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quinta-feira, 25 de julho de 2024

CRONOLOGIA DAS LEIS



2350 a.C. – Reformas de Urukagina de Lagash. O Código escrito mais antigo que se tem notícia.

2060 a.C. – Código de Ur-Nammu de Ur  Neo-Sumério (Ur-III). 

1934-1924 a.C. – Código de Lipit-Ishtar de Isin – Com um epílogo e prólogo típicos, a lei trata de penalidades, direitos das pessoas comuns, direitos dos reis, casamentos e muito mais.

1800 a.C. – Leis de rei Bilalama ou Lei da cidade de Eshnunna

1758 a.C. – Código de Hamurabi – A mais famosa e também a mais preservada das leis antigas. Descoberto em dezembro de 1901, contém mais de 282 parágrafos de texto, sem incluir o prólogo e o epílogo.

1500-1300 a.C. – Lei assíria

1500-1400 a.C. – Leis hititas

Século X a VI a.C. Lei de Moisés / Torá 

Halakha (lei religiosa judaica, incluindo a lei bíblica e, mais tarde, a lei talmúdica e rabínica, bem como costumes e tradições)

620 a.C. Lei de Dracon ou Constituição Dracon 

594 a.C. Lei de Sólon ou Constituição Sólon 

Século V a.C. Código Gortyn 

451 a.C. Lei das Doze Tábuas do Direito Romano 

269–236 a.C. Editos de Ashoka da Lei Budista 

200 a.C. Lei de Manu 

31 a.C.–500 d.C. Tirukkural, antigas leis e éticas tâmeis compiladas por Thiruvalluvar 

529-534 DC Corpus Juris Civilis compilado 

529 Código de Justiniano  

533 Digest ou Pandects textos jurídicos clássicos do Direito Romano de Justiniano 

570 Sharia ou Lei Islâmica o fiqh Hanafi não foi codificado até a Mecelle Otomana da década de 1870, as outras escolas foram ainda mais tarde

Lei tradicional chinesa

624 a 637 Código Tang 

642–653 d.C. Código Visigótico 

1776–1778 Código Gentoo (origens desconhecidas; traduzido do sânscrito para o persa, inglês, alemão e francês

Século VIII d.C. Lei irlandesa antiga ou Lei Brehon



O MITO DO ME - A LEI SUMERIANA

 


Segundo a mitologia sumeriana, o Me ou Mes foi inventado por Enlil e então entregue para seu irmão Enk, que deveria intermediar a distribuição entre os vários centros sumérios.

Isso é descrito no poema "Enk e a Ordem Mundial". No mito, o Deus Enki distribui os Mes ou Me para as divindades de cada cidade, mas sua filha Inanna ou Ishtar ou Eshter (Ester) ou Astarte faz uma reclamação para seu pai Enk, pois ela recebeu pouca atenção em suas esferas divinas de influência. Enki faz o possível para apaziguá-la, apontando aquelas que ela de fato possui, pois ela, por si só, já é uma deusa poderosa e bastante influente.

Isto porque o Deus Enk em pessoa levou o Mes ou Me (Lei, Regra) para sua própria cidade, que era a cidade de Eridu e depois levou o Me para as cidades de Ur, Mlunha e Dilmun. Inanna ou Ishtar, ou Eshter (Ester) ou Astarte, queria que seu pai levasse o Mes pessoalmente para sua cidade, que era a cidade de Uruk, para aumentar seu nível de poder, prestígio, influência e glória.

Quando ela foi visitar seu pai, Inanna ou Ishtar, ou Eshter (Ester) ou Astarte foi até Eridu, ao santuário ou templo de Enk que também é conhecido como E-abzu, em seu "Barco do Céu", e pede os Mes a ele, ela aproveita a oportunidade que Enk está bêbado, para fazer-lhe opedido ao que ele obedece, uma vez que o mesmo está alcolizado. Depois que ela parte com o Me ou Mes, ele volta a si e percebe que eles estão faltando em seu lugar habitual, o qual é o E-abzu seu templo sagrado, e ao ser informado sobre o que ele fez com eles, tenta recuperá-los. A tentativa falha e Inanna os entrega triunfantemente a Uruk. Toda alegre da vida e feliz além da conta,  Ishtar ou Eshter (Ester) ou Astarte esibe as Tábuas da Lei ao povo, depois que ela chega com seu barco do céu. 


Segundo a versão mitóligica, Inanna ou Ishtar, ou Eshter (Ester) ou Astarte é filha de vários deuses diferentes, isso irá depender da cidade, época e outras séries de fatores.

Por exemplo: 

Na tradição da cidade de Uruk, ela será filha de An, o Deus do Céu.

Na tradição da cidade de Isin, ela será filha de Nana, o deus da Lua, e de Ningal,  a deusa da cana, filha de Enk. Mas se Ningal era filha de Enk, ela seria mãe e irmã de Inana?

Na tradição da cidade de Nipur, ela era filha de Enlil, o Deus do Ar, Vento e Tempestade.


URUKAGINA DE LAGASH - O PRIMEIRO REFORMADOR

 


O código de Urukagina foi amplamente aclamado como o primeiro exemplo registrado de reforma governamental, buscando alcançar um nível mais alto de liberdade e igualdade. Limitou o poder do sacerdócio e dos grandes proprietários e tomou medidas contra a usura, controles onerosos, fome, roubo, assassinato e apreensão (de propriedade e pessoas); como ele afirma, "A viúva e o órfão não estavam mais à mercê do homem poderoso". Aqui, a palavra "Liberdade" que em sumério se diz "Ama-Gi", aparece pela primeira vez na história registrada.

Apesar dessas aparentes tentativas de conter os excessos da classe de elite, parece que as mulheres de elite ou reais desfrutaram de uma influência e prestígio ainda maiores em seu reinado do que antes. Urukagina expandiu muito a "Casa das Mulheres" casa real de cerca de 50 pessoas para cerca de 1500 pessoas, renomeou-a como "Casa da deusa Bau (Deusa da fertilidade do solo, fertilidade dos animais e dos seres humanos, enfim, Deusa da fertilidade e também da irrigação do solo.)", deu-lhe a propriedade de vastas quantidades de terra confiscadas do antigo sacerdócio e colocou-a sob a supervisão de sua esposa, Shasha (ou Shagshag). Em seu segundo ano de reinado, Shasha presidiu o luxuoso funeral da rainha de sua predecessora, Baranamtarra, que havia sido uma personagem importante por direito próprio.

Além dessas mudanças, dois de seus outros decretos sobreviventes, publicados e traduzidos pela primeira vez por Samuel Kramer em 1964, atraíram controvérsia nas últimas décadas. 

O “Código de Urukagina”, é considerado o mais antigo texto normativo que se têm notícias, revela os esforços de seu tempo para a implementação de ações de combate à opressão pelo poder e tirania. O Rei Urukagina, de Lagash, atual Tello, no Iraque, autor do primeiro Código conhecido pela humanidade, foi um sábio e sagaz reformador, sendo que a ele pertenece a honra de ter reestabelecido a justiça e de ter devolvido a liberdade aos cidadãos oprimidos”. É este documento normativo que grava pela primeira vez na história humana a palavra “liberdade”, na forma do termo sumério “Amar-Gi”, que, como recentemente foi apontado por Adam Falkenstein, significa literalmente “retorno à mãe”. 

Durante o reinado de Urukagina de Lagash, temos um dos documentos mais preciosos e reveladores da história do homem e da sua luta perene e implacável pela libertação da tirania e da opressão. Este documento regista uma reforma abrangente de toda uma série de abusos prevalecentes, muitos dos quais podem ser atribuídos a uma burocracia onipresente e desagradável que consiste no governante e no seu círculo palaciano; ao mesmo tempo, fornece uma imagem sombria e sinistra da crueldade do homem para com o homem a todos os níveis – social, económico, político e psicológico. Lendo nas entrelinhas, também temos um vislumbre de uma luta amarga pelo poder entre o templo e o palácio – a “igreja” e o “estado” – com os cidadãos de Lagash a tomarem o partido do templo. 




sexta-feira, 19 de julho de 2024

LIVROS APÓCRIFOS

 


A palavra Apócrifo vem do grego Apócrofos que quer dizer Aquilo que é Escondido, Oculto, Encoberto. Também é conhecido como Pseudepígrafos, de onde, Pseudo quer dizer Falso e Grafos, quer dizer Escrito.

Estes livros Apócrifos ou Pseudepígrafos são escritos, cujos autores não conhecemos, daí os termos Apócrifos ou Pseudepígrafos e estes autores por sua vez, são escritores desconhecidos, escritores sem fama, que usam nomes de pessoas famosas, para suas obras e suas idéias ganharem notoriedades, compartilhamentos, likes, comentários, popularidades e fama.

A primeira vez que é usado a palavra Apócrifo como conhecemos, no contexto dos livros que foram incluídos na Bíblia, foram Irineu de Lyon e Jerônimo de Estridão no século IV depois de Cristo.

Os apócrifos que constam nas versões da Bíblia Católica foram produzidos no período inter testamentário (425 a.C. a 120 d.C.) e são os seguintes: Tobias, Judite, 1 e 2 Macabeus, Sabedoria, Baruc e Eclesiástico - Obs: Não confundir o livro de Esclesiates com o livro de Esclesiástico. Além de acréscimos aos livros de Ester e Daniel.

No livro de Ester, temos os seguintes acréscimos, capítulo 10:4 até o capítulo 11:1

E no livro de Daniel, temos os seguintes acréscimos, capítulo 3:24 a 90 e os capítulos 13 e 14.

E tem mais livros apócrifos ou pseudepígrafos que foram produzidos, que são: Livro de Enoch, Ascensão de Maria, Ascensão de Isaías, Apocalipse de Baruch, Apocalipse de Pedro, Apocalipse de Abraão, Apocalipse de Moisés, O Evangelho de Pedro, O Evangelho de Tiago, O Evangelho de Maria, O Evangelho de Judas, Atos do Apóstolo Tomé, etc.

Jesus e os autores do Novo Testamento citam, mais de 295 vezes, várias partes das Escrituras do Antigo Testamento como palavras autorizadas por Deus, mas nem uma vez sequer mencionam alguma declaração extraída dos livros apócrifos ou qualquer outro escrito como se tivesse autoridade divina.

Vamos deixar uma coisa bem clara, não foi a Igreja Católica Apostólica Romana quem formatou os livros da Bíblia, isto é, não foram eles quem decidiram quais livros entrariam ou não na Bíblia no Concílio de Nicéia.

Os próprios Judeus já tinham uma relação de livros que eram inspirados e de livros que não eram inspirados.

Alguns teólogos protestantes dizem que no já no Concílio de Jamnia que ocorreu nos anos 90 d.C. ratificou, ou seja, confirmou o que já se tinha decidido desde os tempos de Esdras, quais livros foram inspirados e os livros que não foram inspirados, e para confirmar essa argumentação, dizem que na época de Jesus, o Tanach já existia.

Mas os Católicos contra argumentam essa ideia, dizendo que o Concílio de Jamnia nunca ocorreu e o chamado “Concílio de Jâmnia”, foi, na verdade um grupo de judeus eruditos que solicitaram permissão de Roma por volta do ano 90 d.C. para assim, reunirem-se na Palestina perto do mar Mediterrâneo em Jâmina. Mas, de qualquer forma, o que os Católicos não se atentam, é que o Tanakh Hebraico já existia, há mais de 400 anos a.C.


Mas o que raios é o Tanakh?

O Tanakh é a Bíblia Hebraica, que por sua vez, se divide em três partes, que são: Pentateuco, Profecias e Escritos. Essa palavra esquisita, contém as iniciais das palavras Hebraicas, Torah a Lei, Neviim os Profetas e Ketuvim os Escritos, formando assim o TNK ou Tanak, não terei tempo agora de falar sobre o Tanakh, caso alguém queira, deixa nos comentários que farei com prazer.

O que importa para nossa matéria aqui, é que, para existir o Tanakh, concluí-se que o cânone hebraico já existia desde 450 a.C. E que todos esses Apócrifos que mencionei e outros mais, já não faziam parte do Cânon Hebraico, mas mesmo assim, alguns destes Apócrifos, estão hoje na Bíblia Católica.


Cânon Muratoriano

Outra prova que não foi o Concílio de Nicéia Católico que fechou o Cânon Bíblico, é o Cânon Muratoriano ou Cânon de Muratori, que é o documento copiado mais antigo que se tem notícia a respeito do cânon bíblico do Novo Testamento, por volta do ano 150 d.C.

A Igreja Católica sempre soube que os Apócrifos eram livros não inspirados, uma das várias comprovações disso. 


Vulgata

Jerônimo de Estridão que é o tradutor da Vulgata Latina, foi incumbido pelo Papa Dâmaso I a colocar os Apócrifos na Vulgata. É claro que Jerônimo foi contra, mas o Papa Dâmaso era seu superior em chefeJerônimo, então, teve que ceder. Colocou os tais livros Apócrifos na Vulgata, mas ao traduzir a Vulgata, Jerônimo fez uma notificação, ou seja, uma nota esclarecendo que estes livros não eram inspirados, eram, obviamente, todos apócrifos. Sendo estas uma tradução de Teodocidão ou Teodósio. Mas quem foi Teodocidão? Teodocidão ou Teodósio, foi um judeu grego que viveu na cidade de Éfeso cerca de 150 d.C. Ele traduziu a Bíblia Hebraica, ou seja, o Tanackh para o grego e também traduziu os livros Apócrifos na Bíblia Vulgata Latina.

A questão apócrifa católica piora ainda mais, no período da Reforma, para combater a Reforma, no dia 8 de Abril de 1546 durante o período conhecido como Contra Reforma, os Livros Apócrifos foram finalmente oficializados na primeira edição da Bíblia Católica e no ano de 1592, com autorização do papa Clemente VIII, tem-se a Bíblia Católica como se conhece hoje.

A Igreja Católica, para canonizar estes apócrifos, ou seja, para dar uma de migué, chama esses livros espúrios de Deuterocanônicos, é aquele velha e boa salsichada profana básica de sempre.


HÁ ERROS NESSES LIVROS APÓCRIFOS?

Sim, os livros Apócrifos são Apócrifos, são livros que nos trazem o misticismo judaico, que diferem das ordenanças do Evangelho de Cristo. Como os livros Apócrifos são muitos, vou citar somente alguns.

O Livro de Tobias traz mediação dos Santos - 12.12 superstições - 6.5, 7-9,19

O Livro de Baruque traz intercessão pelos mortos - 3.4.

O Livro de Escesiástico traz justificação pelas obras - 3.33, 34.

O Livro de Macabeus traz a oração pelos mortos - 12.44 - 46, culto e missa pelos mortos - 12.43

Assim como outros livros, além destes Apócrifos ensinarem artes mágicas e feitiças, como está relatado no Livro de Tobias 6: 5-9. Dentre outras coisas.


PODEMOS LER ESTES LIVROS MESMO ELES SENDO NÃO INSPIRADOS?

Não só podemos ler estes livros, como devemos ler e estudar estes livros, não há problema algum, temos que entender que para quem é declaradamente Cristão, só o Novo Testamento é suficiente para nos conduzir a Cristo, estes livros estão no Antigo Testamento, portanto, não há problemas para nossa compreensão da salvação em Cristo Jesus.

O Novo Testamento Católico é idêntico ao Novo Testamento Protestante, ambas as Bíblias se lidas e colocadas em prática, conduzirá o homem ao infinito amor de Deus e consequentemente à salvação, para quem é leitor assíduo da Bíblia e gosta de ter intimidade com a literatura, verá que o que importa para o Cristão como regra de fé é o Novo Testamento.

Sem contar que muitos livros Apócrifos, conhecimentos históricos valiosos. 

A BÍBLIA FOI FEITA PELA IGREJA CATÓLICA?

 


Os católicos dizem que eles compilaram a Bíblia e que sem a Igreja Católica Apostólica Romana não existiria a Bíblia: 

“Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados” (Dei Verbum 8)".

Portanto, sem a Tradição da Igreja não teríamos a Bíblia. Santo Agostinho dizia: “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica” (CIC,119)".

Temos que levar em conta que a Igreja Católica Apostólica Romana é uma religião puramente Tradicional, claro que ela segue o Cânon Bíblico, mas a tradição religiosa é mais forte que as Escrituras, mesmo que eles dizem o contrário, vemos que, na prática, a tradição supera e muito o evangelho escrito. 


Período dos Apóstolos

Quando um homem negro chamado Jesus de Nazaré foi assassinado na cruz em Jerusalém, seus seguidores ou discípulos continuaram seus ensinamentos e estes homens escreveram cartas ou epístolas para admoestar, ensinar, aconselhar, advertir, chamar atenção, repreender, dar bronca, elogiar e avisar seus seguidores de tudo que eles aprenderam com Jesus. Houve homens como Paulo, por exemplo, que não andou com Jesus, mas escreveu o que ele leu, aprendeu com os discípulos de Cristo que também escreveu cartas ou epístolas para também ensinar, corrigir e aconselhar os demais irmãos. 

Obviamente, que muitas das doutrinas neotestamentárias que lemos hoje foram escritas a partir dos textos do Antigo Testamento e, com a nova formatação dos textos dos escritores do novo testamento, temos uma nova doutrina (ensinamento) das coisas concernentes ao Reino de Deus. 

De qualquer forma, os escritores do Novo Testamento não sabiam que seus escritos se transformariam na Bíblia como se conhece hoje, eles certamente tiveram seus escritos copiados e compartilhados por seus seguidores, que estes copiaram e compartilharam para outros, e assim por diante. 

Um exemplo bem claro que temos é do escritor João de Apocalipse, ele escreveu para sete igrejas, cidades, províncias, lugares, regiões e distritos diferentes, e não para (placas, denominações ou religião) como se diz nas religiões católicas e evangélicas, ou seja, eram cidades pertencentes ao vasto Império Romano.


Período Católico

Quando o Imperador adepto da religião Mitra de nome Constantino era o chefe de Roma, ele formou o que conhece hoje como Religião Católica Apostólica Romana, mas sabemos que tal religião não é adepta fiel das doutrinas de Cristo, pois a Religião Católica Apostólica Romana é um compilado de religiões que existiam no vasto Império Romano, ou seja, a Religião Católica é um Mix de Religiões que tem por pano de fundo central a Religião Judaica, e as outras religiões vieram para melhorar o molde da nova religião adotada pelo Estado Romano, como as Religiões Babilônicas, Religião Grega, Religião Egípcia, Religião Persa, e durante a Idade Média a Religião Romana absorve a Religião Nórdica no seu panteão religioso. 

Os textos do antigo testamento e do novo testamento que já existiam antes da criação da Igreja Católica Apostólica Romana foram juntados pelos sacerdotes católicos, e verificaram estes os textos que fariam parte da compilação dos livros sagrados. 


Fabricação Católica

O clérigo inglês Stephen Langton, que mais tarde se tornou arcebispo de Cantuária, dividiu a Bíblia em capítulos. Ele fez isso no início do século XIII quando era professor na Universidade de Paris, na França.

O Dominicano Pagnino 1541, que era um judeu convertido ao catolicismo originário de Luca, na Itália, ficou 25 anos traduzindo a Bíblia, publicada em 1527. Ele foi o primeiro a dividir o texto em versículos numerados. 

Roberto Estienne um conhecido gráfico, realizou a divisão do Novo Testamento em versículos no ano de 1551 e no ano de 1555 ele fez a edição latina de toda Bíblia. 

O nome Bíblia foi aplicado às Escrituras, originalmente por João Crisóstomo 398-404 d.C. o nome é oriundo da antiga cidade da Fenícia de nome Bíblos que era famosa pela exportação de papiros, por isso o nome Bíblos ficou conhecido também com o nome de Biblion que quer dizer Livros e depois era conhecida também com Ta Bíblia que quer dizer Os Livros, a qual é o plural grego.

100 - 147 Justino Mártir menciona os Evangelhos como sendo quatro em número e cita eles e algum das epístolas de Paulo e Apocalipse.  

135 - 200, Irineu citou todos os livros do Novo Testamento, exceto Filemon, Judas, Tiago e 3 João. 

160 - 240 Tertuliano de Catargo contemporâneo de Orígenes e Clemente, menciona todos os livros do Novo Testamento, exceto 2 Pedro, Tiago e 2 João. 

165 - 220 Clemente de Alexandria, especifica todos os livros do Novo Testamento exceto Filemon, Tiago, 2 Pedro e 3 João. Mas Eusébio, que possuía os escritos de Clemente, disse que ele deu explicações e citações de todos os livros canônicos. 

185 - 254 Origenes de Alexandria especifica todos os livros dos doisTestamentos. 

270 Eusébio bispo de Cesaréia, narra sobre a perseguição que o imperador Diocleciano lançou sobre os cristãos, ele lista todos os livros do Novo Testamento. Ele foi comissionado por Constantino para preparar cinquenta cópias da Bíblia para uso das igrejas de Constantinopla. 

315 - 386, Cirilo bispo de Jerusalém, dá uma lista de todos os livros do Novo Testamento, exceto Apocalipse. 

326 Atanásio, bispo de Alexandria, menciona todos os livros do Novo Testamento. 


Mas todos os livros, tanto do Antigo Testamento quanto do Novo Testamento, já estavam escritos, o que estes sacerdotes fizeram foi listar, enunciá-los e juntá-los, e como a Instituição Católica Romana era a Religião líder de todo o ocidente, eles certamente tiveram controle das escrituras.



BÍBLIA




A bíblia é um livro ímpar, pois é o livro mais vendido no mundo, é o livro mais lido no mundo, nunca ficou em segundo lugar em vendas, e é de longe o livro mais estudado do planeta, sem falar que todas as religiões do mundo, se inspiram nela.
O autor da Bíblia é Deus, Is 34: 16, 2Tm 3: 16 – 2Pe 1:21 – Hb 1:12, Ap 22: 6 e ele mesmo nos revela, Lc 24: 45, 1Co 2v 10,13, não espere compreender a Bíblia toda, Dt 29: 29, ela ensina realmente que a dúvida é um empecilho à compreensão, Mt 22:29.
Toda doutrina teológica deve ser provada, confirmada e apoiada por textos bíblicos, pois somente pelas escrituras é que fugiremos dos usos e costumes religiosos.
Alguns se confundem quanto a alguns pontos da Bíblia, e eles se deixam levar por assuntos secundários, como, por exemplo:
A Forma de Governar a Igreja, se Episcopal, Congregacional ou Presbiteriana
Modo de Batismo, se por Imersão ou Aspersão
Fruto usado na Ceia, se Vinho ou Suco de Uva
Mas quanto a salvação em Cristo, nisso não há dúvida.

A origem da palavra bible (bíblia) é remota. A forma mais antiga de livro de que se tem notícia era um rolo de papiro, planta abundante às margens do rio Nilo, usada pelos antigos egípcios, gregos e romanos para escrever. A palavra grega para papiro era biblos, derivada do nome do porto fenício de Byblos, hoje Jubayl, Líbano, através do qual o papiro era exportado. O plural de biblos em grego era ta biblía, que significava literalmente 'os livros', e que acabou entrando para o latim eclesiástico para designar o conjunto de livros sagrados que compõem a bíblia.
Os judeus que falavam grego diziam Tá Biblía que quer dizer os Livros, designando, com este termo, os livros canonizados como escritos sagrados do povo judeu.
Mas o conceito vem do hebraico Sefaraim Dn 9.2.
O nome Bíblia foi aplicado às Escrituras, originalmente por João Crisóstomo de Constantinopla (398-404 d.C),  (atual Istambul, capital da Turquia) Antioquia da Síria, atual Antakya, 349 - 14 de setembro de 407. Foi um patriarca de Constantinopla.
A bíblia compõe-se de duas partes, Antigo e Novo Testamento.
A palavra portuguesa "testamento" corresponde à palavra hebraica Berith (que significa aliança, pacto, convênio, contrato), e designa a aliança que Deus fez com o povo de Israel no Monte Sinai.

O Antigo Testamento contém os livros sagrados dos judeus, desde o tempo de Moisés, até um século antes de Cristo. A língua original é o Hebraico, com ligeira exceção de Ed 4: 8 a 8: 18 – Ed 7: 12,26, Jr 10: 11 e Dn 2: 4,7, que foram escritos em Aramaico.
O Antigo Testamento está dividido em 39 Livros, porém os judeus contam como se fossem 22 ou 24. E se divide em:
Lei ou Torá: Que vai de Gênesis a Deuteronômio
Profetas: Profetas Maiores que vai de Isaías a Daniel
Profetas Menores que vão de Oséias a Malaquias
Históricos: Samuel - Reis – Crõnicas (este dividido em 1 e 2 Crônicas)
Poesia: Jó e Cantares

O Novo Testamento são 27 Livros e dividem-se em:
Biografia: Mateus Marcos Lucas e João
Histórico: Atos dos Apóstolos
Doutrinas: 21 Epístolas

Particularidades da Bíblia
A Bíblia tem mais de 3.500 anos de existência
40 pessoas escreveram a Bíblia
Em um período de 16 séculos
A Bíblia contém 1.189 capítulos e 31.278 versículos
No ano de 1250 o Cardeal Hugo de Santo Caro, divide os capítulos
No ano de 1551 Robert Stevens faz a divisão dos versículos
No ano de 1555 Gutemberg publica a primeira Bíblia
Leis sobre Higiene Dt 23: 13
Ciclo da chuva e evaporação Ec 1: 7  Jó 26: 7
Circulação Sanguínea Pv 4: 23
A Terra esférica Is 4: 26

Versões dos LXX
A lenda: Ptolomeu Filadelfo Rei do Egito, sob a sugestão de seu bibliotecário Demétrio de Falero, enviou Eleazar que era Sumo Sacerdote em Jerusalém, para obter cópias do livro sagrado da Lei, a fim de traduzi-las para o grego e exemplares foram selecionados e um corpo de tradutores em número de setenta ou setenta e dois, foram designados para a Ilha de Faros, todos os tradutores foram metidos em clausuras diferentes e ao término do trabalho, as traduções eram idênticas.
O Fato: Em Alexandria, Ptolomeu Filadelfo 309 a.C. - 246 a.C. foi o rei (faraó) do Egito de 281 a.C. até a sua morte em 246 a.C. Mandou que o Pentateuco fosse traduzido para o grego, pois em Alexandria, os judeus gregos, não ler o Velho Testamento então para isso foram traduzidos o Livro Sagrado, e no ano 150 a.C., a obra foi acabada.

A Vulgata
Isto é, a versão vulgar, obra de Jerônimo a quem o Papa Damásio o comissionou no ano de 383 dC Jerônimo compilou a obra entre 392 a 404 dC.

Os Massoretas
Isto é, a Tradição, até o fim do século V d.C., o Velho Testamento era escrito somente com consoantes e era ensinado oralmente pelos Rabis nas sinagogas pela recitação, o qual a sede era a escola de Rabínica de Tiberíades.
Contam o número de palavras e letras nos livros, eles criaram um sistema de pontos e sinais vocálicos, que se colocam em cima, embaixo e dentro das consoantes. As anotações indicam como se liam as palavras, não fazem parte dos Rolos e Pentateuco, são escritos com consoantes como antes, esse sistema permite ler e como estavam ligadas as palavras, se separadas, juntas, pontos, etc.

Livros Apócrifos
Do grego secreto, escondido, espúrio.ou Deuterocanônicos
No concílio de Trento, em 1546, foram declarados alguns livros, como sendo inspirados, embora não fizessem parte do cânon do Antigo Testamento estabelecido pelos judeus da Palestina, são eles:
Eclesiástico, Baruque, Epístola de Jeremias 1 e 2, e Macabeus. Sem falar nos acréscimos dos livros de Ester, Daniel (A Oração de Azarias), A Canção dos Três Jovens e as Histórias de Suzana e de Bel e o Dragão.
Os Protocanônicos que são livros santos, reconhecidos como canônicos já antes de se formarem os cânones da Escritura.
Os Pergaminhos do Mar Morto são uma coleção de centenas de textos e fragmentos de texto encontrados em cavernas de Qumran, no Mar Morto, no fim da década de 1940 e durante a década de 1950, compilados por uma seita de judeus conhecida como Essênios, que viveram em Qumran do século II a.C. até aproximadamente 70.



 

segunda-feira, 24 de junho de 2024

REFORMA RELIGIOSA - DESIGREJADOS

 

Sabendo como é e de como funciona o sistema religioso, existe um grupo de pessoas que se posicionam contra este conglomerado pecuniário religioso com fins lucrativos. 
Essa gente continua a fazer a reforma alertando o maior número de pessoas contra esta instituição pútrida e pestilenta, estes reformadores são xingados, ofendidos e destratados como "Desigrejados". Assim como foi no passado, atualmente, quem ousa dizer que o sistema corrompido religioso é uma fraude é duramente criticado. 
O sistema religioso precisa de reforma, se houve uma reforma, esta certamente precisa de reforma, ou seja, a reforma precisa de reforma.
Além de enfrentar a fúria dos fanáticos religiosos que já é ruim, existem também os covardes de plantão, que, na verdade são os judas, traidores, hipócritas e impostores que até concordam que o sistema religioso não presta, mas continuam de alguma forma frequentando estas instituições pilantrópicas, dizem que estão fora, mas, na verdade nunca saíram, eles enganam a si próprios com falsos discursos, estes eu chamo de "Igrejeiros" e estes igrejeiros são os piores, pois dizem aquilo que não são, mentindo a si próprios.
Estes até sabem que o sistema religioso não presta, mas eles querem de alguma forma agradar seus partidários e se beneficiar com qualquer coisa que valha deste sistema maldito. Eles amam mais a glória dos homens do que a glória de Deus, João 12:43-44.
Enquanto existirem pessoas que defendam este porco, sórdido e peçonhento sistema religioso, existirão estes reformadores da verdade, que são xingados pejorativamente de Desigrejados.
Desigrejado são todos os que insistem em ficar em um abominável, nocivo e detestável sistema religioso. Pois estão fora da Igreja de Cristo, pois igreja não é um templo, não é um sistema feito de doutrinas de homens, com seus ritos cerimoniais envoltas de usos e costumes e tradições humanas que dizem de Deus, quando, na verdade, passa longe disso.
A verdadeira Igreja de Cristo é uma Família, e não um antro sistemático doutrinário dogmático hipócrita, dissimulado falso e mentiroso. 
Todos os que são familiarizados com as verdades contidas no Novo Testamento, que é o Evangelho de Cristo, são os Igrejados e, portanto, a Igreja de Cristo. Agora, todos os que discordam das verdades contidas dentro do Novo Testamento e ficam defendendo esta pústula cancerosa sistemática religiosa, é o Desigrejado, pois está fora da Família de Cristo.

domingo, 23 de junho de 2024

REFORMA RELIGIOSA - AS 95 TESES DE LUTERO

 



1 Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.

 

2 Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).

 

3 No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.

 

4 Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.

 

5 O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.

 

6 O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.

 

7 Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.

 

8 Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.

 

9 Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.

 

10 Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.

 

11 Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.

 

12 Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.

 

13 Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.

 

14 Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.

 

15 Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.

 

16 Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.

 

17 Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.

 

18 Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.

 

19 Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.

 

20 Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.

 

21 Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.

 

22 Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.

 

23 Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.

 

24 Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.

 

25 O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.

 

26 O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.

 

27 Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].

 

28 Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.

 

29 E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.

 

30 Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.

 

31 Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.

 

32 Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.

 

33 Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.

 

34 Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.

 

35 Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir breves confessionais.

 

36 Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.

 

37 Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.

 

38 Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.

 

39 Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.

 

40 A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.

 

41 Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.

 

42 Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

 

43 Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.

 

44 Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

 

45 Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

 

46 Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.

 

47 Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.

 

48 Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se está pronto a pagar.

 

49 Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.

 

50 Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

 

51 Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

 

52 Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.

 

53 São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.

 

54 Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.

 

55 A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.

 

56 Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

 

57 É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.

 

58 Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.

 

59 S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.

 

60 É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.

 

61 Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.

 

62 O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

 

63 Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.

 

64 Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos últimos os primeiros.

 

65 Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.

 

66 Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.

 

67 As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.

 

68 Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade na cruz.

 

69 Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.

 

70 Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.

 

71 Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.

 

72 Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.

 

73 Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,

 

74 muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a santa caridade e verdade.

 

75 A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.

 

76 Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais no que se refere à sua culpa.

 

77 A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.

 

78 Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co 12.

 

79 É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.

 

80 Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam difundidas entre o povo.

 

81 Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.

 

82 Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é uma causa tão insignificante?

 

83 Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?

 

84 Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?

 

85 Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?

 

86 Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?

 

87 Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à remissão e participação plenária?

 

88 Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações 100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?

 

89 Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?

 

90 Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

 

91 Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.

 

92 Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja paz!

 

93 Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!

 

94 Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno;

 

95 e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.