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quinta-feira, 16 de maio de 2024

GUERRA DOS CEM ANOS

 



A Guerra dos Cem Anos foi um conflito bélico que envolveu a Inglaterra e a França entre 1337 e 1453. A disputa era pelo trono francês e teve início quando os ingleses tentaram tomar o poder, motivados por interesses comerciais com Flandres, uma importante zona de indústria têxtil.

A guerra acabou sem um tratado que marcasse seu término, ao contrário da maioria. Franceses conseguiram reaver seus territórios enquanto os ingleses estavam se consumindo internamente com a Guerra das Duas Rosas. A Guerra dos Cem Anos trouxe como uma de suas consequências principais a consolidação da monarquia absolutista da Era Moderna.

Uma das causas da Guerra dos Cem Anos foi a disputa pelo trono francês. Quando o rei Carlos IV faleceu em 1328, deixando vago o cargo, a Inglaterra tentou tomar o trono, não apenas pelo poder político, mas principalmente por motivos econômicos, já que algumas regiões da França, como Flandres, eram bem-sucedidas comercialmente, especialmente na venda de tecidos.

Naquele tempo, a região de Flandres possuía uma indústria têxtil cujos maiores compradores eram os ingleses, portanto, para os flandrenses, estar sob o domínio da Inglaterra era favorável. O rei da Inglaterra, Eduardo III, alegou então parentalidade, dizendo-se neto de um monarca francês, para justificar a unificação dos dois reinos e mantê-los sob seu comando.

Fases da Guerra

PRIMEIRA FASE 1337 - 1364

A Inglaterra saiu vitoriosa, nas batalhas que ocorreram entre 1337 e 1364. Isso aconteceu porque as tropas inglesas eram bem maiores do que as francesas, dessa forma, Eduardo III tomou o norte do litoral francês.

Como dito anteriormente, os flandrenses apoiaram os ingleses; mais tarde, os nobres da Bretanha fizeram o mesmo, chegando a patrocinar o exército da Inglaterra.

Durante esse período, a Europa estava sendo assolada pela peste negra, que durou de 1346 a 1352 e matou 1/3 da população europeia. Por esse motivo, as batalhas foram temporariamente cessadas.

Quando a guerra foi retomada, a Inglaterra continuou em vantagem, avançando sobre terras francesas. A França, por sua vez, não possuía unidade; via-se que os nobres não eram muito fiéis à coroa francesa, pelo contrário, além de Flandres e Bretanha, outras regiões também passaram a se rebelar contra os danos e prejuízos causados pela guerra.

Esse fato levou Carlos V, monarca francês, a dar fim ao primeiro período da guerra, assinando um tratado com Eduardo III que liberava e reconhecia as terras da França que a Inglaterra havia tomado. Para tal acordo, os ingleses se comprometeram a não requisitar mais o trono francês.  

SEGUNDA FASE 1364 - 1380

Em 1364, o mesmo rei francês, Carlos V, que tinha assinado o acordo anterior com a Inglaterra, passou a não mais reconhecer o tratado, e as batalhas recomeçaram. As tropas da França atacaram as tropas inglesas, iniciando a reversão das derrotas do primeiro período.

Grande parte das vitórias da França no segundo período foram graças a Bertrand Du Guesclin. O maior feito desse cavaleiro foi fazer a integração das tropas e utilizar a forma de guerrilha para derrotar a Inglaterra. Essa unificação comprovou a relevância da centralização do poder, pois foi dessa maneira que a França conseguiu organizar os nobres – que já estavam até apoiando a nação inimiga – e ainda aumentar os tributos.

Com a morte dos monarcas, tanto de um lado quanto de outro, a guerra ficou amortecida. Quando Eduardo III faleceu, em 1377, o seu sucessor ao trono inglês, Ricardo II, era uma criança de apenas 10 anos. Três anos depois, morreu o monarca francês Carlos V, atenuando o exército francês.

TERCEIRA FASE 1380 - 1422

Os dois reinos enfrentavam batalhas internas em seus próprios territórios. Do lado inglês, o rei Ricardo II foi destituído pela sua própria nobreza, que colocou Henrique V em seu lugar. Do lado francês, aconteciam confrontos em Borgonha, os nobres dessa região dividiram-se entre Armagnacs e Borguinhões. Essa rivalidade se transformou em uma guerra civil entre os que apoiavam os nobres de Borgonha e os apoiadores de Orléans.

Essas batalhas duraram quase trinta anos e enfraqueceram bastante a França, que já estava em guerra com a Inglaterra há tantos anos. Para aprofundar ainda mais a crise, o rei Carlos VI era apontado como alguém sem condições para governar, devido a problemas mentais. Ele foi chamado de louco e, por fim, substituído por uma junta governativa.

Por causa de todas essas tensões internas, os franceses não conseguiram reagir a contento às investidas dos ingleses, que aproveitaram o momento de crise para avançar sobre a França. Isso ocasionou uma das fases mais importantes da guerra, quando o próprio monarca da Inglaterra, Henrique V, atracou no norte da França, na Normandia, em 1415. Nesse mesmo ano, os ingleses ocuparam também Paris.

A França, dividida, enfraquecida e ocupada pela Inglaterra, reconheceu o domínio do norte pelos ingleses em 1420. Esse reconhecimento foi firmado no Tratado de Troyes, que também destronava Carlos VI e deserdava o seu filho. Como Henrique V, rei da Inglaterra, havia se casado com Catarina, filha do rei da França, ele também tomou o trono francês. Entretanto, seu reinado não durou muito tempo, pois ele morreu apenas dois anos depois. Nesse mesmo ano, 1422, faleceu também o rei inglês Carlos VI. A nobreza francesa iniciou então um processo de retomada de territórios perdidos para os ingleses, e o novo monarca, Carlos VII, assumiu a coroa, começando pelo centro da França, em Bourges.

QUARTA FASE 1422 - 1453

É caracterizado principalmente pela participação da famosa Joana d’Arc, uma camponesa visionária. Ela lutou na guerra, comandando um regimento (unidade militar com vários batalhões) das forças armadas francesas e alcançou êxito, conferindo diversos fracassos à Inglaterra.

Dessa vez, quem estava em conflito interno eram os ingleses, que vivenciavam a Guerra das Duas Rosas. A reação francesa organizada por Joana D’Arc começou internamente, agindo contra os ingleses em regiões que eles haviam ocupado na França, mas logo passou também para áreas do território rival, aproveitando a crise que havia se instalado na Inglaterra. A França conseguiu retomar porções de terras que estavam nas mãos dos ingleses, mas ainda assim os Borguinhões mandaram prender Joana d’Arc. Em 1430, ela foi capturada e entregue aos ingleses, sendo julgada no Tribunal da Santa Inquisição e condenada à morte um ano depois.

A Guerra dos Cem Anos chegou ao fim quando os ingleses praticamente abandonaram as batalhas para contornarem conflitos internos. Ademais, Joana d’Arc, a grande guerreira condenada pela Inquisição (mas que depois virou santa), passou por um verdadeiro tormento antes de morrer. Esse sofrimento impulsionou os soldados franceses que por ela haviam sido comandados a dar continuidade à guerra, em sua memória.

Em 1943, a cidade de Bordeaux foi retomada pela França. Mesmo que não tenha tido um acordo ou tratado de paz formal, essa derradeira conquista selou o fim da longuíssima guerra, marcada por inúmeros conflitos não só externos, como também internos nos dois reinos.


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