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quinta-feira, 31 de julho de 2025

UNIVERSO 25

 


Entre as décadas de 1940 e 1970 o pesquisador John Calhoun realizou vários experimentos com ratos para ver como as sociedades se comportariam diante da superpopulação. O mais famoso deles, o Universo 25, criou um paraíso de abundância para uma comunidade de ratos que, bem antes de atingir a superpopulação, sucumbiu e foi extinta por seus próprios atos. De forma bastante violenta e surpreendente.

Ao final do artigo conto essa história, que é assustadora, pois se parece muito com nossa sociedade ocidental pós-moderna, mas antes disso, preciso fazer uma introdução para explicar o que considero ser, realmente, a principal contribuição do experimento de Calhoun para o debate sobre as sociedades atuais.


Não, o problema não é a superpopulação.

Esse experimento precisa ser revivido e recontado, 50 anos depois de sua conclusão, mas com enfoque diferente.

Calhoun era um “martelo que só via prego”, ou seja, como ele estudava os efeitos da superpopulação, tentava explicar todo o ocorrido, e foram fatos realmente assustadores, através desse único prisma. O problema é que, como o experimento criou um paraíso de abundância, muitos dos verdadeiros problemas que enfrentaríamos com a superpopulação, como escassez de água, alimento, recursos, assistência médica e espaço, não ocorreram, e mesmo assim a população de ratos se extinguiu. O que nos leva a buscar explicações alternativas.


O problema da abundância

O experimento de Calhoun traz luz para uma questão que abordo no meu livro “Tudo é Impossível, Portanto Deus Existe”. O Ocidente rico tem criado situações de abundância para parte de sua população, e o efeito da falta de escassez sobre a organização das sociedades é completamente desconhecido.

Nós conhecemos o efeito potencialmente nocivo da abundância em grupos pequenos, como cortes de monarquias absolutistas, bilionários, ditadores e outros indivíduos com recursos ilimitados e sem riscos relevantes aos seus desejos. Sabemos que podem, com facilidade, perder o contato com a realidade de quem vive na escassez da luta diária, gerando tensões que acabaram, no passado, em revoluções sangrentas e quedas de regimes totalitários.

A história de todos os seres vivos que se organizam em sociedades complexas tem um fio em comum, que é a necessidade incessante de troca de energia e de proteção. Ambas as demandas estão associadas diretamente à manutenção da vida, que é um objetivo natural para todas as espécies. Essas afirmações são inequívocas e facilmente comprovadas por mera observação da história da evolução.

Escassez foi, e é, o problema mais relevante de todas as sociedades e de todos os indivíduos. Nisso Marx e os Libertários tinham contato. Enquanto um achava que a economia era tudo (economia é a ciência que estuda o problema da escassez), os outros chamavam o que unia essas relações humanas de Lei Natural, que nada mais é do que a organização natural para o enfrentamento cada vez mais eficaz da escassez (proteção à vida e à propriedade, energia e abrigo).

Em resumo, somos seres sociais forjados no risco, nossos valores mais básicos foram construídos com fundamento no enfrentamento do problema que assolou, e assola, todos os seres vivos: luta pela energia e pelo abrigo, luta pela vida e pela espécie.

Levanto a hipótese, no livro, de que grande parte da confusão da sociedade ocidental pós-moderna deriva da abundância, ou mais precisamente, da crescente falta de percepção de escassez material básica, por uma elite desconectada das necessidades primazes.


Como o colapso da sociedade utópica dos ratos nos ajuda a demonstrar essa hipótese?

De forma resumida, John B. Calhoun criou um ambiente paradisíaco para os ratos. A ração de comida e água era ilimitada. Os indivíduos foram selecionados a dedo entre os mais fortes e saudáveis (4 casais de início). O ambiente era limpo constantemente. Ao menor sinal de doença que poderia se espalhar, o risco era retirado do convívio. Havia 256 ninhos que abrigariam confortavelmente 15 ratos cada um, num total de 3.840 ratos que poderiam conviver no Universo 25 sem desconforto espacial.

O objetivo do pesquisador era, dadas as condições perfeitas criadas, atingir a superpopulação e estudar a influência nos indivíduos. Mas nem chegou perto disso.


Segue um breve relato dos principais fatos:

Durante os primeiros 300 dias as coisas transcorreram bem e a população de ratos foi dos 8 iniciais para 620.

A partir do dia 315 do experimento, algumas coisas pareciam mudar. No início, a população de ratos dobrava a cada 55 dias, após um ano, passou a dobrar a cada 145 dias, o que era estranho, pois havia ainda muito espaço, para abrigar uma população 6 vezes maior.

Houve mudanças bastante perceptíveis no comportamento dos machos e fêmeas. Os machos, sem desafios territoriais ou de busca por comida (abrigo e energia), começaram a atacar uns aos outros sem nenhuma razão aparente. Além disso, passaram a não proteger as crias, e até a atacá-las, o que levou a um rompimento na relação parental, culminando, eventualmente, em uma redução drástica na procriação.

As fêmeas também se tornaram agressivas e acabaram, eventualmente, atacando a própria prole, o que reduziu praticamente a zero a procriação.

Alguns grupos de ratos machos passaram a acasalar, de forma violenta, com qualquer outro rato que aparecia, macho ou fêmea.

Outros grupos passaram a matar e a comer outros ratos (canibalismo), mesmo havendo abundância de comida e água.

Ratos passaram a se agrupar em números elevados, 40 a 50, em ninhos apropriados para 15, enquanto ninhos vazios e limpos, a apenas centímetros de distância, permaneciam vazios.

O que mais chamou a atenção do pesquisador, foram ratos que decidiram se afastar completamente da sociedade, para viverem sozinhos nas áreas mais altas do Universo 25, aos quais o pesquisador chamou de “os bonitos” (the beautiful ones).

Esses ratos não faziam nada, exceto comer, dormir e cuidar da aparência, se limpando com frequência e alisando o pelo. Eram chamados de bonitos, pois como não se envolviam em nenhuma briga, tinham a pele e o pelo intactos. O resto da população tinha marcas de sangue no pelo, cicatrizes e rabos mastigados.

Os bonitos, em um primeiro momento, pareciam ser interessados, focados e talvez os mais inteligentes do Universo 25, mas, testados, não conseguiam responder a estímulos evolutivos básicos, o que levou o pesquisador a concluir que seu afastamento da sociedade não foi por inteligência superior, de se manter afastado do caos e tentar sobreviver, mas por estupidez.

A partir do dia 600 a população atingiu 2.200 indivíduos e começou a declinar até que o último rato morreu alguns meses depois.

Similaridades com nossa sociedade ocidental pós-moderna


Minha interpretação do apocalipse dos ratos é que foi causado por forçar uma estrutura social forjada sem o risco de escassez. Essa sociedade não conseguiu se organizar em novos interesses artificiais que poderiam se tornar relevantes, uma vez que a base de todos os interesses naturais relevantes estava completamente satisfeita.

No subcapítulo “A Ilusão da Riqueza” do livro supracitado, discuto essa relação da satisfação que um pacote de consumo nos traz, com o risco envolvido na operação que nos leva a esse consumo.

O significado de uma conquista depende da sua vizinhança de riscos. O que tem 100% de chance de acontecer não terá influência na expectativa de ninguém, portanto não será base para avaliação de sucesso ou fracasso. Se o resultado de qualquer campeonato fosse conhecido antecipadamente, com 100% de segurança, não haveria interessados em torcer.

Nossa sociedade humana é bem mais complexa do que a dos ratos e nós depositamos significado em muitas outras formas de consumo, de relevância natural (subsistência) ou artificial (sociedade de consumo). Com a Pandemia, passamos a direcionar muito desses interesses e significados para o consumo online, para suprir um pouco do que os lockdowns e o afastamento social nos tirou.

A questão é que não sabemos se o tipo de consumo que estamos sendo forçados a assumir e desejar, não só de bens materiais, mas também de informação, de entretenimento, de educação, de cultura, de ciência etc., que são questões que poderiam ficar 100% online, guarda alguma relação com a nossa natureza fundamental, aquela que os ratos perderam e acabaram se matando e sucumbindo como sociedade.

Hoje vivemos um mundo cada vez mais segregado, em que pessoas de vida mais modesta continuam a procurar significado nas coisas simples, como trabalhar, ter família, cumprir a lei moral e natural, ser aceito em sua comunidade próxima, prover à família, etc., enquanto outro grupo está desconectado dessa realidade, buscando ressignificar os conceitos básicos sobre a vida, a história, a biologia, a sexualidade, o trabalho, o dever, a moral etc.

Nós sabemos lidar com os problemas objetivos da escassez material, nossa história evolutiva nos ensinou, mas não sabemos lidar com problemas que foram criados exclusivamente por essas reinterpretações e ressignificações. A rigor, se formos desconstruir as tradições, o idioma e a lógica aristotélica, podemos criar um número infinito de problemas que geram necessidades artificiais, oferecendo motivos ilimitados para as pessoas se sentirem incompletas, insatisfeitas e deprimidas.


O risco do vácuo existencial e da falta de conexão com princípios da ordem natural.

O experimento de Calhoun levanta uma questão relevante: sem desafios de ordem natural, as sociedades sucumbirão?

Nós logramos êxito, com o capitalismo industrial e financeiro, em reduzir significativamente as necessidades básicas das populações ocidentais, principalmente em países ricos.

Mesmo com esse sucesso, muitas pessoas ainda mantêm uma relação de necessidade com a regra moral, a ética, o dever, o respeito, a tradição, a religião etc., coisas que, mesmo para quem é muito rico, continuam sendo desafiadoras. Para quem acredita em Deus, a salvação é construída diariamente, com esforço incessante, não é algo garantido a quem tem poder de compra.

E mesmo para o iluminista, para aquele que passou a viver exclusivamente da fé na razão e na ciência, há as demandas filosóficas e científicas, as regras de ouro, os princípios lógicos e ontológicos, o desenvolvimento tecnológico, que o mantém interessado em conhecer mais para viver uma vida cada vez mais consciente.

Entretanto, para quem não reconhece nenhum princípio fundamental, que não se identifica com o desafio da vida religiosa/tradicional, ou com o desafio iluminista e positivista do conhecimento crescente e do autoconhecimento, uma vida de abundância material pode acabar extremamente vazia, o que leva essa pessoa ao risco, real, de buscar preenchimento com problemas artificiais criados exclusivamente por esse vácuo, por essa falta de significação e de propósito.

O temor é que essa crescente reformulação dos significados de coisas que sempre foram razoavelmente pacificadas, e que não clamavam por mudanças drásticas revolucionárias, apenas melhorias pontuais, crie problemas que não sabemos resolver. Que nosso trabalho, nosso esforço, nossa capacidade intelectual, nosso empreendimento social não sejam ferramentas úteis para prover a solução.


Para concluir, essa característica de “problematização” de tudo na sociedade ocidental, fruto de um pós-modernismo que nega qualquer princípio natural ou fundamental como válido e desejável para a estruturação das sociedades (relativismo), está enfraquecendo a sociedade ocidental. Perdemos o contato com princípios evolutivos básicos, pois nossas elites vivem como os nobres da corte de Luís XVI.

Em verdade é pior do que a situação de miséria da plebe, em contraste com a riqueza injustificada da monarquia, que levou à Revolução Francesa, pois Maria Antonieta era apenas ignorante, realmente não sabia que quem não tem pão, também não teria brioche (ou bolo), mas hoje a elite vai além da falta de empatia com a vida dos comuns, ela quer forçá-los a comportamentos que só fazem sentido num mundo desconectado da realidade de quem tem problemas básicos para lidar. E essa elite acaba adicionando problemas artificiais à vida já extremamente difícil do povo trabalhador, exigindo que ele cumpra regras arbitrárias de comportamento social que não fazem sentido para quem não vive revisitando certezas para fluidificar valores e semear confusão.

E nossa gente humilde até reconhece que madame enlouqueceu, mas em sua simplicidade se resigna e faz o que cantou João Gilberto, diante da patroa que queria acabar com o samba: pra que discutir com madame?


Fonte: https://www.civitas.org.br/13/06/2022/universo-25-o-que-o-apocalipse-zumbi-dos-ratos-tem-a-nos-ensinar/

PEIXOTO GOMIDE

 


Não só amenidades, brincadeiras, boêmia, trotes, penduras e uma já intensa vida cultural marcaram o Largo de São Francisco do século 19. Fatos trágicos passaram para a história da Academia e de São Paulo, pois envolveram antigos alunos, transformados em destacadas figuras públicas e sociais.

Dentre outros casos, dois merecem destaque.

Abalou São Paulo o assassinato que envolveu Francisco de Assis Peixoto Gomide Júnior e sua filha, cometido na residência de ambos, situada à rua da Princesa, atual Benjamin Constant.

Peixoto Gomide Júnior, formado no Largo de São Francisco em 1873, teve uma presença marcante na vida social e política de São Paulo, chegou a ser presidente da Província.

Sua casa era frequentada diariamente por políticos, advogados, antigos companheiros da Faculdade, e por pessoas pertencentes a variadas camadas sociais, que vinham prestar-lhe solidariedade política e, especialmente, pedir-lhe favores.

Além de filhos, Peixoto Gomide amparou e educou um mulato, Manuel Batista Cepelos, que graças ao seu apoio tornou-se promotor de Justiça e conhecido poeta parnasiano.

Manuel Baptista Cepelos e uma das filhas de Gomide tinham um relacionamento estreito, que logo se transformou em namoro com vistas a um próximo casamento. Gomide desconhecendo o namoro, via nesse relacionamento uma amizade fraterna, pois  Manuel Baptista Cepelos fora criado com os seus filhos, como se filho fosse. Aliás, na verdade  Manuel Baptista Cepelos era seu filho biológico,  nascido de uma relação sexual com uma escrava.

No entanto, quando o casal revelou os seus sentimentos e comunicou a sua intenção, houve uma reação enérgica por parte do pai da moça, que se colocou ardorosamente contra o enlace.

Inconformada, a filha não se submeteu à vontade paterna, desobediência pouco comum à época, e de forma obstinada e persistente tentou levar avante o seu intento. Recebeu o apoio de seus familiares, que não entendiam a resistência do patriarca. Até então ele demonstrara um afeto paternal por Cepelos. Estranho e inexplicável que não apoiasse o matrimônio.

A resistência do pai, horrorizado pela possibilidade da filha se envolver em uma relação incestuosa e a obstinação da filha em se casar com aquele que ignorava ser seu irmão, um não querendo revelar a verdade e a outra a desconhecendo, transformaram esse drama humano em um tragédia que chocou São Paulo.

Como não lograsse fazê-la desistir, Peixoto Gomide, para evitar a consumação do incesto, matou a moça e suicidou-se em seguida. Batista Cepelos era seu filho fruto de um relacionamento fora do casamento.

Marcado pela tragédia, o poeta anos após, foi encontrado morto no Rio de Janeiro, para onde se mudara, após cair de uma elevação.

A tragédia ocorreu na residência que vivia com a família na Rua Benjamin Constant número 25-A (atual n. 171), entre a Praça da Sé e o Largo de São Francisco, onde hoje está o Palacete Chavantes.

Não foi elucida a natureza da morte, se acidental, assassinato ou suicídio.

Em São Paulo (SP) leva seu nome a famosa Rua Peixoto Gomide, antes Rua Maria Izabel, que começa na Rua Augusta e termina na Rua Estados Unidos. Em Itapetininga (SP) leva seu nome a Escola Estadual Peixoto Gomide.




Outro homicídio repercutiu intensamente em São Paulo e em outras Províncias, especialmente no Maranhão, onde ocorreu. Teve como seu autor o desembargador José Cândido de Pontes Visgueiro, formado na turma de 1834 da nossa Academia. Vítima desse homicídio foi a jovem Maria da Conceição.

Pontes Visgueiro nasceu em Maceió e cursou os dois primeiros anos de Direito na Faculdade de Olinda, transferindo-se para São Paulo onde completou o curso. Segundo consta, a sua vinda se deu porque, nas férias escolares, passou a namorar uma moça de Maceió, que não era do agrado de sua família. Esta obrigou-o a vir estudar em nossa cidade.

Já nos primeiros anos na Academia mostrou ser portador de um temperamento agressivo. Andava armado com uma longa faca, fato que trazia intranquilidade para os colegas. E não era gratuito o receio dos demais estudantes. Certa ocasião, agrediu com canivetadas a um colega pois este fizera uma pisada que o desagradara. Consta, ainda, que em uma noite atirou pedras contra as janelas da Casa da Marquesa de Santos, onde se realizava um baile.

Exerceu a magistratura em Maceió e posteriormente em cidades da Província do Piauí, após um período na política, tendo sido deputado pelas Alagoas. Posteriormente, foi desembargador na Província do Maranhão.

Quando já desembargador, conheceu em São Luiz uma moça que mendigava pelas ruas do centro. Contava ela não mais do que 15 anos de idade. Ele beirava os setenta.

Apaixonado pela jovem, o ancião foi tomado por avassalador ciúmes, que o levava a agir violentamente contra a moça e contra quem ele entendia a estar cortejando. Toda a pequena sociedade local comentava o comportamento do magistrado e antevia a tragédia que acabou por ocorrer.

Mariquinhas, assim era conhecida Maria da Conceição, desapareceu por uns tempos, após ter sido flagrada por Pontes Visgueiro aos beijos com um jovem estudante. Ela conseguiu safar-se da ira do velho amante, o que não ocorreu com o moço que sofreu enfurecida agressão.

Durante várias semanas insistiu para um reencontro com Mariquinhas, que se esquivava por medo de represália. Cedeu por fim. Acompanhada por uma amiga foi à casa do desembargador. Durante algum tempo o encontro foi agradável, com o velho apaixonado desdobrando-se em gentilezas. No entanto, quando a amiga se retirou, o martírio de Maria da Conceição teve início. Ela foi segura por um empregado de Visgueiro, que estava escondido na casa e colaborou na prática do crime, que já vinha sendo planejado há vários dias.

Enquanto o empregado cúmplice chamado Guilhermino, a agarrava e a imobilizava pela garganta, o criminoso a esfaqueava e dava-lhe mordidas por todo o corpo, após aplicar-lhe clorofórmio nas narinas. Os requintes de crueldade, impressionaram as autoridades, que de plano vislumbraram um grave distúrbio mental, antes mesmo que Pontes Visgueiro fosse submetido a exames psiquiátricos.

O trecho comporta um parêntese para lembrar que o velho desembargador quando criança já fora acometido por grave enfermidade, que o marcou física e talvez psicologicamente, pela vida afora. Uma febre retirou-lhe a fala e a audição. Os sentidos voltaram, mas, aos quarenta anos perdeu a escuta por completo.

Após o horrível crime, cometido com fúria e com perversidade, o corpo de Mariquinhas foi colocado em um caixão e enterrado no quintal da casa. O caixão fora encomendado há dias.

O advogado Franklin Doria, um dos mais notáveis da época, década de 70, do século XIX, discordou da tese do acusador que afirmara ter sido o homicídio premeditado, meticulosamente planejado, especialmente em razão da encomenda do caixão. O defensor, ademais, postulou fosse reconhecida a ausência de higidez mental por parte do desafortunado magistrado.

No entanto, sobreveio a condenação imposta pelo Supremo Tribunal de Justiça. A pena originária foi a de galés perpétua, substituída pela prisão perpétua, pois contava o velho desembargador com mais de sessenta anos. Foi encarcerado na Casa de Correção do Rio de Janeiro.

Em certa ocasião, quando da visita do ministro da Justiça ao presídio, Pontes pediu e foi atendido, para se avistar com a autoridade. As perguntas do condenado eram respondidas por escrito em razão da surdez que o acometia. Perguntou ao ministro sobre a sua aposentadoria, pois se dizia desembargador. A resposta o teria chocado e abatido profundamente - "Foi".


Fonte: https://www.migalhas.com.br/coluna/marizalhas/301773/fatos-e-fitas--tragedias

GA ŠUR - O MAPA ŠUMERIANO MAIS ANTIGO DO MUNDO

 


Embora não haja um consenso entre pesquisadores, é possível apontar fortes candidatos ao título. O principal deles é uma pequena tabuleta de argila datada de cerca de 2.500 a.C. e encontrada no território onde hoje fica o Iraque, na antiga região da Mesopotâmia — o berço das primeiras civilizações humanas. Conhecida como Mapa de Ga-Sur, a peça foi encontrada nas ruínas da cidade suméria de Nuzi, próxima à moderna Kirkuk. Hoje, está preservada no Museu do Antigo Oriente, em Istambul, na Turquia.

De acordo com o portal Fórum, apesar de seu aspecto rudimentar, o mapa traz um nível surpreendente de organização: mostra propriedades agrícolas, canais de irrigação e divisões de terra. Isso indica que os sumérios já desenvolviam um entendimento sofisticado do espaço e de sua administração.


Imago Mundi

Há, no entanto, um segundo candidato notável ao título de mapa mais antigo: trata-se do Imago Mundi, uma tabuleta de origem babilônica datada de cerca de 600 a.C. Ao contrário do primeiro, que retrata um espaço local, a Imago Mundi tenta representar o mundo como um todo — ou ao menos, como os babilônios o concebiam.

Nela, a cidade de Babel aparece no centro, rodeada por um rio circular provavelmente o oceano e cercada por sete “ilhas” que simbolizam terras misteriosas ou míticas. Trata-se, portanto, de um mapa que mistura geografia, religião e cosmologia, revelando muito mais do que limites físicos: ele mostra como aquele povo via a si mesmo dentro do universo.



Esses mapas antigos não se guiavam por escalas ou orientações precisas, como os modernos. Eram representações simbólicas, instrumentos mentais e culturais de um tempo em que o conhecimento ainda era profundamente ligado ao sagrado e ao poder.

Na Mesopotâmia, por exemplo, os mapas serviam a múltiplas funções, como administrar terrenos e sistemas de irrigação, organizar a posse da terra entre reis, templos e camponeses e posicionar a cidade no centro do universo, em consonância com a visão cosmológica da época.

Ainda assim, esses registros rudimentares marcam o nascimento da cartografia entendida como ciência, arte e expressão cultural e revelam que o impulso de desenhar o mundo e marcar presença nele é tão antigo quanto a própria civilização.


quarta-feira, 30 de julho de 2025

ARCA DA ALIANÇA

 


A história da Arca da Aliança tem origem no Deserto do Sinai, com o povo de Israel, através de seu líder Moisés. Isso acontece quando Deus manda que se faça uma arca de madeira de acácia, que simbologicamente seria a representação da presença de Deus na Terra no meio do seu povo. 

No livro de Êxodo 25,10-22, temos a descrição detalhada da construção e confecção da Arca da Aliança. 

No Hebraico fala-se  ארון הברית Aróhn Hab Beríth e no Grego fala-se Ki Bo Tós Tes Di A Thé Kes foi o objeto mais sagrado na religião judaica, pois além de representar a aliança de Deus para com seu povo, continha também as tábuas dos Dez Mandamentos, a Vara de Arão que floresceu (que não só floresceu, mas que também brotou amêndoas) e o pote de Maná Hebreus 9:4.

A Arca também servia como objeto de guerra, pois indo adiante do exército nas batalhas, este símbolo representava Deus como General das Batalhas, conhecido como Jeová Sabaoth o Senhor dos Exércitos. 

Somente os sacerdotes levitas poderiam transportar e tocar na arca, e apenas o sumo-sacerdote, uma vez por ano, no dia da expiação, entrava no santíssimo do templo. Estando ele em pecado, morreria instantaneamente. 

A Arca era feita de madeira de acácia, tinha um metro e dez centímetros de comprimento, setenta centímetros de largura e setenta centímetros de altura. Êxodo 25:10.

Infelizmente, ninguém sabe do paradeiro da Aca do Concerto, sabemos que no ano 586 a.C.  Nebuzaradã, comandante da guarda imperial, incendiou o templo do de Jerusalém, o palácio real, todas as casas de Jerusalém e todos os edifícios importantes, foi uma destruição total. "No sétimo dia do quinto mês do décimo nono ano do reinado de Nabucodonosor, rei da Babilônia, Nebuzaradã, comandante da guarda imperial, conselheiro do rei da Babilônia, foi a Jerusalém. Incendiou o templo do Senhor, o palácio real, todas as casas de Jerusalém e todos os edifícios importantes. 2 Reis 25:8,9.

Depois desta devastação geral, a Arca nunca mais é mencionada na Bíblia, ao longo do Novo Testamento, a Arca não é mencionada estando na Terra de Israel, muito menos na sede do país em Jerusalém, Jesus ou os Apóstolos não falam nada da Arca estando no Templo Sagrado de Jerusalém ou estando em outro lugar, e nem os Fariseus, ou Saduceus, ou os Herodianos, mencionam alguma coisa sobre a sumida e desaparecida Arca da Aliança.

É uma incógnita, pois ninguém sabe o que aconteceu de fato com o objeto de culto mais adorado na religião Hebraica, tudo é vago quanto ao seu destino. Não há menção de sua destruição, não há menção de seu sumiço e nada de seu paradeiro. 

Há quem alegue que a Arca foi levada pelos Babilônicos com os demais objetos sagrados que existiam no Templo de Jerusalém, mas não há menção nas escrituras quanto a isso, na verdade, não há menção em nenhum lugar sobre isto. 

Uma coisa é certa, a Arca da Aliança está desaparecida e não existem evidências de seu paradeiro.


Idolatria Religiosa Evangélica

Hoje, os Evangélicos idolatram a Arca da Aliança e, infelizmente, é um ídolo muito usado na religião evangélica. Eles invalidam o que está escrito em Jeremias 3:16. Está escrito: "Quando vocês aumentarem e se multiplicarem na sua terra naqueles dias", declara o Senhor, "não dirão mais: ‘A arca da aliança do Senhor’. Não pensarão mais nisso nem se lembrarão dela; não sentirão sua falta nem será feita outra arca. Jeremias 3:16". 

Eles fazem campanhas, cultos, templos e uma infinidade de cerimônias religiosas em torno deste objeto. É mais um ponto de contato dentre tantos símbolos religiosos da religião evangélica. 

A Religião Evangélica é idolatra, pagã, politeísta, infiel e anticristã, é mais uma dentre tantas fanfarronices religiosas que não pregam o evangelho de Cristo e sim Usos e Costumes e Tradição Religiosa. 


Reaparecimento

No livro de Apocalipse, João vê a Arca do Concerto lá na Nova Jerusalém Celestial: Abriu-se, então, o santuário de Deus, que se acha no céu, e foi vista a arca da sua aliança no seu santuário, e sobrevieram relâmpagos, vozes, trovões, terremoto e forte chuva de granizo. Apocalipse 11:19. 

Significando que o concerto e a aliança de Deus são eternas e jamais serão desfeitas.

segunda-feira, 14 de julho de 2025

O NOME ANTIGO DA ÁFRICA

 


Antes de os europeus se contentarem com a palavra África, o continente era chamado de muitos outros nomes. Eles incluem Corphye, Ortígia, Líbia e Etiópia, Alkebulan.

Outros nomes, como a terra de Ham (Ham significa peles escuras), a mãe da humanidade, o jardim do Éden, os reinos no céu e a terra de cuch ou kesh (referindo-se aos cuchitas que eram antigos etíopes) foram utilizados.

Ninguém sabe a origem dos nomes com certeza. No entanto, as teorias abaixo lançam alguma luz sobre como este segundo maior continente ganhou o seu novo nome.

Teoria Romana

Alguns estudiosos acreditam que a palavra se originou dos romanos. Os Romanos descobriram uma terra em frente ao Mediterrâneo e deram-lhe o nome da tribo Berbere que residia na área da Carnificina, atualmente referida como Tunísia. O nome da tribo era Afri.

Teoria do Tempo

Alguns acreditam que o nome foi dado, por conta do clima do continente. Derivando de Afrike, uma palavra grega que significa uma terra livre de frio e horror. Uma variação da palavra romana Aprica, que significa ensolarado, ou mesmo a palavra fenícia, que significa pó.

Teoria Africus

Esta teoria afirma que o continente derivou seu nome de Africus. Africus é um chefe Iemenita que invadiu a parte norte no segundo milênio a.C., argumenta-se que ele se estabeleceu em sua terra conquistada e a chamou de Afrikyah.

Teoria Fenícia

Outra escola de pensamento sugere que o nome é derivado de duas palavras fenícias Friqi e Pharika. As palavras significam calos e frutas quando traduzidas. Hipoteticamente, o fenício batizou o continente como a terra dos Frutos.

Alkebu-lan "mãe da humanidade" ou "jardim do Éden". ”Alkebulan é a mais antiga e a única palavra de origem indígena. Foi usado pelos Mouros, núbios, núbios, númidas, khart-Haddans (Cartagenianos) e etíopes.

Há pouca ou nenhuma certeza sobre a fonte ou significado África. Vários estudiosos tentaram explicar a origem da palavra, mas nenhum é convincentemente correto.


sexta-feira, 11 de julho de 2025

A PALAVRA DEUS EM DIFERENTES NAÇÕES

 


Deus é um termo latino que de início descrevia todas as deidades e que com o tempo passou a ser usado também para descrever o conceito de Deus como substantivo próprio, do mesmo modo que ocorreu ao termo germânico God. Os termos latinos deus e Dīvus são provenientes do idioma protoindo-europeu Deiwos, que quer dizer "celestial" ou "brilhante", da mesma raiz de Dyēus, o deus reconstruído do Panteão Proto-Indo-Europeu. Em latim clássico, deus (feminino: Dea) era substantivo comum, mas tecnicamente Divus ou Diva era uma figura que se tornara divina, como um imperador divinizado. Em latim tardio, "Deus" veio a ser usado principalmente para o Deus cristão. o termo foi herdado pela línguas românicas: em Francês Dieu, Espanhol Dios, Português e Galego Deus, Italiano Dio, etc., e também pelas Línguas Célticas en Galês Duw e Irlandês Dia.

Deus em Grego = Theos - Dyḗus - Zeo - Zeus

Deus em Hindu = Deva - Devai (feminino)

Deus em Latim = Dei - Divus

Deus em Sumério = Dingir

Deus em Hebraico = El - Elohim - Adonai - Hashem (o nome)

Deus em Árabe = Allah

Deus em Acádio = El - Ilum

Deus em Amorita = El - Ilum - Amurru

Deus em Assírio = El - Ilum

Deus em Kassita = Kaššû - Ka-áš-šu

Deus em Hitita = šiwas - šiwat

Deus em Inglês = God

Deus emd Armênio = Astvats

Deus em Egípcio = Netjer

Deus em Turco = Tanrı

Deus em Elamita = Napir

Deus em Persa = khodā

Deus em Saxão = God

Deus em Holandês = God

Deus em Frisio = God

Deus em Germânico = Guda

Deus em Alemão = Got

Deus em Gótico = Guds

Deus em Lombardo = Godan (Wodan)

Deus em Russo = Bog

Deus em Koreano = Hananim

Deus em Japonês = Kami

Deus em Chinês = Shàngdì - Tiān

Deus em Vietnamita = Chúa - Trời

Deus em Tailandês = Phracêā - Phra-Chao

Deus em Malaio = Tuhan

Deus em Filipino = Bathala

Deus em Cambojano = Preah - Tevta

Deus em Mongol = Tenger - Tengri

Deus em Tupi = Monã

Deus em Guarani = Ñandejára

Deus em Xingu = Mawutzinin - Itukó'ovit

Deus em Asteca = Teotl

Deus em Maia  = K'uh" ou "Kuh

Deus em Inca = Huaca - Wak'a

 


quinta-feira, 10 de julho de 2025

HIERÓGLIFOS REVELAM QUE FINALMENTE CONSTRUIU AS PIRÂMIDES

 


Descobertas arqueológicas lideradas por Zahi Hawass derrubam mito e indicam quem ergueu a pirâmide de Quéops, com tecnologia surpreendente

Recentemente, arqueólogos egípcios descobriram novas inscrições no interior da Grande Pirâmide de Gizé que, segundo eles, confirmam a identidade dos verdadeiros construtores do monumento e desmentem de vez a antiga crença de que ele foi erguido por milhares de escravos.

Liderada pelo renomado egiptólogo Dr. Zahi Hawass, a equipe encontrou inscrições e marcas de trabalhadores em câmaras estreitas acima da chamada Câmara do Rei, usando tecnologia de imagem para acessar áreas quase inacessíveis. Os grafites, datados de cerca de 4.500 anos, indicam que a pirâmide foi construída por equipes organizadas de trabalhadores qualificados, pagos e bem alimentados, e não por escravos.

Esses trabalhadores viviam em uma cidade planejada ao leste da pirâmide, onde escavações revelaram instalações para panificação, armazenamento de peixe e quartéis, além de ossos de animais indicando uma dieta substancial — incluindo carne de vaca e cabra capaz de alimentar até 10.000 pessoas por dia.

Túmulos descobertos ao sul da pirâmide, completos com ferramentas, estátuas e hieróglifos como "supervisor da lateral da pirâmide", reforçam a importância social desses trabalhadores. "Se fossem escravos, não teriam sido enterrados à sombra das pirâmides com túmulos preparados para a eternidade", afirmou Hawass em entrevista ao podcast Limitless.

Além disso, a equipe encontrou evidências de como a pirâmide foi construída: uma rampa feita de entulho e lama, conectando o monumento à pedreira de calcário a apenas 300 metros de distância. Fragmentos dessa estrutura foram localizados em escavações ao sudoeste da pirâmide.

Segundo o 'Daily Mail', outra frente de pesquisa, liderada por Hawass e financiada pelo podcaster Matt Beall, prepara uma nova expedição para explorar o chamado "Grande Vazio", uma cavidade de 30 metros descoberta em 2017 acima da Grande Galeria.

Um robô miniaturizado será enviado ao local no início do próximo ano para investigar a possibilidade de haver câmaras ocultas — talvez até o túmulo perdido do faraó Quéops, também conhecido como Khufu, o enigmático soberano responsável por uma das maiores maravilhas arquitetônicas da humanidade.