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domingo, 23 de junho de 2024

REFORMA RELIGIOSA - AS 95 TESES DE LUTERO

 



1 Ao dizer: "Fazei penitência", etc. [Mt 4.17], o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência.

 

2 Esta penitência não pode ser entendida como penitência sacramental (isto é, da confissão e satisfação celebrada pelo ministério dos sacerdotes).

 

3 No entanto, ela não se refere apenas a uma penitência interior; sim, a penitência interior seria nula, se, externamente, não produzisse toda sorte de mortificação da carne.

 

4 Por conseqüência, a pena perdura enquanto persiste o ódio de si mesmo (isto é a verdadeira penitência interior), ou seja, até a entrada do reino dos céus.

 

5 O papa não quer nem pode dispensar de quaisquer penas senão daquelas que impôs por decisão própria ou dos cânones.

 

6 O papa não pode remitir culpa alguma senão declarando e confirmando que ela foi perdoada por Deus, ou, sem dúvida, remitindo-a nos casos reservados para si; se estes forem desprezados, a culpa permanecerá por inteiro.

 

7 Deus não perdoa a culpa de qualquer pessoa sem, ao mesmo tempo, sujeitá-la, em tudo humilhada, ao sacerdote, seu vigário.

 

8 Os cânones penitenciais são impostos apenas aos vivos; segundo os mesmos cânones, nada deve ser imposto aos moribundos.

 

9 Por isso, o Espírito Santo nos beneficia através do papa quando este, em seus decretos, sempre exclui a circunstância da morte e da necessidade.

 

10 Agem mal e sem conhecimento de causa aqueles sacerdotes que reservam aos moribundos penitências canônicas para o purgatório.

 

11 Essa erva daninha de transformar a pena canônica em pena do purgatório parece ter sido semeada enquanto os bispos certamente dormiam.

 

12 Antigamente se impunham as penas canônicas não depois, mas antes da absolvição, como verificação da verdadeira contrição.

 

13 Através da morte, os moribundos pagam tudo e já estão mortos para as leis canônicas, tendo, por direito, isenção das mesmas.

 

14 Saúde ou amor imperfeito no moribundo necessariamente traz consigo grande temor, e tanto mais, quanto menor for o amor.

 

15 Este temor e horror por si sós já bastam (para não falar de outras coisas) para produzir a pena do purgatório, uma vez que estão próximos do horror do desespero.

 

16 Inferno, purgatório e céu parecem diferir da mesma forma que o desespero, o semidesespero e a segurança.

 

17 Parece desnecessário, para as almas no purgatório, que o horror diminua na medida em que cresce o amor.

 

18 Parece não ter sido provado, nem por meio de argumentos racionais nem da Escritura, que elas se encontram fora do estado de mérito ou de crescimento no amor.

 

19 Também parece não ter sido provado que as almas no purgatório estejam certas de sua bem-aventurança, ao menos não todas, mesmo que nós, de nossa parte, tenhamos plena certeza.

 

20 Portanto, sob remissão plena de todas as penas, o papa não entende simplesmente todas, mas somente aquelas que ele mesmo impôs.

 

21 Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgências do papa.

 

22 Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta vida.

 

23 Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é, pouquíssimos.

 

24 Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da pena.

 

25 O mesmo poder que o papa tem sobre o purgatório de modo geral, qualquer bispo e cura tem em sua diocese e paróquia em particular.

 

26 O papa faz muito bem ao dar remissão às almas não pelo poder das chaves (que ele não tem), mas por meio de intercessão.

 

27 Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a moeda lançada na caixa, a alma sairá voando [do purgatório para o céu].

 

28 Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas da vontade de Deus.

 

29 E quem é que sabe se todas as almas no purgatório querem ser resgatadas? Dizem que este não foi o caso com S. Severino e S. Pascoal.

 

30 Ninguém tem certeza da veracidade de sua contrição, muito menos de haver conseguido plena remissão.

 

31 Tão raro como quem é penitente de verdade é quem adquire autenticamente as indulgências, ou seja, é raríssimo.

 

32 Serão condenados em eternidade, juntamente com seus mestres, aqueles que se julgam seguros de sua salvação através de carta de indulgência.

 

33 Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem serem as indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da qual a pessoa é reconciliada com Deus.

 

34 Pois aquelas graças das indulgências se referem somente às penas de satisfação sacramental, determinadas por seres humanos.

 

35 Não pregam cristãmente os que ensinam não ser necessária a contrição àqueles que querem resgatar ou adquirir breves confessionais.

 

36 Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito à remissão pela de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.

 

37 Qualquer cristão verdadeiro, seja vivo, seja morto, tem participação em todos os bens de Cristo e da Igreja, por dádiva de Deus, mesmo sem carta de indulgência.

 

38 Mesmo assim, a remissão e participação do papa de forma alguma devem ser desprezadas, porque (como disse) constituem declaração do perdão divino.

 

39 Até mesmo para os mais doutos teólogos é dificílimo exaltar perante o povo ao mesmo tempo, a liberdade das indulgências e a verdadeira contrição.

 

40 A verdadeira contrição procura e ama as penas, ao passo que a abundância das indulgências as afrouxa e faz odiá-las, pelo menos dando ocasião para tanto.

 

41 Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erroneamente como preferíveis às demais boas obras do amor.

 

42 Deve-se ensinar aos cristãos que não é pensamento do papa que a compra de indulgências possa, de alguma forma, ser comparada com as obras de misericórdia.

 

43 Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se comprassem indulgências.

 

44 Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna melhor, mas apenas mais livre da pena.

 

45 Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus.

 

46 Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgência.

 

47 Deve-se ensinar aos cristãos que a compra de indulgências é livre e não constitui obrigação.

 

48 Deve-se ensinar aos cristãos que, ao conceder indulgências, o papa, assim como mais necessita, da mesma forma mais deseja uma oração devota a seu favor do que o dinheiro que se está pronto a pagar.

 

49 Deve-se ensinar aos cristãos que as indulgências do papa são úteis se não depositam sua confiança nelas, porém, extremamente prejudiciais se perdem o temor de Deus por causa delas.

 

50 Deve-se ensinar aos cristãos que, se o papa soubesse das exações dos pregadores de indulgências, preferiria reduzir a cinzas a Basílica de S. Pedro a edificá-la com a pele, a carne e os ossos de suas ovelhas.

 

51 Deve-se ensinar aos cristãos que o papa estaria disposto - como é seu dever - a dar do seu dinheiro àqueles muitos de quem alguns pregadores de indulgências extraem ardilosamente o dinheiro, mesmo que para isto fosse necessário vender a Basílica de S. Pedro.

 

52 Vã é a confiança na salvação por meio de cartas de indulgências, mesmo que o comissário ou até mesmo o próprio papa desse sua alma como garantia pelas mesmas.

 

53 São inimigos de Cristo e do papa aqueles que, por causa da pregação de indulgências, fazem calar por inteiro a palavra de Deus nas demais igrejas.

 

54 Ofende-se a palavra de Deus quando, em um mesmo sermão, se dedica tanto ou mais tempo às indulgências do que a ela.

 

55 A atitude do papa é necessariamente esta: se as indulgências (que são o menos importante) são celebradas com um toque de sino, uma procissão e uma cerimônia, o Evangelho (que é o mais importante) deve ser anunciado com uma centena de sinos, procissões e cerimônias.

 

56 Os tesouros da Igreja, dos quais o papa concede as indulgências, não são suficientemente mencionados nem conhecidos entre o povo de Cristo.

 

57 É evidente que eles, certamente, não são de natureza temporal, visto que muitos pregadores não os distribuem tão facilmente, mas apenas os ajuntam.

 

58 Eles tampouco são os méritos de Cristo e dos santos, pois estes sempre operam, sem o papa, a graça do ser humano interior e a cruz, a morte e o inferno do ser humano exterior.

 

59 S. Lourenço disse que os pobres da Igreja são os tesouros da mesma, empregando, no entanto, a palavra como era usada em sua época.

 

60 É sem temeridade que dizemos que as chaves da Igreja, que lhe foram proporcionadas pelo mérito de Cristo, constituem este tesouro.

 

61 Pois está claro que, para a remissão das penas e dos casos, o poder do papa por si só é suficiente.

 

62 O verdadeiro tesouro da Igreja é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus.

 

63 Este tesouro, entretanto, é o mais odiado, e com razão, porque faz com que os primeiros sejam os últimos.

 

64 Em contrapartida, o tesouro das indulgências é o mais benquisto, e com razão, pois faz dos últimos os primeiros.

 

65 Por esta razão, os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pescavam homens possuidores de riquezas.

 

66 Os tesouros das indulgências, por sua vez, são as redes com que hoje se pesca a riqueza dos homens.

 

67 As indulgências apregoadas pelos seus vendedores como as maiores graças realmente podem ser entendidas como tal, na medida em que dão boa renda.

 

68 Entretanto, na verdade, elas são as graças mais ínfimas em comparação com a graça de Deus e a piedade na cruz.

 

69 Os bispos e curas têm a obrigação de admitir com toda a reverência os comissários de indulgências apostólicas.

 

70 Têm, porém, a obrigação ainda maior de observar com os dois olhos e atentar com ambos os ouvidos para que esses comissários não preguem os seus próprios sonhos em lugar do que lhes foi incumbido pelo papa.

 

71 Seja excomungado e maldito quem falar contra a verdade das indulgências apostólicas.

 

72 Seja bendito, porém, quem ficar alerta contra a devassidão e licenciosidade das palavras de um pregador de indulgências.

 

73 Assim como o papa, com razão, fulmina aqueles que, de qualquer forma, procuram defraudar o comércio de indulgências,

 

74 muito mais deseja fulminar aqueles que, a pretexto das indulgências, procuram defraudar a santa caridade e verdade.

 

75 A opinião de que as indulgências papais são tão eficazes ao ponto de poderem absolver um homem mesmo que tivesse violentado a mãe de Deus, caso isso fosse possível, é loucura.

 

76 Afirmamos, pelo contrário, que as indulgências papais não podem anular sequer o menor dos pecados veniais no que se refere à sua culpa.

 

77 A afirmação de que nem mesmo S. Pedro, caso fosse o papa atualmente, poderia conceder maiores graças é blasfêmia contra São Pedro e o papa.

 

78 Afirmamos, ao contrário, que também este, assim como qualquer papa, tem graças maiores, quais sejam, o Evangelho, os poderes, os dons de curar, etc., como está escrito em 1 Co 12.

 

79 É blasfêmia dizer que a cruz com as armas do papa, insignemente erguida, equivale à cruz de Cristo.

 

80 Terão que prestar contas os bispos, curas e teólogos que permitem que semelhantes conversas sejam difundidas entre o povo.

 

81 Essa licenciosa pregação de indulgências faz com que não seja fácil, nem para os homens doutos, defender a dignidade do papa contra calúnias ou perguntas, sem dúvida argutas, dos leigos.

 

82 Por exemplo: por que o papa não evacua o purgatório por causa do santíssimo amor e da extrema necessidade das almas - o que seria a mais justa de todas as causas -, se redime um número infinito de almas por causa do funestíssimo dinheiro para a construção da basílica - que é uma causa tão insignificante?

 

83 Do mesmo modo: por que se mantêm as exéquias e os aniversários dos falecidos e por que ele não restitui ou permite que se recebam de volta as doações efetuadas em favor deles, visto que já não é justo orar pelos redimidos?

 

84 Do mesmo modo: que nova piedade de Deus e do papa é essa: por causa do dinheiro, permitem ao ímpio e inimigo redimir uma alma piedosa e amiga de Deus, porém não a redimem por causa da necessidade da mesma alma piedosa e dileta, por amor gratuito?

 

85 Do mesmo modo: por que os cânones penitenciais - de fato e por desuso já há muito revogados e mortos - ainda assim são redimidos com dinheiro, pela concessão de indulgências, como se ainda estivessem em pleno vigor?

 

86 Do mesmo modo: por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos mais ricos Crassos, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos esta uma basílica de São Pedro, ao invés de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?

 

87 Do mesmo modo: o que é que o papa perdoa e concede àqueles que, pela contrição perfeita, têm direito à remissão e participação plenária?

 

88 Do mesmo modo: que benefício maior se poderia proporcionar à Igreja do que se o papa, assim como agora o faz uma vez, da mesma forma concedesse essas remissões e participações 100 vezes ao dia a qualquer dos fiéis?

 

89 Já que, com as indulgências, o papa procura mais a salvação das almas do o dinheiro, por que suspende as cartas e indulgências outrora já concedidas, se são igualmente eficazes?

 

90 Reprimir esses argumentos muito perspicazes dos leigos somente pela força, sem refutá-los apresentando razões, significa expor a Igreja e o papa à zombaria dos inimigos e desgraçar os cristãos.

 

91 Se, portanto, as indulgências fossem pregadas em conformidade com o espírito e a opinião do papa, todas essas objeções poderiam ser facilmente respondidas e nem mesmo teriam surgido.

 

92 Fora, pois, com todos esses profetas que dizem ao povo de Cristo: "Paz, paz!" sem que haja paz!

 

93 Que prosperem todos os profetas que dizem ao povo de Cristo: "Cruz! Cruz!" sem que haja cruz!

 

94 Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno;

 

95 e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz.

REFORMA RELIGIOSA - MARTINHO LUTERO

 


Nascido na Alemanha 1483 – 1546 com 62 anos, foi casado com Catarina Vom Bora e tiveram seis filhos, o casamento com a ex-freira Catarina teve um papel crucial com o rompimento em definitivo com a Igreja Católica e com isso, incentivou outros padres e madres a se casarem e se libertarem do jugo religioso católico.

Martinho Lutero foi um monge agostiniano, ou seja, padre e professor de teologia que ao ler os evangelhos, começou a difundir os ensinos das escrituras sagradas e não os ensinos da Igreja Católica, por se revoltar contra o ensino publica a tão famosa 95 teses na porta da Igreja de Wittenberg em 1517 foi excomungado na Dieta de Worms em 1521, pois não se retratou, como queria o Papa Leão X o então conhecido Giovani di Lorenzo de Médici que era amigo do Rei Carlos V da Espanha que era Imperador do Sacro Império Romano Germânico.

Para Lutero, as sagradas escrituras eram o único meio de o homem compreender as grandezas de Deus, ele pregava que a salvação não poderia ser alcançado pelas obras e sim pela fé em Jesus, lutava também contra as indulgências pregada pela Igreja Católica, as indulgências eram o que é hoje a Teologia da Prosperidade pregado pelas Igrejas Evangélicas de hoje, defendia também a questão de que todos os cristãos são sacerdotes, uma vez que este tenha acreditado nas escrituras e no sacrifício de Jesus na Cruz.

Lutero teve apoio dos Humanistas, tais como Melanchthon, Reuchlin, Erasmo de Roterdã e Franz Von Sickingen estes homens eram nobres e muito influentes na sociedade alemã, para proteger Lutero, estes fillósofos, escritores e sábios muito influentes deram suporte financeiro e apoio político.

O Humanismo era um movimento filosófico e intelectual que buscava a racionalidade e colocava o homem no centro das coisas, pregava o Antropocentrismo em detrimento do Teocentrismo, barrando assim o domínio da Igreja Católica sobre a vida das pessoas, do Humanismo, nasce no século XVIII o Iluminismo e ambos os movimentos defendiam o empirismo, o empirismo é a ciência filosófica que defende o conceito das experiências pessoal pelo método indutivo, através das experiências interpessoais, ou seja, o empirista alega que só se pode ter um conhecimento sensitivo, através das experiências. Essas doutrinas Humanistas e Empíricas são largamente difundidas na maçonaria, desde o final da idade média, a partir do ano de 1460 na Loja Maçônica Escocesa.

E foram esses homens ilustres e pensadores, que apoiaram Martinho Lutero, contra a perseguição católica, Lutero teve apoio dos nobres alemães e teve ajuda política e financeira para fazer seu movimento de evangelização, traduziu a Bíblia para o alemão e que foi um grande pontapé inicial para o idioma alemão, causou muito impacto com seu movimento da Sola Scriptura e divulgou com muito sucesso a independência da população do domínio católico.

Iniciador da Reforma?

Lutero conseguiu ir onde outros não conseguiram, ele causou uma revolução na Europa, conseguiu incendiar o movimento contra o domínio católico, e toda Europa foi bombardeada pelo movimento que causou influência para quem o defendia e se agremiou na sua luta e revolta contra os que diziam que ele era um sublevador e opositor da Santa Sé, a questão que nenhum padre, ou bispo, ou qualquer sacerdote católico conseguiu provar nas escrituras, ou seja, na Bíblia que o Lutero estava enganado, como ele conseguiu adesão da nobreza e da burguesia alemã e de outros países, ele teve amplo espaço para difundir seu movimento, com isso conseguiu revolucionar a religião, de Lutero para cá, à Igreja Romana não teve mais tanto domínio na vida dos cidadãos e teve que rever suas bases, onde se organizou e mudou alguns métodos, que veio culminar na Contra Reforma Católica, o impacto gerado pelo movimento de Lutero foi tão grande que abalou às bases da cristandade europeia, contudo, Lutero não iniciou a reforma, quem iniciou a Reforma de fato foi Jesus Cristo, que continuou com os Apóstolos, que teve continuidade com seus seguidores e que continua até nos dias de hoje, e bem antes de Lutero, já havia reformistas na Europa, tais como:  Jonh Wyclife 1128 - 1384,  Jan Hus 1369 - 1415, Girolamo Savonarola 1452 - 1498, William Tyndale 1484 - 1536, Ulrich Zwingli 1484 – 1531.

O Surgimento do Termo Protestante

O termo Protestante teve esse nome por um acontecimento muito particular, os nobres fidalgos, burgueses e a classe dominante alemã tinham o aval do Príncipe João Fredederico I para seguir a religião que cada um quisesse seguir, se o catolicismo tradicional ou o movimento de Lutero, contudo, o Imperador do Sacro Império Romano-Germânico Carlos V era contra a reforma de Lutero.

Houve protestos apoiando o Imperador Carlos V e protestos apoiando o Príncipe João Frederico, mas o movimento dos nobres e burgueses apoiando Lutero e o Príncipe era mais forte, com esse alvoroço político/religioso foi conhecido como o Protesto dos Nobres Alemães que eram protestavam contra a Igreja Católica, e com o tempo, estes ficaram conhecidos como Os Protestantes que por conseguinte foi apelidado para todos os que se sublevavam conta o catolicismo.

 

Contradições Teológicas de Lutero

Eucaristia

Ele alegava que o Pão e o Vinho eram literalmente a real presença do Corpo e o Sangue de Jesus e não uma representação simbólica.

Jesus Cometeu Adultério

Lutero alegava que Jesus tinha cometido adultério, ele disse:

“Cristo cometeu adultério pela primeira vez com a mulher da fonte, de que nos fala São João. Não se murmurava em torno dele: “Que fez, então, com ela?”, depois com Madalena, depois com a mulher adúltera, que ele absolveu tão levianamente. Assim Cristo, tão piedoso, também teve de fornicar antes de morrer.” (Martinho Lutero: Tischreden, nº 1472, ed. Weimer, 11, 107)”.

Lutero disse para Sermos Pecadores

“Seja um pecador, e deixe os que vossos pecados sejam fortes, mas deixe que vossa confiança em Cristo também seja forte, e nos glorificamos em Cristo que é a vitória sobre a morte, o pecado e o mundo. Nós cometemos pecados enquanto estamos aqui, pois esta vida não é um lugar onde resida a justiça… Nenhum pecado pode nos separar d’Ele, mesmo se estivéssemos a matar ou cometer adultério milhares de vezes por dia.” (“Que os vossos pecados sejam fortes, a partir de “O Projeto Wittenberg, ‘O Segmento Wartburg”, traduzido por Erika Flores, de Saemmtliche Dr. Martinho Lutero Schriften, Carta n º 99, 1 de agosto de 1521).

Sobre a Poligamia

“Confesso que não posso proibir uma pessoa de casar com várias esposas, pois isso não contradiz a Escritura. Se um homem deseja se casar com mais de uma esposa que ele deveria ser perguntado se ele está satisfeito em sua consciência de que  o faz em conformidade com a palavra de Deus. Nesse caso, a autoridade civil não tem nada a fazer sobre o assunto. ” (De Wette II, 459, ibid., Pp 329-330).

Perseguidor

Martinho Lutero como outros reformistas europeus eram drasticamente perseguidos, mas ele seus seguidores também perseguiram quem era contra seus ensinamentos ou que não se sujeitasse a sua doutrina, muitos foram assassinados por ordem de Lutero,

Antissemitismo

Lutero era um anti semita confesso, escreveu um trabalho intitulado “Von den Schem Juden und Ihren Lügen - Sobre os Judeus e suas Mentiras” e Vom Schem Hamphoras uns Vom Geschlecht Christi – Em nome da Santa Linhagem de Cristo” escritos no ano de 1543, dizia esses escritos de Lutero que o povo Judeu era o povo do Diabo e que também eles (os Judeus) estavam com as fezes do Demônio, etc. Lutero também incentivava às pessoas a atearem fogo nas sinagogas judaicas, como também queimar suas literaturas e até confiscar seus bens materiais e financeiros e como também até assassiná-los, ele escrevia: “É nossa culpa se não os matá-los” a campanha antissemita de Martinho Lutero teve sucesso, principalmente na Saxônia, Brandemburgo e Silésia, o historiador Robert Michael relatou  que Lutero se incomodava e se preocupava com os Judeus, outro escritor Josel de Rosheim tentou salvar alguns Judeus da perseguição luterana, escreveu em seu livro que Lutero escrevia livros contra o povo Judeu e em seus escritos ele dizia que quem ajudasse o povo Judeu seria condenado à perdição, Robert Michael era radicalmente contra essa manobra contra os Judeus, assim como outros.

Favor à Escravidão

Thomas Münzer, um seguidor de Lutero defendia que a sociedade deveria ser livre e que todos deveriam ser iguais socialmente, ou seja, ele defendia o fim da propriedade privada, a obrigação da servidão aos Senhores Feudais, a igualdade entre ricos e pobres e o fim da escravidão, mas seu tutor, Martinho Lutero, defendia a existência de Senhor e Escravos e argumentava que isso era direito divino e que cada um deveria estar na sua classe social dada por Deus, pois uns elegeu Deus para ser Senhores e outro Deus elegeu para ser Escravos, essa doutrina com o tempo, passa a ser conhecida como Doutrina Calvinista, Thomas Münzer rompe com Lutero e o que era uma profunda amizade, transforma-se com o tempo em uma ferrenha inimizade sem igual, e a rinha entre os dois foram ficando mais ácidas com o passar do tempo.

Briga com João Calvino

João Calvino foi um outro grande reformista de impacto muito grande na Europa do século XVI, enquanto Lutero queria Reformar a Igreja Católica, João Calvino queria fazer uma nova igreja, ou seja, uma outra religião. E também teve o problema dos dois sobre a questão da eucaristia ou Santa Ceia, pois entanto Calvino dizia que a Santa Ceia ou Eucaristia era um ato simbólico do Pão e Vinho era um ato representativo do Corpo e do Sangue de Jesus, Lutero defendia que, na verdade o Pão e o Vinho eram, na verdade o próprio Corpo e o próprio Sangue de Jesus, essas questões criaram grande atrito entre os dois, que eles acabaram se separando, e um ficou inimigo do outro, a partir de então.

Comportamento

Como qualquer europeu da época, Lutero tinha o pensamento de um homem da era renascentista e humanista (movimentos criados e liderados pela maçonaria europeia), como padre, ele queria reformar a Santa Sé e não sair dela, para tanto que ele morreu padre, como todos os padres de sua época e como todos os homens da sua posição e época, ele bebia, fazia uso constantemente do álcool, claro que não era alcoólatra, mas sempre recorria ao uso da bebida alcoólica quando estava com problemas, o que é comum entre os padres de hoje, assim como os religiosos da Congregação Cristã do Brasil, As Testemunhas de Jeová, e como qualquer pessoa que se denomina Católica Romana, seja ela praticante ou não, e para quem é ateu, ou seja, o uso do álcool é muito comum entre essas pessoas e foi comum na época de Martinho Lutero.

REFORMA RELIGIOSA - JOÃO CALVINO

 



João Calvino (Noyon, 10 de julho de 1509 – Genebra, 27 de maio de 1564) foi um teólogo, líder religioso e escritor cristão francês. Considerado como um dos principais líderes da Reforma Protestante, em particular na França, as ideias de Calvino tiveram uma grande influência não apenas sobre a teologia cristã, mas também sobre a vida social, a política e até mesmo o sistema econômico de diversos países, sendo amplamente consideradas como tendo possuído um forte impacto na formação do mundo moderno. O sistema teológico bíblico que ele criou é geralmente conhecido como calvinismo, ainda que o próprio Calvino tivesse repudiado veementemente o uso de tal nome para descrevê-lo. Esta variante do protestantismo viria a ser bem-sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países Baixos, África do Sul (entre os africânderes), Inglaterra, Escócia e Estados Unidos.

Martinho Lutero escreveu as suas 95 teses em 1517, quando Calvino tinha apenas oito anos de idade, o que faz com que Calvino seja considerado como pertencente à segunda geração da Reforma Protestante. Para muitos historiadores, Calvino teria sido para o povo de língua francesa aquilo que Lutero foi para o povo de língua alemã — uma figura quase paternal. Lutero era dotado de uma retórica mais direta, por vezes grosseira, enquanto que Calvino tinha um estilo de pensamento mais refinado e geométrico, quase de filigrana.

Segundo Bernard Cottret, biógrafo francês de Calvino: "Quando se observa estes dois homens podia-se dizer que cada um deles se insere já num imaginário nacional: Lutero o defensor das liberdades germânicas, o qual se dirige com palavras arrojadas aos senhores feudais da nação alemã; Calvino, o filósofo pré-cartesiano, precursor da língua francesa, de uma severidade clássica, que se identifica pela clareza do estilo

O avô de João Calvino morava nas proximidades de Noyon. Teve três filhos: Richard, que foi serralheiro e se instalou em Paris, Jacques, igualmente serralheiro e, finalmente, Gérard Cauvin, pai de João Calvino, que foi aquele que talvez mais se destacou dos três, tendo feito carreira em Noyon como funcionário administrativo.

Gérard Cauvin estabeleceu-se em Noyon em 1481. Foi inicialmente notário da catedral. Seria, depois, representante do bispado de Noyon; mais tarde, funcionário relacionado com a cobrança de impostos e, finalmente, o promotor (representante) do bispado, antes de entrar em conflito com este. Faleceu em 1531 após uma disputa com o bispado, pela qual foi excomungado.

A mãe de Calvino, Jeanne Le Franc, de seu nome de solteira, era filha de um dono de uma hospedaria em Cambrai, que tinha enriquecido. Jeanne faleceu em 1515, quando João Calvino tinha apenas 6 anos de idade.

Gérard e Jeanne tiveram cinco filhosː Patricia, Charles, Jehan Cauvin, Antoine e François.

Haveria ainda duas irmãs, que nasceram do segundo casamento de Gérard. Uma chamou-se Marie (Maria) e iria também viver em Genebra. Da outra irmã sabe-se pouco.

Em 1 de janeiro de 1515 o rei Francisco I de França (François, roi des français), sucedeu a Luís XII. Inicialmente moderado em matéria de religião, a postura deste rei foi endurecendo ao longo do seu reinado, terminando na perseguição declarada aos protestantes.

Pela Concordata de Bolonha, assinada no início do seu reinado, o papa Leão X concedia ao rei da França o direito a nomear os titulares dos rendimentos da Igreja. Em contrapartida, o papa via reforçados os seus direitos sobre a Igreja em França.

Mudança para Paris

João Calvino nasceu na casa da família em Noyon, nordeste da França, em dia 10 de julho de 1509, nos últimos anos do reinado de Luís XII. O trabalho de seu pai a serviço do bispo local possibilitou que recebesse, aos 12 anos, um benefício eclesiástico, cuja renda serviu-lhe de bolsa de estudos, tendo frequentado inicialmente o "Collège des Capettes" em Nyon, onde adquiriu conhecimentos básicos de latim.

Em 1523, aos 14 anos, foi residir em Paris, com o objetivo de preparar-se para uma carreira eclesiástica, tendo estudado latim, humanidades e teologia. Inicialmente, começou por frequentar o Collège de la Marche, onde estudou latim e humanidades, tendo sido aluno de Maturin Cordier, um grande pedagogo do seu tempo. Estabeleceu, aí, amizade com as crianças da família d'Hangest, do bispo de Noyon, que se assumia, de certa forma, como protetor da família Calvino. Os seus amigos eram Joachin (Joaquim), Yves (Ivo) e Claude (Cláudio), a quem mais tarde dedicaria o seu primeiro livro, um comentário a "De Clementia" de Sêneca, um autor conhecido pelo seu estoicismo.

Foi, em seguida, admitido no Collège Montaigu, onde estudou teologia e onde, mesmo em uma idade tão jovem, já teria tido contato com as obras de Lutero. A escola, que também teria ensinado Inácio de Loyola e Erasmo de Roterdã, era conhecida pela sua rigidez, sovas e má comida. A lista de professores em Montaigu, nesta época, incluía o espanhol Antonio Coronel e o escocês John Mair (que foi professor de Inácio de Loyola), mas não há provas definitivas de que eles tenham sido professores de Calvino.

Vida em Orleães

Em 1529, pouco antes de atingir os vinte anos de idade, a vida de Calvino sofreu uma súbita mudança. Soube que o pai havia mudado de planos em relação ao seu futuro e queria então que ele seguisse estudos na área do direito, ao invés de prosseguir com seus estudos na teologia. A "ciência das leis torna normalmente ricos aqueles que se debatem com ela", dizia seu pai (ele próprio um advogado do bispado), segundo as próprias palavras de Calvino.

Cumpriu a vontade do pai e foi estudar direito em Orleães, mas nunca deixou de preferir a teologia. Como disse mais tarde: "Se Deus me deu forças para que eu cumprisse a vontade de meu pai, determinou ele pela providência oculta que eu tomasse finalmente um outro caminho" (o da teologia).

O biógrafo francês de Calvino, Bernard Cottret, escreveu: "Direito e leis: Calvino, o teólogo, é no fim, também, Calvino, o jurista. O seu pensamento fica marcado pela austeridade, a adstringência e a geometria da lei, pelo seu fascínio ou aspiração a ela. No início do século XVI assiste-se no direito a uma verdadeira revolução. A retórica de Cícero tomou a primazia sobre a filosofia medieval, que se sustentava nos seus silogismos. Com a interpretação de textos jurídicos, Calvino tomou contacto pela primeira vez com a Filologia humanista". O humanismo e o renascimento são, pois, os movimentos culturais que o influenciaram em primeiro lugar.

Em Orleães, Calvino se dedicaria ao estudo do direito civil, sob a influência do conceituado professor Pierre l'Étoile, cognominado "rei da jurisprudência" e "príncipe dos juristas", e que mais tarde se tornaria presidente do Tribunal do Parlamento em Paris

Em 1529, dirigiu-se também a Bourges, para assistir a aulas do famoso professor de direito italiano Andrea Alciato. Também estudou grego — no qual foi instruído pelo erudito luterano Melchior Wolmar — e hebraico, em preparação para realizar um estudo sério das Escrituras.

Em 1531, morre o pai, Gerard Cauvin. Calvino retorna a Paris e dedica-se ao seu interesse predileto – a literatura clássica.

Em 1532, recebeu o bacharelado em direito em Orleães, tendo sido isento pela academia de pagar as taxas habituais pelo grau, em reconhecimento aos serviços prestados. O seu primeiro trabalho publicado foi um comentário sobre o texto do filósofo romano Séneca "De Clementia". Calvino cobriu os custos da publicação do livro com dinheiro do seu próprio bolso. Aos 23 anos era já um famoso humanista, seguindo os passos de Erasmo de Roterdão, que também escreveu sobre Séneca nestes anos. Em "De Clementia" não há da parte de Calvino uma alusão explicitamente religiosa. É antes uma obra que reflecte o estoicismo de Séneca e a predestinação no sentido estoico. Séneca escrevera o texto como forma de apelar Nero à moderação e à razão.

A conversão de Calvino ao protestantismo permanece envolta em mistério. Sabe-se apenas que ela se deu entre 1532 e 1533 (Calvino tinha 23 ou 24 anos), e que foi possivelmente influenciada pelo seu primo, Robert Olivétan. Um texto escrito por Calvino em 1557 como prefácio ao seu comentário sobre os Salmos oferece-nos alguns parcos pormenoresː

"Após tomar conhecimento da verdadeira fé e de lhe ter tomado o gosto, apossou-se de mim um tal zelo e vontade de avançar mais profundamente, de tal modo que apesar de eu não ter prescindido dos outros estudos, passei a ocupar-me menos com eles. Fiquei estupefacto, quando antes mesmo do fim do ano, todos aqueles que desejavam conhecer a verdadeira fé me procuravam e queriam aprender comigo - eu, que ainda estava apenas no início! Pela minha parte, por natureza algo tímido, sempre preferi o sossego e permanecer discreto, de modo que comecei a procurar um pequeno refúgio que me permitisse recolher dos Homens. Mas, pelo contrário, todos os meus refúgios se tornavam em escolas públicas. Em resumo, apesar de eu sempre ter pretendido viver incógnito, Deus guiou-me por tais caminhos, onde não encontrei sossego, até que ele me puxou para a luz forte, contrariando o meu carácter, e como se costuma dizer, me colocou em jogo. E, na verdade, deixei a França e dirigi-me para a Alemanha para que ali pudesse viver em local desconhecido, incógnito, como sempre tinha desejado."

Note-se que a França e Alemanha não existiam no sentido de hoje, como Estados, mas sim em termos de zonas de língua francesa ou alemã.

Neste período, o papa Clemente VII pressionava o rei de França a reprimir os protestantes franceses. Em bulas de 30 de agosto de 1533 e de 10 de novembro do mesmo ano, o papa exortava à "aniquilação da heresia luterana e de outras seitas que ganham influência neste reino". Os dois encontraram-se, então, nesse mesmo ano, em Marselha, onde discutiram entre outras coisas a "guerra contra os turcos, lá fora, e a repressão das heresias cá dentro".

Em 1 de novembro de 1533, o novo reitor da Universidade de Paris, o humanista Nicolas Cop, proferiu um discurso de abertura do ano lectivo na Igreja dos Franciscanos, em Paris, frente aos mais altos representantes das quatro faculdades: teologia, direito, medicina e artes. O seu discurso fazia eco a temas facilmente associados à nova teologia da Reforma, como a defesa da doutrina da justificação pela fé, advogada por Lutero. Neste discurso, Nicolas fez, particularmente, o paralelismo entre a perseguição aos primeiros cristãos e a que ocorria então, na França do século XVI, e que visava os cristãos protestantes. Argumentava: "Não eram também chamados de heréticos os primeiros seguidores do cristianismo?".

O resultado foi a perseguição do próprio Nicolas Cop, que teve de se refugiar em Basileia.

Simultaneamente, João Calvino fugia também de Paris. O seu quarto no Collège de Fortet foi revistado, e seus papéis e correspondência foram confiscados. Calvino encontrou refúgio em Angoulême, em casa do seu amigo Du Tillet.

Não foi até hoje esclarecido completamente o que se passou. Encontrou-se, contudo, em Genebra, um fragmento do discurso de Nicolas Cop, escrito pela mão de Calvino. O documento original completo encontra-se em Estrasburgo. Foi levantada a tese de que Calvino poderia, pelo menos, ter participado na elaboração do discurso, e ter sido aconselhado a fugir.

Calvino permaneceu em Angoulême até abril de 1534, altura em que se dirige a Nérac, onde se encontra com Lefèvre d'Étaples. Regressa depois a Noyon, onde em maio de 1534 renunciou ao seu benefício eclesiástico . Voltou, então, a Paris e a Orleães.

A Psychopannychia

Em 1534, Calvino escreveu o seu segundo livro, que foi também o primeiro sobre assuntos religiosos. Chamou-se "Psychopannychia", palavra que deriva do grego e que significa: "A vigília da alma". A tradução francesa "Psychopannychia, un traité sur le sommeil de l'âme" ("A vigília da alma - contra o sono da alma") introduziu a frase "sono da alma" como uma descrição crítica da crença na mortalidade da alma, ou "mortalismo cristão", que foi ensinada por Martinho Lutero, entre outros. É um livro relativamente pouco conhecido, em comparação com as outras obras de Calvino. Calvino fez uma crítica severa aos anabatistas, que acusou de serem uma seita tresmalhada. O livro colocou questões teológicas, mais do que oferecer respostas. Calvino, nos seus 24 anos de idade, estava em processo de busca. Defendeu nessa obra a doutrina da imortalidade da alma. O título completo era: "Psychopannychia - tratado pelo qual se prova que as almas permanecem vigilantes e vivas uma vez que tenham deixado os corpos, o que contraria o erro de alguns ignorantes que sustentam que elas dormem até ao último momento" - o que é, também, um ataque aos anabatistas. Apesar de escrito em 1534, o livro foi apenas publicado em 1542.

O caso dos cartazes de 1534, ou o caso dos caratzes

Em 18 de outubro de 1534, o protestantismo francês viveu um dos seus momentos mais tensos: a disputa dos placards (painéis ou cartazes). Os placards, de 37 cm por 25 cm, afixados em vários locais, criticavam a celebração da Missa, tal como ela era realizada oficialmente pela Igreja Católica.

O pastor Antonie Marcout e outros franceses do círculo do reformador Guillaume Farel imprimiram e espalharam os cartazes em algumas cidades próximas a Paris. Com o título de "Artigos verídicos sobre os abusos horríveis, insuportáveis e generalizados da Missa Papal, que está em oposição direta à Ceia do Senhor, presidida por nosso Senhor, o único mediador e salvador, Jesus Cristo", os painéis condenavam a Missa Papal em termos violentos - comparavam o ritual da Missa à bruxaria e acusavam o Papa, os bispos, padres e monges de mentir e de blasfêmia. Estes foram impressos e afixados em edifícios e portas em todo Paris e no Vale do Loire, incluindo na porta do quarto do Rei Francisco I. O argumento central rejeitava a doutrina católica da Missa como uma "reconstituição" do sacrifício de Cristo na Cruz. O resultado foi uma repressão massiva aos dissidentes religiosos: a Igreja Católica organizou uma procissão expiatória pelas ruas, que foi anunciada em todas as paróquias e até o rei participou; e apenas naquele dia, seis protestantes foram queimados na fogueira.

Até então, os protestantes eram perseguidos pelo Parlamento, e às vezes chegavam a ser condenados à morte como hereges, mas o Rei Francisco I mantinha uma atitude bastante tolerante em relação a eles. Ele sonhava em estabelecer um Cristianismo unido - algo que Charles Quint nunca havia conseguido: na verdade, ele havia enviado um embaixador para falar com os principais reformadores da Alemanha e da Suíça.

Mas para o rei, esse incidente significou que seus esforços de conciliação falharam, e que uma conspiração estaria sendo organizada contra ele, ameaçando a sua autoridade. O incidente dos cartazes chocou consideravelmente a opinião pública. O rei decidiu proteger seu reino contra o que via como uma heresia, e adotou uma política de repressão. Muitos suspeitos de simpatizar com a causa protestante foram perseguidos, presos, levados a tribunal ou mesmo condenados à morte em Paris e em todas as províncias. Muitos protestantes e seus seguidores fugiram. Em represália ao que ficou chamada affaire des placards, ordenou a caça aos heréticos. Depois de anos de trégua, a intolerância religiosa recomeçaria.

Em janeiro de 1535, Calvino dirigiu-se (alguns sustentam que teria fugido) para Basileia, cidade onde viveu até março de 1536. Basileia era uma cidade conhecida por ter sido o lar de Erasmo de Roterdão e do reformador Johannes Oekolampad, falecido em 1531, sendo o seu seguidor Oswald Mykonius.

Em 1535 é publicada a primeira Bíblia traduzida por um protestante, em francês. Tratava-se de uma tradução directa do hebraico (o Antigo Testamento) e do Grego (o Novo Testamento) - línguas originais das Escrituras - e não das versões então em uso, em latim. Algo totalmente natural no século do humanismo e de Erasmo de Roterdão. O autor é Olivétan, aliás Pierre Robert (1506-1538), primo de João Calvino e proveniente também de Noyon. Foi publicada em Neuchâtel por Pierre de Vingle.

Apesar de Pierre Robert ter demonstrado um bom conhecimento de hebraico e grego, o seu estilo de escrita foi considerado de difícil compreensão, além de ter uma certa falta de fluidez discursiva. O texto foi revisto (com a colaboração de Calvino), e publicado novamente em 1546.

O Édito de Coucy

Em 16 de julho de 1535, o rei Francisco I de França fez publicar o Édito de Coucy, uma medida de contemporização para com os protestantes e que corresponde também a uma nova guerra de Francisco I contra o imperador Carlos V (Guerra de 1535-1538).

Francisco I precisava do apoio dos protestantes alemães para o esforço de guerra e não convinha, necessariamente, perseguir os luteranos na França. Foi prometido que se deixariam os protestantes em paz desde que vivessem como "bons cristãos" e renunciassem à sua fé. Mas, em dezembro de 1538, o Édito de Coucy foi suspenso e as perseguições aos protestantes retomaram a intensidade anterior.

Institutio Christianae Religionis

Ver artigo principal: Institutio Christianae Religionis

Em março de 1536, durante o seu período em Basileia, Calvino publicou a primeira edição de “Institutio Christianae Religionis”, originalmente em latim (seguiram-se outras edições em francês), precedidas por um Discurso ao Rei Francisco, onde mencionava mencionava a sua estadia em Basileia, "enquanto na França são queimados na fogueira crentes e pessoas santas", santos mártires, e buscava convencer o rei Francisco I de França das boas intenções da Reforma Protestante. A obra apresenta os fundamentos teológicos e bíblicos da Reforma e as suas consequências. Ele se baseia na teologia de Lutero - justificação pela fé e salvação pela graça - não, no entanto, sem atribuir-lhes consequências muitas vezes diferentes, sobretudo no que se refere à organização das Igrejas, à liturgia, à relação com o mundo. Calvino defendia não só a reforma da Igreja, mas a de todos os indivíduos. A Institutio é "a organização da sociedade daqueles que acreditam em Jesus Cristo".

Em março de 1536, Calvino viajou até Ferrara na companhia de Louis Du Tillet. Calvino esperava um acolhimento aberto às ideias protestantes na sua estadia em Ferrara. Enganava-se. Teria de interromper a visita logo em abril. Foi então até Paris. Mas Calvino não teria futuro em França. Numa carta ao amigo Nicolas Duchemin, comparou a sua situação com a dos judeus no Egipto. A França era o seu Egipto. Queixou-se na mesma carta dos rituais da missa, considerando-os idólatras. Calvino saiu definitivamente da França em 1536, procurando terras politicamente independentes da França e de espíritos mais abertos para a Reforma. Dirigiu-se, então, para cidades dos territórios que hoje constituem a Suíça.

A Reforma em Genebra

Genebra era nesta altura já uma cidade de espíritos progressivos e abertos para a Reforma Protestante. Politicamente, a cidade estava desde 1285 sob vassalagem aos condes de Saboia ou à casa episcopal (ao bispo de Genebra), quase sempre ocupada por um bispo também da casa de Saboia desde que o papa Félix V (Amadeu VIII de Saboia) se autonomeou bispo da cidade. Na prática, no entanto, Genebra era quase uma cidade-Estado, uma república que desde cedo se emancipou, na conquista da sua liberdade municipal.

Em 1522 iniciou-se um conflito entre os pejorativamente chamados "mamelucos", que eram conservadores e partidários da casa de Saboia e os "confederados" (alemão: Eidgenossen; francês: Eidguenot) de onde possivelmente se formará a palavra huguenotes (francês: huguenot). Estes últimos opunham-se a Saboia. Em 1524, Carlos III, Duque de Saboia, tinha ocupado militarmente Genebra. Porém, em 1526, Genebra decidiu-se pela união com os cantões suíços de Berna e Friburgo, iniciando-se no caminho helvético. A Reforma Protestante não teve um papel determinante neste processo, segundo Bernard Cottret. Mas a partir daqui começaram a reunir-se em Genebra elementos da Reforma. Em 1533, houve o primeiro culto protestante de que há conhecimento nesta cidade. São então cunhadas moedas com a inscrição: "Post tenebras lux" ("após as trevas, a luz"), até hoje utilizado para homenagear os reformadores, e atual lema do Muro dos Reformadores em Genebra.

O ano de 1536 marcou uma viragem na cidade de Genebra. Neste ano, a Reforma foi adoptada oficialmente pela cidade. Os clérigos da Igreja Católica foram intimados a deixar de celebrar a Missa como o faziam, com o cerimonial papista e seus abusos (idolatria, aos olhos dos protestantes) e a juntarem-se aos protestantes. Num novo fôlego de zelo religioso, as mulheres foram obrigadas a usar o véu, cobrindo os seus cabelos. Já desde 1532, se registavam ataques e destruições de imagens religiosas, estátuas, figuras, etc. A adoração destas figuras era vista pelos protestantes como idolatria. Houve um episódio de fanatismo que foi emblemático deste fenómeno: num destes ataques à "idolatria papista", uma multidão apoderou-se de cerca de 50 hóstias de um padre, dando-as a comer a um cão. "Se as hóstias pertencem mesmo ao corpo de Deus, não se irão deixar comer por um cão!" - é argumentado. Em junho de 1536, são abolidos em Genebra, por decisão de um conselho, todos os feriados, excepto os domingos. Todas estas transformações deram-se sem a influência de Calvino. Aliás, ainda nem sequer tinha chegado à cidade.

Chegada de Calvino a Genebra

1536 é também o ano da chegada de Calvino a Genebra. Calvino tinha nessa altura 26 anos.

Após a estadia em Ferrara, na primavera de 1536, Calvino tinha estado em Paris, aproveitando-se de um período de relativa calma na perseguição aos protestantes. Tratou de assuntos pessoais e da família. Em junho, fez em Paris uma procuração em nome do seu irmão. Em julho de 1536, João Calvino, pretendendo dirigir-se a Estrasburgo, iniciou a viagem, juntamente com o irmão Antoine e a irmã Marie. Em vez de tomar o caminho mais curto, Calvino fez um desvio pelo Sul, evitando a área onde a guerra entre as forças de Francisco I e Carlos V são uma ameaça. Por coincidência, Calvino chegou a Genebra, onde permaneceu, apesar de ter inicialmente pretendido continuar viagem, o que foi vivamente desaconselhado pelo reformador Guillaume Farel (na altura de 47 anos de idade). O caminho para Estrasburgo encontrava-se inseguro por causa da guerra. A Genebra que Calvino encontrou vivia ainda a agitação dos conflitos entre mamelucos e confederados.

João Calvino já tinha viajado até Estrasburgo durante as guerras otomanas, e passado através dos cantões da Suíça. Aquando da sua estadia em Genebra, Guillaume Farel pediu ajuda a Calvino na sua causa pela Igreja. Calvino escreveu sobre este pedido: "senti como se Deus no céu tivesse colocado a sua poderosa mão sobre mim para barrar-me o caminho". Após 18 meses, as mudanças de Calvino e Farel levariam à expulsão de ambos.

A disputa teológica de Lausana

Entre 1 e 8 de outubro de 1536, teve lugar na Catedral de Notre-Dame em Lausana uma disputa teológica entre protestantes e católicos, na qual Calvino e Farel participaram. Este tipo de conferências de disputa teve por modelo os debates que Ulrico Zuínglio tinha organizado em Zurique (1523) e Berna (1528). Do lado católico encontrava-se Pierre Caroli, que iria acusar, em Berna, Calvino e Farel de heresia. Calvino foi também acusado por Caroli de arianismo.

A Expulsão de Genebra

A 16 de janeiro de 1537, as autoridades da cidade de Genebra aprovaram o documento escrito pelo líder protestante Farel, que se destinava a servir de confissão de fé e orientação para todos os habitantes de Genebra. Calvino fez também algumas sugestões, parte das quais foram rejeitadas. Cerca de vinte artigos dispõem, entre outras coisas, que os idólatras, querulantes, assassinos, ladrões, bêbados (entre outros) sejam futuramente excomungados. As lojas deviam fechar aos domingos, assim que soassem os sinos da igreja.

Estas disposições, apesar de aceitas pelas autoridades, criaram atritos com Farel e Calvino. O estigma da excomunhão é extremamente discriminador e destruidor de relações sociais no século XVI.

Em março, os líderes anabaptistas de origem holandesa Hermann de Gerbihan e Benoît d'Anglen são expulsos de Genebra, juntamente com os seus seguidores.

Em abril de 1537, por sugestão de Calvino, foi constituído um "syndic" (síndico) que teve por objectivo ir de casa em casa e inquirir sobre a confissão dos moradores. A acção foi contestada. Alguns moradores recusaram-se a pronunciar-se sobre a sua fé.

Em junho de 1537, as autoridades de Genebra decidiram que o domingo seria o único dia feriado. Futuramente nenhum outro feriado seria considerado.

O dia 30 de outubro foi definido como o prazo para todos os moradores de Genebra se pronunciarem quanto à sua religião. Aqueles que não reconhecem os decretos de Farel são obrigados a deixar a cidade em 12 de novembro.

Após esta data, a situação complicou-se para Farel e Calvino. Particularmente provocante foi o facto de um estrangeiro (francês), como Calvino, decidir sobre a excomunhão e expulsão de habitantes naturais de Genebra. As autoridades, perante estes protestos, passam a ser mais críticas para com os líderes protestantes.

A 3 de fevereiro de 1538 foram eleitos para as autoridades da cidade de Genebra quatro pessoas que eram inimigos de Calvino e dos protestantes. Em março, estas novas autoridades proibiram Calvino e Farel de se pronunciarem sobre assuntos não religiosos.

Calvino e Farel negaram-se a celebrar a comunhão de acordo com a tradição de Berna. Foram proibidos de celebrar os serviços religiosos. No entanto, no domingo seguinte, 21 de abril de 1538, Farell e Calvino celebraram o culto de Ceia como habitualmente, Farel na Igreja de Saint-Gervais e Calvino na de Saint-Pierre. As autoridades deram-lhes três dias para saírem da cidade.

Estrasburgo

Em 1538, Farel irá refugiar-se em Neuchâtel. Calvino dirige-se a Estrasburgo, após ter inicialmente pretendido ir para Basileia. Estrasburgo era na altura parte da zona de língua alemã, mas a proximidade da fronteira com a França significava que ali se tinha desenvolvido uma comunidade de exilados franceses. Tal como ocorreu em Genebra, onde Farel reconhecera o potencial de Calvino, em Estrasburgo, o reformador Martin Bucer foi o protector de Calvino. Durante três anos, Calvino dirigiu em Estrasburgo uma igreja de protestantes franceses, a convite de Bucer.

Segundo o biógrafo Courvoisier, Estrasburgo foi a cidade onde Calvino tornou-se verdadeiramente Calvino. O seu sistema de pensamento foi lá consubstanciado em algo de mais marcadamente original, em meio a uma intensa atividade literária, escrevendo uma versão ampliada das Institutas (três vezes maior do que a primeira edição), o Comentário de Romanos (seu primeiro comentário bíblico), um tratado sobre a Ceia do Senhor e outras obras. O seu comentário à carta de Paulo aos Romanos discorre sobre um tema que é particularmente querido do protestantismo, porque ali se encontra a doutrina da justificação através da fé, base de sustentação do movimento protestante, pois somente a fé salva e justifica. A Igreja é por este prisma mais uma comunidade de crentes do que um enquadramento jurídico. Os sacramentos só recebem o seu sentido através da fé. Sem fé, não têm qualquer efeito. Já Lutero, tinha destacado a carta de Paulo aos Romanos como o cerne do Novo Testamento e o mais alto do Evangelho.

Em outubro de 1539, Pierre Caroli chegou a Estrasburgo, onde permaneceu por pouco tempo. Caroli e Calvino, inimigos há anos, tiveram uma disputa. Caroli estava então algures entre o catolicismo e o protestantismo. Ele acusou Calvino de o ter confundido na sua fé. Calvino sofreu uma crise nervosa.

Matrimônio

Em Estrasburgo, Calvino casou-se, em agosto de 1540, com a viúva de um anabatista por nome Idelette de Bure. Idelette tinha dois filhos do primeiro casamento. A cerimónia do casamento foi dirigida por Guillaume Farel. Em 1541, a peste negra (ou peste bubónica) recrudesceu em Estrasburgo. Idelette e as duas crianças tiveram de procurar abrigo na casa de um irmão dela, nas redondezas.

Regresso a Genebra

Após a expulsão de Calvino, Genebra tinha adoptado os ritos de Berna. O Natal, ascensão de Cristo e outras festividades cristãs voltaram a ser praticadas. Mas os católicos e os anabaptistas continuavam a ser perseguidos e "convidados" a deixar a cidade. Em 18 de março de 1539, o jogo foi proibido em Genebra. Pedintes e vagabundos eram expulsos da cidade. A ausência de Calvino não tinha significado qualquer laxismo na moral estrita imposta na cidade.

As relações de Genebra com Berna permaneceram tensas. Entretanto, os líderes que se opunham a Calvino (os chamados "artichoques") começaram a perder influência. Foram acusados de simpatia por Berna. Jean Philip (João Filipe), um de seus líderes, foi torturado e decapitado em 1540. Os oponentes, favoráveis a Calvino, chamados de "guillermins" ganham o poder.

Calvino foi convidado em outubro de 1540 a regressar a Genebra, para reaver o seu posto na Igreja, tal como o tivera antes da expulsão. A 13 de setembro de 1541, Calvino chegou pela segunda vez a Genebra, mas, desta vez definitivamente. Começou, então, a organizar e estruturar, de acordo com as linhas bíblicas, os ministérios e a acção dos professores e diáconos.

Sob a liderança de Calvino e de seus colegas, Genebra se tornou a grande cidadela da fé reformada, recebendo refugiados e visitantes de muitos lugares da Europa. Essas pessoas, ao retornarem para os seus países, contribuíram para a ampla difusão do movimento reformado. Um desses refugiados foi o reformador escocês John Knox, que, em uma carta, referiu-se a Genebra como “a mais perfeita escola de Cristo que já existiu sobre a terra desde os dias dos apóstolos”.

Ao longo dos anos, Calvino ajudou a estruturar a igreja reformada de Genebra, provendo-a de uma constituição, uma confissão de fé, um catecismo e uma liturgia, além de um hinário, o Saltério de Genebra, também idealizado por ele. O trabalho da igreja era realizado por quatro categorias de oficiais: pastores (que pregam), mestres (que ensinam), presbíteros ou anciãos (que advertiriam quanto ao comportamento e doutrina) e diáconos (que ocupam-se dos pobres e doentes, visto que mendigar era proibido. O reformador também empreendeu um vasto programa de pregação expositiva, ensino religioso e reflexão teológica, que resultou em um enorme volume de publicações. Suas idéias nos campos da dogmática, interpretação bíblica, política, responsabilidade social e outras áreas têm sido influentes há vários séculos.

Durante este período, foi também decidida a criação de um Consistório, que se reuniria regularmente, para julgar os comportamentos individuais, como um tribunal, "de acordo com a palavra de Deus", sendo a excomunhão de pessoas a mais grave sentença que pode decidir. Inicialmente, o Consistório era composto de pastores da cidade e de doze anciãos leigos, que foram selecionados entre os conselhos da cidade. O Consistório deveria se reunir todas as quintas-feiras e exercer a disciplina da igreja, convocando e repreendendo formalmente os habitantes de Genebra que se recusassem a se arrepender, quando confrontados por anciãos e pastores, em questões de pecado. Esses pecados incluíam adultério, casamentos ilícitos, maldições, luxo não autorizado, desrespeito na igreja, traços do catolicismo romano, blasfêmia ou jogo, dentre outros. Se eles permaneceram obstinados, eles foram suspensos da Ceia do Senhor temporariamente. O consistório de Genebra, assim como o de Neuchâtel, lutou para manter a independência eclesiástica, ao contrário de outros consistórios suíços que foram dominados por autoridades seculares.

Calvino foi enfático ao dizer que a igreja deveria ter o poder de excomunhão, uma posição conhecida nas igrejas reformadas como a visão "disciplinarista", que foi articulada pela primeira vez por Johannes Oecolampadius e Martin Bucer. Esta foi uma aplicação da doutrina dos dois reinos, que é freqüentemente associada a Martinho Lutero e Filipe Melanchthon, mas cuja realidade política impediu de ter tido muito impacto, nos territórios luteranos. A visão oposta nas igrejas reformadas é o modelo "mágico", defendido por líderes reformados como Wolfgang Musculus, Heinrich Bullinger e Peter Martyr Vermigli, segundo o qual as autoridades seculares são responsáveis ​​pelo cuidado da religião e devem manter jurisdição sobre os ministros e o poder de excomungar.

A Peste Negra em Genebra

Em 1542, há um surto de peste negra em Genebra. A peste negra permanecia então um fenómeno incompreensível - para lidar com a epidemia, era normal que se multiplicassem os casos de feitiçaria e de rituais contra a peste. Este tipo de práticas já eram conhecidos em Genebra antes da Reforma e, tal como antes, os protestantes replicavam com a perseguição, tortura e morte dos suspeitos. Aquelas que são identificadas como bruxas são queimadas vivas, enquanto se propaga a ideia de que estas desgraças são um castigo de Deus.

Em 1542, o filho de Calvino, Jacques, morreu pouco depois de nascer em 28 de julho.

A caça às bruxas foi um fenômeno da Idade Moderna, uma espécie de onda persecutória que atingiu a Europa Central e Ocidental. Há, no entanto, controvérsias sobre a extensão da caça às bruxas na Genebra do século XVI. O artigo "Witchcraft in Geneva, 1537-1662", publicado no The Journal of Modern History, exemplifica que Jules Michelet, em seu famoso ensaio, La Sorciere, teria mencionado que 500 bruxas foram condenadas à morte em apenas três meses pelo Bispo de Genebra em 1513, listando isso entre os piores exemplos de crueldade judicial a que ele teve acesso; Hugh Trevor-Roper, no entanto, teria argumentado que "em Genebra, que antes estava livre da caça às bruxas, Calvino introduziu um novo reinado de terror nos sessenta anos após a sua vinda, com cento e cinquenta bruxas foram queimadas". Mas ambas as afirmações teriam sido feitas sem pesquisa adequada.

Crescimento demográfico

A partir de 1542 e sobretudo na década de 1550, a cidade de Genebra conheceu um grande crescimento demográfico, com a chegada de muitos refugiados, especialmente protestantes perseguidos da França. Consequentemente, há uma fase de expansão económica (relojoaria e tecelagem) e a língua francesa começou a ter preponderância sobre o dialecto franco-provençal da região.

Mas também foi uma época marcada pelo crescimento de sentimentos xenófobos, em parte devidos a ressentimentos contra Calvino:

Em janeiro de 1546 foi preso Pierre Ameaux, que tinha injuriado publicamente Calvino, ao referir-se a este como um "picard", pregador de uma falsa fé;

Um outro senhor Ameaux foi preso mais tarde por razões semelhantes. Este senhor tinha boas razões para não gostar do extremo zelo religioso imposto por Calvino, já que era fabricante de cartas de jogo. Foi condenado a percorrer a cidade de uma ponta à outra, descalço, em camisa, com uma vela na mão;

A 23 de setembro de 1547, François Favre compareceu em tribunal por ter afirmado que Calvino se auto-nomeara bispo de Genebra e que os franceses tinham escravizado a sua cidade natal;

Mais tarde, em 1548, um senhor chamado Nicole Bromet declarou que os franceses deveriam ser todos colocados num barco e enviados pelo rio Reno abaixo.

Em 1547, Henrique II de França sucedeu a Francisco I. Henrique foi um rei menos reconhecido, em comparação com Francisco. Foi caracterizado como menos carismático, menos entusiasta pelas artes e ciências, mais introvertido e frio.

Em 29 de março de 1549 morreu Idellete Calvino, após doença. Calvino não tornou a casar. Dedicou-se ainda mais decididamente ao trabalho.

Em 1550, a repressão dos huguenotes em França cresceu. Foi estabelecida a chambre ardente. A censura foi fortalecida.

Miguel Servet foi um cientista e reformador, primeiro a descrever a circulação pulmonar, condenado a morrer na fogueira por suas ideias teológicas pelo Conselho de Genebra. A relação entre Servet e Calvino inicia-se em 1553, quando Servet publicou uma obra religiosa com exibições antitrinitárias, intitulada Restituição do Christianismo, um trabalho que rejeitou a ideia de predestinação e que Deus condenava almas para o inferno, independentemente do valor ou mérito. Deus, insistiu Servet, não condenaria ninguém. Calvino, que havia recentemente escrito o resumo de sua doutrina em Institutas da Religião Cristã, considerou o livro de Servet um ataque a suas teorias, e enviou uma cópia de seu próprio livro como resposta. Servet prontamente devolveu, cuidadosamente anotando observações críticas. Servet escreveu a Calvino "eu não te odeio, nem te desprezo, nem quero vos perseguir, mas eu gostaria de ser tão duro como o ferro, quando eis que insultaste a doutrina com som e audácia tão grande".

As respostas de Calvino ficaram cada vez mais violentas, até que ele parou de falar com Servet. Servet enviou diversas outras cartas, mas Calvino se recusou à respondê-las e considerou-as heréticas. Posteriormente Calvino demonstrou suas opiniões sobre Servet, quando escreve ao seu amigo Guilherme Farel em 13 de fevereiro de 1546:

Servet acaba de me enviar um volume considerável dos seus delírios. Se ele vir aqui (...), se minha autoridade valer algo, eu nunca lhe permitiria sair vivo ("Si venerit, modo valeat mea autoritas, patiar nunquam vivum exire").

Em 16 de fevereiro 1553, Servet, então em Vienne, foi denunciado como um herege por Antoine Arneys, que estava morando em Lyon, que por sua vez soube das ideias de Servet graças a uma carta enviada pelo seu primo, Guillaume Trie, um comerciante rico e um grande amigo de Calvino. O inquisidor francês Matthieu Ory, interrogou Servet e seu impressor sobre Christianismi Restitutio, mas eles negaram todas as acusações e foram liberados por falta de provas. Arneys escreveu sobre o ocorrido a Trie, exigindo provas. Em 26 de março de 1553, as cartas enviadas por Servet a Calvino e algumas páginas do manuscrito Christianismi Restitutio foram transmitidas à Lyon por Trie. Em 4 de abril, de 1553 Servet foi preso pelas autoridades eclesiásticas, e preso em Vienne. Ele escapou da prisão três dias depois. Em 17 de junho, mesmo ausente, ele foi condenado por heresia pela Inquisição francesa, e seus livros foram queimados.

Servet desejava fugir para a Itália, porém, inexplicavelmente, parou em Genebra. Em 13 de agosto de 1553, quando ouvia um sermão de Calvino, foi imediatamente reconhecido, Calvino e seus reformadores o denunciaram, e Servet foi preso. Calvino insistiu na condenação de Servet usando todos os meios ao seu comando.

Em seu julgamento pelo Conselho de Genebra, segundo a maioria dos historiadores, Servet foi condenado pela difusão e pregação do antitrinitarismo e por ser contra o batismo infantil. O procurador (procurador-chefe público), acrescentou algumas acusações como "se ele não sabia que sua doutrina era perniciosa, considerando que ela favorece os judeus e os turcos, por inventar desculpas para eles, e se ele não estudou o Alcorão, a fim de desmentir e rebater as doutrina e a religião das igrejas cristãs(...)".

Calvino dizia que Servet merecia ser executado em razão do que ele considerava serem "blasfêmias execráveis". Todavia, não concordou que fosse morto em fogueira, mas sim decapitado. Porém, o Conselho não deu ouvidos à Calvino. Calvino então consultou outros reformadores sobre a questão de Servet, como os sucessores imediatos de Martinho Lutero, bem como reformadores de locais como Zurique, Berna, Basel e Schaffhausen, todos concordaram universalmente com sua execução. Em 24 de outubro Servet foi condenado à morte na fogueira por negar a Trindade e o batismo infantil. Calvino sugeriu que Servet fosse executado por decapitação, em vez de fogo, mas seu pedido não foi atendido.

Em 27 de outubro de 1553 a pena foi aplicada nos arredores de Genebra com o que se acreditava ser a última cópia de seu livro acorrentado na perna de Servet. Após o ocorrido Calvino escreveu:

Quem sustenta que é errado punir hereges e blasfemadores, pois nos tornamos cúmplices de seus crimes (…). Não se trata aqui da autoridade do homem, é Deus que fala (…). Portanto se Ele exigir de nós algo de tão extrema gravidade, para que mostremos que lhe pagamos a honra devida, estabelecendo o seu serviço acima de toda consideração humana, que não poupamos parentes, nem de qualquer sangue, e esquecemos toda a humanidade, quando o assunto é o combate pela Sua glória.

Relacionamento com a Reforma inglesa

Por volta de 1550, Calvino escreveu ao rei Eduardo VI de Inglaterra, um protestante, encorajando-o nas suas reformas. O rei Eduardo VI fez acolher protestantes franceses, perseguidos no país natal. Após o reinado de Eduardo VI (1547-1553), o catolicismo regressou à Inglaterra, sob a liderança de Maria Tudor.

No movimento reformista, Lutero não concordou com o "estilo" de reforma de João Calvino. Martinho Lutero queria reformar a Igreja Católica, enquanto João Calvino acreditava que a Igreja estava tão degenerada que não havia como reformá-la. Calvino se propunha a organizar uma nova Igreja que, na sua doutrina (e também em alguns costumes), seria idêntica à Igreja Primitiva. Já Lutero decidiu reformá-la, mas afastou-se desse objetivo, fundando, então, o protestantismo, que não seguia tradições, mas apenas a doutrina registrada na Bíblia, e cujos usos e costumes não ficariam presos a convenções ou épocas. A doutrina luterana está explicitada no "Livro de Concórdia", e não muda, embora os costumes e formas variem de acordo com a localidade e a época.

Novas dificuldades

Entre 1553 e 1555, em Genebra, a relação tensa entre a Igreja - particularmente o Consistório, onde Calvino era uma figura de relevo — e as autoridades seculares da cidade, eleitas entre os habitantes (ricos) da cidade, atingiu o seu auge. Discutia-se, então, a questão de saber se o Consistório teria ou não o direito de excomungar pessoas, algo que se vinha a passar com relativa frequência. As amargas trocas de palavras entre estes dois pólos multiplicaram-se. Por um lado, o zelo religioso dos calvinistas, do outro, a autoridade política da cidade. Em janeiro de 1555, houve uma procissão noturna de pessoas em Genebra, caminhando de vela na mão, com a pretensão de ridicularizar Calvino.

Apesar disso, e em parte por causa do peso relativo da população protestante francesa que se tinha refugiado na cidade, as eleições dos quatro novos "Syndics" de Genebra em Fevereiro de 1555 é favorável aos calvinistas, que se impõem contra os "Enfants de Genève" sob a liderança de Perrin. Após as eleições, porém, há desacatos na rua entre as duas partes. Perrin e outros líderes da revolta são presos e serão decapitados e esquartejados. Os pedaços dos cadáveres foram, depois, exibidos nas ruas da cidade.

Também a doutrina da predestinação foi muito atacada nestes anos, principalmente por um monge carmelita chamado Hiérome Bolsec, nascido em Paris, que se tinha estabelecido em Genebra. Argumentava que se Deus fosse o responsável por tudo o que se passa, então, também seria responsável pelos nossos pecados. Calvino responde que nunca disse isso e as autoridades apoiam-no. Em Berna, os críticos de Calvino foram expulsos da cidade em 1555.

Com a derrota dos “libertinos”, portanto, os conselhos municipais passaram a ser constituídos de homens que apoiavam Calvino, permitindo-lhe exercer enorme influência sobre a comunidade, a despeito de não ter ocupado nenhum cargo governamental. Tal influência não era restrita somente ao aspecto moral e eclesiástico, mas se estendia também a outras áreas. Por exemplo, Calvino contribuiu para a criação de um sistema educacional acessível a todos, em linha com o que era amplamente pregado pela Reforma Protestante, e incentivou a formação de importantes entidades assistenciais, como um hospital para carentes e um fundo de assistência aos estrangeiros pobres.

Também neste ano, foram erguidas as primeiras Igrejas calvinistas em França, nomeadamente em Paris, Meaux, Angers, Poitiers e Loudun. Nos três anos seguintes surgiram as comunidades de Orleães, Rouen, La Rochelle, Toulouse, Rennes e Lyon. O protestantismo francês, a partir de então, experimentou uma rápida expansão. Em 1562, já eram mais de 2 000 igrejas francesas, com dois milhões de huguenotes.

Entre 26 e 29 de maio de 1559, realizou-se em Paris um sínodo nacional protestante. Cerca de 30 paróquias aparecem aí representadas. O sínodo foi responsável pela elaboração de um texto de linhas orientadoras (com a participação de Calvino na sua criação), que se chamou Confession de La Rochelle (texto confirmado nesta cidade em 1571). Também em 1559, Calvino finalmente tornou-se um cidadão da sua cidade adotiva, e embora estivesse constantemente enfermo, desenvolveu intensa atividade como pastor, pregador, administrador, professor e escritor. Foi inaugurada a Academia de Genebra, embrião da futura universidade, que era destinada primordialmente à preparação de pastores reformados; a última edição das Institutas foi publicada; e Calvino fundou uma escola e um hospital geral para o município.

Morte

Nos seus últimos anos de vida, a saúde de Calvino começou a vacilar. Sofrendo de enxaquecas, hemorragia pulmonar, gota e pedras nos rins foi, por vezes, levado carregado para o púlpito. Calvino continuava a ter detratores declarados que lhe dirigiam ameaças constantes.

Entretanto, apreciava passar os seus tempos livres no lago de Genebra, lendo as escrituras e bebendo vinho tinto. No fim de sua vida disse a seus amigos que estavam preocupados com o seu regime diário de trabalho: "Qual quê? Querem que o Senhor me encontre ocioso quando ele chegar?".

João Calvino faleceu com quase 55 anos em Genebra, no dia 27 de maio de 1564. Foi enterrado numa sepultura simples e não marcada, conforme o seu próprio pedido, no Cimetière des Rois, Genebra na Suíça, pois não queria que nada, inclusive possíveis homenagens póstumas à sua pessoa, obscurecesse a glória de Deus. Um dos emblemas que aparecem nas obras do reformador mostra uma mão segurando um coração e as palavras latinas “Cor meum tibi offero Domine, prompte et sincere” (O meu coração te ofereço, ó Senhor, de modo pronto e sincero).

 

Publicações

De Clementia - Obra anotada de Séneca (1532)

Psychopannychia (1534)

Resposta ao Cardeal Sadoleto (1539)

Saltério de Genebra (1539)

Forma das Orações e Cânticos Eclesiásticos (1539)

Ordenanças Eclesiásticas (1541)

Institutas da Religião Cristã

publicado em Latim: 1536

publicado em Francês: 1541

Catéchisme de l'Église de Genève (1542)

Tratado Sobre as Relíquias (1543)

Atos do Concílio de Trento Com o Antídoto (1547)

Confissão Galicana (1559)

Calvino também publicou vários volumes de comentários sobre a Bíblia, sermões (a série Corpus Reformatorum contém 872 sermões do reformador), opúsculos e tratados, escritos eclesiásticos e uma volumosa correspondência dirigida a outros reformadores, governantes de diferentes países, igrejas perseguidas, crentes encarcerados, pastores e colportores, que considera-se que contribuiu para a difusão do movimento reformado por quase toda a Europa.

Calvinismo

Ver artigo principal: Calvinismo

O Calvinismo se tornou um sistema de regras e doutrinas fundamentadas na Bíblia sagrada. As publicações de Calvino espalharam as doutrinas de uma Igreja correctamente reformada para muitas partes da Europa. O Cristianismo tornou-se a religião principal na Escócia (Ver: John Knox), nos Países Baixos e em partes da Alemanha, tendo sido influente na Hungria e na Polónia. A maioria dos colonos de certas zonas do novo mundo, como Nova Inglaterra, eram igualmente calvinistas, incluindo os puritanos e os colonos neerlandeses que se estabeleceram em Nova Amsterdam (Nova Iorque). A África do Sul foi fundada em grande parte por colonos neerlandeses (também com franceses e portugueses) calvinistas do início de século XVII, que ficaram conhecidos como africânderes.

 

Na França, os calvinistas eram chamados de Huguenotes.

 

A Serra Leoa foi em grande parte colonizada por colonos calvinistas da Nova Escócia. John Marrant tinha organizado a congregação local sob o auspício da conexão Huntingdon. Os colonos eram na sua maioria lealistas negros, afro-americanos que tinham combatido pelos ingleses na guerra da independência americana.