O código de Urukagina foi amplamente aclamado como o primeiro exemplo registrado de reforma governamental, buscando alcançar um nível mais alto de liberdade e igualdade. Limitou o poder do sacerdócio e dos grandes proprietários e tomou medidas contra a usura, controles onerosos, fome, roubo, assassinato e apreensão (de propriedade e pessoas); como ele afirma, "A viúva e o órfão não estavam mais à mercê do homem poderoso". Aqui, a palavra "Liberdade" que em sumério se diz "Ama-Gi", aparece pela primeira vez na história registrada.
Apesar dessas aparentes tentativas de conter os excessos da classe de elite, parece que as mulheres de elite ou reais desfrutaram de uma influência e prestígio ainda maiores em seu reinado do que antes. Urukagina expandiu muito a "Casa das Mulheres" casa real de cerca de 50 pessoas para cerca de 1500 pessoas, renomeou-a como "Casa da deusa Bau (Deusa da fertilidade do solo, fertilidade dos animais e dos seres humanos, enfim, Deusa da fertilidade e também da irrigação do solo.)", deu-lhe a propriedade de vastas quantidades de terra confiscadas do antigo sacerdócio e colocou-a sob a supervisão de sua esposa, Shasha (ou Shagshag). Em seu segundo ano de reinado, Shasha presidiu o luxuoso funeral da rainha de sua predecessora, Baranamtarra, que havia sido uma personagem importante por direito próprio.
Além dessas mudanças, dois de seus outros decretos sobreviventes, publicados e traduzidos pela primeira vez por Samuel Kramer em 1964, atraíram controvérsia nas últimas décadas.
O “Código de Urukagina”, é considerado o mais antigo texto normativo que se têm notícias, revela os esforços de seu tempo para a implementação de ações de combate à opressão pelo poder e tirania. O Rei Urukagina, de Lagash, atual Tello, no Iraque, autor do primeiro Código conhecido pela humanidade, foi um sábio e sagaz reformador, sendo que a ele pertenece a honra de ter reestabelecido a justiça e de ter devolvido a liberdade aos cidadãos oprimidos”. É este documento normativo que grava pela primeira vez na história humana a palavra “liberdade”, na forma do termo sumério “Amar-Gi”, que, como recentemente foi apontado por Adam Falkenstein, significa literalmente “retorno à mãe”.
Durante o reinado de Urukagina de Lagash, temos um dos documentos mais preciosos e reveladores da história do homem e da sua luta perene e implacável pela libertação da tirania e da opressão. Este documento regista uma reforma abrangente de toda uma série de abusos prevalecentes, muitos dos quais podem ser atribuídos a uma burocracia onipresente e desagradável que consiste no governante e no seu círculo palaciano; ao mesmo tempo, fornece uma imagem sombria e sinistra da crueldade do homem para com o homem a todos os níveis – social, económico, político e psicológico. Lendo nas entrelinhas, também temos um vislumbre de uma luta amarga pelo poder entre o templo e o palácio – a “igreja” e o “estado” – com os cidadãos de Lagash a tomarem o partido do templo.
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