pessoas eram crianças; tudo com a supervisão da SS de Heinrich Himmler. Além disso, antes de 1939 eram esterilizados, doentes mentais ou deficientes físicos considerados inaptos. Mais tarde abandonaram o método de esterilização e partiram para algo mais radical: A Eutanásia Adulta; um eufemismo para assassinato em massa de “indesejáveis”. Foram os primeiros a morrer em câmaras de gás durante o período nazista. Não há números confiáveis ​​de assassinatos em massa, porém cerca de 70.000 pessoas é um número bem aceito por todos os pesquisadores.

Quando a SS partiu para o seu grande projeto que era aniquilar a população judia da Europa, sobretudo a população judia da Polônia, não teve qualquer problema de logística; eles já tinham prática desde a Namíbia, passando pela esterilização em massa de indesejáveis ​​e doentes mentais. Tudo registrado, fotografado, mapeado e arquivado em seus institutos científicos da morte e como vimos, alguns com patrocínio norte-americano.

Os interessados ​​​​m de se referirem a eugenia como “Higiene da Raça”; este conceito sobreviveu (e sobreviveu até hoje) na Europa até muito recentemente com guerras civis e desmantelamentos de Estados inteiros em nome da limpeza étnica. (vide as guerras na antiga Iugoslávia, Tchecoslováquia, Bósnia-Herzegovina etc. Alguns de seus líderes ainda estão para serem julgados em tribunais internacionais de direitos humanos.

Durante a Conferência de Wannsee, os nazistas alemães discutiram a “Solução Final da Questão Judaica” cerca de metade dos conferencistas sentados na mesa tinham doutorado em eugenia ou “pureza da raça”. Para os eugenistas, nazistas e adeptos da “higiene da raça” o assunto era científico e profissional.

Existe uma linha direta de Francis Galton que cunhou o termo eugenia até o holocausto; sem esquecer de seus precursores como Robert Knox e Thomas Henry Huxley. Os alemães foram herdeiros do Darwinismo Social e do Racismo Científico. O Holocausto não foi uma aberração histórica, teve um passado, muitas vezes justificado pela chamada: Ciência.